Na manhã seguinte, os primeiros raios de sol atravessavam as cortinas do quarto, iluminando suavemente o ambiente. Gabriel acordou com o som de Felipe se movimentando ao seu lado, terminando de se arrumar para o último dia de recuperação de uma prova. Felipe parecia apressado, ajustando a mochila com pressa.— Vai ficar sozinho em casa hoje, hein? — comentou Felipe, sorrindo de leve enquanto calçava os tênis. — Não destrua nada enquanto eu não estiver por aqui.Gabriel riu suavemente, esfregando os olhos ainda sonolentos. — Vou tentar não colocar fogo na casa.— Boa. Volto à tarde. Qualquer coisa, liga pra minha avó — disse Felipe, saindo rapidamente, deixando um leve cheiro de desodorante pelo ar.A casa caiu em silêncio logo após o som da porta da frente se fechar. Gabriel desceu as escadas, pegou algo rápido para comer, e ligou o videogame na sala, deixando-se perder nos jogos enquanto o tempo passava. O controle vibrava em suas mãos, e ele estava tão absorto que quase não ouviu o som da porta se abrindo.Marilda havia retornado.Ela surgiu na sala de repente, ainda vestindo um robe elegante que envolvia sua figura de forma impecável. Havia algo em sua postura que parecia sempre comandar atenção, e Gabriel percebeu imediatamente sua presença.— Bom dia, Gabriel — cumprimentou ela, o tom calmo, mas penetrante. — Você parece confortável.— Bom dia, senhora... — Ele parou, hesitando, lembrando-se da noite anterior. O calor subiu em seu rosto ao perceber que havia usado o título sem pensar. — Quero dizer, Marilda.Ela sorriu de canto, como se aquele deslize fosse algo que havia esperado. — Fico feliz que tenha se lembrado. Agora, largue isso por um momento. Quero saber se aceita almoçar comigo.
Gabriel desligou o jogo imediatamente, sentindo uma mistura de nervosismo e curiosidade. — Claro, senhora. Obrigado pelo convite.Marilda acenou com a cabeça e desapareceu pela porta da cozinha. Algum tempo depois, ela voltou com uma bandeja cuidadosamente arrumada, trazendo duas tigelas de sopa de arroz fumegante e copos de água. Eles se sentaram à mesa, frente a frente, em um silêncio que Gabriel achou difícil de decifrar.Ele deu uma colherada na sopa e lutou para manter uma expressão neutra. O sabor era estranho, levemente insosso, mas ele não queria ofender. Marilda o observava enquanto comia, sua expressão impenetrável, até que finalmente quebrou o silêncio.-Espero que tenha dormido bem — comentou, sua voz casual, mas com um traço de curiosidade.Gabriel engoliu a sopa e limpou a garganta. — Sim... Foi uma noite... interessante.— Interessante, de fato. — Marilda sorriu, tomando um gole de água. — Você foi muito receptivo ontem, Gabriel. Mais do que eu esperava. Isso me deixou... impressionada.Ele sentiu as bochechas corarem. — Eu... só tentei confiar.— E fez muito bem. É assim que crescemos — disse ela, inclinando-se ligeiramente para frente. — E hoje, com Felipe fora, temos a oportunidade perfeita para continuar explorando. Gabriel olhou para ela, o coração começando a bater mais rápido. — Continuar... explorando?— Sim. Algo novo, mas que, acredito, você vai gostar. — Marilda repousou a colher na tigela com delicadeza, observando-o como se estivesse avaliando sua reação. — A curiosidade é o primeiro passo, Gabriel. Mas precisamos agir para descobrir o que realmente nos atrai.Ele hesitou, sentindo-se dividido entre o nervosismo e a vontade de saber o que ela queria dizer. — O que a senhora tem em mente?— Não tenha pressa em responder agora. Termine sua sopa, querido. — Ela sorriu, reclinando-se na cadeira, a expressão de alguém que sabia que a resposta já estava a caminho.Enquanto ele terminava a refeição, Gabriel não conseguia afastar o sentimento de antecipação que crescia dentro dele. As palavras de Marilda pareciam plantar sementes em sua mente, deixando-o cada vez mais intrigado. Quando finalmente colocou a colher de lado, ela se levantou, com um sorriso satisfeito.