Meu quebra cabeça.

Era mais uma manhã tediosa.Havia acordado irritado,havia um barulho ensurdecedor do lado de fora da casa,espreguicei-me e fui até meu banheiro.Liguei a torneira e fechei as mãos em forma de concha,molhando meu rosto em seguida,fazendo-me despertar por completo em contato com a água fria.Olhei-me no espelho e percebei o quanto eu era bonito,com uma pele branca como a neve,cabelos em um tom vermelho-alaranjado,um pouco grande,minha boca vermelha contrastando com a brancura de minha pele e claro,meus olhos.Do lado esquerdo de minha face,havia um olho totalmente azul,mais azul que o oceano,profundo e misterioso,do outro lado da face,olhos cor de mel,tão brilhosos como o sol,quentes como o fogo,chamativos como fogos de artifício,também era alto o que chamava a atenção das pessoas ou melhor,das meninas.Todas me queriam,afinal quem não iria me querer?Sou rico,bonito e charmoso!

Tomei um banho demorado,gostava de ficar na água,me ajudava a relaxar.Sai do banheiro e vesti uma roupa qualquer,olhei no relógio e ainda era cedo,cedo para mim que sempre acordava por volta do meio-dia.Era apenas 11 horas da manhã,sai de meu quarto e caminhei pelo corredor,abarrotado de quadros por todos os lados,eram lembranças de minha mãe,a mesma era pintora,os pincéis eram sua paixão.Nunca a conheci pessoalmente,meu pai me disse que ao nascer ela faleceu,pois o esforço foi grande demais,mas,tratei de afastar esses pensamentos.

Desci as escadas e procurei por meu pai,fui a sala de estar,fui ao seu escritório e não o achei.Cansei,ele deveria estar na empresa trabalhando,pois era o que ele fazia a todo momento,nunca percebendo que eu existia naquela casa,sempre estando ocupado e nunca presente em minha vida,sem abraços,sem carinhos,sem pai.Ao chegar na cozinha,encontrei Joana cozinhando algo no fogão,enquanto cantarolava alguma musica qualquer,eu adorava essa senhora morena,baixinha e rechonchuda,com uma idade de quarenta anos ou mais,não sei ao certo,ela que cuidou de mim durante toda a infância e até hoje cuida,como se eu fosse um filho.Ela sempre trabalhou nesta casa como empregada,era amiga de minha mãe e é de meu pai,quando minha mãe morreu ela me alimentava,banhava e ninava.Mas dois anos depois,ela e seu marido Gabriel,um senhor de altura mediana,branco,ele era gaúcho e muito brincalhão,também sempre me tratou como filho,até a chegada daquele que roubou-os de mim,ele que eu tanto odeio,aquele que a todos bajulam e amam de imediato,aquele que sempre tirou notas boas e até mesmo irá conseguir uma bolsa na faculdade essas notas,aquele que tem o carinho até de meu pai,o abraço que eu tanto desejava ganhar,ele sempre os roubou de mim quando ele fazia aniversário.Era ele,era o Rafael!

Puxei uma cadeira da mesa grande e sentei-me.Fazendo Joana virar-se e me encarar sorrindo e falando:

Joana –Bom dia meu amor! –Disse sorrindo –Acordou cedo,dormiu bem?

Bernardo –Como é que dorme bem com essa barulheira toda Joh? –Disse emburrado – O Gabriel podia maneirar no barulho da próxima não?

Joana –Para de frescura menino! –Gargalhou –Olha o horário que é...voce deveria ter acordado a três horas atrás,dar uma passeada pela rua,ver o sol pela manhã,viver a vida e não ficar no quarto até a hora de ir para o colégio!

Bernardo –Sei,sei...-Disse com a face irritada –O que tem para comer?Estou com fome!

Joana –Espera ai que irei preparar algo para voce –Sorriu e passou a mão na cabeça de Bernardo bagunçando seu cabelo –Seu chato.

Joana preparou o café da manhã para Bernardo,conversando e brincando.Quando Bernardo pergunta:

Bernardo –Cadê o papai? –Disse sério –Trabalhando de novo?

Joana –Sim meu querido –Disse com um semblante triste –Mas,saiba que ele só faz isso para te dar um conforto maior e...

Bernardo –Que conforto o que?Eu quero é um pai presente.-Disse irritado,batendo na mesa –Faz-se mais de 3 meses que eu mal o vejo no café da manhã.Ele nem se dá mais ao trabalho de disfarçar que não me ama...que sou um peso para ele.

