O TRIÂNGULO AMOROSO DA MINHA VIDA (Eu, Meu Irmão e Seu Amigo) - Parte 14

Nossa, descobrir que a Cheryl tinha morrido me deixou muito mexido naquele dia, está certo que eu a odiava e por mim ela poderia “morrer”, sim, entre aspas, por que naquele momento em que o doutor me disse que ela não tinha resistido, eu descobri que não queria que ela morresse, mas sim que desaparecesse da vida do Rick... E isso aconteceu de certa forma! Da pior forma possível. E o pior é que caberia a eu dar a notícia dessa morte para o Rick.

-Nossa! –falei chocado após ouvir o que o doutor disse e ter refletido. –Que horrível! Mas, de qualquer forma obrigado doutor. Agora eu tenho que ir ver meu irmão.

-Por nada, e não se esqueça de dizer a ele a verdade. –falou doutor indo embora enquanto eu entrava no quarto do Rick.

Meu irmão estava todo esfolado, com o rosto bem machucado e com a perna esquerda engessada, parecia que tinha quebrado. Ele estava meio zonzo e atordoado, mas estava consciente e me viu entrar.

-Cadu? –falava ele tentando se levantar da cama.

-Rick, não se levante... Você está muito machucado meu irmão. –falei me aproximando dele.

-Cadu, eu quero sair daqui. Cadê a Cheryl? –perguntou ele preocupado.

-Rick... Ela também se machucou muito e está em outro quarto. –não aguentei, tive que mentir. –Agora, você só poderá vê-la se melhorar, e isso você vai conseguir se descansar e se acalmar.

-Mas eu preciso ver a Cheryl, eu preciso ver como ela está. –falava nervoso.

-Rick, calma! Enquanto você não ficar bem eu não vou te deixar fazer nada, sou seu parente mais próximo agora e você tem que aceitar minha ajuda. Agora, relaxe! –falei até um pouco brabo, porque eu estava nervoso por ter mentido para o Rick.

Após algum tempo meus pais chegam e eu os conto a verdade sobre Cheryl, minha mãe diz que é direito do Rick saber logo e eu falei que queria esperar ele melhorar para depois falar. Por fim, para meu alívio, ela concordou. Para manter a mentira sobre a morte de Cheryl para o Rick, tive que falar até com seu médico para que ele não dissesse nada. E o médico concordou comigo, falou que era melhor ele estar bem, para depois receber a notícia.

Voltei para casa já de madrugada e encontrei Dimitri acordado e tenso pela minha demora, expliquei a ele tudo o que tinha ocorrido e que Rick precisaria de minha ajuda e isso fez ele se acalmar, pelo menos por um tempo.

(Uma semana depois)

Com muito sacrifício conseguimos enrolar o Rick por uma semana, ele quis colocar o médico na parede e então o doutor disse que a Cheryl estava em outro hospital, pois seu plano de saúde obrigou a isso. Rick ficava cada vez mais nervoso e preocupado e eu cada vez com mais medo.

Ele ficou melhor e eu vou até o hospital para ajudar ele a ir pra casa, pois ele estava recebendo alta do médico. Rick ainda estava com alguns ferimentos que eu teria que ajudar a fazer curativo até sarar, pois mamãe teve que voltar pra casa por motivos de serviços pessoais e nosso pai por conta de trabalho. Rick ficou por minha conta, sendo que eu já estava tendo um trabalhão para ajudar o Dimitri... Aja força.

Cheguei ao hospital e ajudei Rick a vestir-se, pois sua perna estava bem machucada e ele quase não conseguia caminhar sozinho. Depois peguei as malas com uma mão e a outra coloquei em sua cintura para ele apoiar o braço em meu ombro e conseguir caminhar. Nunca pensei que o meu herói de infância, que me protegia e sempre cuidou de mim, iria depender que eu o ajudasse. A vida dá voltas!

Entramos no carro e ele diz:

-Cadu, vamos para o hospital que está Cheryl, quero vê-la. –falou.

Com muita dor na consciência, tive que mentir novamente pra ele.

-Rick, a Cheryl recebeu alta ontem e disse que iria para sua casa após você sair do hospital.

-O quê? A Cheryl já está bem, já teve alta? E por que vocês não me deixaram ligar pra ela então.

-Por que eu não sabia que ela estava melhor Rick. Nós estávamos preocupados em cuidar de você, da Cheryl a família dela cuida. –falava tremendo de tanto mentir.

-Eu quero ligar pra ela agora, me empresta seu celular. –falou estendendo a mão.

-Ela vai depois pra sua casa, eu vou te levar agora lá.

-Cadu! –falou irritado. –Por favor, eu quero o celular para ligar pra ela, já que o meu foi moído no acidente.

-Eu não trouxe meu celular.

-Mentira. –falou mais brabo.

-Rick, para! Deixa-me dirigir logo.

-Então dirige que eu quero ver logo a Cheryl. –ele estava impaciente e desconfiado de algo.

Dirigi até sua casa, no percurso extremamente nervoso e com medo, eu não sabia o que mais o que fazer.

Ao chegarmos e entrarmos na sua casa ele me diz:

-Que horas a Cheryl vem? –falou fechando a porta.

-Daqui a pouco. –falei nervoso pondo as malas no chão.

Até que Rick chega a minha frente e me imprensa na parede. Ai não! Não tinha mais como escapar.

-Para de me enganar Cadu, cadê a Cheryl? Ela está bem mal? Está em coma? Fala Cadu! –ele deu um grito alto nas últimas palavras e me chacoalhava para eu falar.

-Rick... –comecei a chorar. –A Cheryl, ela, ela... –engoli saliva. –Está morta!

Rick se desesperou.

-O quê? –falou desesperado. –Como você omitiu isso de mim? –ele saiu da minha frente e começou a andar pela sala como um louco.

-Cheryl, não Cheryl! Como você me abandonou assim? –falava chorando, meio que gritando, totalmente fora de si.

-Rick, calma Rick! –tento me aproximar.

-Cala boca! –ele me pega pelos braços e grita comigo. –Como você escondeu isso de mim? Como? A pessoa mais importante da minha vida, que eu amava, eu nem vi mais. Pensei que ela estava viva, você me enganou... Nunca vou te perdoar, nunca! –e me joga no chão. -O enterro da Cheryl, eu nem estava lá. –falava com a mão na cabeça.

-Ela foi cremada, estava muito ferida, você nem iria vê-la Rick. –falava no chão chorando.

-Mas eu devia ter sabido que ela morreu! Antes. –falava gritando pra mim.

-Eu fiz isso para te poupar, te poupar de sofrer e queria que você se recuperasse.

-Me poupar? –perguntou. –Você acabou com as minhas chances de viver, eu não quero mais viver... Perdi o amor de minha vida, eu quero morrer. Ahhhhhhhhhhhhhhh! –dá um grito puxando os cabelos e se ajoelhando no chão. –Ah, Cheryl! Meu amor... Eu não vivo sem você. – e se deitou no chão. –Não, não, não pode ser verdade... Meu amor. –chorava deitado no chão.

Nem cheguei perto do Rick por cerca de meia hora, o deixei ali, chorando, refletindo enquanto chamava o nome da Cheryl. Eu tinha feito uma besteira muito grande e teria que consertar.

Após um tempo fui me aproximando dele que estava deitado de lado ali no chão. Deitei ao seu lado no chão e o abracei por trás e ele sem raiva pegou minha mão e a acariciou como seu único apoio no momento para enfrentar aquela imensa dor.

Continua...