— Venha comigo. Quero mostrar algo. — Ela estendeu a mão, o mesmo gesto gracioso da noite anterior, e Gabriel a pegou, permitindo que ela o guiasse mais uma vez.As possibilidades rodavam em sua mente enquanto ele a seguia pelo corredor, o som de seus passos ecoando suavemente no chão de madeira. O que quer que fosse, ele sabia que estava prestes a atravessar mais uma linha. E, de alguma forma, isso o excitava.Gabriel entrou no quarto de Marilda com passos hesitantes, observando o ambiente pela primeira vez. O espaço era decorado com sofisticação: cortinas pesadas, móveis de madeira escura e uma cama grande com lençóis de cetim em tons de vinho. O ar parecia carregar o perfume sutil e envolvente dela, um cheiro que o deixava ainda mais nervoso.Marilda fechou a porta atrás deles, girando a chave com um som que ecoou no silêncio do quarto. Ela pousou a mão no ombro de Gabriel, guiando-o até a cama.— Sente-se aqui, querido — disse ela, a voz baixa, quase um sussurro.Gabriel obedeceu, o colchão macio cedendo sob seu peso. Ele olhou para ela, tentando ler algo em seus olhos, mas Marilda apenas sorriu e deslizou para fora do quarto, dizendo suavemente:— Espere um momento. Quero buscar algo especial.Ele assentiu, embora a incerteza queimasse em seu peito. Ficou sozinho por alguns minutos, os olhos varrendo o quarto, a mente cheia de perguntas que ele não sabia se queria respostas. Quando a porta se abriu novamente, Gabriel ergueu os olhos e sentiu o ar escapar de seus pulmões.Marilda estava de volta, agora trajando uma camisola de linho rosa que parecia ter sido feita sob medida para ela. O tecido leve envolvia suas curvas de forma sutil, mas provocante, como se flertasse com os limites do que revelar. Ela segurava um grande pacote em suas mãos, que ela colocou sobre a cama com um cuidado cerimonial.— Pronto para explorar algo novo? — perguntou ela, os olhos brilhando enquanto ela começava a abrir o pacote.Gabriel engoliu em seco, mas assentiu. Ele sabia que já havia cruzado uma linha ao entrar naquele quarto, e algo dentro dele ansiava por saber onde isso iria levá-lo.Marilda puxou o tecido que envolvia o pacote, revelando uma peça incomum: uma camisa de força feita de couro branco, acompanhada por calças do mesmo material, desenhadas para prender completamente os movimentos.— Isso, Gabriel, é uma arte — disse ela, erguendo a peça e mostrando-a com cuidado. — Uma maneira de se entregar completamente. De demonstrar confiança absoluta.Gabriel olhou para a peça, sentindo o coração acelerar. Era intimidante, mas a forma como ela falava — com tanta serenidade e convicção — o fazia querer confiar nela.— Você confia em mim? — perguntou Marilda, inclinando-se ligeiramente para ficar na altura de seus olhos. — Sim, senhora... eu confio — respondeu ele, quase sem hesitar.
Marilda sorriu, genuinamente satisfeita. — Fico muito feliz em ouvir isso. Confiança é a base de tudo o que fazemos aqui. E você está prestes a descobrir algo sobre si mesmo.Ela se aproximou, ajudando Gabriel a deslizar os braços para dentro da camisa de força. O couro era macio, mas firme, e cada fivela que ela ajustava parecia selar a sensação de entrega. As calças foram colocadas com o mesmo cuidado, apertadas nos lugares certos para impedir qualquer movimento brusco.Quando terminou, Marilda o ajudou a deitar-se na cama, o corpo de Gabriel afundando no colchão macio enquanto o couro apertado moldava-se ao seu corpo. Ele tentou se mover, mas a restrição era absoluta. Tudo o que ele podia fazer era olhar para ela.Marilda sentou-se ao lado dele, uma mão deslizando suavemente pelo couro que cobria seu peito. — Está confortável?— Um pouco... estranho, mas não é ruim — admitiu Gabriel, sua respiração ligeiramente ofegante.Ela sorriu, acariciando os ombros dele. — Essa estranheza vai passar. Você está aprendendo a confiar, a se entregar. É uma experiência rara, Gabriel. Poucas pessoas conseguem se libertar dessa forma.— Libertar? — perguntou ele, confuso.
— Sim, libertar. A verdadeira liberdade vem quando não precisamos controlar tudo. Quando podemos simplesmente... ser. E você está fazendo isso agora. — Sua mão desceu lentamente pelo torso de Gabriel, os dedos traçando os contornos da camisa de força. — Saber que você confia em mim o suficiente para isso... me deixa muito feliz.Gabriel sentiu o rosto corar com o tom íntimo em sua voz, mas também havia um estranho calor reconfortante em suas palavras. Era como se, mesmo preso, ele estivesse seguro, protegido.