Joana-Calma querido...seu pai –Disse sendo interrompida.

Bernardo –Ah foda-se ele,velho de merda! –Disse levantando-se da cadeira rápido,fazendo assim uma xícara cair da mesa.Ele não olhou para trás e saiu furioso subindo as escadas da casa.

Minutos depois,ele descia a escada.Apenas de sunga,uma sunga branca que marcava bem o formato de seu pênis e do seu bumbum grande,com uma toalha branca no ombro e um protetor solar na mão direita.

Eu abri a porta dos fundos,indo de encontro a parte de lazer de minha grande casa.Uma casa com muitos quartos,dois pisos,várias obras de arte,jardins belíssimos e uma piscina grande,cheguei na parte da piscina,onde havia um chuveiro para nos molharmos antes de entrar na piscina.Quando olhei para o jardim e vi Gabriel,cortando a grama com uma máquina de roçar,totalmente suado por conta do calor escaldante que fazia naquele horário,ele também estava lá,sem blusa,apenas com um short curto branco,meio apertado em suas coxas grossas mais delicadas,sem pelo algum,seu abdomem não totalmente definido,mas, com um encanto tentador para minha mente,ele estava suado dando-lhe um ar sexy,seus cabelos dourados em perfeitos cachos pendiam sob sua testa,seus olhos verdes profundos e fascinantes,como uma esmeralda fitaram-me e foi quando eu sai do transe em que me encontrava.

Nossos olhos perduraram interligados por breves dez segundos,nada existia ao redor,apenas aqueles lindos olhos brilhantes que tanto me deixavam alucinado.Então,lembrei-me que não poderia estar tendo este tipo de pensamentos,pensamentos de desejos por garotos,principalmente por aquele garoto.Não,poderia estar acontecendo isso e foi quando ele sorriu,com lindos dentes brancos alinhados na mais perfeita sincronia,dando-lhe um ar angelical,divino.Eu não poderia retribuir,não poderia olhar mais ele ou eu acabaria fazendo alguma besteira,eu o encarei então com uma face de raiva,fazendo aquele sorriso desmanchar-se enquanto ele abaixava sua cabeça,virei-me para a piscina e pulei nela,esquecendo do mundo e de Rafael.

Quando emergi,olhei para a direção onde minutos antes Rafael estava,mas,ele já não estava mais lá,dando-me uma sensação de alívio e angústia,eu não estava conseguindo entender meus sentimentos quando aproximava-me daquele garoto,eu tentava odiá-lo,mas,quando meus olhos o viam,tudo ao redor ruía e apenas ele era a salvação.

Que saco,que grande e tedioso saco.Este era meu pensamento,era o primeiro dia de aula do ano e eu não estava nem um pouco afim de ir para a escola,já queria que o ano acabasse.Após sair da piscina,fui para a cozinha ainda de sunga e encontrei com Rafael,abraçado com a mãe,ambos estavam de costas para mim,conversando baixinho algo que não pude ouvir,eu os olhei por alguns minutos,ele tinha muita sorte aquele garoto,ele tinha o amor da mãe dele,tinha um pai que estava sempre com ele,cuidando dele,ele era um grande filho de uma puta sortudo.Não agüentei ver nem mais um segundo e subi correndo as escadas,cheguei em meu quarto e tomei um longo banho,regado de lágrimas e sentimentos conturbados dentro de mim,principalmente aqueles que envolviam os cabelos cacheados e olhos brilhantes,com um nome certo.Rafael...

Vesti-me e esperei chegar o horário para ir ao colégio.Quando estava na hora,desci e dei um abraço em Joana,que desejou-me uma boa aula e que tivesse juízo neste ano,sem companhias ruins e “blá,blá,blá”...entrei no carro que meu pai havia comprado recentemente,falei para o novo motorista onde era o caminho da escola e o horário que ele deveria me buscar,o caminho todo fiquei calado,pensativo,este era o ultimo ano na escola e eu queria que tudo fosse mudado,principalmente os meus amigos,eu sabia que eles só andavam comigo,porque eu tinha dinheiro,as garotas com quem eu saia principalmente.Eu era o popular e tinha que continuar sendo!

