Com alguma demora, mas vamos lá! Continuação da história do gaúcho :)
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- Nossa Du, experimenta essa daqui! Vai ficar ótima em você!
A Bianca me disse, enquanto colocava uma camisa social azul na frente do meu peito para ver como ficava. Já tinha virado um hábito ela me acompanhar nas lojas sempre que eu precisava renovar o guarda-roupa do trabalho.
Mal podia acreditar na minha sorte. Qual cara no mundo não daria tudo para ter uma namorada como a Bianca? Gata, inteligente, gente boa, sempre com um sorrisão no rosto? Depois daquele fim de namoro insuportável com a Letícia, não podia pedir por nada melhor!
Quem deu um empurrão para nossa relação, quem diria, foi o Theo. Depois daquela noite do bar- sim, aquela mesma em que topei com o gauchinho- ele não se conformou que eu tivesse perdido a Bianca de vista:
-Caralho mano, uma puta de uma gostosa como aquela! Não acredito que nem o Insta da mina você pegou!- meu amigo me falou indignado, voltando do almoço na segunda-feira.
-Ah Theo, acontece! E outra, também não é como se fosse difícil achar mulher por aí, né?- respondi, carregando na pose para disfarçar meu desconforto.
-Mas você também se acha, hein?- sempre reparava em um misto de inveja e admiração no jeito que o Theo falava de mim, o que me deixava orgulhoso- Aliás Duzão, a gente bem que podia ir com o Leandro naquele bar de novo essa semana! Vai ter jogaço dos Lakers na sexta!
Mulher e os Los Angeles Lakers. As duas únicas coisas que faziam o Theo levantar da cama toda manhã:
-Putz, não sei não, cara… tava pensando em ir pra outro lugar, só pra variar…
A última coisa que eu queria era voltar para aquele bar. Mas o motivo, claro, eu não podia contar para o Theo. Afinal, foi ali que depois de tantos meses de esforço para refazer minha vida depois do término com o Dani, a a porra de um novinho gaúcho me fez cair em tentação!
E se ele aparecesse lá de novo? A verdade é que naquela segunda-feira de trabalho, eu ainda estava sob efeito do encontro inesperado com o novinho. Entre uma reunião e outra, minha mente voltava à primeira vez que ele entrou no bar rodeado de amigos, claramente o “alfa” do bando. Lembrava da nossa troca de olhares, da minha caminhada envergonhada até o banheiro. Do beijo explosivo depois de passar a chave na porta. Da cara de puro tesão dele quando minha bunda escapou da cueca. De mim deixando escapar um “me faz puta” desesperado. Da nossa respiração ofegante, da mão dele na minha cintura. E do volume enorme do garotão se revelando na calça.
Mas o que não saía mesmo da minha cabeça era a imagem- e a sensação!- daquele novinho safado, pauzudo, com a porra da camisa do Internacional, me comendo até me fazer de gozar de pau mole! Toda vez em que me olhava no espelho, me lembrava daquela cena. Que vergonha! Um moleque com quase da metade do meu tamanho rindo da minha cara, me chamando de “broxa” e me pedindo para eu “gozar pelo grelo”! O que me deixava agoniado, mas agoniado de verdade, era lembrar de uma frase que o babaca do Will uma vez me disse no vestiário, naquele dia em que a “Dudinha” foi revelada para toda a galera
“Mano, tu é tão fêmea que daqui a pouco teu pau é capaz de nem mais funcionar…”
Ficava arrepiado só de pensar nisso. Será que minha transformação em puta tinha chegado…nesse ponto?
-Ah, qual é Duzão? Bora lá mano, na semana que vem a gente vai em outro!
-Tá, eu vou pensar…- falei desanimado
-Boa Du! E diz aí, quem sabe tu não encontra com a mesma mina lá, né não?
Caralho, o moleque realmente tava encafifado com a Bianca! Com tanta mulher em São Paulo, não conseguia entender essa fixação! Parecia que ele tava mais animado do que eu por esse reencontro. Aliás, parecia não. O Theo de fato estava mais ansioso do que eu para ver de novo a menina. Sendo honesto, confesso que mal me lembrava do rosto dela.
Do gauchinho, por outro lado…
No final, a insistência do Theo levou a melhor. Fomos no bendito bar pra assistir o bendito jogo dos Lakers. A todo momento, olhava por cima do ombro em direção à porta de entrada, com medo de reencontrar o sorriso malandro do novinho. Toda vez que entrava um grupo de moleques, meu coração apertava: será que era o gauchinho chegando?
-Que tensão é essa toda, Du?- o Leandro perguntou, durante um dos intervalos do jogo. O Theo foi quem respondeu por mim.
