Como sabem (se não, saberão agora), sou professor de Filosofia na Universidade Federal de São Carlos. Vez em quando encontro alunos e ex-alunas (e suas respectivas variações de gênero) pelos cantos e recantos. Noite dessas, após o expediente universitário noturno e antes da quarta jornada em casa, na revisão de um livro, circulando pelo centro iluminado e natalino da cidade, topei com Carol, aluna do semestre passado. Cumprimentamo-nos, desejamo-nos feliz Natal – tudo exatamente como manda o figurino convencional civilizatório. Notei-lhe certa inquietação, mas não quis adentrar em seus eventuais problemas, e continuei minha caminhada pela praça.
Estava eu, de boa, tomando uma bebida esquisita, de nome complicado, mas muito gostosa e colorida, num dos quiosques que se esparramam pelo meio da multidão, já encerrando para ir embora, quando me chega Carol, agora um pouco mais alterada em sua inquietude, e olhos mostrando recém-choro. Perguntou-me se poderia falar comigo um minutinho, e, no emaranhado de desculpas, resumiu seu drama.
Ela mora em Monte Alto, uma pequena cidade vizinha (hora e meia de viagem) e decidiu ficar o final de semana na casa de uma amiga, em São Carlos, por isso dispensando o ônibus que voltara para sua cidade, e se preparando para ligar para a amiga confirmando sua ida. Aí, deu-se o desmantelo: Carol descobriu que esquecera o celular na bolsa de uma colega, que voltava para casa. Estava incomunicável, sem ter conseguido contato com a amiga que a hospedaria no final de semana. Sem onde ficar e sem celular, estava à beira de um ataque de nervos.
Procurei acalmá-la como pude, mas lamentando mentalmente tanto azar numa só noite. Ela perguntou se eu não poderia arranjar algum dinheiro para ela passar a noite em um hotel, e no dia seguinte ela me restituiria – prometia, contrita, ora esfregando as mãos de nervosa, ora passando-as nas costuras da mochila jeans que depositara sobre a cadeira.
Não uso mais dinheiro. Primeiro porque não tenho tanto assim, depois porque pix e cartão no celular aposentaram moeda em espécie. Disse-lhe e ela baixou a cabeça, murmurou um agradecimento e mais desculpas pelo incômodo e foi se afastando. Mas meu velho e besta coração samaritano gritou-me no peito e a chamei: “Se você quiser e não se incomodar, posso te oferecer meu apartamento para você passar a noite.” Seus olhos faiscaram de felicidade ao mesmo tempo que se umedeciam. “Só não prometo te dar a atenção que você merece, porque tenho trabalho me esperando e devo varar a madrugada no computador – mas a casa é sua e você pode ficar à vontade”. “Não vou incomodar sua família?” “Eu moro sozinho.” Talvez esta informação a perturbasse um pouco, mas não estava em posição de levar em conta pudores sem sentido.
Minutos mais tarde, nos dirigíamos ao meu prédio. Carol mostrava-se mais calma, até conversava amenidades, não sem antes falar do extremismo de seu plano que seria passar a noite na rodoviária, esperando o dia amanhecer, para depois ver o que conseguiria fazer, já que, por dois dias não havia forma de se comunicar com a família, que estava bem tranquila, julgando-a divertindo-se com a amiga de São Carlos; nem com a amiga, que, sem sua confirmação, julgou que desistira.
Adentramos no apartamento e, força do hábito nudista, já fui me livrando da camisa, quando me lembrei de que não falara sobre esse detalhe: “Olhe, Carol, não consigo ficar de roupa dentro de casa, principalmente trabalhando. Espero que não fique constrangida com isso”. A sensação de alívio pela resolução do seu próprio problema parece ter embotado qualquer outra preocupação, e ela foi enfática: “Tudo bem, professor! Problema não!” Respirei aliviado e prossegui no meu desnudamento, com a naturalidade que me é peculiar, detalhe que não escapou a sua observação: “Que massa... Você é bem natural...”
Destaquei minha condição de naturista e de quanto roupa me incomoda, mesmo naquela noite fria de dezembro, e que se ela quisesse, também poderia aderir, de boa. Falei sem qualquer outra intenção senão deixá-la à vontade, juro! Tanto que meu pau estava deitado em berço esplêndido, na mais completa inatividade. Mostrei-lhe o quarto, banheiro e cozinha – se estivesse a fim de comer alguma coisa, havia alguns gêneros na despensa e na geladeira, era só escolher e preparar. Só não esperasse que eu fosse fazer isso – reforcei, simpático.
Enquanto ela conferia o que poderia fazer para se alimentar, dirigi-me ao computador, para dar continuidade ao trabalho. Resolveu fazer um sanduíche. Fui à cozinha me servir de uma taça de vinho e ela estava na confeção da frugal refeição. Por instantes, nossos corpos ficaram lado a lado, e a senti ligeiramente inquieta com um homem nu ao seu lado, mas comentários aleatórios normalizaram qualquer constrangimento que poderia estar no ar, e voltei para meu posto de trabalho, enquanto ela se preparava para degustar o sanduíche.
Mergulhei a mente e os olhos no texto, que não vi Carol passar para o quarto e daí a pouco voltar à sala, apenas de calcinha. Lindos seios desnudos estremeciam a cada passo que ela dava e minha rola sentiu o impacto, erigindo-se ligeiramente, mas sem se dar a notar, uma vez que estava sob a mesa de trabalho. “Vi que só tem uma cama...” “Pois é, Carolzinha, nem sofá eu tenho. Mas a cama é larga, acho que cabe nós dois, porque dormir no chão ninguém merece, não é?” – minha resposta foi entremeada de um sorriso que quis que fosse de simpatia, e acho que consegui porque ela sorriu de volta.
