Meu Primo Brutamontes cap 5
Olá, pessoas. Mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem.
PS : descupa pelo tamanho, prometo (tentar) compensar no próximo.
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Acordei eram 10hrs.
A luz do sol entrava forte no quarto. Olhei em volta. Nenhum sinal do Victor. Ontem a noite ele havia ficado sentado no chão, ao meu lado, até eu dormir. Eu pedi pra ele ir pro quarto dele, mas ele recusou.
Fiquei agradecido com aquele ato.
Pensando em ontem a noite, parecia loucura mas não era. Eu poderia muito bem diferenciar barulhos.
O barulho era de perto e ao mesmo tempo de longe.
Me levantei e fui tomar banho.
Daqui a pouco eu encontraria com o Vinicius no parque.
Quando acabei, me vesti rapidamente. Bebi um pouco de água, e sai de casa.
*
Quando cheguei no parque Vinicius já estava lá. Ele estava lindo, sentado em um dos bancos observando as crianças brincarem.
Ao me ver se levantou e veio me abraçar.
Era aconchegante aquele abraço.
Nos soltamos e sentamos.
- Nossa, o dia está lindo não é?!
- Está sim - olhei em volta e sorri - Quero ser criança de novo.
Olhamos para as crianças brincando a nossa frente.
- Eu também - disse ele - Elas não imaginam os problemas que vão acontecer ... - ele riu.
Olhei pra ele, sério.
- Vinicius - ele me olhou - Você tá bem?
Ele ficou confuso com a pergunta e riu.
- Claro que tô.
- Eu tô preocupado com você.
Estávamos sentados sob uma árvore,ainda bem porque o sol estava quente.
- Porque meu bem?
- Suas dores de cabeça, seus colapsos ...
- São momentâneos - ele segurou minhas mãos - Eu to bem, é sério.
- A Ana e eu estamos preocupados - falei.
- Não sabia que estavam tão próximos assim - ele riu e acariciou minhas mãos.
- É sério Vini - falei.
Ele percebeu que eu estava falando sério.
Vinicius continuou fazendo carinho em minhas mãos, porém permanecia mais sério.
- Vamos no médico - pedi - Daí tiramos isso a limpo.
Ele relatou um pouco, mas por fim cedeu.
- Tá bom - disse - Você vai comigo?
- Claro - sorri.
Ele apertou minhas mãos.
- Eu te amo - falou.
Sorri. Eu sabia que ele falava aquilo do coração.
- Eu também.
*
Liguei pra uma clínica neurológica e marquei uma consulta pra amanhã, às 8:00.
*
Eram cinco horas quando cheguei na faculdade. Lucas havia pedido ajuda em uma matéria, e eu claro, ia ajudá-lo.
- E então? Como você está?
- Estou bem - disse ele - Meu pai volta amanha. Ele tem viajado bastante até. - pausa - O que é bom, de certo modo.
- Ele trabalha com o que?
- Distribuição de produtos - falou.
Assenti.
- To tentando convencer minha mãe a fugir.
- Fugir?
Ele fez que sim com a cabeça.
- E ela?
- Tá confusa, com medo ... Não quero preciona-la - disse.
- É ... - olhei pra ele - Acabei de te conhecer e você já quer fugir?
Ele riu.
- E o Tiago ...
Ele parou de rir.
- O que tem?
- Você não me explicou direito o que aconteceu?
Estávamos na biblioteca. Ainda bem que estava vazia, porque seríamos expulsos se não estivesse.
- Ele veio falar comigo, no corredor. Pensei que ele fosse me bater - não aguentei e ri nessa parte - Não tem graça - disse ele.
- Continue - pedi.
- Ele perguntou se estava tudo bem - pausa - Eu respondi que estava. Daí ele pediu desculpas.
- O Victor falou com ele - falei - Desculpa, eu não sabia que isso ia acontecer.
- Tudo bem - disse - Ele está tentando se aproximar, sei lá ...
- Talvez ele goste de você ...
Tiago riu.
- Você é ridículo - me olhou - Nunca.
- Sei.
- É assim, então? E o Victor?
- Aí já virou baixaria - falei.
Ele riu.
Contei pra ele sobre ontem, o tiro que eu ouvi. Contei o porque de eu ter vindo morar em BH.
- Tem alguém tentando matar você? - perguntou assustado.
- São ameaças ... - falei.
- Então tem alguém tentando matar você !!
- Também não é pra tanto.
- Gabriel isso é muito grave.
- Estou Aqui esperando a poeira abaixar - falei.
- Não sei como você consegue ficar tão calmo.
- Nem eu.
*
Fui embora da faculdade a pé. Não havia visto o Victor por lá, acho que ele não foi.
