Coisas da Adolescência - Prólogo parte III

Um conto erótico de Matheus
Categoria: Homossexual
Data: 31/07/2017 18:04:29

Parte final do prólogo, leia a parte I e II antes!

>>><<<

- Matheus, você está atrapalhando a minha aula, se você não se sentar agora, vou chamar a diretora!

- Mas te acalma, já to indo pro meu lugar, que coisa!

Fui em direção a minha classe, dois lugares na frente do Rafa. O professor Juliano continuou dando a sua aula normalmente (e por normalmente, quero dizer explicando a matéria e me mandando olhares de reprovação e ódio pelo canto do olho). Era impossível conversar com ele durante as aulas do professor pois, não importava o nível da bagunça que estava a sala, a culpa era sempre nossa. Rafa tinha 4 irmãos. Rodrigo, dois anos mais velho que ele; Pablo, que morrera uns dois anos atrás de acidente de carro; a Giovana, que amava o Rafa quase como um filho (estava em um intercâmbio no momento) e o Juliano. Sim, o professor e o meu melhor amigo eram irmãos, porém, Rafa era fruto de um caso que a sua mãe tivera com outro homem, o que acabou com o casamento dela. Juliano culpava o Rafa por isso.

Agora, porquê sobrava pra mim eu nunca entendera, afinal, ele costumava descontar sua raiva muito mais em mim do que nele. Decidi portanto, enviar um bilhete para ele. Não aguentaria esperar até o intervalo (duas horas depois, tínhamos 3 períodos de matemática naquela manhã) para entender tudo.

“Rafa, oq ta acontecendo? Pq vc saiu daquele jeito ontem?”

Dobrei o papel umas 6 vezes e pedi para o Thomas, um colega que entrara naquele ano na escola, que sentava entre eu e o Rafa, passar pra ele. Não ousei olhar para trás pra ver sua reação, o professor decidira olhar diretamente pra mim naquele momento.

Passaram-se 5, 10, 15 minutos e nada dele responder. Olhei para trás. O meu melhor amigo me encarava com uma expressão estranha no rosto. Fez um sinal com a cabeça indicando o relógio, como se dissesse “Espera o intervalo”. Bom, ia ter que aguentar aquela tortura.

Depois de longas 1 hora e meia, o sinal finalmente tocou. A escola tremeu com o turbilhão de alunos correndo para o pátio. Eu me levantei e fui até a classe dele.

- Preciso ir no banheiro, vamos conversar lá – ele disse, se levantando e saindo. Chegando lá, esperamos o banheiro esvaziar.

- Rafa, o que ta acontecendo? Desculpa por ontem de noite, aquilo não deveria ter acontecido, eu sinto muito, não faça isso comigo, eu chorei a noite toda...

- Matt, para, me escuta – disse ele, me interrompendo – nada disso foi culpa sua, não teria rolado do jeito que rolou se eu não quisesse também. A questão é que a gente precisa rever algumas coisas na nossa amizade.

- Como assim rever? – disse, sentindo medo.

- Cara... sei lá, a gente transou saca. Você é o meu melhor amigo do mundo. Eu não quero te perder, não mesmo, por nada nesse mundo. Cara, foi a coisa mais gostosa que eu já fiz na vida, realmente, mas não troco aquilo pela nossa amizade.

- Eu também não.

- Eu sei, por isso sei lá, acho que deveríamos.... Não sei.... Não deveríamos repetir aquilo de novo.

- Mas porquê?

- Porque sei lá.... Sexo.... é bom, mas eu tenho medo que isso afete a nossa amizade, que um de nós acabe se apaixonando pelo outro sabe, sei lá.

- Como assim um se apaixonar pelo outro? Eu não...

- Matt – disse ele, me interrompendo mais uma vez – eu.... Eu.... Eu acho que sou gay.

Rafa começou a chorar, chorar mesmo, de uma forma que eu nunca tinha visto ninguém chorar na vida. Ele soluçava, desesperado, parecendo uma criança indefesa. Rafa era muito forte normalmente, era um cara sempre feliz, altivo, popular como eu. Vê-lo naquele estado me deixou muito chocado. Não sabia o que fazer, então o abracei.

- Cara, isso não muda nada pra mim, você é meu irmão, meu melhor amigo! – disse, tentando acalmá-lo – Você foi a primeira pessoa que veio falar comigo quando entrei na escola na terceira série, você lembra? Foi o meu primeiro amigo aqui na cidade. Hetero ou gay, transando ou não transando, nada vai mudar isso, isso que eu sinto por você. Nada nem ninguém.