Ela dirigiu-se então para a cozinha e disfarçadamente acompanhei pelo espelho a minha frente o insinuante rebolar de suas nádegas, o que insuflou ainda mais meu pau. Ela voltou para o quarto e em instantes ouvi o som do banho. Eu estava encontrando certa dificuldade em me concentrar no trabalho, minhas cabeças em sintonia com outra coisa. Mas eu precisava respeitar minha hóspede, deixá-la completamente à vontade, sentindo plena confiança no anfitrião; e principalmente precisava avançar no trabalho que me garantiria a grana extra para alguns gastos também extras, de final de ano.
O retorno de Carol à sala foi finalmente totalmente nua. Que bela buceta, completamente depilada, convidativa, apetitosa! Minha rola, sob a mesa, em plena rigidez, deve ter sido captada pelo seu olhar, quando se aproximou de mim para “filar” o texto que eu revisava. Depois de ler algumas linhas, ao meu lado, os seios às vezes roçando em meu braço, ela fez um comentário qualquer, pediu licença e tomou um gole do meu vinho. “Vou deitar, viu professor?! Qual o seu lado na cama?” “Quem mora sozinho não tem lado na cama... Pode escolher o seu.” Ela sorriu com a resposta e, junto com o “Boa noite”, depositou um beijo no meu rosto. Mais casto impossível, julguei.
Em dez ou quinze minutos concluí a meta do dia. Desliguei tudo e me dirigi ao quarto. Carol escolhera o lado esquerdo e estava envolvida na coberta, apenas o rosto de fora. Entrei no banheiro e enquanto tomava uma ducha rápida e escovava os dentes, não podia deixar de notar a inquietação da minha hóspede, sob as cobertas. Estaria com insônia? Percebera minha rola em riste durante o banho? Dúvidas... Dúvidas...
Enfiei-me, então sob o cobertor que a agasalhava, e o inevitável toque de peles pareceu despertar faíscas em nossos corpos. Minha rocha rígida por certo já roçara em seu corpo, menos por iniciativa minha que dela, que se remexia intensamente no leito. A lufada fria de ar que se infiltrava pelas frestas da janela meio que gelava o quarto, e ela balbuciou como se apenas para si: “Que frio!” E o corpo, involuntariamente, encostou no meu. Senti o afago de sua pele eriçada e o suave roçar de seu seio rígido. Em silêncio, coloquei o braço por baixo de sua cabeça e ela colou-se em mim, uma onda de calor e de prazer estremecendo-nos.
Um leve arquear e seu rosto estava a milímetros do meu, seus lábios quase encostados aos meus. Um breve movimento de cabeça e as bocas se juntaram, alvoroçando tudo e finalmente liberando todo o tesão até então contido. Quando suas pernas abriram-se sobre minha coxa, senti o alagado de sua buceta, e enquanto nossas línguas vadiavam em fogo, ela desafiou o frio, deixando o cobertor escorregar pelas costas, enquanto se mostrava inteira e nua, seios palpitantes e, num movimento de malabarismo, montou-se sobre minha rola, que deslizou de vez por dentro dela.
Os corpos assumiram o que o instinto natural lhes sugeria e os movimentos foram se construindo feito um lindo bailado de acasalamento. Gemíamos em uníssono. Ela rebolava sinuosa sobre mim e fui sentindo a lubrificação vaginal se acentuar e a temperatura incandescer, enquanto Carol retesava o corpo e comprimia a buceta contra meu falo, explodindo no gozo extraordinário, que a fez tremer todo o corpo, em espasmos e pequenos gritos.
Touxe seu corpo para o meu, estreitando-a em meus braços, e sentindo sua respiração ofegante, o bater descompassado do seu coração, enquanto minha rola ainda palpitava dentro dela. Não quis gozar logo, que a noite ainda estava fria e eu queria assistir extasiado a mais orgasmos feito aquele.
Liberada e entregue à luxúria daquele momento, Carol revelou-se ousada como não imaginei que fosse. E fizemos loucuras maravilhosas naquela cama, chupamo-nos com ânsia de engolir o sexo um do outro. A noite para a madrugada se arrastava, tentando impingir em nós sua frialdade, sem conseguir sequer amenizar o fogo que nos consumia. Até que finalmente adormecemos, enganchados, largos sorrisos a estampar nossos rostos.
A manhã chegou chovendo fininho e nos comemos mais uma vez, como é praxe no despertar de uma noite de volúpia; tomamos banho juntos, beijando-nos muito, como se o mundo fosse acabar em breve. Tomamos o café da manhã nus e nos tocando, minha rola dura e sua buceta molhada de mel, e nos fodemos entre pedaços de pão e goles de café.
E foram dois dias sem qualquer roupa, mas com muito carinho, carícias intensas, posições a invejar o kama sutra. A chuva intermitente do final de semana como que lacrou nossa porta de saída e não pusemos nossos corpos para fora de casa. Formou-se uma bolha de luxúria e gozos e prazeres, explorados ao máximo possível por aqueles dois corpos sedentos de mais e mais gozar.
Depois que a levei à rodoviária, na segunda-feira pela manhã, finalmente atendendo ao seu pedido de pix (que ela me devolveria logo que chegasse em casa – como de fato o fez), o ônibus que a transportou a Monte Alto, à sua família e ao seu mundo, nunca mais a trouxe de volta. Não mais sequer conversamos e, vez ou outra que nos vimos, nos corredores da universidade, apenas houve o cordial cumprimento de dois amigos quase estranhos um ao outro.