Em algum lugar do passado - parte 1

Um conto erótico de Fabinho
Categoria: Gay
Contém 1769 palavras
Data: 22/01/2025 20:45:53
Assuntos: Gay, Sexo, Romance

Todo mundo tem um melhor amigo de infância. Aquele irmão gêmeo nascido de outra mãe com quem a gente se identifica ao primeiro contato e com quem vive todo tipo de aventura e descoberta. Uma amizade que às vezes é pra vida toda, de tão bonita, intensa e verdadeira.

A minha eu pensei que seria assim. Muito antes de eu descobrir a minha sexualidade e aceitar que era sim homossexual, que só sentia desejo verdadeiro por outros homens, já nos conhecíamos. Dois meninos imberbes que só pensavam em brincar, se divertir e aprontar, no melhor sentido da palavra, por aí.

Maldade sempre houve e haverá, e mesmo não passando pelas nossas cabecinhas ingênuas nenhuma intenção, muitas brincadeiras surgiam, inevitavelmente. Nem se chamava bullying na época, mas nos chamavam desde aquele tempo de casalzinho ou outros termos bem mais pejorativos. Nem dávamos bola. Só queríamos curtir a fase mais bela da vida.

Mas é claro, como todo mundo, crescemos. Eu ainda acreditava que gostava de mulher e as nossas brincadeiras passaram a envolver conquistas do sexo oposto. Uma disputa para ver quem beijava mais garotas. Uma aposta em dinheiro para estimular e ver quem seria o primeiro a perder a virgindade. Que acabou sendo no mesmo dia, não um com o outro, lógico, mas num daqueles puteiros tão comuns dos anos oitenta. Quando ainda tínhamos que mentir a idade para frequentar, aliás. Sexo frio, mecânico, sem a menor graça. Faltava alguma coisa, eu só não sabia bem o que.

Nunca usamos drogas ilícitas. Já éramos doidos o bastante sem elas. Mas a beber cerveja, aprendemos logo cedo. Outra das boas coisas da vida quando se sabe desfrutar. Nós não sabíamos ainda. Ficávamos bem altos com pouca coisa e saíamos fazendo boas loucuras. Carro, felizmente, ninguém tinha. Nem precisava. As garotas caíam aos nossos pés, quase literalmente. Ninguém mais nos chamava de bichas, nem tinha como.

Um belo dia, já podendo beber legalmente e até dirigir, se fosse o caso, resolvemos comprar uma garrafa de uísque. Como ninguém tinha grana, vivíamos de mesada e pequenos bicos, foi uma das mais baratas. Os pais dele haviam viajado e a casa ficou só pra nós. Levamos a birita pra lá e abrimos os trabalhos da sexta-feira à noite antes da balada, que nem se chamava assim na época.

Como a maioria dos jovens de ontem e de hoje, superestimamos nossa capacidade de lidar com o álcool. Ficamos tão chapados que não conseguimos nem sair pra noitada. As gargalhadas, que já eram nossa marca registrada, vinham pelos motivos mais bestas, bem mais altas que o normal, aliás. Já tínhamos o costume de ficar sem camisa, em casa ou mesmo na rua. Naquela noite quente de quase verão, sem ninguém pra ver e maldar, estávamos de cuecas.

O papo era sobre sexo, mas com elas, as minas. As que já havíamos experimentado em comum. Uma em especial, que fez um típico comentário para semear a discórdia.

- Mano, aquela fulana disse que seu pau é muito maior do que o meu... - comecei.

- Falou porque é mesmo, ué!

- É nada...

- É sim!

- É nada...

- É sim!

- Então mostra aí...

A risadaria foi ainda maior. E, não fosse o uísque falando por detrás, provavelmente acabaria ali, dando lugar a qualquer outro assunto aleatório, como sempre. Não foi.

Ele baixou a cueca e botou mesmo o pau pra fora.

- Guarda essa porra aí, era só zoeira...

