Verdades secretas 55

Capítulo 55

_ Filho, não se esqueça de levar o protetor solar. Você é muito branquinho. Se ficar exposto ao sol sem nenhuma proteção vai ficar parecendo um camarão frito.

Andréia dizia enquanto ajudava Victor a arrumar a mala.

_ Ah, e nada de beber, porque você está tomando remédios. E também leve um casaquinho.

_ Mamãe, deixe de ser exagerada. É verão e eu estou indo à Saquarema, cidade praiana.

_ Mesmo assim. Com esse tempo maluco de ora faz frio, ora faz calor. É melhor se prevenir.

Andréia tirou da carteira duas notas de cem reais e entregou ao filho.

_ Toma, leve para que você não fique na aba de ninguém.

Como Víctor deixou os cartões de crédito e débito na casa de Ivan, aceitou o dinheiro da mãe por não ter nenhum. Sentiu-se mal por ainda depender financeiramente dela, e prometeu a si mesmo que arranjaria um emprego.

Ítalo chegou alguns minutos depois para buscá-lo e seguirem viagem. Como ele tinha moto, deixou-a em casa e usou o carro da mãe, essa foi junto com a família no carro do pai.

Victor foi muito bem recebido pela família de Ítalo. O loiro e a irmã de Ítalo já eram amigos da época do colégio.

A jovenzinha morena de cabelos cacheados, estava festiva e feliz por ter no amigo um futuro cunhado.

_ O Ítalo vive falando de você. De tanto falar, conseguiu te conquistar.

Victor sorriu sem jeito.

_ Cala a boca, pirralha! Deixe de ser sem noção.

_ É verdade mesmo. Era Victor pra cá, Victor pra lá. Chegava encher o saco.

A menina tinha apenas quinze anos e se comportava como se tivesse menos idade. Tinha gestos e maneiras um pouco infantis.

O pai da família era daqueles sujeitos barrigudos e espalhafatoso. Falava alto e era muito espirituoso, o que agradou muito a Víctor.

Apesar de ser bem acolhido e está do lado de pessoas divertidas, o menino ainda se sentia triste. O arrependimento bateu forte. Queria voltar para casa, se abrigar debaixo das cobertas para chorar muito.

Contudo, tentou disfarçar a tristeza, interagindo com a família, que passaram a noite tomando cerveja, comendo camarões fritos e cantando no karaokê.

Foram dormir por volta das cinco da manhã. E conforme o prometido, Ítalo em nenhum momento deu em cima do loiro. Cedeu o seu quarto para ele e foi dormir no quarto de Jéssica.

Victor estranhou que em todos os quartos da casa haviam camas para casal.

_ É que o meu irmão gosta de trazer os crush para cá e a minha mãe ficou puta da cara por ele usar a cama dela. Aí ela comprou uma pra ele poder fazer as safadezas dele. Eu quis uma também. Não pra dormir com ninguém, mas para ter mais espaço. Se ele pode, eu também posso.

_ Você falando desse jeito o Victor vai pensar que trago muita gente aqui.

_ E não traz? O meu irmão é uma pireguete.

Ítalo empurrou a menina para fora do quarto.

_ Ah, sai daqui, linguaruda!

_ Não ligue para o que ela diz. É uma criança boba.

_ Você é livre para fazer o que quiser da sua vida, Ítalo.

_ A gente não tem tudo que quer.

Victor abaixou a cabeça sem jeito. O violinista arrumou a cama com os travesseiros e lençóis, todos cheirosos e limpos. Fez tudo para que Victor ficasse muito bem acomodado.

_ Qualquer coisa é só bater no quarto ao lado. Espero que durma bem.

_ Você também. Obrigado.

Ítalo beijou o rosto de Victor antes de sair do quarto.

Victor demorou meia hora para pegar no sono.

Rolou na cama pensando em tudo que acontecera em sua vida. Para que as lágrimas não caíssem, ele começou a assistir um filme pelo smartphone e acabou adormecendo.

Acordou por volta de meio dia. O calor estava sufocante o ventilador não dava conta de refrescar o quarto.

Sentou na cama e ficou olhando a janela por alguns segundos. Percebeu que a família já estava na piscina. Sentiu-se envergonhado por ser visita e estar dormindo enquanto os donos da casa já estavam acordados.

Levantou às pressas e vestiu um short de banho e uma camiseta e foi até a área externa da casa.

