Aprendendo a ser pescador - Parte 2.1
Dia 2 – Primeira parte (Continuação de Aprendendo a ser pescador - parte 1)
Acordei sobressaltado, com o barulho de homens falando alto e gargalhadas. Meu pau ainda estava duro e a toalha de rosto desenrolada da minha cintura. Ao lembrar a noite passada, o tesão voltou com força máxima. Ao meu redor, sinais de que três caras tinham feito um rápido café da manhã. Farelo de pão e louça suja ornavam a pequena bancada do lado da pia. Lembrei que a minha função era preparar o café dos marinheiros e principalmente o do Mestre. Putz! Dormi demais! Já sabia que aquela louça suja me aguardava. Mas não conseguia me imaginar trabalhando o dia todo naquele barco, sabendo como eram as noites naquele lugar. No fundo, não sabia se era bom ou ruim. Minha piroca, no entanto, não parava de babar.
Meus pensamentos confusos foram interrompidos, quando Moisés e Josué entrando falando alto e sem parar na cabine. Estava rindo, molhados e, claro, nus. Provavelmente eu tinha perdido o banho de mar da manhã, que parecia ter sido mais divertido do que o de ontem. Ao me verem acordado, arrancaram-me da cama como se estivessem esperando por muito tempo para fazê-lo. Certamente o Mestre me deu uma colher de chá em recompensa pela trabalheira de ontem.
- Levaaanta! – Disseram, puxando-me. Por pouco não tive tempo de pegar a toalhinha. Ai, ai. Eu não resistia àqueles moleques. Não demorou para que eu entrasse na brincadeira deles, rindo sem parar. Na verdade, aquele barco era mais animado do que qualquer outro lugar. Nem jogando bola com meus amigos eu ouvia ou fazia tantas coisas divertidas. Depois que eu aceitei que levar tapas na bunda era uma brincadeira legal, foram palmadas para todos os lados naquela cabine. Parecíamos três cachorros que, vistos de longe, ninguém poderia dizer se estávamos brincando ou travando uma luta de vida ou morte. Porém, nem preciso dizer qual bundinha foi a mais espalmada. Na verdade, eu já amava os dois como se fossem meus irmãos mais velhos.
Aquela algazarra toda atraiu o Mestre, que ao entrar na cabine desmanchou meus sorrisos e gargalhadas com seu ar profundamente sério. Imediatamente lembrei que não estava ali a passeio e morri de vergonha.
- Um pescador nunca acorda tarde! – Disse-me tão sério que eu tive vontade de chorar.
Os meninos pararam a brincadeira, vestiram-se e foram para o trabalho. Eu não sabia o que fazer, ali, de pau duro, com a bunda toda vermelha. Fiquei com medo de ser demitido, ou expulso, nem a palavra certa me vinha à cabeça. Só conseguia encará-lo com pavor, imóvel. E o Mestre veio em minha direção e eu tive a certeza de que levaria uma surra. E foi exatamente o que aconteceu.
Com uma agilidade incrível, Seu Manoel me pegou pelo tronco, fazendo com que minhas costas ficassem sob sua axila. Curvado, em L, levantei a cabeça e vi os meninos do lado de fora da cabine. Pareciam apavorados. Então virei minha cabeça e não conseguia ver nada além das costas musculosas do Mestre. Também não conseguia me mexer. Meus pés mal tocavam o chão naquela posição desconfortável, na qual eu ficava com a bunda empinada.
Foi então que senti a primeira palmada. Muito diferente daquelas que levei dos marinheiros nas brincadeiras, o tapa que me acertou causava uma dor fina que se espalhava tão rápido quanto ondas elétricas pelas minhas pernas e ao longo do meu tronco até a cabeça. Quando a segunda veio, as lágrimas começaram a rolar involuntariamente. Eu ainda não conseguia soltar um suspiro, tamanha era a minha indignação com aquilo. Na terceira, eu direcionei meus olhos arregalados para os meninos, pedindo socorro em silêncio. Eles desviaram o olhar e voltaram ao trabalho. Na quarta, eu urrei desesperado e tentei me livrar. Com isso, provoquei tamanha fúria no Mestre que a quinta, sexta e sétima palmadas provaram-me que ele tinha sido gentil comigo até então.
- Vai me decepcionar de novo, menino? – Perguntou aquele terrível homem.
- Não, não, não Seu Manoel!! Não vou! Perdão! Perdãão! – Eu fazia um verdadeiro escândalo. Eu não podia mais suportar aquela dor.
- Então fica quieto!
