Era para eu estar eufórico com a minha conquista. Finalmente conseguia realizar um sonho de muito tempo. Estava na iminência de namorar uma linda japonesa. Na verdade, Maisha, era filha de japoneses originários, mas já nascida no Brasil. Uma jovem linda, em todos os sentidos, modelo de publicidade e tremendamente inacessível. Não foi nunca uma conquista fácil. Exigiu muito das minhas habilidades. Só que, naquele momento, eu estava diante de um dilema. Tinha que aceitar e só poderia continuar com o meu sonho de namorar aquela japonesinha espetacular, se concordasse que ela continuasse a ser uma das afilhadas “queridinhas”, amante e gueixa protegida do seu poderoso padrinho da famosa máfia japonesa.
[Nota do Autor] – Esta história, foi extraída do material que integra um dos meus próximos romances a ser lançado em 2025, “Safados Malvistos”, e foi adaptada exclusivamente para fazer parte do desafio-13-relações internacionais aqui da CDC. Sendo parte de um romance já registrado, com direitos reservados, é proibida sua cópia ou reprodução.
Era o ano de 1969. Eu a conheci no cursinho pré-vestibular em São Paulo. No Bairro da Liberdade. Logo nos primeiros dias de aula eu a vi na minha sala. A Maisha era a coisa mais lindinha desse mundo. Realmente uma japonesa fora dos padrões, pois era mais alta do que a média das garotas japoneses, devia ter 1,70 m de altura, perfeita de corpo, dezoito anos, cabelos pretos longos e lisos, sempre presos num penteado que só elas sabem fazer, e já era modelo de propaganda. Seu rosto já havia aparecido em anúncios de umas revistas.
Maisha era muito assediada pelos paqueradores, mas profundamente discreta e fechada, não dava bola para as gracinhas e nem abria espaço para ninguém. Eu conhecia como funciona a cabecinha da moça japonesa. Levei muito tempo aprendendo. Pensei logo numa estratégia para chamar a atenção daquela garota. Reparei que ela procurava sempre se sentar na terceira fila das cadeiras da sala de aula, que eram em estilo anfiteatro. As filas iam ficando mais altas para trás, assim todos na sala tinham boa visão do quadro. Percebi que ela tinha duas amigas que serviam como uma espécie de segurança dela. As duas entravam primeiro e se sentavam na terceira fileira com uma cadeira vaga entre elas.
Assim a japinha chegava depois e ficava protegida, de cada lado, dos assediadores, que sempre procuravam se sentar atrás dela. Ela os ignorava. Foi assim que eu planejei a minha estratégia.
Eu passei a entrar na sala logo que as duas amigas entravam, e me sentava exatamente na fila da frente, de costas para ela. Quando a japinha entrava e se sentava eu já estava ali na frente. Eu não olhava para ela, fazia como ela não existisse. Mas, eu sempre fui muito bom em desenho, e ficava com um caderno de desenho no colo, rabiscando durante a aula.
Enquanto o professor estava dissertando sobre a matéria eu ia desenhando. Eu sempre fui muito bom em desenhar figuras femininas, sensuais, com pouca ou nenhuma roupa, em poses elegantes. Na época, usávamos lapiseiras para anotações nas aulas. Eu tinha de vários modelos. Olhava imagens de revistas, memorizava as fotos, e reproduzia de cabeça. Sempre fazia um desenho por página. A cada aula ou duas, eu fazia um desenho. E deixava sobre a minha prancheta para que ela pudesse ver.
Eu sabia que ela era habituada a ser admirada, assediada, paquerada, e por isso se mantinha sempre na defensiva, calada, fechada. Não dava conversa com ninguém. Usei a tática de chamar a atenção em vez de tentar me aproximar. Quase a ignorava, embora, em alguns momentos nossos olhares se cruzassem.
Eu percebi que, discretamente, com aqueles olhinhos negros rasgados e indecifráveis, ela dava umas olhadas rápidas para os meus olhos. Pronto. Meus olhos azuis e meu cabelo claro, cor de palha, comprido até abaixo dos ombros, preso num rabo de cavalo, meu perfil de ariano e minha barba baixa, com bigode e cavanhaque, formavam um contraste interessante para ela. Eu media 1,80 m, no ano anterior, quando saí do exército, tinha um físico muito esbelto e bem modelado em mais de uma década de exercícios físicos e esportes. Portanto, não era uma figura a passar desapercebida. Me vestia de modo informal como a maioria da época, calças Levis, camisetas e moletons para o dia frio, e um colete de couro. Eu me mantinha profundamente calmo, discreto, e muito controlado. Tinha a certeza de que para ela, menos seria mais. E não demorou nem dois dias para que ela, um dia, no intervalo de uma das aulas, ao olhar para o meu desenho, e me encarar fixamente, comentar:
— Você desenha muito bem.
Eu havia caprichado, feito uma figura de uma jovem, com um quimono de tecido fino e macio, sentada a uma pedra, com longos cabelos elevados pelo vento, sob os galhos de uma Sakura, ou cerejeira, que é um dos principais símbolos da cultura japonesa.
Eu usava traços rudimentares, como os desenhos japoneses a carvão, que eu aprendi a ver nas ilustrações de livros antigos dos meus amigos. Na época, anos 60, era muito difícil encontrar publicações japonesas como atualmente.
Eu memorizava tudo que eu via. Sempre fui encantado com o Japão e sua cultura, influenciado desde menino pelos amigos japoneses e pelo mestre de Judô. E, sabendo um pouco dos caracteres, escrevi em japonês a palavra que eu havia aprendido a memorizar: “sakuranbo”, que significa cerejeira.
