Nossa Essência - Capítulo 05
Bem, eu novamente gostaria de começar agradecendo a todos vocês por tudo o que estão comentando sobre o meu conto. É realmente gratificante saber que estão gostando de minha nova história. Fico muito feliz mesmo, porque eu faço isso por vocês. Sim, escrever é um Hobby para mim, mas de nada adiantaria se alguém não pudesse ler o que penso, o que sinto e o que desejo, porque de uma forma ou de outra, esses contos são partes de mim, partes nem tão aparentes, mas continuam sendo eu, apenas eu.
A ‘Smashing Girl’, assim como alguns outros leitores, me perguntou por e-mail sobre o porquê de eu não voltar com tópicos para discussões como eu fazia na época de ‘Dias Utópicos’, e para responder a todos, eu pretendo voltar com alguns temas, sugestões de filmes, cenas, mas é que agora eu realmente estou sem tempo para criar. Acho que dentro de no máximo um mês, tudo se acerta de vez aqui no serviço, aí poderei criar algumas coisas. Já tenho algumas ideias em mente, e confesso que até planejava conversar sobre uma delas com vocês nesse capítulo, mas estou com medo de demorar a dar o retorno que vocês merecem, então, por em quanto, vou apenas postando os capítulos com poucas informações, mas assim que eu puder e tiver tempo, volto a comentar sobre alguma coisa que eu vi, algum assunto que me chamou atenção ou até mesmo alguma coisa alheia de nossas vidas.
No mais, me desculpem por não poder dar no momento a atenção que vocês merecem, mas eu prometo que isso vai mudar daqui a alguns dias, eu prometo.
E por fim, fiquem com o capítulo cinco de ‘Nossa Essência’. Eu espero que gostem...
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Nossa Essência - Capítulo 05
O calor estava escaldante. Encontrava-me fora de casa, no passeio. Estava sem camisa. Usava apenas um short folgado. Em minhas mãos, uma mangueira. Lavava o carro de meu pai. Estava sozinho em casa. Voltariam a noite. Foram visitar uns amigos no carro de minha mãe.
Eu suava muito. O suor escorria por todo o meu corpo. Nunca fui fã do calor, mas tinha que terminar meu serviço, ai poderia entrar e tomar um banho gelado. De longe vejo um rosto conhecido se aproximando. No momento exato em que termino de lavar o carro e fechar a água, vejo quem é. Michel vinha, com a camisa no ombro. Vestia um calção folgado de futebol. A me ver, ele meio que sorri, o que acho estranho. Ele se aproxima.
- Finalmente! – Ele diz. – Cara, pelo amor de Deus, me dá água. Estou morrendo de sede. – Espera. Não era o Michel. Não podia ser.
- Eu não te conheço. – Falo.
- Qual é Yuri. É o Michel.
- Me recuso a acreditar em sua boa educação.
- Que isso cara. – O vejo ficar constrangido.
- Esse é mais um caso de adaptação? Você é todo bruto e imbecil na escola, mas longe de seus amigos é um cachorrinho dócil? Eu gostaria de uma explicação...
- Olha Yuri... Eu... Eu fui... – Merda. Ele estava tão fofo daquele jeito.
- Foi um completo escroto, idiota, infantil e imbecil, mas entra, eu te dou água. Afinal, eu ajudo o próximo e não cuspo na cara dele, como já vi você fazer.
Michel entra em minha casa com o rabo entre as pernas, e tenho que confessar, que rabo era aquele, mas isso não vem ao caso. Ele me segue até a cozinha, onde abro a geladeira e lhe dou uma garrafa com água. Pego um copo para ele e ele se serve. Ver seu corpo todo suado estava me deixando desconcertado e levemente excitado. Me viro para não ter que encarar o suor escorrendo por seu corpo.
- Não consegue se controlar perto de mim? – Ele joga a bomba na minha cara. Abro a boca não acreditando no que acabara de ouvir.
- Você não é isso tudo Michel... Já vi melhores.
- É? Eu sou o melhor que você irá encontrar por ai... – Não estou acreditando. Ele se aproxima de mim, mas eu não dou um passo para trás, o que o faz recuar.
- E sua fêmea?
- Fêmea?
- Você é o macho dela, então supus que ela seja sua fêmea.
- Júlia...
- Sim. O que ela irá pensar a seu respeito. Você é um macho, deve se portar como um.
- Não tem como manter uma conversa saudável com você.
- Idem.
- Eu vou embora. Passar bem.
Eu o acompanho, mas antes de sair ele para no meio da sala, encarando a estante. Havia visto um porta retrato com uma foto minha de antigamente, quando eu ainda era acima do peso. Ele vai até a foto e a pega, fazendo um comentário altamente desnecessário e infeliz.
