O Garoto do Ônibus Cap.18

Cap.18

De repente, eu me vi sem voz. Sem conseguir pronunciar uma letra que seja, de tanto nervosismo.

- Olha... Não me culpe se você não gostar do que eu vou lhe dizer. Você não precisa retribuir. Só... Não se afaste de mim - disse, andando em direção a varanda.

- O que você quer dizer para mim ? - e lá se posicionou, olhando a paisagem que naquele momento estava escura, sem o brilho que o Sol traz.

- Eu... Eu tentei muito não deixar que isso acontecesse. Eu tentei não ouvir o meu eu... Mas não dá... - falou, se virando, e agora olhando nos meus olhos - eu beijei você de verdade hoje a tarde porque... Queria muito fazer isso... - meu coração acelerou e um What se formou no meu cérebro naquele momento - você foi a primeira pessoa que mostrou gentileza para mim. Que mostrou para mim que o mundo é muito mais do que apenas lembranças ruins. Mas que ele carrega momentos bons, e principalmente bons sentimentos. Quando comecei a morar naquela casa, não pensava em estudar em um colégio comum. Estava pensando em estudar em casa, porém, quando vi você, vestido com aquele uniforme, senti uma enorme vontade de comecar a estudar naquele colégio. Você sempre me atraiu, de muitas formas... Porém... Meu medo e minha personalidade introspectiva me fazia ficar quieto, no meu canto, sem ao menos dizer um Oi. Quando vi você me ajudando no ônibus, não acreditei. Não acreditei que aquele garoto que eu achava bonito era também um cavalheiro. E mesmo com um pé atrás, eu deixei você entrar na minha vida e na minha história. E deixei você me ajudar a superar tudo o que já havia vivido...

- Você sabe que... Eu fiz tudo isso por uma enorme boa vontade que carrego..

- Espera... Deixa eu terminar... No início eu apenas via você como um bom amigo. Porém o tempo foi passando, você se mostrou uma pessoa boa, engraçada, bonita, risonha, carinhosa, preocupada, companheira... Eu nunca tinha conhecido uma alma tão caridosa e tão carismática em toda a minha vida. Foi impossível evitar... Eu... Eu me apaixonei por você Gustavo-San - Yuki estava completamente vermelho, retraído, de cabeça baixa, nervoso... - eu não sei o que você vai achar disso, mas eu só peço uma coisa a você... Não se afaste de mim, por favor. Eu não sei o que farei sem você para me ajudar a superar os meus problemas - disse, com lágrimas nos olhos - eu sou tão frágil, já passei por tantas coisas, e não tinha mais nenhuma vontade ou motivo para viver até você aparecer... Poxa... Eu não tenho culpa de ter me apaixonado por você - dizia, aos prantos.

- Você tem tanta certeza assim que eu faria uma maldade com você ? Mesmo depois de tudo o que eu já fiz por você.

- Não é isso... É que... Eu tenho Medo... Medo de não ser correspondido - me aproximei dele.

- Depois de tudo o que eu já fiz... Cuidar de você enquanto doente - disse, pegando na sua mão - cozinhar para você, ajudar você a se socializar, fazer você sorrir, você ainda crer que eu possa não entender o que você sente ? - perguntei, levando ele a erguer o rosto em seguida e olhar nos meus olhos, que assim como os dele, brilhavam, em êxtase.

- Você entende ?

- Não só entendo... - falei, entrelaçando minha mão com a dele, e levando até o meu peito - como compartilho dele... - ele arregalou os olhos.

- O que ?

- Eu sou apaixonado por você a muito tempo. Mesmo antes de nos conhecermos, eu já tinha apenas você na minha mente. Esse jeito tímido, e essa beleza me conquistaram. Fiz cada uma dessas coisas movido pela paixão que sinto por você. E faria de novo, apenas para ver você sorrir e alegrar o meu dia... - falei, o puxando para um abraço. Enfim, depois de muito tempo, havíamos assumido os nossos sentimentos, e trazido a felicidade para as nossas vidas. Não demorou muito e repetimos aquele momento que mais cedo havia nos juntado. Precisou que virassemos atores, para que tivéssemos coragem de assumir o que sentimos um pelo outro.

TEMPO DEPOIS

Durante mais alguns dias continuamos a gravar as cenas, porém, com muito mais entusiasmo. Tínhamos agora um grande motivo para gravar com alegria e disposição, sem nervosismo, sem medo, sem vergonha.

- Vocês estão cada vez mais lindos juntos meninos, até parecem namorados de verdade - riamos ouvindo o diretor falar essas coisas. Depois do que aconteceu, ficamos mais íntimos nos bastidores, a temerosidade que existia antes deixou de existir.

- EI Gus-Chan, como eu estou ? - perguntava ele, logo após de ter sido produzido pelo maquiador.

- Lindo...

- Você também...

E foi naquele clima de êxtase e animação que nós terminamos de gravar o filme. E nos preparamos para a maratona que viria a seguir. E também para o sucesso(ou não). Será se ele viria ?

Continua

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