-Ah Leandro, ele não te contou não? Esse daí tá todo na expectativa de reencontrar aquela ruivinha da semana passada!
-Vish, sérião? Putz Du, mas quem mandou comer bola e não pegar o insta dela, né porra?
-É, é…- disse qualquer coisa, apenas para não deixar meu amigo sem resposta. Foi quando ouvi a porta se abrindo mais uma vez. Mas como o bar estava lotado, tive dificuldade de ver quem tinha chegado.
Fiquei ainda mais agitado. Por algum motivo, achei que era o novinho quem tinha aparecido por lá. Que doidera: se eu tava com tanto medo de reencontrar o moleque, porque tinha topado voltar para aquele bar? Estiquei a cabeça para cima para tentar identificar os recém-chegados, desviando da multidão de caras e minas bebendo, rindo alto, flertando…
-Ih, olha só quem chegou!- o Theo sorriu, colocando a mão no meu ombro- hoje é teu dia de sorte, Duzão!
Então, daquele mar de gente, surgiu a Bianca e a mesma amiga que tinha conhecido antes. Meus amigos ficaram enlouquecidos ao ver que o plano do Theo tinha dado certo. As meninas também deram um risinho tímido, como se também tivessem tido a mesma ideia. Mas eu, que devia estar pulando de alegria, fiquei decepcionado.
Foi aí que caiu minha ficha. Eu não estava com medo de trombar de novo com o gauchinho. Pelo contrário: tinha voltado ali justamente esperando por esse reencontro. Tava doido para acompanhar o gatinho até o banheiro mais uma vez, enquanto os tontos dos meus amigos se divertiam com o basquete. Para que ele me botasse pra mamar, me chamasse dos piores nomes, me comesse comigo empinando o rabo na pia. E porra, me fizesse gozar de verdade!
“Porra Eduardo, você anda, anda e anda, pra sempre cair no mesmo lugar!”. Lá estava eu de novo, depois de tanto trabalho, correndo atrás de macho! Como um flash, lembrei de todas as humilhações que passei desde quando conheci o Dani. Sim, eu amava o Dani, ele era carinhoso e meu melhor amigo. Mas isso não significava que aquelas zoações que ele, o Will e o Fred faziam não passassem do ponto de vez em quando! Por mais que tentasse segurar a onda, eles pareciam sempre estar um passo à frente, prontos pra me humilhar. Lembrei então do gauchinho zoando a minha cara, dizendo que eu iria broxar com a Bianca se fosse transar com ela. Ah, se encontrasse aquele garoto mais uma vez, ele iria ver quem era o homem de verdade ali!
-Olha só, que bom te ver de novo!- a Bianca veio falar comigo, fazendo charme- o que aconteceu? Você sumiu na sexta passada!
“Foi mal gata, tava dando para um novinho no banheiro do bar”, passou pela minha cabeça.
-Fica tranquila! Dessa vez não sumo não! Qual bebida você quer?
E assim engatamos uma conversa, que não demorou muito para virar uma transa no meu apartamento, e depois se transformar em um segundo e um terceiro encontro. Quando me dei por mim, começamos a namorar em questão de poucos meses, numa velocidade que até me assustou. Foi o fim daquela fase de solteirão, que tanto tinha feito minha fama com a galera do escritório. Todos os meus amigos não cansavam de repetir que eu era um “cara de sorte” por ter arranjado uma namorada tão gostosa, assim como as amigas da Bianca também viviam dizendo que ela era uma “garota de sorte” por ter fisgado um “partidão” como eu.
Enfim, estava feliz. Era como se eu finalmente tivesse voltado ao “ponto zero” antes do Dani aparecer na minha vida e virar de tudo de cabeça pra baixo. Vivendo um bom momento na carreira, com um grupo da hora de amigos, uma mina gata ao lado. É, era isso. O mundo tinha voltado ao normal.
Tinha momentos em que eu, de tanto me forçar, realmente acreditava em tudo isso.
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Eu e a Bianca saímos do shopping, depois dela ter me ajudado a escolher as novas roupas para o trabalho. Tinha tirado uma folga na manhã daquela terça, mas combinei com meu chefe de voltar para o escritório logo depois do almoço. Quando cheguei lá, já imaginei que o trabalho estaria a todo vapor. Mas a realidade sempre surpreende! Enquanto tentava me atualizar do um milhão de coisas que rolaram durante a manhã, conferi na minha agenda que tinha uma reunião com um possível cliente marcada para aquela tarde.