Não sei como, mas recebi as próximas palmadas chorando baixinho.
- Um homem de verdade não chora que nem menino! Essa lição serve também para você aprender como um homem de verdade se comporta diante da dor! Sem gritos! Sem escândalo! – E senti, sem dúvida, a pior dor que viria a sentir até o fim dos meus dias. Mas o fiz em silêncio.
Eu não podia aguentar mais aquilo. Nada fazia sentido. Os risos, a felicidade naquele barco, eu não lembrava de nada naquele momento. Será que ele batia assim nos meninos também? Eu não queria mais ser pescador. Mesmo assim, as lágrimas secaram e da minha boca saiu uma voz grossa que eu não reconhecia como minha:
-Sim, senhor! Perdão, Mestre. Isso não vai se repetir.
Como que por encanto, o espancamento cessou. Fui largado e caí no chão. Não tinha forças para levantar, mas já estava de pé antes que pudesse perceber. Olhava para baixo e coloquei as mãos para trás, a fim de passá-las nas minhas nádegas quentes. Quando as toquei a dor foi tanta que respirei fundo e fechei os olhos. Minhas últimas lágrimas caíram.
- Muito bom! Você vai ser um homem de verdade! Dará orgulho a mim e a teu pai. – Disse Seu Manoel. E com uma ternura que me deixou mais confuso, levantou meu rosto e secou minhas bochechas. Seu semblante era o do Seu Manoel que eu conhecia, que me deixava carregar peixes quando eu era pequeno. E ele me sorriu.
- Agora vai trabalhar. Come antes, arrume isso tudo e depois se junte aos pescadores para puxar a rede. Vai! – Disse o Mestre, ao se trancar na sua cabine.
Aos poucos fui recobrando a consciência. Foi então que me dei conta de uma loucura. Minhas pernas estavam cheias de porra. Não tão grossa quanto a do Moisés, mas com certeza eu tinha esporrado nas minhas coxas enquanto levava a surra. Contudo, não havia muito tempo para pensar no assunto. A não ser que eu quisesse outra sessão de tapas.
Eu estava mancando, mas fiz tudo com muita rapidez. Pouca coisa passava na minha cabeça e eu estava muito concentrado. Trabalhei com afinco e minha produtividade foi espantosamente melhor do que no dia anterior. Eu estava mais preocupado em fazer um bom trabalho do que agradar aos marinheiros ou ao próprio Mestre. Claro que eu pensava nisso, principalmente quando sentava. Entretanto, eu não sabia explicar essa mudança.
Todos tinham percebido minha alteração e muitos elogios me foram feitos. Eu sentia uma felicidade diferente. Não me paparicavam como um menino, igual na minha casa. Pelo contrário, falavam do meu trabalho, do valor das coisas que eu fazia e de como eu as fazia. É bem verdade de Moisés e Josué estavam mais atenciosos. Provavelmente porque também já sentiram na pele as mãos do Capitão. Foram sensíveis em perceber que nem tão cedo eu ia achar graça nas brincadeiras com tapinhas na bunda.
Aos poucos eu fui ficando mais leve e voltei a curtir estar naquele mar maravilhoso. E como pegávamos peixe! Já estava acabando o espaço para guardá-los.
O trabalho acabou mais cedo naquele dia. De uma forma geral, esses três dias eram utilizados da seguinte forma: no primeiro, preparávamos tudo para os outros dois dias. No segundo, pegávamos os peixes maiores, que nadavam mais no fundo, além de crustáceos e moluscos. No terceiro, os cardumes da superfície eram o alvo. No último caso, a quantidade de peixe era maior e já tínhamos que voltar para vendê-los frescos. Em resumo, o segundo dia era o mais fácil.
Por isso, já estávamos acabando tudo uma hora antes do início do pôr do sol. Eu estava muito ansioso para um banho de mar, ainda mais porque tinha perdido o da manhã que parecia ter sido muito bom. Todavia, eu não ousaria demonstrar que queria me divertir antes de ter absoluta certeza de que todo o trabalho estava concluído. Ainda quando tive certeza, só fiquei olhando o movimento dos outros. Às vezes, passava a mão na água, mas não dizia nada. De repente, em um ponto não tão perto, mas que permitia ver com clareza, a água estava agitada. Eu não podia ser mais sortudo! Dois galha-preta atacavam um cardume de surubins.
- Olha! Olha! Tubarão! Ali, ali!