Eu não era um ignorante do comportamento e da cultura japonesa. Na minha infância, meu melhor amigo, morador da mesma rua, era um japonesinho filho da verdureira que tinha uma pequena lojinha no meio do quarteirão. Quando fiz oito anos de idade, soube através dele, que havia chegado na cidade um sensei, vindo diretamente do Japão, era um herói de guerra, e alugou uma casa grande no nosso bairro, onde tinha um grande galpão, que ele transformou em academia. Pedi ao meu pai para participar. Fui dos primeiros alunos, levado pelo meu amigo, e durante bons dez anos, fui um aluno regular e compenetrado. Judô e Karatê eram o que estudávamos e praticávamos. Os senseis, ou mestres, tem uma enorme importância, não são somente treinadores, mas verdadeiros guias na formação de cada lutador. Uma figura muito importante no mundo das artes marciais. A palavra sensei, vem do japonês, e significa literalmente “aquele que nasceu antes” ou “o que veio antes”, e representa uma profunda relação de respeito e veneração por seu conhecimento. O sensei não apenas ensina técnicas, mas também transmite valores, ética e filosofia do judô. Acaba sendo um mestre muito importante.
Por dez anos, eu, meu amigo e os dois filhos desse sensei, convivemos quase diariamente. Cheguei até a aprender cantar em japonês, pois tínhamos aulas com o mestre, que nos ensinava a arte, filosofia, o significado das coisas, e um pouco da complexa e milenar cultura daquele povo. Ele também tinha uma filha, já nascida no brasil, a mais novinha dos irmãos, por quem eu sempre fui um apaixonado. Crescemos juntos. Eu jamais ousei tentar alguma aproximação com ela, pois era tratado como se fosse de sua família. E família, na cultura japonesa, é algo sagrado. Eu só a encontraria décadas depois. Mas isso será outra história.
Com dezoito anos, saí da academia, e me afastei deles, tive que ir cumprir meu serviço militar e fiquei um ano no exército. No ano seguinte, dei baixa, entrei para a reserva, e fui para a capital, me preparar para o vestibular de arquitetura, que no final dos anos 60, era desafiador. Milhares de candidatos disputando poucas vagas nas melhores faculdades.
E lá estava eu, em São Paulo, desenhista de um pequeno birô de criação publicitária, vivendo numa quitinete de 48 m2, que dividia com mais três amigos, fazendo meu curso de preparação para o exame vestibular, e fascinado com a beleza daquela linda jovem.
Ela me olhou com atenção, sorriu, e disse:
— Esse é um desenho típico japonês.
Eu fiz uma reverência, me curvei, fazendo o ojigi (arco), no bom estilo japonês, sorri e concordei. Depois eu falei:
— Tenho centenas de desenhos assim. Meu sonho é visitar o Japão.
Ela sorriu, retribuiu a vênia, e pediu licença para sair da sala. Foi a quebra do primeiro gelo. Nos dois dias seguintes trocamos poucas palavras. Eu esperava sempre que ela pedisse para ver melhor o desenho. E no terceiro dia, eu ousei fazer um retrato dela, usando mais a memória do que olhando para ela. Mas ficou bastante bom e eu vi o brilho repentino de satisfação dela, como um relâmpago, que passou em seus olhos negros e enigmáticos como as profundezas da noite. Eu lhe passei o desenho, ela olhava admirada, assim como as suas duas amigas, e abriu um sorriso que quase me derrubou. O sorriso de Maisha era algo que a iluminava, de tão gracioso. Eu disse fazendo uma vênia:
— Fiz para você. Pode ficar.
Ela agradeceu, sorrindo, também se curvou, e pediu:
— Pode assinar?
— Sim, claro. Qual o seu nome?
— Maisha. E o seu?
— Meu nome é Leon, mas meu sensei sempre me chamava de Leosan.
Ela sorriu de novo. Pareceu ficar contente. Repetiu: “Leosan”. Estava dado o recado. Eu assinei escrevendo “para Maisha”. Ela guardou o desenho, fez outra vênia, agradeceu e foi saindo da sala. Mas, quando chegou na porta, olhou novamente, bem rápido, e sorriu. Depois se virou e partiu. Eu senti que tinha conseguido marcar minha presença e ela ficou curiosa.
Em poucos dias falamos mais vezes, ela pedia para ver os desenhos, e logo estávamos amigos, e assim ficamos mais um mês. Apenas na admiração mútua e discreta. Nos encontrávamos todos os dias no cursinho, e ficávamos sempre juntos. As amigas ficavam juntas a maior parte do tempo, e eu entendi que eram mesmo parte da família e da segurança dela. Então, mantive a amizade com as três. Até que, num dos intervalos de aula, eu tive uma oportunidade de ficar a sós com ela. Disse que tinha muito desejo de a conhecer melhor, e se possível, namorar. Ela olhou séria e respondeu:
— Não é tão fácil assim. É algo muito complicado. Você não vai entender nossos costumes. Não é japonês, a família não aceita.
Eu contei a ela, então, a minha infância e minha vida rodeado de amigos japoneses que aprenderam a falar português comigo. Eu conhecia bastante sobre o Japão. Isso ajudou e ela então me convidou para ir conhecer a família dela. Haveria uma festa, na propriedade de um amigo do pai dela, que era um padrinho dela, muito importante, e eu seria convidado dela na festa, apenas como amigo. Ainda não era namorado e nem poderia mencionar aquilo. Mas, se a família se encantasse comigo, talvez eu tivesse uma chance. A festa seria no sábado, mas deveríamos ir na sexta-feira.