Na verdade, nem era para eu participar dessa reunião a princípio, mas meu chefe acabou me convocando de última hora. Segundo ele, o Theo, que estava à frente do caso, precisava da ajuda de alguém mais experiente para dar conta do caso. Pelo o que eu sabia, era algo relacionado a um cara muito rico que estava tendo alguns problemas legais com o registro de propriedades que ele tinha herdado. Nada muito complicado, mas que precisava de uma certa atenção.
Atrapalhado com tanta coisa pra fazer, nem cheguei a ler o material que o Theo tinha preparado sobre o caso. Como ele também estaria na reunião, pensei em deixar ele tocar o barco dessa vez, para só depois me inteirar dos detalhes:
-Eduardo, tudo pronto pra daqui a pouco?- o Mauro bateu na porta um pouco antes do horário marcado para a reunião.
O Mauro, um dos sócios do escritório, tinha sido meu chefe direto desde que eu havia entrado. Por mais que eu tentasse reprimir meu tesão por outros homens, estaria mentindo se dissesse que nunca achei Mauro um puta de um cinquentão tesudo. Com o cabelo grisalho bem curto, ele não era daqueles tiozões malhados de academia, mas tinha o peito largo e as pernas grossas, resultado dos anos de exercício físico. Além disso, ele tinha um ar bronco, bem machão das antigas, que me fazia lembrar dos tios da minha família, que nos almoços de domingo sempre se reuniam depois da refeição para assistir ao jogo de futebol.
Mas sem dúvida, a coisa do Mauro que mais me atiçava era aquele baita volume na calça dele. Parecia que ele usava uma meia enrolada na cueca, de tão grande que era! Era piada até entre as secretárias, que sempre estavam rindo da mala do “Dr. Mauro”. No tempo em que ia de vez em quando de calcinha pro escritório, confesso que cheguei a fantasiar de encontrar meu chefe no banheiro e- “sem querer”- revelar um pouco da rendinha rosa que eu usava por baixo das minhas "roupas sérias".
-Opa, tudo em ordem!- respondi ao mesmo tempo que me levantava, abotoando o paletó cinza com uma mão e pegando o notebook com a outra.
A secretária nos avisou que a principal sala de reuniões do escritório, localizada no andar de cima, estava pronta para a reunião. “Porra, esse cliente deve ser importante, para reservarem justo essa sala!”, pensei comigo mesmo. No caminho até lá, eu e o Mauro passamos por vários espelhos, no elevador e pendurados nos corredores. Confesso que ver de roupa social completa sempre me dava ânimo antes das reuniões que prometiam ser difíceis. Na minha cabeça, desde pequeno, vendo meu pai se arrumando para ir ao trabalho, era o que um homem de verdade deveria vestir. E pegar os olhares indiscretos das meninas- de alguns caras também- sempre me davam uma injeção extra de confiança!
-Eduardo, sei que vou soar repetitivo, mas preciso que você dê prioridade para esse caso.- meu chefe insistiu, parando um pouco antes de entrar pela porta- ele é de uma família muito influente, e se a gente fizer um bom trabalho com esse caso dos imóveis, quem sabe quantos não vem pela frente!
-Pode deixar, eu…
Não tive tempo de terminar a frase. O Mauro abriu logo a porta da sala de reuniões, que tinha a mesma aparência das salas que vimos nessas séries de advogado americanas. Ampla, com uma mesa comprida no centro, além de uma janela envidraçada, com uma vista impressionante da Avenida Paulista. O Theo já estava ali, fazendo sala para o tão visado cliente, que estava sentado de costas para a porta. Num primeiro momento, tudo o que notei dele foi o cabelo extremamente loiro e que, mesmo sentado, parecia ser um cara bem alto.
Mas o suspense não demorou muito. Em um instante, ele virou a cadeira e se levantou para nos cumprimentar:
-Ah, NÃO! É coincidência demais pra ser verdade! Quando me falaram que seria um tal de Dr. Eduardo que iria tomar conta do meu caso, quando iria imaginar que seria logo você, Du?
Rico, alto, loiro, bem-humorado. Não consegui esconder meu choque quando vi que quem estava na minha frente era ninguém mais, ninguém menos, que o Fred, meu antigo parça do fut! Sim, o mesmo Fred que…bom, simplesmente me comeu na noite do casamento dele, dentre tantas outras aventuras!
