A Primeira Vista [Revisado] 04

A primeira vista – Capítulo 04

O ser humano é um ser... humano. É incrível como vícios e coisas sem regra nos atraem de uma forma mais excitante sem precedentes. Não sou crente de nenhuma religião, nem mesmo sigo a Bíblia – apesar de achar um livro de ensinamentos fantástico, mas com seus erros – mas lá já estava escrito isso. Uma alegoria de uma cobra que tenta uma mulher com algo proibido e ela toma para si, destrói o lar junto ao homem e os dois são expulsos do paraíso. Eu uso o termo alegoria porque na verdade o real sentido disso é o sexo. Sexo indiscriminado e sem a intenção de procriar foi a tentação provocada a Adão e Eva. Daí vem o tal “A carne é fraca”.

Daí você para, rola a página e volta pra esse parágrafo se perguntando se está mesmo num site de Contos Eróticos. Antes que a polêmica comece eu só queria fazer um paralelo. Sexo é muito bom! Tão bom que foi usado como punição. É como dizer pra uma criança que vê todos os dias em casa um pote de pirulitos que ela não deve comê-los. Prova maior desse desejo sou eu, você e todo mundo que está aqui agora lendo esse ou outo texto num site de contos eróticos. Ah Deus, como é bom! E mais que isso, como eu estava na falta!

A vontade de jogar tudo pro alto, dar ouvidos à cobra e agarrar o Kaio por trás a tempo de tombarmos pro lado e cairmos na cama começando o que seria um sexo gostoso mas rápido o suficiente pra acabar antes que os outros chegassem e nos flagrassem no nosso paraíso era maior que tudo nessa vida.

Só que minha relação com o Kaio era mais que isso. Os textos mostram isso. Nossa relação era mais romântica. Quem acompanha sabe. Eu me tornei um romântico autodeclarado com esse garoto... Mas voltando, que audácia a minha falar relação não? Estávamos apenas nos conhecendo.

- Uh... foi mal. Eu... eu não sabia... – falei mais vermelho que um pimentão. O pau já meio bomba sob a toalha que por uma graça divina continuou enrolada na minha cintura.

Ele se enrolou na toalha muito rápido, não deu de ver nada mais que a bunda.

- Tudo bem. – ele disse rápido – É que o quarto maior é do Marcos e da Milena. Então acho que a gente vai ter que dividir esse.

- SIm – me recompondo.

- Eu vou terminar de me vestir no banheiro. Se troca aí. – passou por mim enrolado na toalha quase caindo pela pressa que foi enrolada.

- Nem precisa... – Não adiantava. Ele já havia entrado no banheiro.

Eu entrei no quarto e terminei de me vestir. Quando saí na sala ele estava em pé na frente da TV procurando o que assistir. Não haviam sofás.

- Igor, não vai ter nada muito legal porque aqui não tem TV a cabo. Esse apê é novo e meu irmão ainda está ajeitando pra quando casar. Sem chuveiro elétrico, sem móveis, temos mal panelas, você deve ter percebido...

- Ao menos é pertinho da praia.

- É sim... – ele na hora ficou parado olhando pro nada – Igor!! Que ideia maravilhosa!

- O que foi?

- Vamo pra praia? – parecia uma criança com tanto entusiasmo.

- Hã? – eu realmente achei que ele tinha pirado.

- A praia cara! Deve ser lindo a noite e eu nunca fui. – Ele começou a se calçar – Pensa, a lua, o mar, o som das ondas, sei lá... – eu ia responder algo mas ele foi mais rápido – Vamo. – Já desligando a TV.

- Mas e o Marcos com a Milena e o Junior? São 7 e meia da noite!

- Que tem? – ele perguntou sem entender. Era tão lindo ele falando esse ditado.

- Eles devem chegar logo Kaio.

- Sim, e daí? Eu vou avisar pra eles. Você tá com fome? Porque eles foram comprar comida, só se você quiser esperar pra comer. – pegou o celular e começou a teclar.

- Não... – Nem consegui terminar de responder. Levei um susto quando ele segurou meu pulso e me puxou pra porta rindo.

Fomos a pé mesmo. Era pertinho. A lua estava linda. As ondas corriam e o vento era frio. Haviam alguns barzinhos por perto, todos cheios de gente. Ficamos andando na areia e conversando. O que é um sério problema no litoral do nosso estado, por conta da areia que vem junto com o vento na mais simples brisa.

- Você tem irmãos Igor?

- Sim. Tenho um. Ele é 10 anos.

- O Marcos são 6 a mais que eu.

- Vocês se dão bem né?

- Muito. Sempre, desde pequeno mesmo. Ele sempre foi super protetor. Quando ele começou a trabalhar nessas plataformas de petróleo ele precisou sair de casa foi um baque pra mim. Ele passa meses naquelas coisas... Não sei como ele aguenta. Eu não aguentaria. Hoje eu já sou mais acostumado mas ainda assim ele me faz falta. É meu parceiro pra tudo. – pegou uma pedrinha e jogou na água.