Ela iria com a família dela e me deixou um mapa de como eu poderia chegar lá. Ela me pediu que levasse meu caderno de desenhos. Queria mostrar todos aos familiares pois eles adoraram o desenho que eu fizera dela.
Eu tive que estudar como deveria chegar, pois ficava fora da cidade, e naquele dia, não fui ao cursinho. Segui de ônibus até além da região metropolitana de São Paulo, próximo a Cotia, onde ficava a chácara. Depois, me informei e peguei um taxi num posto da estrada, que seguindo o mapa, me levou até na chácara do tio dela, alguns quilômetros adiante. Era uma propriedade agrícola mas com uma sede luxuosa, no alto de uma colina, toda construída em concreto, madeira e vidro, imitando uma edificação tipo pagode japonês, mas high-tech. Quando cheguei fui logo recebido por dois homens fortes de terno, que eram declaradamente seguranças, e expliquei quem eu era e mostrei o convite que a Maisha me dera. Escrito em japonês eu não sabia o que estava escrito. Eles me conduziram para uma varanda enorme e me disseram que esperasse ali. Me serviram água e sumiram. Fiquei sentado ali, esperando. Um grande silêncio permitia ouvir apenas os sons da natureza. Eu lavara uma pequena mochila com meu caderno de desenho, as lapiseiras, além do pequeno necessaire com escova de dentes e pasta dental. E um presente, uma linda figura de arte escultórica japonesa, uma graciosa gueixa delicadamente esculpida em osso, de uns quinze centímetros de altura, embrulhada em papel de seda, que eu havia recebido de um dos amigos. Achei que merecia impressionar a família.
Meia hora depois, chegaram dois carros com a família da Maisha, num deles, o irmão mais velho dirigindo, pai, mãe, Maisha e outra irmã. No segundo carro, as duas amigas, que eram primas, filhas do tio, o irmão do pai delas, a mãe das meninas, uma japonesa magra e elegante, muito bem-vestida com um tailleur discreto cor de chumbo.
Eles deixaram os seguranças levarem os dois carros e vieram em direção à varanda, quando fui apresentado a todos.
Estavam bem-vestidos mas em trajes normais ocidentais, alguns até com calças Jeans, como eu mesmo. Nesse momento, meu aprendizado de convívio com os japoneses na infância foi muito útil, pois eu sabia me curvar respeitosamente, sorrir, falar meu nome e agradecer. Logo apareceu o tal dono da casa, amigo do pai da Maisha, e seu padrinho, que surgiu na varanda usando um belíssimo quimono de seda cor de vinho, bordado em linha dourada, com gola e bainha pretas, assim como era preta a faixa com que ele amarrava o quimono na cintura. Todos o reverenciaram, ele agradeceu, e ao me cumprimentar disse seu nome: “Sussumo”.
Era um homem de boa estatura para um japonês, devia ter 1,70m, mas era muito largo nos ombros, parecia um fisioculturista, embora sua cintura não fosse grossa. Era esbelto e forte, cabelos negros curtos, com alguns tufos grisalhos nas têmporas. Seu rosto era uma máscara aparentemente sem expressão, nariz pequeno, o rosto redondo, queixo quadrado, mandíbulas fortes e os olhos duas fendas. A boca tinha lábios bem-feitos mas não salientes. Aparentava ter uns 50 anos, e tudo indicava estar em perfeita forma física. As pernas, como não podia deixar de ser, pareciam ser fortes e ligeiramente arqueadas. Quando a Maisha disse a ele o meu nome, me apresentando, ele repetiu, “Leosan”, com uma vênia, e sorriu enigmático, mas, pareceu ter simpatizado comigo.
A seguir, todos descalçaram sapatos e sandálias, e fomos conduzidos para dentro da casa onde havia um enorme salão, com piso de taboas de madeira, muito bem encerado, e algumas esteiras, sobre as quais havia almofadas quadradas, de lona bordada com incríveis desenhos japoneses. Me senti transportado para uma cena de filme japonês.
O Sussumo sentou-se como um samurai, sobre uma das almofadas, a maior de todas, que ficava mais perto da parede e percebi que havia uma certa hierarquia na ocupação das almofadas. Do lado esquerdo do Sussumo, as mulheres, sendo que a primeira era a mãe da Maisha, e depois a mãe das duas moças. A seguir as duas moças. Do lado direito, o pai da Maisha, o irmão dele, pai das duas moças, e o irmão da Maisha. A seguir estava a Maisha, e ali no final, ao meio daquele corredor virtual de pessoas, me indicaram para me sentar na única almofada disponível. Fiz uma vênia, agradecendo, e me assentei, como havia aprendido durante dez anos com o sensei. Eu sabia. Não se deve sentar sem primeiro receber a permissão do nosso anfitrião. Depois que o Sussumo disse “Dozo” (“Vá em frente”), eu fui me sentar.
Sentar-se na posição Seiza, continua sendo uma característica importante para o povo japonês e sua cultura. Seiza é um estilo formalizado para sentar-se em um tatame ou “zabuton” a almofada japonesa.
Essa técnica envolve ajoelhar-se, manter as costas retas e apoiar as nádegas nos calcanhares. Primeiro fui para o lado esquerdo da almofada. Agachei-me, coloquei as mãos no chão e só então deslizei para a almofada. Abaixei os joelhos e, em seguida, sentei-me sobre os calcanhares, com os pés bem abertos embaixo das minhas nádegas.