Todos vieram correndo, mas não para ver o show, que na verdade durou poucos segundos. Entretanto, eu estava enlouquecido de tanta agitação. Não parava de falar e contava repetidas vezes como tinha sido o ataque. Os meninos e o Mestre riam da minha euforia. Acho que, para eles, aquilo era comum. Mas para mim era novo e minha felicidade com a descoberta é o que tinha chamado a atenção de meus companheiros.
Na sequência, iniciou-se uma conversa animada. Literalmente começamos a contar histórias de pescador e, claro, eu ouvia mais do que falava. Até porque todos já tinham ouvido repetidas vezes a minha primeira, e não por muito tempo única, anedota.
O sol começou a se pôr e o Mestre pegou em sua cabine uma garrafa de pinga. Eu nunca tinha bebido na vida, mas sabia que isso era coisa de homem. No início, achei que ia ficar de fora, mas o Mestre mesmo me serviu por último. Aquilo desceu queimando e a gargalhada foi geral ao verem minha cara. Na segunda dose eu já estava tonto e o Mestre suspendeu, só para mim, a bebedeira. Na hora, eu me lembrei dos efeitos de um porre, embora nunca tenha tomado um. E cachaça nenhuma ia aliviar o medo de uma nova surra.
Tonto e viajando naquelas histórias, lembrava-me de outras coisas também. Na minha mente, veio a imagem de Moisés gozando. Imediatamente meu corpo ficou em brasa e eu olhei para ele. Contava animadamente um caso. Estava em pé e todo o movimento que vazia retesava seus músculos. Comecei a olhá-lo de uma forma diferente. Aquilo era mais do que admiração.
O efeito da bebida não passava e eu estava alheio na conversa. Olhava meus companheiros com um desejo alucinado. Comecei a achar todos lindos. E lembrei que Josué e o Mestre tinham transado. Será mesmo? Aquele barulho não podia ser outra coisa. Meu pau ficou duro na hora e não tinha como disfarçar minha ereção, usando apenas aquela fajuta toalha de rosto.
Como se todos tivessem pensado a mesma coisa, ao me ver de pau duro, o tema passou a ser sexo. Aos poucos o efeito da pinga cedia, mas meu tesão só aumentava. Todos, e principalmente o Mestre, contavam histórias quentes de transas com mulheres. Como as tinham feito beber porra, quantos cabaços tinham tirado, de quantas orgias tinham participado, quantos cornos tinham feito e quantos cuzinhos tinham arrombado. Por outro lado, a minha única história de sexo eu não podia contar ali. Porém a pergunta não tardou:
- E você, Pedro? Já comeu quantas xoxotinhas? – Perguntou o Mestre
- Anda, conta? Tô doido pra saber! – acrescentou Josué.
Eu tentei desconversar, mas todos sacaram que eu era virgem. Foi então que Moisés falou:
-Então a única coisa que você fez na vida foi bater uma punheta pra mim ontem?
Ao ouvir essa pergunta, eu vi a morte chegar. Não sabia onde metia a cara, fiquei de todas as cores de tanta vergonha e medo. Aí meu olhar se cruzou com o do Mestre. Eu abaixei a cabeça e comecei a chorar.
- Calma, Pedro. – Disse o Mestre, bem devagar. – Você gostou?
- Não, Mestre! Eu não gostei! Eu juro! Eu nunca mais vou fazer de novo! Por favor, não me bate! Não conte a painho! – disse culpado, juntando as mãos como se estive rezando.
Todos me olhavam tranquilos, o que me deixava mais nervoso sobre o que poderia acontecer. Em seguida, o Mestre disse:
- Se você não gostou, não tem problema. Isso acontece, ainda mais na sua idade. E você está aqui para aprender a ser homem, assim como Josué e Moisés. Porém, eles são mais velhos e já aprenderam um pouco de como satisfazer uma mulher. Agora chegou a sua vez.
Como eu ia aprender isso se não tem mulher aqui? – pensei. O melhor de tudo é que não ia apanhar nem tem problemas, achei. Estava só esperando a conversa continuar, já que estava tudo bem. Contudo, meus companheiros estavam me olhando estranho e massageando as picas por cima das bermudas. A tensão tomou conta de mim novamente, mas o tesão veio mais forte e uma nova ereção surgiu ao assistir àquela cena. O Mestre então ficou de pé e veio na minha direção e fiz menção de levantar, mas ele me mandou ficar de joelhos. Sua bermuda escorregou até os pés e uma pica preta, grossa e veuída, surgiu a poucos centímetros de distância do meu rosto.
- A primeira lição que você vai aprender é como uma mulher se sente para saber como tratá-la – Disse-me Seu Manoel.
Continua...