Brutalidade - capítulo 2
Brutalidade Capitulo 2- Superlativos
Naquela noite tomei uma decisão, na manha seguinte procurei outra academia, a cara era hetero, eu tinha tido o melhor sexo da minha vida até ali e nem sequer havia rolado penetração, aquele homem era perigoso para mim, e o melhor era ficar longe, e além do mais, o cara já está arrependido uma hora dessa, bola pra frente. Meu eu pratico tomou conta e então passei a semana seguinte imerso na minha rotina
Na faculdade aquele semestre a turma do 1º semestre havia se juntado a minha turma do 2º, a turma que era de 35 alunos ficou com 70, era muita gente e eu logo queria conhecer a todos, ficava pulando de grupinho em grupinho, todo dia sentava em um lugar diferente e sempre tinha assunto. Num desses grupos conheci Wesley, era um típico rato de academia, tinha por volta de 1,85, ombros largos, fortes, corpo totalmente talhado, nem uma micrograma de gordura, pele dourada, o rosto tinha traços másculos, mas finos, um pequeno queixo, cabelos castanhos sempre arrepiados e olhos castanhos tambem, sempre com um sorriso fácil no rosto, tinha 21 anos, estava com dificuldades em um exercício e ajudei ele, começamos a conversar sobre outras coisas. Eu gostava dele, era egocêntrico, mas ao mesmo tempo muito atencioso , comigo pelo menos, não prestei atenção em como ele agia com os outros, puxou sua cadeira para meu lado e ficamos assim, lado a lado, ombro com ombro, quando deu a hora do intervalo ele sempre ia comigo, na lanchonete ele comprou barrinhas de cereal e me ofereceu uma, me apaixonei instantaneamente (pela barrinha), eu sou meio burro quando se trata do gaydar, então eu nunca percebi nada, tocava ele por que sempre fui afetuoso, fazia isso com todos os amigos, claro que tomava mais liberdade com as gurias, abraçava elas e apertava mesmo, elas amavam.
Isso durou a semana inteira, na quinta quando fui me despedir dele peguei em sua cintura, tomei um susto quando ela afundou e senti seu abdômen, mesmo pelo suéter que ele usava era possível sentir , nunca tinha visto ele de camiseta, sempre de suéter, tinha ideia que ele era sarado pelo formato e coisa e tal, mas pegar era outra coisa. Ele viu meu susto e deu um sorrisinho, ae levantou o suéter do lado esquerdo e mostrou parte do abdômen, caraca, aquilo era um trabalho dos deuses, o cara era obsessivo com isso. Deu uma risadinha sacana e perguntou.
“E ae, to bem ou não estou.” Egocêntrico narcisista. Pff.
“Voce come que tipo de estrume cara, porque eu quero disso tambem.” Brinquei e sai da sala, estava atrasado. Estava no corredor quando ele colocou a cabeça para fora da sala e gritou.
“Hey,sua vez!”
Eu sorri e virei andando de costas e levantei a camiseta até o peito.
“Ah, de longe não vale.” As meninas que estavam no corredor começaram a zuar e assoviar.
“Um dia eu deixo você tocar.” Eu falei alto e ele ficou vermelho, todos começaram a rir dele, ninguém levou pro lado errado, ninguém duvidava da minha sexualidade ali, e nem haviam me perguntado nada também.
No outro dia eu sentei em outro grupo, o pessoal ficava assistindo anime no laptop durante a aula e eu me amarrei, pegaria a matéria quando chegasse em casa, antes do trabalho. Todo mundo olhava gente de canto de olho, achando que a gente era estranho, mas todo mundo sente curiosidade quanto a anime e quem não assiste não admite. Wes veio na minha cadeira e pegou meu celular, eu deixei, tinha um jogo de futebol que ele tinha adorado, eu gosto que as pessoas fiquem a vontade ao meu redor, eu apenas sorri para ele. No intervalo ele me devolveu o celular e perguntou se eu toparia siar a noite com ele e uns amigos, não tinha nada pra fazer e aceitei, passei meu numero para ele.
A tarde transcorreu calma, fui trabalhar e flertei com uns amigos de trabalho, não sabia se eles curtiam a parada ou não, então ficava brincando com eles, nada serio ou que eu levasse adiante, mas era divertido ficar nesse “ele é ou não é?” fui para casa e me espalhei no sofá, tinha saído da casa da minha mãe a um ano, aquele era uma quitinete pequena, mas era minha. Nunca levei ninguém lá, preferia encontros nas casas deles ou em motéis, rua ou banheiro nem pensar (ah não ser que fosse um fetiche que o ficante quisesse realizar).