— Obrigado, senhora... por me guiar nisso — disse ele, a voz baixa, mas sincera.Marilda inclinou-se sobre ele, os cabelos caindo suavemente ao redor de seu rosto. — É apenas o começo, querido. Há muito mais que podemos explorar... se você quiser.Enquanto falava, seus dedos continuavam a deslizar pelo couro, os toques deliberados e provocantes. Gabriel sentia cada movimento como se fosse amplificado pelo tecido apertado que o envolvia, uma mistura de restrição e sensibilização que ele nunca havia experimentado antes. Seu corpo começou a reagir, e ele sentiu o calor subir ainda mais.Marilda notou, é claro. Seu sorriso tornou-se mais travesso, mas ela manteve o tom calmo e controlado. — Veja... seu corpo já está começando a entender. Isso é confiança, Gabriel. Confiança e entrega.Ele não conseguiu responder, perdido na intensidade do momento e na forma como ela o fazia sentir. Tudo ao redor parecia desaparecer, deixando apenas ela, sua voz e o toque delicado que o provocava sem pressa.Marilda continuava a traçar os dedos lentamente sobre o couro branco que envolvia Gabriel. Seu toque era meticuloso, quase reverente, e cada movimento parecia intensificar a respiração do rapaz. Ele não podia se mover, e essa restrição tornava cada sensação mais vívida, mais presente.— Está vendo? — murmurou ela, sua voz baixa e macia. — Isso é o que significa se render. Sentir cada momento, sem distrações.Gabriel assentiu lentamente, os olhos presos aos dela, mas sua respiração estava mais pesada. Ele sentia o calor crescer dentro de si, uma mistura de nervosismo e excitação que ele mal conseguia processar. Marilda sorriu, inclinando-se levemente para perto.
— Está aproveitando, querido? — perguntou ela, embora sua expressão mostrasse que já sabia a resposta.
— Sim... senhora — respondeu ele, com a voz quase engasgada.Ela se afastou um pouco, seus olhos avaliando-o como se estivesse analisando cada detalhe. — Fico feliz em ouvir isso. Mas, infelizmente, tenho algumas coisas a resolver agora.Gabriel piscou, confuso. — Vai sair?— Sim, mas não se preocupe. — Ela acariciou o rosto dele suavemente, como se tranquilizá-lo fosse parte de seu plano. — Eu gostaria de continuar aqui com você, mas... não tenho tempo para desfazer isso agora.Ele se mexeu instintivamente contra as amarras, sem sucesso. — Então... vai me deixar aqui?— Apenas por um tempo. — Ela se levantou, indo até um armário próximo. Quando voltou, trazia nas mãos um par de óculos de realidade virtual e um conjunto de fones de ouvido acolchoados. — Mas quero que você se divirta um pouco enquanto espero. Se você quiser, claro.Gabriel olhou para os dispositivos com uma mistura de curiosidade e insegurança. — Vai ser... bom?— Vai ser incrível, querido. Eu prometo. — Marilda colocou os óculos e os fones sobre ele, ajustando-os cuidadosamente. — Confie em mim.Ele hesitou por um momento, mas a combinação do olhar tranquilizador dela e o calor de suas palavras o convenceu. — Tudo bem... senhora. Eu topo.Marilda sorriu, satisfeita, e ajustou o programa no visor. — Apenas relaxe. Deixe-se levar. Vou estar de volta antes que perceba.O programa começou com imagens suaves e tranquilizadoras. Campos verdes, ondas do mar, um som leve de música ambiente nos fones. Gabriel sentiu seu corpo relaxar contra o colchão, a tensão inicial se dissipando enquanto as imagens mudavam. Era quase hipnótico, e ele podia sentir sua mente começando a vagar.Conforme o tempo passava, as imagens se tornaram mais complexas: padrões abstratos, cores que pareciam pulsar, misturadas a sons suaves que ecoavam em seus ouvidos. Ele não entendia completamente o que estava vendo ou ouvindo, mas tudo parecia sincronizado com o ritmo de sua respiração, guiando-o cada vez mais fundo em um estado de tranquilidade.Então, algo começou a mudar. No meio das imagens abstratas, pequenas palavras surgiram por breves instantes, quase imperceptíveis: "rendição", "aceitação", "exploração". Gabriel piscou, confuso, mas antes que pudesse se concentrar nelas, já haviam desaparecido.Os sons nos fones também mudaram. Havia uma voz agora, suave, quase um sussurro, falando palavras que ele não conseguia distinguir completamente, mas que pareciam ecoar em sua mente.