- Você é parente desse viado escroto? – Fecho meus punhos. Não em raiva, mas por falta de paciência.
- Sim. – Eu não menti. Ele me fez uma pergunta e eu o respondi.
- Onde ele está? Ele sumiu da escola.
- Depois de tudo o que aprontaram com ele, queria que ele fizesse o que? Voltasse?
- Ele te contou? – Ele se preocupa.
- Não precisou. Estava estampado nos olhos dele. O medo. O receio de voltar para o lugar onde viveu os piores anos da vida dele. Mas não se preocupe, hoje ele está bem.
- Onde ele está?
- E se eu lhe contar que está mais perto do que imagina? – Me aproximo de Michel até estar quase colado a ele
- O que? Ele veio para se vingar? Patético.
- Não... Ele já se vingou de cada um de vocês. – Era a hora.
- O que? Como?
- Ele se vingou ao se tornar quem acharam que ele nunca se tornaria. – Eu digo e o percebo arregalar os olhos, em total surpresa. Ele me olha, mal acreditando.
- Você... Você... Yuri... O gordo escroto é você... Meu Deus... – Ele parecia chocado e incapaz de formular uma frase completa. – Você é ele. Meu Deus!
- Sim Michel. Eu sou o “Gordo Escroto”. Lhe dói saber que você quase me beijou na cozinha? Lhe dói saber que desejou meu corpo quando eu estava tomando banho?
- Você... Você... – Juro que vi lágrimas em seus olhos, mas quis não acreditar.
- Ele... Você tentou se matar... O diretor da escola disse...
- Sim. – Pego em seus punhos fechados e viro meu pulso para ele, mostrando as cicatrizes. – Por sua culpa...
- Yuri...
- Não se desculpe comigo Michel Se desculpe com você mesmo. Se desculpe por tudo de ruim que fez a mim e a outros.
- Eu... – Ele não termina a frase e se solta de mim, correndo para a porta.
Uma sensação estranha toma conta de meu corpo quando Michel vai embora. Era o vazio. Não podia estar acontecendo. Eu me sentia ligado a ele também. Me sentia ligado a ele e a Diego, mas via Michel como um homem, já Diego como um irmão. Essa situação estava estranha. Muito estranha. Não estava entendendo o que acontecia. As palavras da professora ainda rondavam minha mente. Sinto minha cabeça latejar ao ver o lampejo de um lugar completamente branco. Tento buscar em minha memória, mas minha cabeça pulsa ainda mais. A dor só vai embora quando desisto de procurar algo a respeito. Recomponho-me ao tomar um copo de água e subo para tomar um banho e descansar. A noite rapidamente chega e vou dormir. Michel não me saia mais da cabeça, e isso não deveria acontecer. Me recusava a dizer tais palavras para mim mesmo.
Nada como um dia após o outro, mas tal pensamento se esvaiu de mim quando entrei na escola. Todos me olhavam, cochichando. Eu sabia que Michel havia aberto a boca e contado. Caminho até meu armário e pego alguns livros, mas eles são derrubados no chão por um cara enorme. Eu não me mecho.
- Não vai pegar os livros, gordo escroto? – Ele ri e alguns de seus amigos também. Assim que vi sua turma, me lembrei de quem era. Sofri muito nas mãos dele.
- Não... – Cruzo os braços e olho para ele. – Não fui eu quem os derrubou.
- Você acha que vou pegar seus livros? Viadinho...
- Sim. Tenho certeza.
- Há... O gordinho criou coragem...
- Sim. E ao contrário de você e de seus amigos, eu não preciso humilhar os outros para mostrar que tenho pentelhos no saco.
- Como é que é?
- Eu já disse, agora pega os meus livros.
- Muito engraçado. – O vejo fechar os punhos rapidamente. Se meu reflexo não fosse rápido, eu levaria um soco na cara, mas desvio a tempo de ele acertar o armário.
- Pega. – Eu pego no meio de suas pernas e aperto, sentindo o pau dele na minha mão. Aperto com força e o obrigo a se abaixar. Relutando ele pega meus livros, sufocando um grito de dor. Ainda apertando o meio de suas pernas, o faço colocar meus livros dentro de minha mochila, o que ele faz. O solto, e assim que o faço, ele arma outro soco, mas novamente desvio, o fazendo cair. Fecho meu armário e saio, com todos me olhando.
