Poder IIIII
Capítulo 5
Jef
Já era manhã quando retornei a Árvore. Nunca me sentira tão revigorado, na noite passada eu dei tudo de mim, tanto na batalha quanto no sexo. E foi maravilhoso, eu não cansava de relembrar tudo me questionando se tinha sido real ou não. Digo e Leo estavam na cama, o que não era incomum, o sol estava raiando, eu me joguei no meio dos dois, o impacto acordando ambos.
-Meu deus, bêbado de novo?- atirou Leo rabugento.
-Só se for de felicidade. -respondi.
Digo se sentou na cama interessado na conversa, com as minhas pernas sobre as suas e minha cabeça apoiada no peito de Leo.
-O que houve?
Eu hesitei um segundo, isso não ia ser facil, mas foda-se.
-Encontrei Emyr ontem.
Levou um outro segundo para eles registrarem o que eu tinha dito, eu não conseguia parar de rir da cara deles. Léo foi o primeiro a agir, começou a me virar inspecionando meu corpo.
-Meu deus, ele te machucou???
-O quê? Não! Você precisa ter mais fé em mim sabia?
-Você matou ele?- Eu parei de rir, não pela pergunta, mas pelo tom, eu não consegui decidir se Digo tinha esperança ou medo da minha resposta.
-Eu não sou um assassino, nenhum de nós é, você…
-Olha esses hematomas!!! Suas costas todas, seus braços, a barriga!!!!- Leo exclamou, me virando de um lado para o outro.
-Ah, eu nem tinha percebido.- Passei as mãos em uma marca roxa em cima das minhas costelas, eu me lembrava exatamente como tinha ganho aquela, o sorriso bobo retornou.- Nós lutamos sim, mas no início, não foi assim que eu ganhei essas marcas.
Olhei para Leo e ergui as sobrancelhas.
Ele levou as mãos a boca, supreso.
-Eu não acredito! Como? Onde? Em que posição?
Antes que eu pudesse responder as mãos de Digo se fecharam com força no meu biceps, me virando para si- Por que?
Eu olhei para sua mão, qualquer pessoa que fizesse isso comigo estaria nocauteado agora, mas eu sabia que essa ia ser a parte difícil, ao invés disso eu passei minha mão na sua nuca e o puxei para perto de mim tocando minha testa na sua.
-Tudo aquilo que eu te falava na varanda, no banheiro, na floresta, todas aquelas vezes, tudo aquilo era verdade: ele é nosso, ontem ele foi meu, a noite toda.
Os olhos dele quase fecharam, eu gemido contido na garganta.
-O gosto dele ainda está na minha boca.
Seus olhos se abriram e fixaram na minha boca.
-Você quer sentir?
Sem esperar respostas eu o derrubei de volta na cama de costas e deitei entre suas pernas, colando minha boca na sua, eu praticamente não fiz nada, apenas deixei ele explorar minha boca faminto.
Quando ele se cansou eu levei minha boca até seu ouvido e falei enquanto olhava Leo de joelhos na cama, segurando seu membro duro.
-Foi incrível, foi intenso, eu usei toda minha força e ele pediu mais, o corpo dele foi feito para nós, para você.
Então eu tive uma ideia, me levantei e tirei minhas calças, liberando minha ereção, olhando nos olhos de Digo eu relatei- Eu ainda não tomei banho…
Me sentei em seu peito, e meu pau sobre seu rosto, ele respirou fundo. -Ainda estou com o gosto dele…
Eu sei que ele não curtia, que não era a praia dele, o que tornou ainda mais significativo e especial quando ele me tomou em sua boca. Eu puxei Leo para mim e ataquei sua boca, com força, o puxei para meu colo e suas pernas enlaçaram em minha cintura.
-Eu comi ele assim. - falei olhando nos olhos enevoados de tesão de Leo, senti Digo gemer e me retirar de sua boca e me guiar até o orifício de Leo, que para minha surpresa estava úmido.
-Você não foi o único a se divertir ontem.- seu rosto ficou vermelho.
-Porra, eu queria ter visto isso.
Acabamos algumas horas depois, Digo chegou ao clímax me segurando em uma chave se esfregando em minhas costas, enquanto passava a mãos em meus hematomas.
Eu expliquei a eles tudo que Emyr havia me explicado na noite anterior, Leo preencheu as lacunas ou surgiu com uma explicação para o que eu não havia entendido, Digo permaneceu calado, retraído.
-E por que ele não voltou para casa? - Ele perguntou.