— Confie. Renda-se. Aceite quem você é.As palavras eram intercaladas com frases mais diretas, mas ditas com a mesma suavidade: "Permita-se explorar". "Você está seguro". "Descubra sua verdadeira essência".
Gabriel tentou entender o que estava acontecendo, mas as imagens continuavam, agora mostrando flashes de pessoas sorrindo, maquiadas, trajando roupas femininas elegantes e delicadas. Ele piscou, mas os flashes eram rápidos demais para que ele pudesse absorver completamente.Nos fones, a voz continuava: — Não há vergonha em ser vulnerável. Não há vergonha em ser... diferente.Ele sentiu um calor estranho crescer dentro de si novamente, mas agora era acompanhado por uma sensação de inquietação. Não era ruim, mas o deixava confuso. As imagens e as palavras pareciam entrar em sua mente sem permissão, plantando ideias que ele não sabia de onde vinham.— Explore seus desejos. Descubra sua verdadeira liberdade. — A voz parecia mais próxima agora, mais íntima.Gabriel fechou os olhos por um momento, tentando processar tudo. Ele não entendia completamente o que estava acontecendo, mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar a excitação que crescia dentro dele. Era como se algo estivesse despertando, algo que ele nunca havia explorado antes.Quando Marilda finalmente retornasse, ela encontraria Gabriel ainda imerso no programa, sua mente começando a se abrir para possibilidades que ele nunca havia considerado antes. O sorriso dela, ao vê-lo assim, seria de pura satisfação. Marilda entrou no quarto em silêncio, como uma sombra que dominava o espaço sem esforço. Gabriel ainda estava imerso no transe do programa de realidade virtual. Sua respiração era lenta, mas carregada de uma inquietação visível, os músculos do corpo parcialmente relaxados, parcialmente tensos, como se flutuasse entre a calma e o conflito interno.Ela se aproximou dele e retirou os fones de ouvido com delicadeza, em seguida os óculos. Gabriel piscou, como se estivesse voltando à realidade, e encontrou o olhar de Marilda imediatamente. Havia algo tranquilizador, mas também penetrante em sua expressão, como se ela soubesse exatamente o que ele havia experimentado sem que precisasse perguntar.— Como você está, querido? — perguntou ela, sua voz baixa e suave.
Gabriel hesitou, ainda tentando processar tudo o que sentira durante o programa. — Eu... acho que foi... intenso.— Intenso é bom. — Marilda sentou-se ao lado dele na cama, a mão pousando levemente sobre o ombro dele. — O importante é que você confiou. Essa confiança em mim, em si mesmo... é isso que importa.Ele a olhou, sentindo um misto de admiração e atração que crescia dentro dele. Havia algo no poder tranquilo que Marilda exalava, na maneira como ela controlava cada situação sem esforço aparente, que o fascinava profundamente.— Obrigado, senhora. Eu... não sei como explicar, mas sinto que estou aprendendo muito sobre mim mesmo — disse ele, a voz baixa, mas sincera.