Seiza pode ser desconfortável, até doloroso, mesmo para os japoneses. Demanda prática e muita disciplina. Mas foi ali, respeitando aqueles fundamentos básicos da cultura daquele povo, que eu conquistei naturalmente a confiança deles. Notei na fisionomia impassível da Maisha, um sorriso de satisfação escondido, disfarçado. O Sussumo falou em japonês com todos e a Maisha traduziu em voz baixa:
— Estamos aqui reunidos para celebrar e confraternizar. Vim do Japão especialmente para este encontro, que marca o início de uma sociedade importante para nossas famílias. Terei a honra de ter como sócios dois grandes amigos, como irmãos, que cuidarão da divisão brasileira da nossa empresa. E graças a uma feliz descoberta da nossa querida Maisha, minha querida afilhada, temos uma pessoa que é hoje nosso convidado. Um artista talentoso que poderá, se tiver interesse, desenvolver o ícone, o logotipo da nossa empresa. É o que esperamos. Vocês já viram o talento dele neste desenho.
Ele retirou de uma pasta fina de couro o desenho que eu havia feito da Maisha e mostrou, segurando por alguns segundos o papel à sua frente. Pude ver o sorriso de satisfação da mãe da Maisha ao ver o desenho. Ele guardou o desenho, e disse:
— Parece que ele tem mais desenhos para nos mostrar.
Eu fiz que sim, em silêncio, e o Sussumo estalou uma mão na outra, uma única vez. Na mesma hora apareceu uma moça, com um quimono de seda branco, que recebeu a incumbência de trazer a minha mochila que ficara sobre uma mesinha à entrada. Assim que ela me deixou a mochila ao lado, abri e peguei a pasta plástica com o bloco de desenhos. Fiz uma vênia e segurando com as duas mãos, numa atitude respeitosa, entreguei a ela, que levou ao Sussumo. Todos olhavam enquanto ele folheava o bloco, sempre atento aos desenhos. De repente, ouvi o Sussumo dizer: “Raku ni shite” (acalme-se, ou, fique confortável). Estava nos autorizando a deixar a postura de Seiza, e ficar na posição típica “relaxada” que para os homens é a “Agura”, ou sentar-se de pernas cruzadas.
Depois disso, nos acomodamos melhor, ele passou o bloco para que todos pudessem folhear e ver meus desenhos. Havia ali no bloco, algumas figuras femininas nuas ou em vestes sumárias, mas todas em postura elegante. Nada vulgar ou pornográfico. Enquanto o bloco foi passando de mão em mão, o Sussumo falou:
— Realmente, você é um artista de grande talento, e mesmo com seus traços de origem europeia, você mostra que tem uma alma japonesa.
Maisha traduziu tudo. Vi que ela parecia muito feliz. Eu fiz a vênia de agradecimento e olhei fixamente para o Sussumo. Apenas esperei a autorização para falar. Ele pediu que eu falasse. Eu disse:
— Eu não sabia da empresa, da sociedade e do interesse em meus desenhos. Vim como convidado, para conhecer a família de uma amiga, que sabe que eu sou admirador do Japão e de seus costumes e tradições. E que gostou dos desenhos. Apenas isso.
Eles acenaram com as cabeças, concordando indicando terem entendido. Eu prossegui:
— Porém, eu trouxe uma singela oferenda, em sinal de gratidão por ser recebido tão fraternalmente, no seio dessa família.
Esperei a Maisha traduzir. Todos indicaram ter entendido o que tinham ouvido, dando novamente um pequeno aceno com a cabeça.
Retirei da mochila a estatueta da gueixa e fiz o gesto de oferecer respeitosamente ao anfitrião. Na mesma hora, notei um reflexo de sorriso fugaz e um brilho da satisfação nos olhos dele. Sussumo se curvou e recebeu a oferenda, retirando o papel e a exibindo aos olhares dos demais. Pareciam satisfeitos e admirados. Mas nenhum falava nada.
O Sussumo explicou:
— Fico mito agradecido e aprecio a sua simpatia. Foi intencional chamá-lo a vir aqui. É uma surpresa da sua amiga e admiradora, a Maisha. Ela quis lhe ajudar, e nos ajudar também. Para nós, foi uma grata surpresa, descobrir um jovem brasileiro, de traços europeus, talentoso, e com ligações afetivas tão profundas com a nossa cultura.
Agradeci, com uma vênia, em silêncio. E esperei. Depois de um silêncio de uns dez segundos, o Sussumo falou:
— Se você estiver interessado em nos ajudar, prestando esse serviço de design e criação, será muito bem remunerado, conforme os padrões internacionais, e para nós motivo de satisfação. Preferimos assim, do que buscar uma empresa que não tenha o conhecimento e a ligação afetiva com o nosso país de origem, e que, em contrapartida, você apresenta.
Fiz novo agradecimento, e respondi:
— Será uma honra tentar. Fico muito lisonjeado. Espero atender as expectativas. Obrigado.
Satisfeito, sorridente, o Sussumo bateu palmas e falou em japonês sendo traduzido na mesma hora:
— Então, estamos todos de acordo. Seja bem-vindo à família. Vamos comer e celebrar.
Ele fez sinal e dois auxiliares também de quimono branco trouxeram quatro mesinhas baixas para colocar na frente de todos. A seguir cobriram as mesinhas com uma toalha de papel feita de fibra de bambu, e começaram a trazer as iguarias em tijelinhas pequenas, e os hashi, os palitos eu usam como talher para comer.
Por cerca de uma hora, comemos deliciosamente, uma sequência de pratos deliciosos e primorosamente preparados. Reparei que eles prestaram atenção na minha habilidade com os hashi. Eu fora treinado por anos seguidos.
Numa das oportunidades, enquanto todos comiam, a Maisha me disse que aquela casa era do Sussumo, uma grande propriedade rural em área quase urbana, mas ele passava a maior parte do tempo em viagens de negócios ou no Japão. Revelou que o Sussumo viera ao Brasil especialmente para consolidar esse novo negócio com o pai e o tio dela.