Eu estava lendo quando meu celular tocou, estranhamente o toque era diferente e a foto que apareceu no display era de Wes sem camisa, eu não lembrava de ter pego o numero dele.
“Opa, boa noite senhor Wes, que engraçado, sabia que meu celular identificou sua chamada e uma foto sua nu apareceu aqui?” eu jorrei assim que atendi.
Ele caiu na gargalhada do outro lado da linha.
“Quando foi que você fez isso, safado?”
“Hoje pela manha, você tava ocupado asstindo desenho com seus amigos nerds e eu fui ao banheiro e tirei a foto, é para te inspirar.”
“Coitado, tá se achando, eu tenho modelos melhores na academia.”
“Eu não falei na academia...”
Aquela foi pesada, eu parei olhando para nada por alguns segundos, ele ficou calado do outro lado da linha, ai resolvi falar. “E ao, vai rolar a boate hoje?”
“Claro, mais tarde passo ae para te buscar.”
“Ui, vem de limosine, fodão.”
“Com flor na lapela, para impressionar a dama.”
Ri bem debochado. “Tô longe de ser sua dama, mas perae, como tu vai chegar aqui?”
“Ué mané, peguei seu endereço no seu perfil no celular.”
“Ixi, agora tu me assustou, me mata não.”
“Qualé, tu sabe que eu só quero seu bem.” E desligou, estranhamente, eu acreditei nele.
A noite ele veio me buscar, agora estava diferente, usava uma camisa branca com detalhes vermelhos bem esportivas, combinamos de ir no seu carro, ele ameaçou sair do carro, eu atirei nele”Ah, fala sério, você vai sair sair do carro para abrir a porta para mim?”
Ele fechou a própria porta novamente e ficou meio embaraçado. “Eu não sou sua companhia para o baile, hehe” dentro do carro dei um meio abraço nele, para ele se descontrair.
“Tú é bem bruto hein?”
“Sou assim cara, ou gosta ou não gosta.” Eu disse cruzando os braços e balançando a cabeça com os olhos fechados.
“Eu te curto sim, deixa quieto.” Eu olhei para ele e sorri. Ele deu um sorrisinho de canto de boca e deu partida, na frente da boate (conhecida minha já, não era GLS, mas era mista e eu nunca saia de lá sem beijar um cara.) encontramos outra galera rapazes e moças, já tinha visto alguns na faculdade, eu me entrosei rápido e uma das gurias agarrou-se ao braço de Wes, ele ficou sem jeito e eu achei muita graça, serio, não pretendia ficar com ele naquela noite.
Ele se desvencilhou da guria e no caminho para a entrada fez uma piada qualquer e passou a mão no meus ombros, se apoiando, eu mexia no celular, pegando o numero de uma guria que estava me campeando.
Olhei para a frente e vi dois segurança na entrada da boate, meu coração deu um pulo quando vi quem era um dos seguranças. Dica: a ultima vez que vi ele estava com a bermuda arriada no meio do estacionamento. Ele me viu e logo sua face mudou, não entendi direito a expressão, mas ele esperou a fila se mover pacientemente, observando o pessoal ao meu redor, quando chegamos mais perto ficou difícil não olhar para ele, de terno, parado na frente da boate, com cara de mal, que ficou vermelha quando ele viu Wes com o braço ao meu redor. Eu abri um sorriso para ele, a raiva dele passou na hora, mas ele não esboçou nenhum sorriso. Quando cheguei perto dele para cumprimentar fui violentamente virado e atirado contra a parede, varias coisas passaram pela minha cabeça “ai meu deus, ele vai me matar.” “ai meu deuis, ele vai me comer.” A ultima me causou um calor na virilha. Senti seu hálito no meu pescoço.
“Você fugiu de mim, ninguém nunca conseguiu sumir assim antes.” A voz dele era de raiva e decepção e me senti machucado por fazer isso com ele, mas que porra era essa?
“Eu achei que você não ia querer me ver, seria melhor para você...” minha voz estava escassa, de repente minha garganta estava seca.
Ele socou uma chave no meu bolso, percebi pelo barulho. “Você não sabe o que é melhor nem para você mesmo.” Isso foi só um murmúrio, ele estava falando para ele mesmo.
“O que está acontecendo aqui, Gil (esqueci de falar, meu nome é Gilson, todos me chamam de Gil)?” era Wes.
“Entra logo, bombadinho, isso aqui não é assunto seu não.” O cara era intimidador, virou para o amigo dele e ordenou. “Deixa esse dai e os amiguinhos dele passarem, vou colocar meu primo no taxi, ele é menor de idade.”
