UMA VERDADE PARA ABRAÇAR, SEMPRE! 23
Oi Pessoas.
Quero pedir desculpas pela ausência. Tive uns contra tempos e não pude me doar a escrever como estava fazendo. Agora, depois de tudo resolvido, voltei e prometo que desta vez será para concluir este conto que todos chamam de série.
Abraço a todos.
Boa leitura.
Depois do tenso clima com Thaty, ficamos conversando no quarto. Lara como sempre, jogando dos dois lados, enquanto estava com a gente, falava mal de Thaty e discordava de muitas coisas que ela fazia. Por outro lado mesmo malhando Thaty, Lara fazia tudo que ela mandava. Ou seja, todas farinha do mesmo saco, duas falsas e hipócritas.
Estávamos conversando no quarto quando Lara falou:
- Eu tô até agora chocada com as coisas que você disse a Padilha!
- Não falei nenhuma mentira, não vou ficar batendo palma pra maluco dançar. - Falei séria olhando para ela.
- Amanhã Thaty marcou para irmos na casa do pai de santo, ele vai jogar para confirmar nossos santos. - Lara disse mudando o assunto, ficando sem graça com minha resposta.
- Confirmar o santo? Ué, Thaty não já jogou pra gente? Era mentira também o jogo dela? - Falei ficando irritada por pensar que ela poderia ter mentido sobre o jogo.
- O pai de santo que vai fazer o santo deles, precisa confirmar, por isso ele faz um novo jogo. - Pedro disse dando poucas explicações.
- Ah ta, pensei que ela tinha mentido sobre o jogo. Quem finge estar incorporada é capaz de tudo, não duvido de nada. - Disse rindo da situação.
- Dandara, quer me ajudar? Me empresta mil reais? - Lara soltou do nada, fazendo todos rirem da cara de pau dela.
- Eu não tenho Lara, infelizmente. - Dandara disse incrédula pela cara de pau de Lara.
Lara balançou a cabeça negativamente sorrindo. Quando ia balbuciar alguma coisa foi interrompida por Pablo entrando no quarto surpreendendo a todos.
- Vocês me deixaram sozinho na sala. - Pablo disse sentando-se ao lado de Lara.
- Você não sai da frente da tv, um vício nesse vídeo game que eu nunca vi igual. - Disse eu, sentando na cama.
Pablo estava meio perdido, dava pra ver que ele tinha muitas dúvidas, e naquele quarto o único que poderia tirá-las era Pedro.
Claro que todos achavam muita loucura ele concordar em fazer santo apenas por Thaty dizer que era caso de vida ou morte. Mas, como Pablo era pau mandado, acreditava fielmente em tudo que ela falava, tudo que dizíamos era em vão.
Pedro se mostrava indignado a todo momento da conversa. Primeiro por que eles sempre conversaram e Pedro sempre deixou claro para Pablo que essa era uma decisão muito séria, e não se tomava de uma hora para outra.
Pedro questionou vários pontos para os dois, um deles foi o fato dos dois fazerem santo no mesmo lugar e ficarem recolhidos no mesmo roncó (Espaço sagrado onde ficam recolhidos os iniciados no candomblé), como esperado eles não sabiam argumentar e Pedro preferiu se calar, para não ter conflitos e ele não estava disposto a enfrentar, por achar que era perda de tempo qualquer discussão com alguém naquela casa.
Todos as perguntas que Pablo fez, Pedro respondeu numa boa dentro do que ele podia falar. Até porque, quando se faz santo, existem juramentos a serem cumpridos, e Pedro levava tudo muito a sério.
- Você falou pra minha vó que vai fazer santo? - Perguntei já supondo que ele não tinha falado nada com ela.
- Sim! Falei, mas sabe como minha vo é né? Ficou falando que o pai de santo iria fazer uma merda na minha cabeça, que eu iria ficar maluco com isso e um monte de besteiras que eu nem levei em consideração. - Pablo disse e concordei com minha vó.