Perguntei do que se tratava mas ela disse que seria o Sussumo que iria me explicar.
Terminado aquele banquete, teve uma rodada de saquê, servida por uma moça de quimono. O saquê é uma bebia tradicionalíssima no Japão, semelhante ao vinho, feito do arroz, e pode ser servido tanto para iniciar uma refeição, como aperitivo, ou para acompanhar pratos, bebido durante a refeição, ou ainda, no final, usado mais como digestivo, e para brindar, encerrando a cerimônia. É trazido em frascos próprios com um desenho muito belo, de formato triangular, chamados de tokuri, e servido em copinhos pequenos e próprios, de fundo arredondado, chamados ochoko. Nunca se deve pegar o ochoko com apenas uma das mãos, sempre com as duas, sinal de respeito, e tendo atenção na pessoa que está servindo.
Brindamos, fazendo uma espécie de “tim-tim”, batendo de leve nos ochokos dos outros, e dizendo “kanpai”.
Depois, houve uma conversa em japonês entre os familiares, que a Maisha não traduziu, mas me pediu desculpas, dizendo que explicaria mais tarde.
Fiquei ali na sala, por uns cinco minutos, ouvindo eles conversarem, e percebi que o Sussumo parecia dar orientações, que eram compreendidas pelos demais, que faziam poucas intervenções. Depois disso o Sussumo se virou para mim e após uma ligeira vênia, falou, o que a Maisha traduziu:
— Meus amigos e sócios resolveram voltar para São Paulo hoje, em vez de pernoitar aqui. Ficaram muito satisfeitos em conhecê-lo e será bem aceito entre todos. Decidimos que você será informado e orientado do que necessitamos para nossa nova sociedade, numa conversa, amanhã, entre nós dois. A Maisha, ficará para traduzir. Então, desejo convidá-lo para dormir hoje em minha casa. Ela e você serão meus hóspedes, e amanhã conversaremos. Você aceita?
Eu olhei para a Maisha e ela me fitava com aqueles lindos olhos rasgados, enigmáticos, mas sedutores ao extremo. Não dava para saber a sua intenção, mas, nem que eu quisesse não conseguiria negar. Aceitei e logo depois, os familiares da Maisha se despediram para partir. Eu e Maisha ficamos mais recuados, na varanda, enquanto o Sussumo os acompanhava até junto da escada da varanda.
Em minutos os carros foram trazidos para a frente da casa e eles partiram. Sussumo voltou e falou, sempre traduzido pela Maisha:
— Vou mandar levá-los aos aposentos, lá encontrarão quimonos, e roupões novos, para usarem. Dentro de meia hora, espero por vocês na sala de banhos, vamos fazer um pouco de sauna e ofurô, para relaxarmos, antes de dormir. Lá conversaremos mais.
Ele fez uma vênia e se retirou. Na sequência, uma das moças de quimono branco nos levou para uma ala diferente da casa, por um longo corredor pouco iluminado, com lanternas de papel penduradas, e vi que era a ala os quartos. O primeiro quarto era o meu, a seguir seria o da Maisha, e talvez, o do fundo do corredor seria do Sussumo. Uma típica casa japonesa, com paredes de madeira treliçada e papel, e portas de correr. Maisha me falou:
— Vou me trocar e venho buscá-lo para irmos à sauna encontrar o Sussumo. Use apenas o Roupão. Não precisa do quimono lá.
Concordei e entrei no quarto. Deixei a mochila sobre uma bancada de madeira e me despi, inclusive da cueca. Vesti o roupão, amarrando com uma faixa de seda. Aproveitei que havia um pequeno banheiro exclusivo, escovei os dentes e fiz um gargarejo com enxaguante bucal. Quando estava pronto ouvi duas batidas leves na parte externa da porta. Abri a porta e me deparei com a Maisha, vestida num quimono branco de seda, igual ao que eu usava, curto, na altura do meio de suas coxas.
O cabelo estava preso novamente, naqueles penteados que só as japonesas sabem fazer. E calçada com chinelos de dedo, de palha trançada. Pude reparar na perfeição dos seus pés, pequeninos e delicados, com as unhas cuidadosamente bem-feitas e pintadas com esmalte branco. Estava maravilhosamente sedutora.
Meu coração se acelerou ao pensar que ela estava nua por baixo do tecido fino, e fiquei temeroso de ter uma ereção ali na sua frente. Tratei de calçar os chinelos de palha que estavam ao lado da cama e saí com ela pelo corredor, em direção à outra ala da casa. Logo, uma das moças de quimono nos alcançou e nos levou por uma escada lateral que descia ao subsolo. Fomos conduzidos até um salão grande com paredes todas revestidas em pedra, onde havia uma piscina também de pedra no meio. Não era muito grande, mas notei que saia um pouco de fumaça da água. Ao fundo do salão, uma outra sala com portas de madeira. A moça abriu as portas de correr e disse, em japonês, e a Maisha traduziu:
— Penduramos o nosso roupão aqui nestes cabides da entrada, e entramos na sauna sem nada. Precisaremos dos roupões secos ao sair.
Comecei a me despir e levei um susto. Maisha retirou o roupão com um gesto rápido, e estava completamente nua. Ao ver aquilo, quase dei um passo atrás.
Fiquei tão admirado, que nem despi completamente o roupão, parando com ele enganchado nos braços. Eu a olhava congelado. A Maisha sorriu e falou com tranquilidade:
— Estamos acostumados a tomar banhos sem roupa. É nossa tradição. Não se acanhe.