Ítalo o recebeu com um sorriso irradiante e um abraço.

_ Bom dia, meu querido.

_ Bom dia.

O pai de Ítalo estava ligando a churrasqueira, Jéssica mergulhava na piscina e Soraya arrumou a mesa do café da manhã com suco, café e sanduíche de queijo e presunto.

Uma hora depois, Jéssica, Víctor é Soraya brincavam com a bola dentro da piscina.

O menino sorria junto com os outros. Não se sentia leve e feliz daquele jeito desde que descobriu a verdade sobre Ivan.

Eles aproveitaram muito o dia. Comeram, beberam, dançaram e mergulharam na piscina.

No fim da tarde, todos jogaram vídeo game. Todos os acontecimentos foram filmados e postados no Instagram como stories. Ítalo marcou Victor e todos os integrantes da família.

Do outro lado da tela, deitado em seu quarto, Ivan vasculhava o perfil do marido. Ao vê os vídeos nos stories de Víctor, sentiu o ódio dominar cada fibra do seu corpo.

_ Filho da puta!

Num ataque de fúria, perdeu a racionalidade e desceu as escadas correndo. Pediu a Walace que o emprestasse o celular para poder ligar para Víctor, já que o menino não o atenderia.

_ Alô?

Ivan estava fora de si. Deixou-se ser dominado pelo ciúme e raiva. Começou a gritar:

_ Alô é o caralho, sua vagabunda! Como se atreve a me trair com esse merda?

Victor ficou nervoso ouvindo os gritos de Ivan. Estava trêmulo e não conseguia reagir.

_ Eu posso ser o que for, mas se tem uma coisa que fui contigo, foi fiel. Eu nunca te trair! Nem se quer pensei nisso! Porra! Caralho! Como pode fazer isso comigo, merda?! Você desceu baixo! Tá querendo o quê? Quebrar o meu coração? Tá querendo me humilhar? Conseguiu! Parabéns.

Ítalo e os familiares perceberam o nervosismo de Víctor. Como Ivan gritava muito, dava para os outros ouvirem os ataques do empresário, fazendo Victor se sentir envergonhado.

_ Como você tem coragem de me tratar desse jeito depois de tudo que fez comigo?

_ Eu errei com você sim. Mas não te trair! Nunca! Como o seu marido e fiel tenho o direito de exigir respeito da sua parte!

_ Você não é mais o meu marido!

_ Sou sim! Enquanto você tiver o meu sobrenome, você me deverá respeito!

_ Enfia o seu sobrenome no cu!

Victor começou a chorar, com a mão tremendo.

Ítalo pegou o celular da mão de Victor.

_ Qual foi, babaca?

_ Seu merda! Como tem a ousadia de vir falar comigo? Eu vou quebrar a sua cara! Vou arrancar os seus dentes da base do soco!

_ Deixe o Víctor em paz, palhaço! Vá caçar o que fazer!

_ Olha aqui...

Antes que Ivan completasse a frase, Ítalo desligou o telefone.

Ainda enfurecido, Ivan tentou ligar várias vezes e não foi atendido.

Victor desligou o celular e chorava se sentindo humilhado. Ítalo o abraçou.

_ Tá tudo bem. Não deixe aquele idiota estragar o nosso dia. Que cara miserável!

Ivan ficou fora de si. Descontrolado, começou a quebrar alguns vasos e estatuetas da sala.

Maria ficou assustada vendo a cena.

Os objetos quebrados eram a maioria obras de artes de alto valor comprados por Sônia.

_ Eu vou quebrar a cara do Ítalo! Desgraçado!

_ O senhor quer que eu resolvo?_ perguntou Walace.

Ivan parou por um momento e se lembrou de Raúl dizendo que inimigos devem ser massacrados sem direito a defesa.

_ É melhor atacar. E não dar a chance de reagiram. Compaixão é para os fracos.

Sentiu raiva da imagem do pai e não queria ser como ele.

_ Não precisa, Walace. Eu vou pegar aquele desgraçado sem covardia. Vai ser mano a mano! Estarei no meu direito de marido traído.

Subiu para o escritório e continuou quebrando os objetos do local.

_ Ele não deveria fazer isso comigo! Sonso! Não perdeu a oportunidade de me trair! Já queria mesmo. E eu burro achando que aquela bicha era fiel! Vagabunda, puta, vadiaaaaaaaaa!