Fazia um pouco menos de um ano que não via meu amigo. Mas o loirão não tinha mudado nada. O terno impecável azul-marinho caía perfeitamente naquele corpo esguio e musculoso. A pele quase tão dourada como o cabelo mostrava que o marido da Nicole continuava vivendo a boa-vida, tomando sol pelas praias mais bonitas do mundo. Com aquele mesmo ar confiante e despreocupado, de quem tem o mundo aos seus pés:
Fiquei desconcertado. Cumprimentei meu antigo amigo completamente sem jeito, olhando para baixo e gaguejando qualquer coisa. Enquanto apertava a mão do Fred, minha mente foi tomada pela lembrança de mim engasgando com aquelas bolas gigantes dele, enquanto a noivinha dele se divertia na pista de dança!
-Mas então vocês já se conhecem?- o Mauro me perguntou, em parte parecendo feliz com a surpresa, em parte com um tom de “porra, por que você não me disse antes?”
-Se a gente já se conhece?- o Fred deu um risinho malvado, se aproximando de mim e colocando um braço entre os meus ombros- que isso Mauro, eu conheço esse cara aqui tem anos! O tanto que a gente já jogou bola juntos! Se vocês soubessem de cada história que eu tenho pra contar dele…
A mão de goleiro do Fred, quase tão enorme quanto aquelas luvas de cozinha, apertou com mais força meu ombro.
-Ué Du, por que você não falou nada pra gente?- achei que o Theo estava com ciúmes da minha amizade com Fred. Já o Mauro continuou a olhar fixamente para mim, também curioso pela resposta
-Ah, eu…eu…desculpa, mas acabei esquecendo de contar! Ando com a cabeça tão cheia do trabalho que deixei passar!
-Ah, mas a gente vai ter tempo para colocar o papo em dia!- o Fred assumiu a direção da conversa, ainda sem tirar o braço do meu ombro- vou falar que estou curioso para saber como você é no trabalho, Dudinha! OPS, quer dizer, dr. Eduardo!
Ele então riu, apertando mais uma vez o meu ombro. Ao ouvir meu “nome secreto”, meu coração gelou. Era como uma fresta aberta para o passado. Fiquei morrendo de medo do Mauro e do Theo ouvirem. Mas felizmente, como eles já estavam se sentando para começar a reunião, pareciam nem ter se dado conta.
Agora, se eu achei que o atrevimento do Fred fosse parar por ali, tava enganado. Discretamente, passando por trás de mim para tomar o seu lugar, ele veio cochichar no meu ouvido:
-Quanto tempo hein, Du? E porra, você continua a mesma gostosa de sempre!
E de repente, ele apalpou minha bunda com aquela mãozona. Com gosto, como se estivesse mesmo matando a saudade! Toda a cena durou por um milésimo de segundo. Quando me virei surpreso para trás, ele já tinha se sentado, passando a conversar naturalmente com meu chefe e o Theo. Fazia meses que nenhum outro cara- e nem mina, na verdade- encostava a mão ali. E muito menos me chamava de “gostosa”! Sem saber como reagir, me sentei também, fingindo que nada tinha acontecido.
Que ódio! Era isso o que mais me deixava com raiva: falava um milhão de vezes para mim mesmo que não deixaria nenhum cara mais fazer algo daquele tipo comigo. Mas quando chegava na hora, eu sempre fraquejava! Até pouco tempo antes eu podia estar me sentindo o rei do mundo, me achando inabalável no meu terno de advogado, ansioso para passar a noite com a Bianca. Mas poucos minutos com o Fred já foram capazes de arrasar com minha autoconfiança.
Minha mente viajou de novo. Aquela mão boba do Fred me trouxe de volta para aquela noite em ele me ergueu, me fodendo com as pernas nas jogadas pro ar. Lembrei da daquela vara enorme me preenchendo, do barulho do sacão do loiro batendo na minha bunda. Do suor dos nossos corpos se misturando. Do meu pau duro, babando, batendo no abdômen definido dele, acompanhando o ritmo da bombada. E do noivo da noite falando sacanagem no meu ouvido. Chamando meu cu de “ bucetão da por…”
-Então Eduardo, podemos começar?- a fala do Mauro me fez cair na realidade. Sorte que eu estava sentado. Assim ninguém pode notar no melado que surgiu na frente da minha calça.
A reunião correu sem problemas. Pouco a pouco, o charme do Fred foi conquistando meu chefe e meu colega de trabalho, que não se cansavam de puxar o saco daquele cliente em potencial. Até mesmo o Mauro, que não era de se deixar levar por qualquer tagarela que surgisse por aí, foi se desarmando durante a reunião. É, parecia que eu não era o único que tinha sido seduzido pelo Fred!