Eu estava tão embasbacado que nem fiquei excitado por instantes. Ela falou:
— Dispa-se, e não se preocupe. Vamos entrar que o Sussumo nos espera.
Foi na hora de retirar a roupa que o negócio ficou tenso. Conforme eu retirava o roupão o pau ia ficando erguido, e não tinha como disfarçar. Maisha riu e comentou na maior tranquilidade:
— No início é sempre assim, fica excitado, mas você vai relaxar e se acostumar. Não se preocupe.
Ela estendeu a mão e pegou na minha, e ali foi o ponto mais difícil, pois me pau, que não é um exagero, mas é de um tamanho satisfatório, parecia ter ficado muito maior do que o normal e empinado, dava pequenos solavancos. Eu pensava em como iria encarar o Sussumo daquele jeito. Pensava que ele poderia se afender.
Entramos na sala da sauna, fechamos a porta e fomos envolvidos por uma densa nuvem de vapor, e sentimos na hora o calor na nossa pele.
Assim que nossos olhos se acostumaram à pouca luminosidade ambiente, reparei que na parede do fundo daquela sala, que deveria ter uns 4 metros de largura por uns três de profundidade, havia uma bancada de madeira que seguia ao longo de toda a parede.
Vi o Sussumo sentado, bem ao meio da bancada, as pernas abertas, completamente nu, e suando muito. Reparei que ele tinha o corpo praticamente coberto por tatuagens incríveis. Era uma figura imponente. Me lembrei imediatamente dos filmes da Yakusa.
No meio da sauna, havia uma tina de ofurô, grande o suficiente para caberem mais de quatro pessoas ali dentro. A água era escura, cor de âmbar como um chá, com pétalas de flores boiando, e algumas outras coisas que achei que eram algas. Sussumo falou e Maisha traduziu:
— Venham para cá, sentem-se ao meu lado, e poderemos conversar enquanto desfrutamos este momento sagrado.
Faz parte da cultura e da história do povo japonês, os banhos públicos, chamados de Sentô ou Onsen. Uma prática indispensável do cotidiano no Japão, que tem sido transmitida ao longo do tempo até os dias atuais. E a tradição é que as pessoas tomem seus banhos sem roupa, para evitar contaminação da água e para aumentar a possibilidade de total relaxamento. Eu sabia de tudo isso, mas, uma coisa é saber, ter conhecimento, e a outra, é estar presente e sem roupa. Estava nu na presença da garota japonesa mais linda que eu um dia vi, ela também completamente nua, e na frente de um homem que era o anfitrião, poderoso e praticamente um estranho. Minha cabeça fazia um esforço enorme para me desconectar daquilo. Caminhei meio acanhado, contornando o ofurô, e percebi que minha ereção, diante da situação, estava perdendo gás, rapidamente. Sussumo apontou o banco à sua direita para que eu me sentasse. A Maisha passou nua diante dele sem se abalar e se sentou do lado esquerdo. Ficamos ali, perto dele, sentindo já o calor da sauna atuar sobre nossos corpos. O ambiente aquecido nos fazia suar. Os seios da Maisha, firmes, perfeitos, de tamanho médio, com os bicos rosados, formavam uma visão espetacular. Sua xoxotinha era depilada, mantendo apenas uma pequena barra retangular e vertical de pentelhos aparados sobre o início da rachinha. Aliás, Maisha não tinha nenhum outro pelo no corpo, com a sua pele clara absolutamente lisa e sugerindo uma maciez de seda. Era algo inacreditável. Permanecemos em silêncio por mais de cinco minutos, o que me pareceu muito mais. Sussumo deu uma pigarreada para soltar a garganta e falou, sendo traduzido a seguir:
— Nossa conversa aqui é absolutamente sigilosa.
Ele fez uma pausa, e prosseguiu:
— A empresa que estamos criando, é como uma grande cerejeira, ou uma Wagasa, a sombrinha ou guarda-chuva tradicional japonesa. Deve ser como a mãe que depois vai abrigar sob sua proteção e cobertura, uma série de outras empresas derivadas. Mas no começo, atuaremos em apenas um campo inicial, para testar nossa capacidade.
Ele fez outra ligeira pausa, para ver se eu falava algo. Mas, eu não disse nada e logo ele prosseguiu:
— Será uma marca de roupas íntimas, especialmente as femininas, com apelo e design marcadamente sensual, de criação e confecção próprias. Depois, pretendemos entrar no ramo de cosméticos à base de produtos naturais. Como sabe, a medicina oriental é muito rica e de tradição milenar. Esses são os braços ou galhos iniciais dessa árvore, no início bem modestos. Hoje nós jantamos com os dois homens que cuidarão desses negócios no Brasil. Meus amigos de longa data. Cada um deles será o cabeça de uma das empresas.
Fiz um movimento com a cabeça, indicando que havia entendido. Ele prosseguiu:
— Você tem que desenvolver uma identidade, um tipo de símbolo, ou logotipo, que seja capaz de ser marcante, atraente, e abranger depois o desenvolvimento das demais empresas ligadas a esse conceito. Pretendemos atuar em vários campos. É importante essa imagem estar associada à nossa cultura, mas com modernidade, sem perder a essência dos nossos traços que você sabe tão bem representar nos seus desenhos. A cada um deles, bastará olhar e já saberemos que nos remete ao Japão. É isto que desejamos. E a nossa modelo, e musa inspiradora, a Maisha, soube notar o seu talento ao ver você desenhando. Por isso, que está aqui.