A noite estava fresca, numa temperatura agradável.
Cheguei ao prédio e rapidamente subi.
Havia feito uma chave pra mim, mas a porta estava aberta.
Senti cheiro de pizza.
- Oi - Victor surgiu da cozinha.
- Oi - falei - Pizza?
Ele assentiu.
- Calabresa.
Coloquei minhas coisas sobre o sofá e o segui até a cozinha.
Ele pegou duas taças e as colocou sobre a mesa.
Ele ia colocar vinho pra mim, porém recusei.
- Água? - perguntou.
Assenti.
Eu era apaixonado por água. Podia trocar qualquer bebida por ela.
- Alguma comemoração especial?
- Nenhuma - ele colocou água pra mim.
- E então?
- Que foi? Só algo diferente ... É bom de vez em quando.
Nos encaramos por alguns segundos.
- Obrigado por ontem - falei.
- Qual parte?
Revirei os olhos.
- Qual? - repetiu sorrindo
- Todas elas - falei.
Ele bebeu um pouco do vinho e foi tirar a pizza do forno.
Fui até a sala e me sentei no chão mesmo. Coloquei a taça de água ao meu lado.
Victor veio com pizza e a taça de vinho nas mãos. Sentou-se ao meu lado no chão.
Estávamos apoiados no sofá, um do lado do outro.
- De nada - disse ele.
- Eu acho que to ficando maluco - falei.
- Não tá não - disse ele - Me explica, como foi o barulho.
- Eu já ouvi um tiro uma vez, estava com meu pai no trânsito de São Paulo. Nunca mais esqueci aquele barulho. Tenho certeza de que era o mesmo. - falei - Foi baixo, mas era tão perto ... Não consigo explicar.
- Será que veio do prédio?
- Ou da rua - falei - Não sei nem porquê to nervoso com isso.
Victor bebeu um pouco do seu vinho.
Peguei um pedaço da pizza.
- Tenho que te falar uma coisa.
Enquanto mastigava, olhei pra ele.
- O que?
Ele enrolou um pouco pra falar, o que me deixou nervoso.
- Fala, gente!
- Calma porra - ele sorriu - É sobre o Tiago.
- Hum?
- Ele tá confuso. - disse ele me olhando.
Victor tinha lábios carnudos o que lhe dava um certo charme. Desviei os olhos da boca dele e falei :
- Em relação a que?
- A um negócio aí ...
Fiz sinal pra ele continuar.
- Ele acha que sente alguma coisa pelo Lucas. - Victor comeu um pedaço de pizza a seguir.
Olhei pra ele perplexo.
- Como é que é?
- Ele acha que tá apaixonado uai - disse ele com a boca cheia.
- Ele é gay??!
- Eu não sei porra! Ele tá confuso.
Bebi minha água.
- Ele sempre foi neurótico com essas coisas ...
- Sempre?
Victor me olhou como se não pudesse ter dito aquilo.
- Explica - pedi.
- Quando a gente se conheceu, eu disse pra ele que ... - pausa - Que era bi.
Eu pensei ter entendido errado, mas percebi que não quando pedi pra ele repetir.
- Você é bissexual? - perguntei sem reação - Você me zuou por ser gay e é bissexual?
- Eu só fiquei uma vez com um cara.
- Mas ... - passei a mão no meu cabelo.
A partir daquele momento as coisas entre nós não seriam mais as mesmas.
Eu tinha uma leve LEVE atração por ele, não podia negar.
- Quando disse isso o Tiago ficou meio neurótico, mas depois aceitou de boa. A gente só falava de mulher, é mais gostoso e tal ...
Revirei os olhos.
- Entendi.
Meu celular tocou.
Fazia dias que eu não recebia aquela ligação anônima.
Victor e eu observamos o celular tocar.
- Quer que eu atenda?
Fiz que não. Atendi e coloquei no ouvido.
- Alô?
- Gabriel?
Eu não reconhecia aquela voz. Era grave e firme.
- Sim.
- Gostou de ontem?
- Ontem? - perguntei confuso.
O homem riu do outro lado da linha. Minhas mãos tremeram.
- É! Não está lembrado do ... - ele ficou mudo.
Olhei meu celular. A ligação havia caído.
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Droga! A ligação havia caído, mas não tinha problema.
Até o fim da semana eu colocaria o plano em prática.
Queria deixar o estúpido do Gabriel com medo, mas deve ter funcionado.
Me levantei, sem fazer barulho e fui até a cozinha.
Passei pelo corpo da senhora no chão da cozinha. Teria que agir rápido ou o cheiro da velha ia se espalhar.
Abri a geladeira e peguei uma cerveja.
Passei novamente pelo corpo da velha e fui pra sala, assistir jogo.