Ao entrar na sala vejo todos me olharem. Se Júlia tivesse uma arma naquele momento, tenho certeza que eu levaria um tiro no meio da cara. O cara que trabalhava no caixa se aproxima de mim, com aquele sorriso estranho. Eu fico parado, o encarando se aproximar. Ao chegar bem perto, ele sorri mais uma vez. Aquele sorriso de que estava para aprontar alguma comigo. De repente vejo todos eles começarem a me chamar de viado gordo. Pedro, Diego e Letícia me olhavam, na esperança de eu fazer algo a respeito. Michel permanecia sentando, sem nada fazer ou falar. Eu cruzo os braços e me sento à mesa do professor, observando toda a bagunça. Aquilo não me abalava mais. Não me incomodava nem um pouco. Eu começo a sorrir, sorriso que se transforma em uma contagiante gargalhada, o que faz Diego, Pedro e Letícia sorrirem. Percebo a baderna terminar aos poucos e recebo os olhares raivosos novamente.
- Realmente acharam que eu iria sair chorando da sala? Vocês são patéticos.
- Viado gordo! – Grita Júlia para mim, e faço questão de rebater.
- Puta escrota.
- Desgraçado! Você acha mesmo que mudou tanto assim? Continua o mesmo ser insignificante de sempre. – O rapaz do caixa diz.
- Engano seu... – Me aproximo dele até estar perto o suficiente. – Sentiu saudades de meu beijo? – Pergunto e rapidamente desvio o rosto de um soco. Sou rápido e o beijo mais uma vez.
- Desgraçado! Eu te mato!
- Que medo... Vocês realmente acharam que depois de tudo o que passei nas mãos de vocês eu ainda seria aquele garoto indefeso? Façam-me o favor. Não dou a mínima para o que falam de mim. Se eu gosto de homem? Claro, não tenham dúvidas disso, mas minha vida não diz respeito a nenhum de vocês. Um bando de covarde que só é alguém quando estão em bando. Sozinhos não passam de um monte de filhotes que acabaram de desmamar.
- Vai viver o resto da vida na miséria!
- Não sou você, que passa horas atrás de um caixa, pois não é inteligente o suficiente para sair e buscar mais.
- Você nunca vai deixar de ser um viado gordo! – Júlia grita para mim.
- E você nunca vai deixar de ser uma vadia filha de uma puta. Não preciso distribuir meu rabo de graça para o primeiro que aparece. Eu me dou ao respeito, ao contrário de você, que dá para qualquer um. – Olho diretamente para Michel, que me encara.
- Eu vou chamar o diretor!
- Chama... Pode ir. Não me responsabilizo pelo que pode acontecer.
- Respeite a Júlia. – Michel se levanta.
- Respeitar? Quer falar sobre respeito comigo? Não seja cínico Michel.
- Você a está desrespeitando...
- Sim, pois ela está fazendo o mesmo comigo. Mande ela calar a boca que eu me calo. Eu não estaria nessa situação se esse bando de escroto não tivessem feito essa zona. – Eu me viro para sair, mas Michel segura meu pulso, me virando para ele.
- Pede desculpas. – Sua voz era calma.
- Me solta.
- Pede desculpas.
- Me solta.
- Pede desculpas... – Eu o puxo até que minha boca esteja perto de seu ouvido.
- Peça desculpas a mim. Não devo desculpas por me defender. – Solto meu pulso de suas mãos e me sento atrás de Diego, que me olha, assustado.
Os dias pareciam passar com lentidão. Era como se a pilha do mundo estivesse fraca. As manhãs eram longas. As tardes sempre acaloradas e insuportáveis. Aliás, de um tempo para cá o tempo está quente, muito quente, até mesmo a noite. Passei a dormir praticamente nu, debaixo do ventilador. O calor era insuportável. Chegava a tomar quatro banhos por dia. Alguma coisa estava errada. Eu podia sentir, e a medida que meu aniversário se aproximava, mas essa sensação se fazia maior. De repente sou invadido por um sentimento. Era o medo. Não o medo de ir a escola ou o medo de pessoas. Estava com medo. Simplesmente isso. Medo. Medo do que estava por vir, porque eu sabia que algo iria acontecer. Eu podia sentir isso. Eu podia sentir também que de alguma forma, a professora estava certa. Éramos três. Michel, Diego e eu estávamos envolvidos em tudo. Em que eu ainda não sabia, mas tinha certeza que seria algo grande, algo altamente importante.
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Bem, espero que tenham gostado do capítulo de hoje, e como perceberam, mudei o dia de postagem, que era no sábado, para sexta feira, assim posso ter mais controle e mais tempo para responder alguns e-mails no sábado de manhã.
No mais, tenham uma ótima sexta e um incrível fim de semana, e como é de praxe, não sei se vou poder estar presente no sábado ou no domingo, mas na segunda eu respondo seus e-mails... Um forte abraço e um beijo para todos.
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