Fiquei calado, pensativo. Sabia que era um desafio enorme, mas que poderia ser altamente gratificante. Sussumo completou:
— Não temos muita pressa, ainda teremos que cuidar de toda a parte burocrática. A razão social da empresa principal será simples, genérica, mas será a sua identidade visual que determinará sua personalidade. Conheço os preços dessa categoria de serviços criativos, estou habituado, e garanto que você será remunerado dignamente. Além de, se tiver interesse, se tornar o nosso designer para todas as demais empresas.
Naquele momento, eu já não tinha mais nenhuma excitação sexual, mas meu coração estava acelerado, pilhado com o desafio, e eu suava como se estivesse derretendo. Não sabia o que fazer e nem dizer. Sussumo falou, a Maisha traduzido, e ele apontando:
Ali no canto da sala, tem um chuveiro. É um box de vidro. Vá tomar uma ducha, lavar o suor e as toxinas. Depois iremos para o Ofurô.
Eu me levantei, agradeci, fiz a vênia protocolar e me dirigi ao chuveiro. Havia uma parede baixa de vidro criando um box, sem impedir a visão. Estava me banhando, satisfeito em tomar uma ducha de água fresca no corpo, quando olhei para o lado do banco de madeira, e vi a Maisha sentada de lado no colo do Sussumo, e dando um beijo discreto em sua face. Era uma cena inesperada.
Eles se falavam com carinho, sorriam, mas não parecia algo impróprio, embora estivessem nus. O braço forte do Sussumo passava pelas costas dela, e repousava a mão na cintura da Maisha num gesto carinhoso. Ele tinha intimidade com ela e ela também parecia acostumada com aquilo. Minha cabeça quase entrou em pane.
Não era uma cena que pudesse ser chamada de erótica, mas era, uma mocinha linda e completamente nua, no colo de um senhor de meia idade, que tinha um pênis que mais parecia um salame em repouso no meio de suas virilhas, e dando beijos carinhosos na face. Tratei de disfarçar, e terminei de me lavar rapidamente. Na hora, pelo impacto, minha excitação havia desaparecido. Quando saí do chuveiro, eles se levantaram e vieram se lavar. Dei passagem e eles entraram naquele box, um ajudando gentilmente o outro a se lavar, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Maisha pegava no pênis do coroa, para ensaboar, e era um “senhor pênis”, grande e grosso. Ela passava espuma, e lavava como se aquilo não fosse um órgão sexual. O coroa também a banhava passando a mão em seu corpo, até sobre os seios. Fiquei ali, bestificado, sem conseguir esconder meu espanto. A Maisha reparou minha admiração e falou:
— O Sussumo é o meu padrinho. Ele me protege e me ajuda desde que eu era bem mais nova. Fui prometida a ele pela família, o que é para nós uma tradição.
Na mesma hora me recordei das lições que tive. Nós ocidentais podemos pensar que tal prática não existe mais em um país como o Japão, mas é engano.
A ideia de ter casamentos arranjados pode surpreender muitos, que teriam pensado serem usos antiquados ou extintos, mas ainda estão presentes na sociedade atual. O Japão tem uma longa história de casamentos arranjados, chamados omiai. Hoje em dia muitas pessoas estão escolhendo parceiros que conhecem e amam, mas algumas famílias japonesas tradicionais ainda seguem a rota do casamento arranjado e optam por ter seus parceiros escolhidos para eles. Eu estava tão admirado que nada consegui dizer.
Eles haviam terminado o banho, e vieram andando abraçados, para que entrássemos no Ofurô. Quando eu desci os degraus e entrei na água quente, eu devia estar parecendo um zumbi. Havia um perfume delicioso de jasmim na água. A Maisha percebeu meu estado de completa surpresa e frustração, e disse:
— Não fique chocado. Ele não vai nunca se casar comigo, nem eu com ele. Mas ele foi meu primeiro mestre sexual, meu primeiro homem, temos uma boa relação como amantes, e mesmo eventual, isso é gratificante para ambos. Nós nos queremos muito embora não haverá união. Não é essa nossa intenção. Por isso eu disse que era complicado estabelecer uma relação de compromisso com você. Ele foi e ainda é um professor incrível. Aprendi e ainda aprendo muito com ele. E adoro estar com ele quando posso.
Eles haviam entrado no Ofurô ao meu lado e o Sussumo observava calado, quela conversa, percebendo que a Maisha estava explicando o que eu não sabia do que havia entre eles.
Ele abraçava a Maisha por trás, e com as mãos acariciava seus seios, apertando os mamilos entre os polegares. Dava a prova material de que ele era o amante dela. Maisha, excitada, soltou um ligeiro gemido. Eu, mesmo dentro do ofurô de água quente, havia tomado um verdadeiro “banho gelado” na minha fantasia de ser o namorado da Maisha.
Naquele momento eu estava diante de um dilema. Tinha que aceitar e só poderia continuar com o meu sonho de namorar aquela japonesinha espetacular, se concordasse que ela continuasse a ser uma das afilhadas “queridinhas”, amantes e protegidas do seu poderoso padrinho da famosa máfia japonesa. Minha expressão devia estar transtornada, pois ela me deu um olhar cheio de ternura e falou:
— Não fique assim, Leosan, eu gostei muito de você, e foi aprovado pela família. Estou tendo a autorização, até do Sussumo, para aceitar o seu pedido de namoro.
Acho que a minha expressão facial não melhorou. Continuei calado, sem saber o que dizer. Realmente, eu estava abalado emocionalmente.
Notei que uma das mãos dela acariciava o pau do padrinho na minha frente, que já estava começando a ganhar volume. Ela se virou para ele, e disse algo em japonês no ouvido do Sussumo. Ele sorriu, e fez que sim com a cabeça.