Marilda sorriu, inclinando-se para tocar seu rosto com a ponta dos dedos. — Você está indo muito bem, Gabriel. É um prazer guiá-lo. Agora, venha. Vamos tomar um café antes que Felipe volte.Na cozinha, Gabriel se sentou à mesa enquanto Marilda preparava o café com a precisão de alguém que transformava até mesmo as tarefas simples em algo elegante. Quando a xícara foi colocada diante dele, o cheiro forte o fez franzir o nariz levemente, mas ele não reclamou. Não queria desapontá-la.— Ainda não gosta? — perguntou ela, rindo suavemente ao vê-lo tomar um gole hesitante.— Não é o meu favorito... mas estou tentando me acostumar — respondeu ele, tentando soar casual.— É assim que crescemos, Gabriel. Experimentando coisas novas, mesmo aquelas que, no início, nos desafiam. — Ela tomou um gole de sua própria xícara, os olhos nunca deixando os dele. — O mesmo vale para a vida.Gabriel sentiu-se pequeno, mas também inspirado sob o olhar dela. Era como se ela sempre soubesse o que dizer para fazê-lo querer mais, querer entender mais sobre si mesmo.O som da porta da frente interrompeu o momento, e Felipe entrou na casa, jogando a mochila no sofá com sua típica despreocupação.— Oi, vó! Oi, Gabriel! — cumprimentou, com um sorriso caloroso.— Como foi na escola? — perguntou Marilda, levantando-se para colocar outra xícara de café para ele.— Tranquilo. Último dia, né? Só estou feliz que acabou. — Felipe sentou-se ao lado de Gabriel, sem perceber a leve tensão que este sentiu ao estar tão perto dele.Gabriel tentou se concentrar na conversa casual entre Felipe e Marilda, mas algo dentro dele parecia sempre despertar quando estava próximo do amigo. Era uma sensação difícil de nomear — não era só amizade, nem era algo puramente físico. Era algo confuso, mas impossível de ignorar.Mais tarde, naquela noite, Gabriel e Felipe estavam sozinhos na sala. Marilda havia saído para uma festa, deixando os dois com a casa inteira para si. Sentados no sofá, jogavam videogame, mas a conversa logo se desviou para assuntos pessoais.— Você já... já teve alguma experiência? — perguntou Felipe, de repente, com um tom curioso, mas um pouco envergonhado.Gabriel franziu a testa, confuso. — Experiência com o quê?Felipe riu, coçando a nuca. — Sei lá, com... beijar alguém. Eu nunca... nunca fiz isso.Gabriel sentiu seu coração acelerar. A conversa tomou um rumo que ele não esperava, e ele não sabia se era a ocasião ou o tom de Felipe que o deixava nervoso. — Sério? Nunca?— Não. Quer dizer, não é algo que aconteceu. Acho que fico pensando demais, sabe? Se vou fazer certo, se vai ser estranho... essas coisas. — Felipe parecia desconfortável, mas também aberto. Ele sempre confiava em Gabriel.Gabriel pensou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado. — Não acho que seja algo com o qual você deva se preocupar tanto. É meio... natural, sabe? Só acontece.Felipe o olhou, os olhos carregados de curiosidade. — E você? Já fez isso?— Já, mas... não foi nada demais. — Gabriel hesitou, sentindo o clima entre eles mudar ligeiramente. — Sabe, se quiser... a gente pode tentar. Só pra você ter uma ideia de como é.O silêncio que se seguiu parecia preencher a sala inteira. Felipe olhou para ele com uma expressão de surpresa, mas também de contemplação. — Você acha que seria... estranho?Gabriel deu de ombros, tentando soar descontraído, embora seu coração estivesse disparado. — Só seria estranho se você achasse. Somos amigos. É só... uma experiência.Felipe ficou em silêncio por alguns segundos antes de finalmente acenar com a cabeça, hesitante, mas aceitando. — Tudo bem. Acho que não tem problema.Eles se viraram um para o outro, o sofá agora parecendo pequeno demais para conter a tensão entre eles. Gabriel se inclinou primeiro, devagar, os olhos presos nos de Felipe até que seus lábios finalmente se encontraram. O beijo foi suave, hesitante, mas cheio de uma energia contida que parecia ter sido liberada naquele momento.Quando se afastaram, Felipe riu nervosamente. — É... foi menos estranho do que eu pensava.Gabriel sorriu, sentindo um calor estranho no peito. — Viu? Nada de mais.Eles continuaram sentados ali, a conversa voltando aos poucos ao normal, mas algo entre eles havia mudado. Era um passo em uma direção que nenhum dos dois entendia completamente, mas que agora não podiam ignorar.Após o beijo, a sala mergulhou em um silêncio peculiar. Gabriel e Felipe ainda estavam sentados no sofá, lado a lado, mas agora o espaço entre eles parecia carregado de uma energia diferente. Felipe passava os dedos pela borda da almofada, um gesto nervoso, enquanto Gabriel observava o amigo pelo canto dos olhos.