Minha primeira sessão
Não busco definições para mim. Nunca busquei. Apenas sou. Sou aquilo que não consigo mais esconder de mim mesma, que está dentro de mim clamando para tomar vida. Estou buscando me conhecer e não fugir mais da minha natureza, dos meus instintos.Deixando meus desejos tomarem forma,corpo e adquirirem consistência, som e sabores.
Me descobri como sendo muitas coisas. Sou submissa? Acho que sim.Sou masoquista? Acho que sim. Sou escrava? Acho que sim. Estou me descobrindo nesse novo mundo, neste novo relacionamento. Estou sempre pronta para viver novas sensações.
Sou alguém que se entrega sem limites. Que adora ser vendada. Receber ordens. Obedecer. Ser amarrada. Ter o corpo e a mente subjugados. Ser dominada. Que aguarda em silêncio o tapa no rosto. Que gosta de ser amordaçada e castigada. Punida na pele. Que geme ao receber palmadas que batem forte e fazer arder meu corpo.
Que mistura sensações antagônicas como sentir dor e prazer. Frio e calor. Sorrisos e lágrimas. Fazendo que desejos escondidos se transformasse em realidade e apontasse o caminho das minhas secretas fantasias: ser uma mulher submissa.
A pele branca. Os cabelos loiros. Os olhos azuis. E dentro daqueles olhos havia algo. Algo que nem ela sabia que tinha. Havia uma sede, uma ânsia, um desejo. Finalmente ela estava indo se encontrar com Ele. Mas mais do que encontrar com Ele, ela estava indo encontrar a si mesma. Só que ela não sabia disso. Iria encontrar-se com seus desejos há tanto tempo reprimidos. Se encontrar com a mulher esquecida no seu dia a dia. E principalmente se encontrar com Ela. Com a dor.
Tanto tempo desejando algo novo e ela logo estaria sendo conduzida por Ele, que a apresentaria aos seus desejos mais intímos, suas fantasias mais secretas. Ele que, mesmo sem conhecê-la, já há conhecia como ninguém nunca tinha conhecido. E agora ela estava lá se preparando para dar mais um passo nessa relação que fazia tão bem a ela. A sessão.
Lingerie escolhida. O creme deslizando pelo corpo. Ela estava se sentindo incrivelmente bem. Confiante. Segura de si. O dia estava perfeito. Apesar do nervosismo o sol brilhava para ela naquela manhã. Finalmente iria viver tudo aquilo, pensava. Anos e anos tendo muitas fantasias, mas nunca nada como aquilo que se aproximava. A empatia que Ele sentia por ela, de saber exatamente como estava se sentindo e o que fazer e dizer para ajudá-la. Essa empatia que sempre a surpreendia. E que despertava sua libido e a deixava se sentindo uma menininha boba frente a um homem muito experiente. Mas ela não era uma menininha boba não, longe disso. Ela era uma fêmea pronta para ser desperta.
O corpo exalando perfume. Seu sexo em chamas. Estava pronta. Pronta para o encontro que esperou a sua vida inteira. Pronta para viver o que tanto fantasiou. Aquilo que tantas vezes imaginou. Uma entrega total.
Os lábios entreabertos de desejo. O sorriso fácil. O contraste daquela pele negra com a sua pele branca. Dentro de um carro fica-se tão próximo um ao outro. Os corpos se esbarram. O carro segue seu percurso. Chega ao seu destino. Uma porta é aberta. E logo se fecha. Era tudo o que eles procuravam. Era tudo o que eles queriam. E um mundo de sensações é descoberto. A primeira ordem. A imposição da vontade Dele sobre a dela. Daquele corpo que ela deseja. Tapa no rosto. Puxão de cabelo. As roupas rasgadas sendo atiradas ao longe, ao chão. Uma coleira sendo colocada. A humilhação se faz presente. Ele a faz ajoelhar. A xinga, a provoca. Os primeiros golpes de cinta. Depois a arrasta para a cama. Ela se encontra com a dor. Entra em êxtase. Palmadas. Chinelo. Chicote. Cinta. Ela não sabe com o que está apanhando. Mas adora, delira. A pele quente. Uma pele delicada demais. Vergões altos. O bumbum vermelho. Ele se diverte. Ela está feliz. Se deliciando em ser torturada. Adorando dar prazer a Ele. Recebendo castigos de diferentes maneiras e posições. E mesmo assim querendo se aconchegar a Ele. Buscando no seu carrasco a sua proteção. Querendo ser Dele. Desejando que Ele a toque. Recebendo prazer. Sendo sufocada. Cedendo.
Gritos.Sussurros.Gemidos abafados. Ansiando sentir o corpo dele junto ao dela. Querendo mais. Querendo ser possuída por inteiro. Adorando sua primeira sessão, conhecendo a dor, a humilhação. Sentindo o prazer em ser dominada e de pertencer. Quantas de suas amigas e conhecidas seriam capazes de passar por tudo aquilo? Quantas teriam coragem de aceitar? E é preciso aceitar, superar e entender. E saber que se algo aconteceu não dá para voltar atrás, mas que todos merecemos nos dar uma segunda chance, que todas experiências são válidas e servem para nos trazer mais conhecimento sobre nós e sobre os outros. O importante é tentar, superar nossos medos e seguir adiante com a certeza de que um novo dia sempre se levanta e o sol sempre volta a brilhar para nós.
Vejo a submissão como um ato de entrega para o prazer de ambos. Onde se não houver confiança, carinho, cumplicidade e principalmente zelo e cuidado do Dominador a submissa não desenvolve seu potencial.
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grata
Dani