Antes que Wes pudesse reclamar a guria de antes puxou ele para dentro da boate, fui puxado pelo bíceps até o ponto de taxi, no meio do caminho eu zoei com ele. “Eu não sou menor de idade!” ele grunhiu alguma coisa que eu não escutei.
“E eu sei andar sozinho cara, pode me largar.” Eu falei mas estava sorrindo, de alguma maneira doentia gostava dele me puxando por ai.
Ele parou, virou e me olhou serio. “Para que, para você fugir denovo?”
Me pegou, coloquei as mãos no bolso da causa jeans apertada que usava e olhei para ele com uma expressão marota.
Ele respirou fundo, colocou a mao nas têmporas “Voce agora vai para o meu apartamento, vai sentar seu rabo lá e me esperar, quando puder largar aqui vou te encontrar lá.”
Serio? LOL! “Você tá assim e nem me comeu ainda, imagina...” mas parei quando ele rosnou profundamente, os olhos meio fechados, fixados na minha calça, falei merda.
Ele me puxou para mais perto dele. “Eu espero chegar em casa e te encontrar lá, entendeu.” Ele falou lentamente, como se eu fosse um retardado.
“Sim senhor!” os olhos pretos dele estavam opacos agora, e a boca dele, caramba, que boca.
Ele continuou me puxando e falou com um dos taxistas que eu era primo dele e era pra me levar para o condomínio dele.
“E tu vai me deixar só na tua casa, e se eu te roubar?”
Ele revirou os olhos e disse sem olhar para mim. “Meu deus, como você é irritante.”
Eu apenas sorri, já tinha ouvido isso outras vezes, me socou dentro do taxi, enquanto o carro saia eu abri a janela e acenei de volta para ele “Falou, primão, demora não hein!”
Ele cruzou os braços e por um milésimo de segundo vi um sorriso.
No caminho consegui arrancar do taxista, sem perguntar diretamente, todo mundo chamava ele de Drezão, com E agudo, Drézão. É, faz sentido.
O taxi parou em um condomínio bem luxuoso. “Tem certeza que é aqui mesmo, seu Lúcio?”
“Uai menino, não sabe onde seu próprio primo mora?”
“Não, primeira vez que venho aqui.” Eu admirava a entrada do condomínio, tinha piscina, praça esportiva, era um resort dentro da cidade, cinco edifícios compunham o complexo.
“Seu primo é meio estranho mesmo.”
“Nem me diga...”
Como um cara que trabalhava como segurança de boate e ia para uma academia a quilômetros do bairro onde morava poderia morar num lugar desses?
“O apartamento dele é o 1510, já vim deixar umas meninas aqui para ele, seu primo é realmente pegador.” Eu poderia voltar dali, não poderia?
Dentro pude ter noção de como a coisa era luxuosa, o porteiro veio solicito e eu expliquei para ele, me mostrou o elevador do prédio onde ele morava, agradeci, 15 andares, e elevadores me davam medo, muito medo.
No andar dele quase me perdi, sou um idiota. Achei a porta e entrei, o cheiro dele me atingiu em cheio, é tão bom descobrir que sua casa tem seu cheiro, e que ele é bom.
Me senti melhor dentro do espaçoso apartamento, os moveis não combinavam, ele simplesmente pegou o que gostava e socou lá dentro, mas parecia uma casa de verdade, alguém realmente morava ali e curtia estar ali, odeio ambientes decorados como casas. Esperei sentado catolicamente no sofá por 30 minutos, eu juro, ai fui vagar pela casa, tinham 3 quartos, o primeiro que entrei era o dele, uma enorme cama king size, redonda no meio do quarto, num criado mudo colocado em ângulo estranho ao lado dela tinham diversas camisinhas e lubrificantes na primeira gaveta, ou ele fazia estoque ou não usava muito, única explicação.
O guarda roupas era dividido minuciosamente, ele fora treinado para ser disciplinado (OMG! É um espião), achei ao lado um coldre com uma arma dentro (não disse?), abaixo mais caixas, não fucei. Peguei uma das toalhas brancas, eram as únicas, e fui tomar banho,procurei um banheiro e achei um no corredor, não queria usar o pessoal dele, ele poderia não gostar. No caminho passei por um quarto com decoração infantil. O cara tinha um filho, ou mais, que legal. Tomei meu banho no banheiro espaçoso, quando fui vestir minhas roupas percebi que minha calça não era confortável, voltei ao quarto dele e sobre a cama achei uma samba canção com cara de velha, não havia cheiro, ele devia ter colocado lá para usar essa noite, “perdeu playboy” pensei e coloquei ela. Fiquei sem camisa mesmo, voltei para a sala e sentei no sofá, acabei adormecendo lá esperando Drezão, que nome adoravelmente ridículo, pff.