Cap.7
- Como assim eu vou poder enxergar- falei, encabulado
- Acharam um tratamento para sua doença na Áustria. Você vai poder enxergar meu filho- falou ela me abraçando
- A senhora só pode estar brincando- falei, incrédulo- como, eu vou poder ver tudo, todos
- Sim, sim. Tudo e todos a sua volta.
- Eu não acredito- falei rindo e prestes a chorar.
Logo chamei o Gabriel, precisava contar essa boa noticia.
- Mais alguém ficou sabendo- falou ele
- Eu vou poder enxergar- falei rindo- eu vou poder enxergar- gritei, pulando.
- Como assim- falou ele
- Eu vou fazer um tratamento, e eu vou poder te ver Gabriel- falei, fazendo ele me abraçar, e compartilhar dessa felicidade enorme que eu estava sentindo.
- Que bom, eu nem acredito- falava ele enquanto me abraçava e me beijava.
Logo contei pra maioria dos meus amigos, e todos eles ficaram bastante felizes. Fomos comemorar num restaurante, imagine a bagunça. Logo em seguida, decidi ficar com o Gabriel, lá na casa dele. Tomei um banho, e me deitei pra dormir. Ele logo se aconchegou junto a mim. E eu percebi que ele estava tentando colocar a mão dele, aonde não deve. Nessa hora eu pensei, se deveria cortar o barato dele, ou deixar rolar.
- Você disse que saberia esperar- falei
- Desculpa- ele falou- mas é que você é muito bonito, as vezes fica difícil aguentar.
- Tudo bem- falei
Conversamos mais um pouco e acabamos pegando no sono.
6 MESES MAIS TARDE
NARRADO POR GABRIEL
Estava tentando formular um jeito de convencer meu pai a viajar com o André para a Áustria. Mas estava difícil. Não conseguia ter uma ideia plausível. E enquanto pensava, deixei meu celular e fui tomar banho. Logo ouvi meu pai falar
- Gabriel- falou ele, gritando
- Porquê o senhor está gritando- falei- eu estou aqui- falei saindo do banheiro
- Que fotos são essas- falou ele, super vermelho, vendo uma foto em que eu estava beijando o André, no rosto- e essas- e foi passando, e diversas fotos de beijos e abraços foram surgindo- você e esse seu amigo, se é que é só isso mesmo, andam de viadagem por ai, ah- falou ele, eu fiquei calado, não acreditava que ele tinha descoberto- anda Gabriel, me responde, você é viado Gabriel- eu não consegui falar nada, só balancei a cabeça- eu não acredito nisso, que desgosto Gabriel. Vai embora, eu não quero mais te ver, eu não tenho um filho gay, nunca vou ter- ao falar isso, ele praticamente cortou uma parte do meu coração.
Peguei meu celular e na mesma hora liguei pro André.
- Alô- falou ele
- Ele descobriu André- falei chorando- meu pai descobriu tudo
- Ah não. E como ele reagiu
- Assim como eu previa, ele me expulsou para fora de casa.
- Ah meu amor, não fica assim, pega as suas coisas e vem pra cá, mamãe não vai impedir, tenho certeza.
- Tudo bem, eu já estou indo.
Então comecei a arrumar as minhas coisas. E a cada roupa que eu guardava me lembrava da mamãe, e dos momentos felizes que tivemos, os três juntos. Tenho quase certeza que minha mãe me entenderia, e me aceitaria como eu sou. Guardei minhas fotos, minhas roupas, tudo o que eu tinha ali. Não deixaria nada. Logo estava saindo. Deixei um bilhete escrito avisando aonde estaria caso ele quisesse me procurar. Peguei, e sai. Logo estava lá na frente de casa.
- Oi Dona Luana
- O André já me contou da sua situação, pode entrar- falou ela abrindo o portão- deixa eu te ajudar
Logo eu entrei, e colocamos tudo no quarto dele. Logo, ela me chamou pra sala.
- Então Gabriel, como seu pai descobriu isso- perguntou a Dona Luana, com o André do lado.
- Eu estava vendo umas fotos minha e do André, meio comprometedoras, e em um momento de distração, ele pegou meu celular e viu as fotos. E ai gritou comigo, e me expulsou de casa.