Arrancou as roupas com raiva e foi para debaixo do chuveiro. Socando o vidro do box, imaginou Victor e Ítalo se beijando. Chorou desesperado, sendo consumido pela tristeza e raiva.

_ Victoooooor!

Após o banho, Ivan foi para a varanda do quarto, enrolado numa toalha.

Mirava as árvores do quintal da mansão sem prestar a atenção nelas. Seus pensamentos estavam em Victor. Fumava cigarros em sequência.

Sentia um misto de tristeza e raiva por ter a certeza que havia perdido Victor para sempre.

Ítalo estaria lá com o seu Solzinho, se aproveitando da situação para seduzir o menino e o roubar de vez.

Agora viu-se desesperado com a certeza do fim do seu casamento. Olhou para o dedo, onde estava a aliança e se lembrou de Víctor sorrindo pondo-a ali.

Começou a chorar como uma criança perdida.

_ Eles já estão viajando juntos! O desgraçado do Ítalo o levou para conhecer a família dele como se fossem namorados! Não são namorados porra nenhuma! São amantes! Victor ainda é o meu marido! Isso é adultério!

'Mas isso não vai ficar assim.'

Ivan se lembrou que seu amigo,Fabrício Palhares, o convidou para ir à uma festa em sua mansão e o convite foi recusado por Ivan, por estar triste por causa de Victor.

Trocou de roupas e pediu um táxi, já que tinha a intenção de consumir bebidas alcoólicas.

Fabrício Palhares era o filho de um rico industrial do ramo alimentício. Ele comprou uma mansão, onde mora só e vive dando festas regadas a bebidas, drogas e gente bonita.

O local estava cheio. Várias pessoas em volta da piscina. O cheiro de maconha pairava no ar.

_ Ivan Matarazzo, meu chapa. Pensei que não viria! Chega mais!

Ambos se abraçaram.

_ Cadê o marido?

_ Não faça pergunta difícil.

Fabrício sorriu maliciosamente.

_ Ah, moleque! Entendi tudo! Hoje é dia de vale night. Aproveita que a noite hoje promete. Olha quanta gostosa e gostoso têm aqui. Se farta, moleque.

A fim de esquecer o amado, Ivan vestiu um falso sorriso e aceitou o cigarro de baseado oferecido pelo amigo.

_ Oi, Ivan. Lembra de mim?

O empresário olhou para uma mulher que vinha em sua direção. Ela era uma bela morena, de cabelos longos, negros e lisos. Tinha um sorriso sensual e um olhar atrevido. Usava um biquíni preto exibindo o seu belo corpo.

Ivan sorriu malicioso para ela.

_ Eu sou a Joice, a amiga da Carla. A gente se conheceu na Suíça.

_ Oi, Joice. Tudo bem?

O moreno a puxou pela cintura e a beijou.

O clima entre os dois esquentou e ela o convidou para ir ao quarto.

Eles entraram no quarto aos beijos. Apesar de Víctor ainda dominar o seu coração, o seu corpo desejava o corpo moreno e belo da mulher.

Jogou-a na cama. Deitada, ela sorrir para ele, admirando-o se despir totalmente.

Ivan deita sobre ela beijando os seus lábios e pescoço enquanto acariciava os seus seios firmes e redondos. Com a boca retira a parte superior do biquíni preto e sente-se louco de tesão olhando para aqueles mamilos morenos. Não resiste e a sua boca vai de encontro aos bicos dos seios, deliciando-se sobre eles. Joice ergue a cabeça gemendo de prazer, sentindo a sua vagina umidecer.

O moreno desliza a língua entre os seios da mulher, percorrendo a barriga até chegar na vagina, que é beijada por cima do biquíni.

Com os dentes, retira a única peça da roupa de banho da mulher, abrindo as suas pernas.

Joice vibra ao sentir a língua de Ivan saborear o seu grelinho. No clitóris, ele permanece enquanto ela grita de tesão.

Puxa-o até a sua boca e o beija com intensidade, desfrutando daquele momento como se fosse o último.

Os seus sexos se roçam enquanto se beijam. E ele puxa para trás os longos cabelos negros e lisos da mulher.

Na sua mente surge a imagem de Víctor. Imagina o menino gemendo nos braços de Ítalo e a ira o consome.

Apesar do que aconteceu, para ele Victor era seu. Não tinha o direito de se entregar a outro. Ivan sentia-se traído e humilhado.