Ficamos daquele jeito até a metade do intervalo. Rafa foi se acalmando, ainda abraçado em mim. Foi quando ouvimos passos do lado de fora do corredor. A porta do banheiro se abre e entra o professor Juliano.

- O que vocês dois estão fazendo aqui? O que está acontecendo?

- Estávamos transando professor, não está vendo? Isso aqui é um abraço pós sexo! – respondeu Rafa, sarcasticamente, com ódio nos olhos.

O professor Juliano o encarou, vermelho de fúria.

- Já para a sala da diretora, vocês dois.... Vocês sabem que é proibido ficar nos corredores da escola durante o intervalo. E em casa a gente vai resolver, Rafael, essa sua falta de respeito por mim.

- Eu não tenho que ter respeito por ti! – Disse Rafa, tremendo de raiva.

O professor levantou a mão, pronto para dar um tapa na cara do Rafa, mas se conteve.

- Já mandei vocês para a direção, vocês não me ouviram?

- Sim – respondi

- Sim senhor! – respondeu Juliano, gritando.

- Não é preciso me chamar de “senhor”, professor.

Os olhos de Juliano, negros como os de sua mãe, se estreitaram ainda mais, se é que era possível. Dava praticamente para sentir as ondas de ódio exalando de sua pele. Mudo, virou as coisas e saiu do banheiro.

- Acho que a gente não devia ter falado essas coisas pra ele.... – Eu disse, preocupado.

- Eu sei Matt, mas ele me enlouquece! Passa o tempo todo me criticando! Faz um mês que ele se casou e saiu lá de casa, mas parece que ele ainda mora lá. Fica colocando minha mãe e o Rodrigo contra mim, o Rodrigo me bate todo dia, faz cagada e bota a culpa em mim... Tá foda aguentar isso tudo sem a Giovana por perto....

- Cara, eu imagino como tudo deve estar.... Vamos para o pátio antes que a gente se foda de uma vez.

- O ruim é que estou com fome, não comi nada de manhã e esqueci o dinheiro do lanche em casa – disse Rafa

- Encontrei sua mãe no caminho para a escola, ela me deu o dinheiro para eu te entregar, mas esqueci ali na sala. Vamos ali pegar.

Saímos do banheiro e descemos as escadas, passando na sala primeiro. No pé da escada, a diretora Carolina já nos aguardava.

- Matheus, Rafael, para minha sala, agora!

A diretora Carolina era uma freira de 60 e poucos anos. Embora bondosa e justa com os alunos do Colégio Padre Miguel, era também muito rígida e correta. Gostava muito da gente, mesmo que vivêssemos na sua sala, por conta de confusões. Entramos na sua sala, sentando naquelas cadeiras que já estivemos incontáveis vezes antes. Ela deu a volta e sentou, de frente para nós.

- O professor Juliano me contou que encontrou vocês no banheiro agora pouco e que vocês foram petulantes com ele. Expliquem-se.

- Diretora Carolina... o Rafa não estava se sentindo muito bem... Ele está com uns problemas pessoais e precisava desabafar....

- Meninos.... Isso poderia ter sido feito no pátio! – disse a freira.

- Eu estava chorando diretora. Como eu ia chorar na frente da escola inteira? Isso estragaria a minha imagem! – disse Rafa, dando o primeiro sorriso do dia.

A diretora deu uma risada, nos olhando com ternura.

- Gosto muito de vocês meninos, e vocês sabem disso. Mas não posso deixar de dar uma advertência para vocês. O que vocês responderam para o professor não se fala.

- Mas nós realmente não estávamos transando, diretora. Não dissemos nada de errado – respondi, rindo.

- Eu realmente espero que não, ou isso acarretaria numa expulsão – respondeu ela. “E tenho certeza que o professor Juliano também não acha isso. Porém, Rafael, não posso permitir que os alunos sejam petulantes com os professores, mesmo eles sendo da mesma família. Aqui dentro, vocês são professor e aluno. Existe uma hierarquia a ser seguida.”

Puxando os papéis das advertências (que também eram velhos conhecidos), ela preencheu os formulários, passou mais algumas orientações e nos liberou. Voltamos para a sala de aula. Nada de mais relevante aconteceu naquela manhã.