Maisha se afastou do Sussumo, e veio até onde eu estava, me dar um abraço, colando seu corpo nu ao meu. Foi como se eu recebesse uma descarga elétrica de 220V, estremeci, e recebi um beijo dela, delicado, sobre meus lábios, sentindo suas mãos acariciando minha nuca e ombro. Meu corpo inteiro se arrepiou e me pau reagiu batendo na coxa dela. Ela disse baixinho:
— Eu posso ser sua também, e eu quero. Ele deixou. Gostou de você.
A partir daquele momento, eu perdi completamente o controle do que fazer. Abracei a Maisha e nos beijamos intensamente. Meu pau duro já se encaixava entre as suas coxas. Ela sussurrou:
— Você é meu namorado, agora. Eu em breve também serei sua.
Eu não sabia como reagir, e quis saber o que significava o “também”. Maisha, sem parar de me acariciar e me beijar, como uma gueixa carinhosa e sedutora, murmurava em meu ouvido:
— Ele sempre será o mestre e padrinho. Assim, será padrinho nosso também. Ele mal fica poucos dias aqui no Brasil. Eu serei sua, quase sempre. Apenas quando ele vier, terei que ser carinhosa, ter gratidão, e agradar a ele também. Basta você aceitar.
Os beijos da Maisha ficavam cada vez mais deliciosos, a mão dela me apertando a rola, me deixava louco para penetrá-la. Ela se revelava uma gueixa altamente sensual. Nossa respiração ofegante ia num crescendo, como a temperatura da febre de desejo que me dominava. Tentei esclarecer as coisas:
— Está dizendo que eu terei que ser o corno de vocês? Quando ele desejar?
Ela sorriu, aquele sorriso de oriental que tanto pode ser bom como muito ruim.
— Não, Leosan, é exatamente o contrário. Ele é o meu padrinho, o primeiro a quem minha família me entregou. Eu pertenço a ele desde muito novinha. Ele está admitindo que você assuma, seja meu namorado, meu amante, na maior parte do tempo.
Eu vivia uma situação de grande confusão, mental e emocional. Estava ali, tarado e louco para me entregar a um sexo incontrolável, com aquela maravilhosa garota japonesa. E ao mesmo tempo, me sentia empurrado para aceitar dividi-la com o padrinho, sempre que ele ou ela desejassem e pudessem. Na minha mente, veio uma ideia que, se não era suicida, pelo menos era algo que me permitia temporariamente, possuir aquela musa deliciosa. Pensei: “Vou aceitar agora, quero ter essa garota. Depois, verei o que acontece”.
Tratei de beijar a Maisha, agora, já tomando a iniciativa de puxá-la para um abraço mais firme, sentindo meu cacete roçando sua rachinha. Maisha gemia baixinho, como sabem fazer as mulheres japonesas com tesão, o que me fez pegar fogo, literalmente, ali naquele Ofurô. Ela disse baixinho:
— Vem Leosan, meu samurai, eu quero sentir você me penetrando. Eu quero ser sua também.
Dentro da água quente, ela abriu as pernas. Meu pau foi abrindo caminho entre a sua bocetinha, e ela me arranhava as omoplatas, com suas unhas pintadas de brando. Sua boca sugava minha língua. Por instantes, olhei para trás dela, e vi o Sussumo, sorridente, aparentemente satisfeito, assistindo a entrega dela ao novo amante. Eu falei no ouvido dela:
— O depravado do Sussumo está assistindo, e parece satisfeito.
Maisha sorriu com uma expressão muito sacana, e falou:
— Ele está gostando. Sempre gostou de ser corno. Com todas as suas mulheres.
Naquele momento, me pau rígido deu um salto dentro da xoxota e começamos a copular dentro da água como dois alucinados, trocando beijos, nossas mãos nos acariciando imersos na água quente e perfumada. Sussumo, esperou ali, assistindo, ela se rebolava na minha pica, aguardou que Maisha tivesse o seu primeiro orgasmo na minha rola, gemendo e choramingando, como somente as japonesas sabem fazer ao gozar. Eu estava tomado por uma tara incontrolável. Depois que Maisha gozou e relaxou, ele veio se aproximando, e nos abraçou, encostado na bunda dela, com um gesto que era mais carinhoso do que libidinoso. Beijou a nuca da Maisha e falou algo. Maisha traduziu:
— Ele nos deu parabéns. Agora, serei de vocês dois. Ele está nos sugerindo que eu seja de ambos, esta noite. Se você aceitar.
Eu já estava no meio do furacão, não era um homem inocente, e decidi que não era hora para ficar impondo condições.
Naquela noite, tivemos o Ménage à Trois mais fantástico da minha vida até então. Maisha era insaciável, gozava seguidamente, e nos levou a orgasmos alucinantes.
Foi com ela e com esse padrinho, o Sussumo, que aprendi definitivamente o que era levar uma vida liberal, sem preconceitos. Por alguns meses, tivemos uma relação maravilhosa, meus trabalhos foram aprovados e muito bem pagos. Infelizmente, por uma irresponsabilidade dela, dirigindo um Porsche Carrera a 200 Km por hora, presente do padrinho, numa estrada sinuosa em dia de chuva, Maisha sofreu um acidente estúpido, capotou e fatalmente veio a falecer. Sussumo, abalado, partiu para o Japão.
Isso encarrou nosso caso. Aquilo me traumatizou profundamente. Inconsolável, abandonei a faculdade de arquitetura e saí de São Paulo. O que me levou, no ano seguinte, ao Rio de Janeiro.
Mas, isso será uma outra parte futura desta história.
FIM
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