- Isso é muito legal. Eu não tenho essa relação toda com meu irmão. Pra completar moro sozinho há dois anos. Não que eu não goste dele, longe disso. Adoro meu irmão mas a relação sua com o Marcos é diferente. – Ele riu.

- Todo mundo diz mesmo. Eu jamais conseguiria morar só. Sem ninguém pra conversar? Uma pessoa pra trocar uma ideia? Ainda ter que cuidar de casa e comida e tudo mais... não é pra mim.

- É... é bem chato as vezes. Mas tem suas vantagens. Eu adoro e já não me imagino mais morando é com meus pais. Acho que do jeito que tô, daqui pra frente já é pra morar com alguém pra valer.

- Você pensa nisso? Casar. Ter filhos. Marcos até apartamento já comprou.

- Não. Casar e filhos não mas de um dia ter alguém só pra mim e estar com essa pessoa morando junto comigo com certeza.

Evitei falar do casamento porque eu não sou muito fã do matrimônio...

Fazia pouco mais de meia hora que a gente estava caminhando junto, chutando a areia e molhando os pés de vez em quando. O celular dele tocou.

- Oi... Não... Ele tá comigo... Na praia ué! Só caminhando Milena, vocês demoraram e tava um tédio aí. A gente já volta... Ok. – ele desligou e olhou pra mim - Marcos fazendo drama, acredita? Milena disse que ele tá perguntando onde a gente tava, onde eu tinha te levado... Ele parece que gostou de você. – prendeu um riso. Eu percebi.

- Isso quer dizer...

- Quer dizer que ele gostou de você! Agora vamos. Olha só o quanto a gente já se distanciou. – Realmente estávamos longe dos barzinhos e da pista, já estava bem escuro e íamos nos aproximando de umas rochas grandes. Não é legal ficar por alí, alguns usam como lugar pra usar drogas e normalmente não são pessoas muito simpáticas, se é que me entendem.

Voltamos pro apartamento. Tínhamos que atravessar a rua e acho que inconscientemente o Kaio pegou na minha mão e me puxou quando percebeu que não vinham carros.

Entramos no apartamento e Milena estava no fogão cozinhando algo que ou cheirava muito bem ou estava com muita fome. Marcos estava abraçando por trás dando beijinhos no pescoço dela. Junior na sala mexendo em uns jornais velhos que estavam pelo chão por conta da pintura.

- Gente, pelo amor de Deus, não façam isso não. Aqui é perigoso a noite. – Falou Milena.

- Foi só uma volta rápida, vocês deveriam ir também com o Junior. A gente cuida do apartamento, vão lá. – Kaio falou tranquilo chutando as sandálias. Só eu subentendi uma mensagem “Caiam fora que eu quero ficar só com ele”? Parecia que sim.

Fomos pra cozinha.

- Cheira muito bem. – eu falei apontando pra panela. Milena riu satisfeita. Parecia ter ganhado o dia.

- Só cheira. Quero até ver o que vai sair daí. – Kaio rindo pra chatear.

- Há há há não devia comer então engraçadinho. – Milena fez cara feia – Só fala isso porque sabe que eu sou uma chef de primeira, top linha a nível internacional e você não frita um ovo.

- Quem disse? – Kaio com cara de indignado.

- O que é que tu sabe fazer Kaio? – Marcos riu e cruzou os braços encostando na pia.

- Eu frito ovo e ainda jogo orégano encima meu filho, tá pensando o que? – Ele me olhou rindo. Tão lindo ele era.

- Igor, prova aqui.

Provei um molho e estava muito bom. Mas precisava de um pouquinho mais de molho shoio. Eu uso muito quando cozinho aqui em casa. Nunca falta.

- Precisa de shoio Milena.

- Tá vendo! Deve tá horrível Milena, ele tá sendo educado. – Kaio impossível.

- Você sabe cozinhar? – Ela perguntou pegando a vidrinho de shoio e nem ligando pro Kaio. Marcos piscou o olho pro Kaio. Essa comunicação velada deles me matava.

- Sim. Moro sozinho então acabei aprendendo muita coisa. Minha mãe sempre me ensinou muita coisa também. Meu pai sabe cuidar de carnes e minha cunhada é que nem você, uma chef de primeira, top de linha a nível internacional! – rimos juntos.

Nesse meio eu e ela começamos a falar de comida e receitas e temperos. Marcos fez sinal com a cabeça pro Kaio e os dois saíram pro quarto. Junior permanecia na sala folheando os jornais.

Depois de jantar fomos arrumar tudo pra no dia seguinte não ter atraso. Era uma 23h quando o Junior desabou no chão da sala. Marcos pegou ele pelo colo e levou pro quarto dele. Eu pensei que o Junior fosse dormir com a gente. Marcos parecia um pai com todo mundo. Tão responsável. O cara que toda mulher quer casar. Milena foi atrás.

- Boa noite meninos. – ela disse da porta do quarto.

- Boa noite. – eu respondi. Eu e Kaio estávamos sentados no chão da sala vendo TV. – Acho que também já vou dormir.

- Então vamo. Amanhã cedo o Marcos acorda todo mundo.