- Porra? É porra que você quer? Aqui tem, vem buscar.

Ele não guardou. Estava tão bêbado que continuou ali, exibindo o pintinho.

Mas que pintinho, o que... Meu amigo de infância já era homem feito e não foi à toa que a menina me falou que o meu parecia de brinquedo perto do dele.

O filho da puta tinha mesmo uma rola enorme, grossa, veiuda. Parecendo aquelas bengas de atores pornôs que assistíamos quando mais novos em velhas fitas VHS. E ele, maluco de uísque que só, tinha deixado dura ao se punhetar sem motivo.

Sem motivo?

Ou o motivo era eu?

E por que carvalhos eu continuava olhando para aquilo, como que hipnotizado por uma piroca tão grande e bonita?

Bonita? Como assim? E por que o meu pau também já estava ficando duro?

Eu era gay?

Claro que não! A gente gostava de xoxota.

Então por que eu estava salivando de vontade de chegar mais perto e apreciar aquela obra de arte?

Então por que eu também já estava sem cueca, sentindo um arrepio por todo o corpo, diferente de tudo o que eu já conhecia até então?

Então por que ele nem precisou chamar para que eu estivesse ali, com o rosto a poucos centímetros do pau dele, sentindo o cheiro e quase a pulsação?

Nunca tinha chupado um pau e não tinha a menor ideia de como fazer. Pensei, claro, em imitar as garotas que já tinham feito no meu. As mais caprichosas na arte deixavam bem babado pra parecer uma bucetinha molhada. Engoliam a cabeça, apertando os lábios contra ela. Faziam movimentos alternados, ora lentos, ora bem rápidos. Deslizavam a língua por toda a extensão, se estendendo até as bolas, a virilha, aquele pedacinho entre o saco e o cu, que eu achava uma delícia quando faziam. Cheguei a liberar até para uma enfiar a língua lá. Já era prenúncio, óbvio, do que eu realmente gostava na vida. Mas eu não tinha a mínima ideia disso.

Fingindo ser uma guria boqueteira, parecia estar agradando. O cara gemia como se estivesse sendo mamado por uma. Não sei se era por estar bêbado, mas parecia estar ainda mais excitado.

A única coisa que não consegui fazer foi engolir toda a pica. Quando bateu na garganta, deu vontade de vomitar. Parei na hora. Como se tivesse caído a ficha e batido arrependimento.

Tarde demais.

O que era aquilo escorrendo da minha boca?

Que gosto estranho era aquele, meio de água sanitária, mas ao mesmo tempo tão bom. Que dá vontade de cuspir longe, mas também de engolir até a última gota?

Fiz ambas as coisas. Engoli metade e cuspi, com nojo e vergonha, o resto no chão. Meu rosto ardia, quase queimava. Minha respiração só não era mais acelerada do que meu coração, que parecia querer sair pela boca, como o esperma do meu melhor amigo.

Foi como se o efeito do uísque passasse, por mágica. Eu quis achar a minha roupa e sair correndo dali, como se tivesse feito a coisa mais errada do mundo. Um crime, um pecado, uma aberração. Como eu me sentia também.

Com aquele gosto estranho e cheio de lágrimas nos olhos, bati a porta do quarto e fugi sem dizer uma só palavra. Minha casa ficava a poucos metros, consegui chegar sem ser visto por ninguém. E me tranquei no quarto o resto da noite, sem conseguir dormir um segundo sequer.

Naquele tempo não havia smartphones e aplicativos de mensagens. Bloquear alguém era tirar o telefone fixo do gancho ou até o fio da parede. Foi o que eu fiz, mas meus pais colocaram de volta. A cada vez que tocava, eu estremecia debaixo do cobertor. Minha mãe achou que eu estava doente, coberto, naquele calorão.

Foram três dias sem sair de casa, sem querer ver a rua nem ninguém. Mas o arrependimento dos primeiros momentos já tinham se tornado outra coisa diferente. Um questionamento me invadia e fazia repensar tudo o que eu era e sabia de mim.