-Digo...Eu acho que entendo ele.
Digo colocou dois dedos na testa, exasperado.
-Não, presta atenção, ele está infiltrado, ele está lá dentro, é uma oportunidade de ouro…
Digo se virou para nós, seu olhar me fez querer pegá-lo em meus braços.
-Não! Eu decidi ontem, eu vou superar isso, vocês não tem direito de falar sobre ele comigo a partir de hoje, ele VAI nos trair novamente e eu não vou dar pra ele essa chance de novo.
E esse foi o fim da conversa, eu e Léo entramos em um pacto silencioso para não mencionar Emyr de novo perto do Digo. mas ainda assim eu não conseguia tirar ele da cabeça, aquela noite fantástica, eu nunca tinha me sentido tão… homem. As vezes eu viajava em pensamentos só para acordar e ver Digo me encarado de maneira suspeita, ele sabia o que ia na minha cabeça e se ele sentia ciúmes eu achava melhor, eu descobri que amava Emyr tanto quanto amava eles, eu queria nós quatro juntos sob o mesmo teto.
-Eu estive pensando.- Léo me abordou uma noite enquanto estávamos de vigilância.- Como vocês se encontraram naquele bar?
Eu nunca tinha dado muita importância para isso, tudo que aconteceu depois tornou o encontro em si pálido.
-Eu não sei, ele tem telepatia? Ele sabia que eu estava lá?
-Telepatia eu não sei, mas as vezes ele sabia quando eu me aproximava…
-Ah sim, nas vezes que você espionava ele escondido da gente, aquele tempo todo que você sabia onde ele morava e nunca contou para ninguém?
Eu estava tirando uma com a cara dele, o que não o impediu de ficar vermelho de vergonha.
-Admito que foi uma péssima escolha não contar para vocês, mas eu tinha que saber quem ele era, de que lado ele está. Nem todo mundo teve a oportunidade de transar com ele, de conversar como você conversou, olha o Digo, ele se recusa a acreditar que ele não é inimigo.
De repente, olhando Leo, minha curiosidade atiçou.
-Mas me diz, quando for sua vez, o que você acha que vai rolar entre vocês dois?
-O que?Que pergunta idiota Jef… Eu nunca parei para pensar nisso…
-Eu sei que não vejo a hora de fuder ele de novo?
Leo soltou um gemido ao meu lado.-Isso seria ótimo....
-Sério? - Eu olhei para ele fingindo incredulidade.
-Ué! Pois você fique sabendo que eu faço passivo com vocês dois só por que eu sei que vocês não aceitariam de outra maneira, mas não é minha vocação.
Eu passei o braço ao redor da sua cintura. -Você me engana todas as vezes então.
Leo jogou a cabeça para trás. -Por favor, podemos encerrar essa conversa embaraçosa?
Ri até rolar no chão, enquanto Leo me olhava com cara de reprovação.
Emyr
A organização não havia entrado em contato comigo nos últimos dias e essa espera estava me agoniando, me matando. Meu encontro com Jefferson não saia da minha cabeça, foi minha primeira vez em vários sentidos físicos e mentais. Eu encontrei um novo motivo para viver, eu não conseguia deixar de sentir falta, era como uma droga e agora eu estava em crise de abstinência. Mas o dever vinha antes e era essencial que eu descobrisse qual era o esquema do Hugo, eu precisava voltar a base dele.
Até que enfim o contato veio, eu estava a caminho da faculdade quando o meu celular tocou, com uma mensagem vindo dele: “Precisamos de ajuda, grande portal no banco central.”
Até que enfim.
Quando cheguei no banco que ficava na interseção entre duas avenidas movimentada a polícia mantinha o edifício sob alvo de artilharia pesada. Eu ergui a barreira magnética para parar eles antes de entrar através da parede.
Algo estava errado, haviam pessoas deitadas no chão, com a barriga para baixo e a mão na cabeça. Sheeba, Syanna e Jack estavam espalhados, com armas em punho, Hugo veio me receber. Não havia sinal de fissura, já havia fechado?
-ATIRADOR! O que está acontecendo aqui?
-Ah, Emyr, bem na hora. Nos dê uma mãozinha, por favor.
-Onde está a fissura?
-Fissura? Ah sim, já fechou, não chegamos a tempo! É uma infelicidade, mas já que estávamos aqui, um banco, olha só! Decidi fazer um saqueeu estava começando a entender…
-Mas olha só, é muito pesado para Syanna teleportar sozinha, então , você se importa de nos dar uma mãozinha?