Foi bizarro presenciar aquele momento. Duas partes da minha vida, que eu tanto tinha me empenhado para manter separadas, colidindo em câmera lenta, sem nada que eu pudesse fazer para evitar. No meio da conversa, o Fred virou a cabeça de leve na minha direção. Deu um sorriso de canto e uma piscadinha safada clássica. Como quem fala: “fica ligado, que eu posso contar a qualquer momento o que eu sei sobre você!”. Imaginei a cara do Theo, que tanto se inspirava em mim, descobrindo meu passado secreto. Sem falar no meu chefe, que sempre era tão sério, descobrindo que um dos advogados favoritos dele já tinha vindo trabalhar no escritório usando calcinha!
Nervoso, olhava toda hora para o relógio pendurado na parede. Batia o pé embaixo da mesa, intervindo na conversa o mínimo possível, só para marcar presença. Foi um alívio quando enfim todos se levantaram para ir embora:
-Perfeito, Fred! A gente marca uma outra reunião daqui a um mês para te atualizar então!- o Mauro, feliz da vida que tinha fechado negócio, já até chamava meu amigo do fut pelo apelido.
-Poxa, vocês não sabem como isso me tranquiliza! Bem que me falaram que aqui era um escritório de primeira!- e nisso o Fred olhou mais uma vez para mim- ah, e aliás, para celebrar essa parceria, vai ser um prazer receber todos vocês no almoço de aniversário do meu casamento no final do mês!
-O o o..quê?- gaguejei, enquanto apertava a mão do meu amigo safado.
-Por favor, não quero saber de desculpa! Vai ser na casa de praia da minha família, mas nada muito grande- em geral, o “nada muito grande” do Fred era um evento do tamanho de um festival de música- e especialmente você, Du, que vai ser meu convidado de honra! Depois peço pra minha secretária passar os detalhes!
Pelo espelho notei minhas bochechas ficando roxas de vergonha. Cada comentário com duplo sentido do Fred me fazia suar frio. O Mauro concordou com a nossa presença na festa sem pestanejar, claramente só pensando nos frutos que aquela nova parceria poderia trazer. Terminada a reunião, acompanhamos o Fred até o hall de entrada. Quando o elevador chegou, me despedi dele rápido, desviando os olhos. Queria mais que tudo evitar o olhar irônico daquele cara que me conhecia muito melhor do que todos os outros que estavam ali. Um cara que conhecia a minha personalidade secreta- e experimentado tantas vezes a “Dudinha” em primeira mão!
Quando vi com meus próprios o Fred entrando e sumindo atrás da porta do elevador, finalmente achei que podia retomar minha vida:
-Caralho Du, que amigo da hora! Por que você nunca convidou ele para uma noite do basquete?- o Theo falou baixinho no meu ouvido, para que o Mauro não pudesse ouvir. Mas antes de bolar uma resposta, meu chefe cortou nosso papo.
-Sinceramente, Eduardo! Um contato desse e você com a cabeça na lua! Nem parece advogado!- o Mauro ficava um tesão quando nervoso, bufando pelas narinas e mordendo o lábio. O volume na calça continuava enorme como sempre- e nem pense em não ir nesse almoço. A partir de agora, esse seu tal amigo do futebol vai ser a sua prioridade número 1!
Caminhei até a minha sala ainda desorientado. O reencontro com o Fred me abalou mais do que eu imaginava. A verdade é que eu morria de medo de topar de novo com alguém da velha galera do fut. Mas nesses momentos sempre me tranquilizava, dizendo pra mim mesmo que eu que se eu soubesse quem eu era, ver de novo o Fred ou o Will na rua não seria nada demais. Até parece!
Agora, o pior de tudo tinha sido aquela porra de convite para a festa de aniversário de casamento dele. Só a possibilidade de rever toda a turma do fut reunida fazia meu peito apertar. E como contornar essa situação com a Bianca, então? Sem falar na chance de reencontrar o Dani, que depois de eu ter finalmente colocado minha vida nos eixos, me parecia uma loucura. Às vezes me pegava pensando em como ele estaria, se já teria arranjado uma nova pessoa, se ele estaria feliz. Mas eu resistia firme à tentação de procurar ter notícias. Se eu estava falando sério em deixar o passado no passado, tinha que ser radical.
Me sentei na minha cadeira desabotoando a camisa e arregaçando a manga, querendo ter nem que fossem só cinco minutos de paz. Com os olhos fechados, escuto um “toc toc” na minha porta, que se abre logo depois:
-Opa Du, tudo bem? Posso trocar uma palavrinha contigo?- reconheci quem era só pela voz.
Claro que as palavras “paz” e “Fred” não costumam andar juntas na mesma frase!
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Espero que tenham gostado (e quem curte o Fred, matado a saudade rs). Se curtiu, não deixe de dar estrelas e comentar! E ano que vem, já chega novo conto da saga do Thiago!