Eu só conseguia pensar naquela cena. No meu amigo nu, ficando de pau duro, exibindo para mim e me chamando para trepar. Eu não conseguindo resistir e caindo de boca. Aquela sensação estranha, induzida não só pela imagem, mas pelo cheiro, pelo gosto, pela textura, pelo ruído da minha boca contra o caralho dele. Uma experiência sensorial completa. A mais intensa que eu já havia vivido.

E o final dela, então?

Uma explosão invadindo a garganta, enchendo a boca de um líquido grosso, viscoso, que pega onde encosta. Acompanhado de um urro rouco e palavras desconexas de quem o libera ao seu partner. De movimento frenético transformado em total inércia. De um prazer que perpassa de quem goza a quem recebe o gozo.

Eu não tinha maturidade para entender isso, mas tinha amado. E meu único arrependimento agora era não ter ficado mais tempo e feito mais coisas.

Minha cabeça girava mil vezes e eu só queria voltar lá e implorar para que ele tirasse de novo a roupa dele, a minha e me possuísse loucamente. Me fizesse de mulher, tirasse o cabaço do meu cu e o enchesse do mesmo leite que jorrara em minha boca.

Não o fiz. Tive medo.

Em uma cidade nem tão grande, mas não mais frequentando escola juntos e ainda não trabalhando, até foi possível evitar um encontro por um tempo.

Quando não deu mais, foi o dia mais triste da minha vida.

Foi o dia em que eu soube que ele havia sido aprovado no vestibular de uma universidade federal e iria embora da cidade para estudar. Realizar o sonho que tínhamos em comum, mas que eu ainda não havia chegado nem perto.

Bati à porta da mesma casa de onde saíra me sentindo a pior das criaturas, com o coração de novo aos pulos, mas agora por outro motivo. Queria me despedir, quem sabe da mesma maneira. Ou quem sabe com um beijo na boca Apaixonado. Mas não.

Quem atendeu foi seu pai, que disse que ele não queria me receber. Que estava com dor de cabeça, cansado e que depois me ligava.

Não ligou.

Foi a última vez que nos vimos, ao menos naquela década, século e milênio.

Da faculdade, ele ficou na cidade para a pós, o doutorado, o primeiro emprego. Depois mudou de cidade, de estado e de país. Sua família ficou por um tempo, mas também acabou se mudando. Nem notícias tive mais. Dizem que apareceu algumas vezes nas férias, mas não tive coragem de procurar.

Nunca mais fiz sexo com mulheres depois daquele dia. Descobri o prazer verdadeiro e não quis saber de nada que não fosse assim.

Aprendi a engolir até o fundo da garganta sem ânsia de vômito. Aprendi a apreciar o sabor único de um bom esperma. E tudo mais que se pode fazer com a fonte dele, ainda mais gostoso que apenas a parte oral.

Engatei longos namoros e casos tórridos de paixão. Conheci e desfrutei do sexo com incontáveis homens de todas as idades, raças, pesos e medidas. Proporcionei prazer a todos eles, como eles também a mim, até hoje, quase todos os dias desde aquele inesquecível.

Mas nunca esqueci do meu melhor amigo.

Do meu primeiro amor.


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Foto de perfil genéricaFabinho/SJCContos: 47Seguidores: 21Seguindo: 2Mensagem Curto sexo de todas as maneiras. Aqui eu conto um pouco mais das minhas aventuras com homens e travestis.

Comentários

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Parabéns pelo conto. A primeira vez, a gente nunca esquece. Minha primeira vez foi com um primo e, já com penetração, s muito depois, aprendi a arte de mamar uma bela rola. Hoje depois de tantos anos e de tantos homens que passaram na minha vida, contínuo adorando mamar e dar o cu, mesmo casado com filhos. Um bjo

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Fabinho, espero que esse seja o primeiro capítulo de muitos dessa história. Gostei da maneira de narrar. Conte-nos mais...

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