Eu sabia que Thaty estava fazendo isso apenas para tê-lo ao seu lado em uma suposta briga pela casa. Ela sabia que sairia perdendo caso Pablo se voltasse contra ela.
Mas de uma coisa muito importante Thaty estava esquecendo. Aquela casa não era nossa, minha mãe estava viva e era a dona, e se ela batesse o martelo, Pablo não iria poder fazer nada.
Avisei que iria dormir e pedi licença ao pessoal. Eles deram boa noite e cada um foi para sua cama. Eu ainda conversei um pouco com Dandara antes de dormir. Fiquei pensando em algumas coisas que aconteceram naquele dia e logo depois peguei no sono.
Acordei cedo e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Quando saí do banheiro ouvi o portão abrir e fui até a varanda e vi Thaty entrando. Educadamente lhe dei bom dia, e ela veio até mim dizendo:
- Bom dia filha! Ainda bem que te peguei acordada. Queria falar com você o que aconteceu ontem... Quero pedir desculpas e te fazer um último pedido.
- Pode falar. - Disse seca, sem demonstrar nenhum interesse em suas palavras.
- Será que você pode ajudar as meninas enquanto eu tiver recolhida? - Thaty disse
- Olha Thaty, como eu disse ontem, eu não faço mais parte do centro e não vejo motivos para me meter nas coisas que as meninas ficaram incumbidas de fazer. Creio que até mesmo elas não vão concordar com isso. - Disse sentando na sacada.
- Elas sabem que precisam da sua ajuda. É só pra você ficar encarregada da cozinha, de fazer as comidas. - Thaty disse tirando seu celular da bolsa que estava tocando.
- Mas, não vai ter gira enquanto você estiver recolhida vou fazer comida para quem? - Perguntei curiosa. Não sabia o que ela queria com aquilo.
- Porque alguns dos meus filhos vão precisar ficar no barracão onde vou estar recolhida, para ajudar na faxina, cozinhar, etc... - Thaty disse fazendo um sinal com a mão de espera e se afastou um pouco para atender o celular.
Estava mais que claro para mim que ela queria que eu ficasse de empregada a disposição do tal pai de santo.
- Então, vai ajudar as meninas? - Thaty disse vindo em minha direção.
- Não! Eu não vou ajudar. Tenho certeza que as meninas darão conta. Desejo toda sorte pra você. Não sou sua inimiga e nem quero ser. Apesar dos pesares, você é uma pessoa que eu tenho muito carinho, muito respeito. Te respeitei até mais do que minha própria mãe. Mas as coisas na sua concepção mudaram, e eu não consigo ser assim. Você vai ser sempre a primeira zeladora de santo que eu tive. Em qualquer macumba que eu for e você estiver, eu vou bater cabeça pra você, por respeitar o seu santo. Onde eu te ver, vou trocar bençãos com você porque foi assim que me ensinou. Respeitar a hierarquia e tudo que sei na Umbanda agradeço por ter me ensinado. Todo axé do mundo pra você, eu sei que Oya vai brilhar muito naquele salão. - Disse dando um abraço nela, me desvencilhando de qualquer magoa que tenha ficado. Fui verdadeira e senti pela primeira vez ela desarmada.
Ela retribuiu o abraço, vi algumas lágrimas rolando pelo seu rosto. Por acreditar que todo ser humano é provido de mudanças, senti verdade em seu abraço e nas palavras que ela disse em seguida:
- Você foi uma das melhores filhas que eu tive a honra de ter ao meu lado. Obrigada de verdade e me desculpa por tudo. Que minha mãe Oya traga com seu vento toda felicidade do mundo pra você, porque você merece muito. - Thaty terminou suas palavras e me deu outro abraço e como sou extremamente emotiva acabei chorando.
Assim ficamos resolvidas e encerramos ali todas as desavenças que tínhamos.
Pelo menos, era o que eu achava...
Continua.