Quando tocou o sinal para a saída, nos levantamos. Rafa me olhou com preocupação e disse:

- Matt, não quero ir pra casa. Vai ser uma bosta ter que aguentar o Juliano hoje de tarde.... A mãe vai sair e pediu pra ele ficar em casa comigo hoje.... Por isso ele disse “a gente vai resolver em casa blá blá blá”.... O Rodrigo vai estar em casa também.... Posso ficar na sua casa?

- Claro meu, sem problemas.... A gente tem que terminar de conversar, inclusive – respondi, enquanto tomávamos o caminho de casa.

Conversamos sobre banalidades praticamente o caminho todo, até que não me aguentei e perguntei de curiosidade:

- Rafael, me explica direito essa história de você ser gay.

- Ai Matt, não sei explicar direito... não entendo nem o que eu sinto na verdade. Só sei que, sei lá, por mais que eu me atraia por meninas.... Os caras mexem muito mais comigo. Vendo pornô e tudo mais, por exemplo, sei lá, sinto muito mais tesão nos caras do que nas mulheres.... Quando eu bato punheta sozinho, imagino caras e não minas....

- Entendo.... Mas escuta.... tu colocou aquele vídeo de propósito ou foi sem querer?

- Juro que foi sem querer.... Eu já tinha visto alguns pornôs gays, mas, naquela hora, sei lá, foi estranho, eu coloquei o vídeo sem saber. E quando eu vi que era, fiquei um pouco assustado, sabe.... Com medo da tua reação e tal....

- Cara, já te disse, tu não precisa ter medo de me contar esse tipo de coisa.

- Eu sei, mas sei lá.... E você? – Perguntou Rafa, me olhando com curiosidade, enquanto eu destrancava a porta de casa.

- Eu o que?!

- Você ficou bem animadinho com o vídeo ahsahhaush.... E outra, nada do que a gente fez partiu de mim....

- Ainda não entendi o que tu quis dizer – desconversei enquanto trancava a porta e largava a mochila em cima da mesa.

- Afs Matheus, não se faça de idiota, você é gay ou não?

Fiquei em silêncio por alguns instantes, pensando naquilo.

- Olha Rafa.... Não sei, sinceramente. Acho que não. Nunca tinha passado pela minha cabeça beijar ou... ou transar com um homem. Tipo, não sei o que deu em mim. Desde que começamos a bater juntos, desde que tu se ofereceu pra bater pra mim uns anos atrás e eu retribuí, sei lá, era como uma coisa de amigos, sabe, nunca pensei nisso de forma sexual.... Era como se, na minha cabeça, não era possível sabe? Por mais que fosse prazeroso, não tinha tesão envolvido.... Ontem, não sei o que deu em mim, deixei o tesão me levar....

- Entendi....

Rafa ficou me encarando. Não entendi sua expressão. Seus olhos verdes estavam brilhando. Foi se aproximando de mim, sorrindo, passando suas mãos na parte de trás da cabeça, bagunçando os cabelos louros

- Mas e.... E se a gente deixasse o tesão nos levar, mas de forma amigável? – Rafa disse, dando uma risadinha, colando seu peito magro no meu, me olhando nos olhos, quase meia cabeça mais baixo do que eu.

- Se for só de forma amigável, sim – disse, sorrindo pra ele – mas quero ser o ativo.

- Não tenho a menor vontade de não sentir tua rola dentro de mim – disse Rafa, me beijando.

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Galera, aqui terminamos o prólogo. No próximo capítulo começamos a história de fato. Críticas construtivas são sempre bem vindas, tanto aqui na caixa de comentários quanto no email Abraços e até a próxima!


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Comentários

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02/08/2017 01:20:06
DESCOBERTAS DA ADOLESCÊNCIA. É UMA FASE GOSTOSA, COMPLICADA TB. TINHA CERTEZA QUE RAFA ESTAVA COM DRAMAS DE CONSCIÊNCIA. E ESSE LANCE DE PERDER A AMIZADE, ACREDITO QUE NÃO PASSA PELA CABEÇA DO ADOLESCENTE, ISSO É MAIS COISA DE ADULTOS.
01/08/2017 03:47:58
Adorei, vc escreve muito bem, é daquelas histórias que faz a gente querer ler mais e mais, por favor só não demore muito pra postar as continuações. Abraço.
31/07/2017 20:48:02
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