- Eu vou lá conversar com o seu pai, acho que ele vai mudar de opinião- falou ela
- Espero- respondi, sendo abraçado pelo André.
Passei quase o dia todo de molho. Desejava morrer. Eu preferia morrer, a ter que passar por todo esse preconceito durante toda a minha vida. Ser jogado pra fora pelo próprio pai, é horrível. Chorei bastante, e o André sempre ao meu lado, me apoiando. O que eu faria se não tivesse o André ao meu lado. Como namorado. Acho que já teria me matado. Não conseguiria suportar tudo isso sozinho.
- Nós vamos para a Áustria- falou ele
- Sim. Agora eu não vou mais precisar da permissão dele, nós vamos para a Áustria sim. E você vai enxergar- falei, o abraçando- ainda bem que eu tenho você, meu pai é um cabeça dura, ele nunca vai me aceitar, nunca- falei, o apertando ainda mais.
NARRAÇÃO DE LUANA
Estava indignada em como ainda existe gente preconceituosa nesse mundo. Como ele pode expulsar o próprio filho de casa, que tanto fez por ele próprio. Pra mim, esse tal de Marcelo é um monstro. Mas eu vou tentar fazer ele mudar, a se vou. Logo, eu chego, e bato na porta da casa dele.
- Pois não- falou ele, abrindo a porta e me olhando de cima a baixo- mas, você não é a mãe daquele tal de André.
- Sim sou eu mesmo- falei
- E o que você quer aqui, mandar meu filho de volta, eu não quero ele aqui.
- Você tem noção do que você está falando- falei, entrando na casa do sujeito- você está tratando do seu filho sabia.
- Eu sei, e até agora eu estou perguntando onde foi que eu errei.
- Eu sei onde você errou. Você errou em não dar apoio pro seu filho, você sabe tudo o que ele vai ter que enfrentar, por causa desse bendito preconceito que você e milhões de pessoas tem. Ele vai ter que ouvir xingamentos, e humilhações a vida toda, tudo porquê pessoas de mente pequena não entendem que os gays não tem a mínima diferença de uma pessoa normal. Eles comem, bebem, casam, transam. Tudo o que todos nós fazemos. Me diz uma coisa, você acha que o melhor pro seu filho é deixa-lo ir morar com a vizinha, só porquê ele é gay. Ah, já sei. Você é daquele tipo de pessoa, que está mais preocupado com o que os outros vão falar de você do que o que o seu filho sente ou pensa. Eu tenho certeza que a sua mulher está neste momento, puta de raiva com você, porquê você não teve o mínimo de consideração pelo seu filho. Ele é um garoto, um garoto que está descobrindo o amor, e que está se descobrindo gay. Você acha que ele escolheu ser assim, ein. Você acha mesmo que ele vai escolher viver essa vida de preconceitos. Que você e muita gente está proporcionando pra ele. Se você não quer mais saber dele, tudo bem. Ao menos bote sua mão na consciência, e assine esse papel aqui. E deixe ele ir acompanhar o namorado na Áustria- ele parecia pensativo.
- Você acha mesmo que eu estou fazendo isso porquê eu estou pensando no que os outros vão falar- falou ele olhando pra mim- está sendo uma das coisas mais difíceis da minha vida, ver que meu menininho na verdade, gosta de outros menininhos- falou ele, com lágrimas nos olhos- é frustrante ver que a pessoa que você, a vida toda criou, pra te dar netos, e casar com uma linda mulher, na verdade, gosta da outra fruta- falou ele apertando os olhos- eu vou achar muito difícil aguentar isso, ver ele trazer namorados para frente de casa. Vai ser muito difícil pra mim. É por isso que eu prefiro que ele fique fora daqui, mas isso não significa que eu não estou preocupado com ele. Tá bom, deixa eu assinar isso- falou ele tirando uma caneta do bolso- é melhor ele ir mesmo. Assim consegue ficar junto do garoto lá- falou ele terminando de assinar- diz pra ele, que se ele precisar de qualquer coisa, é pra ele vir aqui comigo, qualquer coisa mesmo- falou ele
- Tá bom.
Continua
Nossa, e agora, o que será que vai acontecer com o Gabriel. Votem e comentem por favor. Valeu