Ao estacionarmos na frente da escola,percebi que neste ano haviam muitos novos alunos.Principalmente alunos do primeiro ano,eu sabia também que Rafael seria um destes alunos,mas,ao descer do carro e passar pela entrada,não o encontrei.Melhor para mim,que não teria que encarar aquela maldita cara dele de anjinho inocente,fui até o segundo andar e estava procurando por minha sala,caminhava pelo grande corredor da ala do terceiro ano,muitas garotas me olhavam e faziam charminho,mas,eu não sentia nada ao vê-las,alguns garotos aparentemente afeminados também me olharam e sorriram,eu os ignorei e virei a cara.Quando eu dei mais dois passos para a frente,vi ao longe dois caras empurrando um garoto branquinho e derrubando a mochila dele no chão,rindo em seguida.Percebi então que estes dois marmanjos que fizeram isto com o garoto,eram os meus amigos,Pedro e Gustavo,os dois caras mais populares da escola,aqueles que todos temiam e queriam ser ao mesmo tempo,logo atrás deles havia três garotas,Léa,Mayla e Carina,elas não eram namoradas de nenhum dos garotos,mas,ás vezes ficávamos com elas,por pura diversão.Acenei para eles e fui ao encontro deles,sendo recebido por abraços pelas meninas e socos no ombro pelos garotos,havia encontrado minha sala.

O tempo passou e o intervalo chegou,sai da sala numa velocidade incrível,estava com muita fome e tratei de ir até a cantina da escola,muitas pessoas andavam de um lado para o outro,era sempre assim nos primeiros dias de aula.Odiava isso!Empurrava alguns para um lado e outros para o outro,eu era alto e conseguida abrir espaço dentre a multidão.Foi quando eu cheguei na cantina e uma enorme fila formava-se para ser atendida,mas,consegui ser atendido e então,fui para uma área afastada da escola,onde haviam inúmeros bancos em um espécie de jardim,vários outros alunos que não sentavam-se nos bancos,sentavam-se em rodinhas na grama,gargalhando,pulando e divertindo-se enquanto comiam.Eu estava saboreando meu lanche,quando olho para a frente e vejo ele,Rafael estava passando em minha frente com um garoto alto,branco e louro,era forte e estava com o braço em volta do pescoço de Rafael,que não havia percebido que eu o encarava.Eles estavam rindo de forma animada e logo foram para outro lugar,longe de minha visão,eu fiquei com uma agonia dentro de mim,uma certa raiva e fúria,porque será que ele estava rindo daquele jeito com aquele garoto?Ou melhor,quem seria aquele garoto?Porque ele estava com o braço em volta do Rafael?.

E foi assim que passei o restante da aula inteira,pensando na cena que eu vi.Porque eu estava com tanta raiva assim,do que havia visto?Na verdade,porque eu estava prestando tanta atenção nele?E foi assim,que resolvi livrar-me dos pensamentos que me levavam apenas ao Rafael,eu ficaria com Carina,precisava beijar uma garota,eu não poderia ficar pensando no Rafael,eu não sou gay.

Bernardo –Carina? –Disse baixinho,pois o professor poderia ouvir

Carina –Que foi?-Sussurrou.

Bernardo –Me espera na frente da escola,na saída? –Disse sorrindo.

Carina entendeu o que Bernardo quis dizer e balançou a cabeça afirmativamente.Na hora da saída,Bernardo estava parado na parede da frente da escola,quando viu Carina aproximar-se,ambos cumprimentaram-se e conversaram sobre como havia sido as férias de cada um,após a conversa,ambos chegaram mais perto um do outro e beijaram-se,mas,Bernardo não sentia nada demais naquele beijo,na verdade,em sua mente havia apenas a imagem de Rafael,o beijo durou cerca de um minuto,quando Carina afastou-se para respirar e Bernardo abriu os olhos,olhando mais para frente.Rafael estava parado na entrada da escola,encarava com um olhar triste Bernardo,ambos se olharam e Bernardo pode perceber Rafael,passar as mãos nos olhos,virar-se e sair correndo.Deixando Bernardo confuso e curioso,sobre porque ele correu daquela forma após vê-lo,parecia até que ele havia ficado com...ciúmes?

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Olá leitores mais que queridos.Aqui quem Escreve é o Pedro,então. Eu não voltei para a minha conta ainda,mas logo mais eu aparecerei por lá.Enquanto isto não acontece,darei continuidade a um mais novo romance para voces,ao lado do escritor Andy,ambos passamos por momentos difíceis e agora retornamos para voces,espero que gostem da história e nos acompanhem.Abraços e boa noite! ^^