O silêncio que se seguiu à saída dos homens era quase palpável, interrompido apenas pela respiração entrecortada de Lívia, ainda esparramada sobre a mesa. O cheiro de sexo, vinho e cera queimada pairava no ar, uma mistura inebriante que parecia marcar o ambiente como um templo recém-consagrado. Mariana se levantou da poltrona com a graça de uma predadora, o couro do corpete esticando-se ligeiramente enquanto caminhava até Lívia. Seus olhos brilhavam com uma satisfação perigosa, como se cada gemido, cada movimento da noite tivesse sido uma oferenda a ela.
"Levanta," ordenou Mariana, a voz agora mais suave, mas carregada de uma autoridade que não deixava espaço para hesitação. Lívia obedeceu, o corpo dolorido e trêmulo, a lingerie preta desalinhada e úmida de suor e outros vestígios da noite. A peruca loira estava ligeiramente desalojada, alguns cachos caindo sobre seu rosto, mas Mariana não se importou em ajustá-la. Em vez disso, pegou a chave do cinto de castidade pendurada em seu pescoço e a balançou diante dos olhos de Lívia, como um símbolo de poder absoluto.
"Você acha que merece um descanso?" perguntou Mariana, inclinando a cabeça com um sorriso que era ao mesmo tempo cruel e sedutor. Lívia abriu a boca para responder, mas as palavras se perderam em um suspiro rouco. Ela apenas balançou a cabeça, os olhos baixos, completamente rendida.
Mariana riu baixo, um som que ecoou pela sala vazia. "Boa resposta." Ela se aproximou, os dedos frios roçando o queixo de Lívia, erguendo seu rosto para encará-la. "Mas a noite ainda não acabou. Você é minha, e eu decido quando termina."
Com um gesto rápido, Mariana desprendeu a lingerie de Lívia, deixando-a nua exceto pelo cinto de castidade, que reluzia sob a luz das velas. Ela guiou Lívia até o sofá, empurrando-a gentilmente para que se sentasse. Do canto da sala, Mariana pegou uma pequena caixa de madeira entalhada, abrindo-a com um clique que fez Lívia estremecer de expectativa. Dentro, havia um colar de couro preto com um pingente prateado em forma de cadeado — um símbolo que Lívia reconheceu imediatamente.
"Isso é seu agora," disse Mariana, colocando o colar ao redor do pescoço de Lívia e trancando-o com uma pequena chave que guardou para si. "Uma marca permanente do que você é. Minha Lívia. Minha criação." O peso do colar contra a pele de Lívia era ao mesmo tempo reconfortante e opressivo, um lembrete constante de sua entrega.
Mariana se sentou ao lado dela, puxando-a para mais perto até que a cabeça de Lívia repousasse em seu colo. Seus dedos longos deslizaram pelos cabelos da peruca, desfazendo os nós com uma delicadeza inesperada. Por um momento, o silêncio entre elas foi quase terno, mas havia uma tensão subjacente, como o calmaria antes de uma tempestade.
"Você se saiu bem hoje," murmurou Mariana, o tom quase maternal, mas com um toque de posse. "Mas isso foi só o começo. Esses homens? Eles foram um teste. O verdadeiro desafio vem depois." Ela fez uma pausa, deixando as palavras pairarem no ar, antes de continuar. "Quero que você seja mais do que uma serva. Quero que você seja um espetáculo. Uma obra de arte viva. E para isso, vamos precisar de mais... ajustes."
Lívia ergueu os olhos, o coração disparando. "Ajustes?" perguntou, a voz fraca, mas carregada de curiosidade e medo.
Mariana sorriu, os dentes brilhando à luz das velas. "Sim. Amanhã começaremos a moldar você ainda mais. Mais hormônios, talvez um piercing ou dois... e quem sabe? Talvez eu te leve para um lugar onde mais olhos possam apreciar o que você se tornou." Ela inclinou-se, sussurrando ao ouvido de Lívia: "Você vai brilhar, minha querida. Mesmo que doa."
Lívia engoliu em seco, sentindo o peso do colar e do cinto, o calor do corpo de Mariana contra o seu. Não havia escolha, não havia recuo. Ela pertencia a Mariana, e cada passo adiante, por mais assustador que fosse, era parte de sua consagração.