Eu entrei no quarto e ele ficou na sala ao lado do interruptor de luz. Assim que entrei e acendi a luz do quarto ele apagou a da sala. Uma coisa que não tinha percebido. Só tínhamos uma cama de casal. Kaio percebeu que eu olhava pra cama enquanto mexia na mochila.

- Ah... Era a cama do Marcos. Ele comprou um box e pôs no quarto dele e passou essa pra cá há um tempo. Esse quarto é de hóspede.

- Tudo bem – falei disfarçando a vergonha.

Após escovar os dentes e tudo mais, Kaio encostou a porta e a gente deitou ao mesmo tempo. Ele estava com uma regata branca e um short curto de futebol preto. Eu estava com um short de malha cinza e uma camiseta também branca. Nos cobrimos até a cintura com as cobertas.

- Cara valeu pelo convite. Eu precisava desopilar mesmo. Eu só havia vindo aqui uma vez... – falei.

- Por nada. Você pareceu ser um cara muito legal – ele começou - desde o dia em que saí contigo. Legal tá te conhecendo. Eu sempre saia muito com o Marcos, mas ele além de começar a namorar ainda foi trabalhar fora e você sabe que dois anos depois do ensino médio você não tem mais o mesmo contato com todo mundo da turma do colegial. Poderia ter chamado qualquer amigo de longa data mas eu realmente queria que você viesse. – Um suspiro – Foi rápido mas a gente se divertiu tanto né? – rindo.

- Eu adorei, pena não podermos ficar mais. Também tá sendo legal te conhecer, ano que vem eu vou te incluir nos meus grupos da faculdade, você vai sentar com a gente e conversar no intervalo. Vamos debater casos e vou te ensinar as coisas que você tiver dúvida. – ele ria solto – Te emprestar meus materiais dos primeiros blocos. Marcar de sair nem se fala... Isso se você não fizer tudo isso com seus novos amigos. Faculdade é demais cara! Todo mundo devia ir pra faculdade. – ri satisfeito e tentando animá-lo com um leve soco no braço.

- É, vai ser legal mesmo. – ele riu imaginando.

- Você não... tem namorada?

- Não, mais uma vez eu era muito próximo do meu irmão. Ele sempre pegava muito mais que eu. Eu sozinho não fazia nada, daí sem ele, meus programas viraram pegar um filme na locadora e assistir em casa, cinema e alguma viagem aqui outra alí com meu pai. Trabalhei esse tempo depois da escola com meu pai na empresa, aí foi que meu tempo livre acabou mesmo. – ele cruzou os braços atrás da cabeça - Enfim, a empresa demandava demais, não tinha como conhecer ninguém. Estou sozinho há tempos. Você?

- Eu estou sozinho. Ninguém parece ser tão legal. Não tô me achando mas as pessoas hoje em dia só querem beber. Principalmente aqui. Você já sai de casa querendo se embriagar a qualquer custo. As músicas com letras cada vez mais terríveis! Sexo virou um passa tempo banal pras pessoas. Não quero uma pessoa assim do meu lado. Prefiro ficar só mas sóbrio!

Um silencio tomou de conta do quarto. Não tínhamos mais o que falar. Eu martelava minha cabeça procurando o que dizer. Ele estava estático também.

- É... Então... Boa noite. – foi o que saiu.

- Boa noite. – ele percebeu minha indecisão. Riu e descruzou os braços se ajeitando para dormir.

Virei de costas pra ele. Pensei que ele fosse virar pro lado dele, mas não. Ele virou pro meu lado e ficou com a respiração em meu pescoço. De propósito? Não sei. Mas aquela seria uma longa noite...

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Saudade de responder os comentários um a um, então vamos lá. Vou responder os comentários dos dois capítulos passados.

Higor Melo: Obrigado por estar acompanhando!

Irish: Então, o Kaio diz que sacou qual era a minha na hora que me viu entrar no banheiro da pizzaria. E eu concordo porque eu dei muito na cara mesmo. Foi aí que ele decidiu me dar uma chance porque me reconheceu da faculdade. Sim, eu pretendo postar todos os dias porque os capítulos já estão quase todos prontos.

Tay Chris: Sim! Até hoje, um segundo sogro.

LeonS: Se tudo ocorrer bem, todos os contos serão restaurados sem problema algum. Acompanha.

Kevina: Dona do melhor comentário de todos! hahaha Obrigado pela escrita gostosinha, eu acho que entendi o que você quis dizer. Acostume-se, eu só sei escrever assim! kkkk Que bom que está gostando.

Fernando_Mocelim: Sim, ele gosta muito mesmo!

love31: Obrigado!

prireis822 e guigo1: Ele ficou como restaurado porque não teve grandes modificações. Esses agora como estão bem mudados aparecem como inéditos, que é o que eu sempre quis.

Drica (Drikita): Saudade dos nomes conhecidos! Tão bom ver que vocês ainda acompanham aqui. Bom, como eu disse, foi uma longa noite... kkkk

Jhoen Jhol: Você-sabe-quem? Acho que entendi hahaha Ele só aparece mais capítulos pra frente. Por enquanto tá tudo lindo!

Agatha28, esperança, Ru/Ruanito, obrigado por acompanharem.

Abraço a todos vocês.