Joice era bonita e gostosa, o que Ivan acreditava ser o triunfo da sua vingança. Ele estava sentindo prazer, mas no fundo era com Victor que desejava estar.

Contudo, decidiu que não iria sofrer. Apegou-se a ilusão de que não se importava mais com o loiro e decidiu aproveitar cada minuto daquela foda com Joice.

A mulher estava extremamente feliz em estar com aquele homem que ela julgava maravilhoso. Desejava que o que estavam tendo não acabasse ali.

Empurrou-o para o lado e sua boca foi de encontro ao pênis ereto de Ivan. Começou a chupar se deliciando pela cabeça e desceu percorrendo todo o membro até fazer Ivan revirar os olhos, gemendo de tesão.

Em seguida, subiu em cima do empresário encaixando a sua boceta no pau dele e começou a cavalgar. Ivan foi a loucura, desfrutando daquela bocetinha gostosa, apertada e molhadinha. Era lindo vê-la cavalgar, enquanto os seus belos seios pulavam.

Eles mudaram as posições. Ele a pôs de quatro e penetrou na mulher, puxando o seu cabelo, dando tapas na sua linda e grande bunda morena, enquanto ela rebolava gemendo.

Com os movimentos acelerados, ambos gozaram e se jogaram exaustos sobre a cama.

Joice sorria satisfeita, enrolando os cabelos dele entre os seus dedos.

_ Você é maravilhoso! É difícil um cara encontrar o clitóris e chupar tão bem uma boceta como você fez. Quero te dar pra sempre ele.

_ Você foi incrível! Maravilhosa em todos os aspectos.

Por mais que o seu corpo estivesse satisfeito por ter tido uma boa transa, o seu coração permanecia doído e arrasado.

Transar por prazer era bom. Ele sempre fez isso e se sentia feliz. No entanto, depois que desfrutou o sexo com amor, jamais se sentiria tão completo com qualquer pessoa como se sentia com Victor.

Era o loiro que ele queria. Era o calor do seu corpo que queria sentir, era no seus braços que queria estar. Não tê-lo era doloroso demais.

_ Eu vou ao banheiro.

_ Não demore, gatinho. Quero uma segunda rodada._ dizia a mulher com o seu sorriso safado e sexy.

No banheiro, diante do espelho, permaneceu olhando para a sua imagem. Percebeu que o seu rosto destava abatido e os ossos da face começavam a se destacar, as olheiras contornavam os seus olhos tristes.

_ Maldito! Ele não tinha o direito de me trair. Não tem essa que estamos separados. Ele está casado comigo e assina com o meu sobrenome. Me deve fidelidade.

'A essa hora tá lá, feliz fodendo com aquele maldito violinista e eu aqui, mesmo comendo uma gostosa, estou sofrendo por ele. Eu o amo tanto! Eu quero o meu Solzinho de volta.'

Chorou baixinho para não ser ouvido por Joice. A saudade do homem amado o castigava.

Saiu do banheiro depois de um bom tempo. Disse a Joice que se sentia mal e que precisava ir para casa, deixando a mulher preocupada.

_ Se quiser, eu te dou uma carona.

_ Não precisa. Eu vou pegar um táxi.

_ Vamos nos ver novamente?

_ Claro._ mentiu Ivan, que não tinha a intenção nenhuma de revê-la. Beijou a boca da mulher e os dois se vestiram e sairiam do quarto.

No corredor, uma amiga filmava tudo fazendo stories. Ivan sabia que Victor olhava o seu Instagram e fez questão de beijar Joice diante da câmera. Todos gritavam comemorando.

_ Me marca.

_ Agora mesmo.

Quando esteve no táxi, Ivan repostou o vídeo em que beijava Joice e ficou feliz ao vê que Victor havia visualizando alguns segundos depois.

Do outro lado da tela, Victor se sentiu arrasado ao vê o marido beijando uma mulher.

Sentiu-se burro por ter rejeitado Ítalo, enquanto Ivan se divertia com uma que ele, na raiva, xingou de vadia.

Levantou da rede e foi para o quarto chorar.

"Ele não me ama. Eu sou mesmo um idiota."

Com raiva e tristeza bateu na porta do quarto de Ítalo, que o atendeu sem camisa e com cara de sono.

_Eu estou pronto.

Ítalo sorriu e respondeu:

_ Você tem certeza?

_ Absoluta.