— Então... foi estranho? — perguntou Gabriel, tentando soar casual, mas o nervosismo escapava em sua voz.Felipe riu baixinho, ainda olhando para a almofada. — Não. Quer dizer... não como eu imaginava. Foi... diferente.— Diferente como? — insistiu Gabriel, tentando decifrar o que se passava na cabeça do amigo.Felipe finalmente ergueu os olhos, encontrando os de Gabriel. Havia um brilho curioso neles, misturado com algo que parecia hesitação. — Diferente no sentido de que... não sei. Não foi ruim.Gabriel sentiu o calor subir para o rosto, mas não desviou o olhar. O coração batia rápido, e ele percebeu que o comentário de Felipe o havia deixado mais inquieto do que deveria. — Talvez porque foi... natural?Felipe deu um pequeno sorriso, ainda nervoso. — Acho que sim. Você... fez parecer fácil.Gabriel riu baixinho, passando a mão pelos cabelos. — Não sei se é mérito meu. Foi... só algo que aconteceu.Mais uma pausa se instaurou, mas desta vez era mais confortável, como se ambos estivessem processando o que tinham acabado de compartilhar. Finalmente, Felipe quebrou o silêncio, sua voz saindo em um tom quase inaudível.— Você já pensou... nisso antes? Tipo... em outra pessoa assim?A pergunta pegou Gabriel de surpresa. Ele não sabia como responder imediatamente, mas algo dentro dele o impeliu a ser honesto. — Não sei. Quer dizer, talvez... ultimamente.Felipe franziu levemente a testa. — Ultimamente?Gabriel desviou o olhar por um momento antes de responder. — Não sei explicar. É como... tem coisas que a gente sente, mas não consegue entender até que algo acontece.Felipe ficou em silêncio por alguns segundos antes de assentir. — Acho que sei como é.Os dois ficaram ali, lado a lado, sem saber exatamente como continuar. Gabriel sentiu uma coragem repentina, algo que ele não entendia completamente, mas que parecia certo naquele momento. Ele se inclinou levemente para Felipe, não o suficiente para encostar, mas o suficiente para que o amigo notasse.— Se... você quisesse tentar de novo, só para ter certeza de como se sente... seria estranho? — perguntou Gabriel, a voz baixa e quase hesitante.Felipe o olhou, os olhos fixos nos dele, como se estivesse tentando ler algo em sua expressão. Após um momento que pareceu durar uma eternidade, ele deu um leve sorriso, ainda tímido, mas menos hesitante. — Acho que não seria.
Gabriel se inclinou um pouco mais, e desta vez Felipe não recuou. Quando seus lábios se encontraram novamente, foi mais natural do que da primeira vez. O beijo foi mais lento, mais exploratório, como se ambos estivessem tentando entender o que aquilo significava para eles.Desta vez, quando se afastaram, Felipe não pareceu tão nervoso. Ele deu uma risada curta e olhou para Gabriel com uma expressão que misturava curiosidade e leveza. — Ok... isso definitivamente foi... bom.Gabriel riu, sentindo um alívio estranho, mas também um calor crescente dentro de si. — É... foi mesmo.Eles permaneceram no sofá, a conversa voltando aos poucos, mas a conexão entre eles agora parecia mais forte, mais sincera. Era como se algo tivesse mudado, algo que eles ainda precisariam explorar, mas que ambos sabiam ser importante.
Gabriel e Felipe se levantaram do sofá, ainda trocando olhares carregados de curiosidade. Sem dizer uma palavra, subiram para o quarto, lado a lado.No quarto, a tensão era palpável. Eles se olharam, e sem precisar de palavras, começaram a se despir. A luz suave da lua entrava pela janela, iluminando seus corpos.Gabriel e Felipe se deitaram na cama, lado a lado, sentindo o calor um do outro. A noite estava silenciosa, apenas o som de suas respirações.No meio da noite, Gabriel acordou. Olhou para Felipe, que dormia tranquilo. Seus olhos se fixaram no peito nu do amigo.Gabriel sentiu uma onda de desejo. Levantou-se cuidadosamente e se aproximou de Felipe. Sussurrou:- Felipe?Felipe acordou, sonolento. - O quê?Gabriel hesitou.- Posso... sentir?Felipe entenderam o que Gabriel queria.- Sentir o quê?Gabriel engoliu em seco.- Você sabe.Felipe olhou nos olhos de Gabriel, e viu a sinceridade.- Ok...Gabriel estendeu a mão, tocando suavemente o peito de Felipe. Desceu lentamente, sentindo a pele quente.
Felipe fechou os olhos, sentindo o toque.Gabriel continuou descendo, até encontrar o que procurava. Sentiu o calor, a textura.Felipe abriu os olhos, olhando para Gabriel. Viu o desejo nos olhos dele.- Gabriel...Gabriel olhou para cima, encontrando os olhos de Felipe.- Sim? Felipe sorriu. - Isso é... bom.Gabriel sorriu também, continuando a explorar.A noite prosseguiu, silenciosa, apenas com o som de suas respirações e o calor de seus corpos.