-Um assalto a banco…
-Fale alto Emyr, não estou te escutando!
-VOCÊ ME COLOCOU NO MEIO DE UM ASSALTO A BANCO!! E ESPERA QUE EU TE AJUDE??
-Calma aí amiguinho, é um mal necessário! Você sabia que aquela máquina de criar portal não funciona na base de ar? E aquela base, as contas dela, você não iria acreditar!
-O que você disse?
Mas eu não pude completar o pensamento, minha bússola interna apontou com força para minhas costas, a entrada do banco!
Enquanto me virava as grandes portas de entrada se abriram em um estrondo, Rodrigo aterrisando, atrás dele vinha Jefferson e o Corredor. Desgraça.
-Ah, isso vai ser interessante.-zombou Hugo enquanto recuava.
Eu olhei assustado para o trio de heróis, isso era um pesadelo, isso não estava acontecendo.
Todos
Jef viu Emyr em sua frente e ficou feliz, finalmente o reencontro! Então caiu a ficha: aquela não era uma situação com final feliz, seu sorriso se desfez e ele olhou para o amigo líder de campo, o ódio que exalava dele o deixou tonto, ao mesmo tempo Jef e Leo avançaram, ambos colocando as mãos sobre o amplo peito de Rodrigo, que naquele momento não era nada mais que o Espartano, esse codinome não era a toa, em batalha Rodrigo era implacável, uma máquina de combate, mas nunca assim, nunca com ódio. Como esperado os dois não conseguiram deter o avanço, Espartano via vermelho, seu ponto de ódio era a criatura na sua frente. Com os dois pares de asas baixos, arrastando no chão, Emyr estava derrotado, não havia explicação plausível, quem acreditaria em acidentes naquela altura, pelo visto Jef não tinha conseguido convencer Rodrigo que Emyr estava do lado deles, tudo bem, pensou Emyr, ele não contava com favores do destino, ele tinha aprendido a muito tempo que a vida apenas tira, não presta favores. Emyr estava resignado, ele ignorou os apelos de Leo para que ele fugisse, isso não era mais uma opção, lutar também não era uma opção, ele iria se recusar a confrontar aqueles que ele sentia no fundo do coração uma faísca de amor verdadeiro.
Dizem que existe uma tênue linha entre amor e ódio, Rodrigo havia cruzado essa linha, ele só via um inimigo, a fonte de caos em sua pequena família.
-Digo, para! - implorou Jef, ele odiava aquela sensação, de não ter força o suficiente para proteger sua família.
-Sai da minha frente, olha para ele, um assaltante, olha para os reféns! Isso acaba hoje, ele é uma maçã podre, e eu não vou permitir que ele nos contamine!
-Calma, Digo, Rodrigo, lembra o que o Jef nos falou antes, ele tem uma missão.- Leonardo tentou argumentar, trazer o amante de volta para a razão.- Emyr, foge, por favor!
-Rodrigo, olha para mim, se você machucar ele, eu juro por deus que...
Hugo, o Atirador não ia permitir que o Corredor e Titã ficassem no caminho, então sob suas ordens, Sheeba e Jack arrancaram Jefferson e Leonardo da frente, levando ambos para combatê-los em um ponto distante.
Emyr não pretendia combater o companheiro, mesmo ambos não se considerando o tal, mas o instinto não o permitia ser abatido ali, então ao invés de combater o Espartano ele se limitou a esquivar, na esperança de que o ódio dele diminuísse. Era isso que mais incomodava Emyr, o ódio que emanava de Rodrigo. “Ele encara todos os inimigos assim ou esse tratamento é reservado somente a mim?”. De qualquer maneira, Emyr não queria ser tocado por ele nessas condições, não depois de tanto tempo.
-Fica quieto e lute com honra!- vociferava Rodrigo, seu ódio não diminuía, apenas escalava com a frustração. Emyr fitava os olhos azuis, que antes eram fonte de admiração, agora tomados de desejos sinistros.
Pela visão periférica Emyr viu os outros dois sendo derrotados pelos vilões.
-Isso está ficando chato. - disse o Atirador enquanto mirava em Rodrigo.
Com um movimento das mãos Emyr ergueu um pilar de pedra sob os pés do Espartano, o atirando para longe num efeito catapulta, usando poderes psíquicos ele segurou Sheeba, Jack e o Atirador, os puxando para próximo de si e em seguida transportando todos de volta para a base do esquadrão.
Agora cabia ele por fim nos vilões.