Oi, gente! Decidi escrever uma história hot dessa vez, mas sem perder o romantismo (sou desses). Espero que curta a saga do Stefano (Alejandro).
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— Noite fria do caralho! — exclamei, enquanto acendia um cigarro para espantar o frio.
Odeio São Paulo! Odeio o inverno de São Paulo! Se eu pudesse voltar no tempo, na época em que fugi de casa, com certeza não escolheria morar nesse lugar de merda. Mas, o que eu faço a respeito? Nada. Sou um filho da puta acomodado demais para dar uma guinada na minha vida.
Os meus devaneios são atrapalhados quando o primeiro cliente chega. É um velho, de mais ou menos, 60 anos e, provavelmente, deve ser casado e com uma penca de filhos. Esses são os que mais me procuram. No fundo fico feliz, porque não sou o único prejudicado nessa vida.
Cabelos brancos, olhos pretos, barba rala e um cheiro embriagante de perfume. Gosto de analisar os meus clientes, virou uma mania minha. Procuro os pontos fortes da pessoa, afinal, trabalho com bajulação. Sou responsável por atender fantasias latentes de pessoas frustradas.
O nome do cliente é Antônio. Começamos um verdadeiro leilão dos meus dotes. Ele quer pagar R$ 50, mas uma hora do meu tempo é R$ 120. Então, o Antônio oferece R$ 70 e um relógio. Eu quase aceito, só que preciso manter a porra da aparência.
Reviro os olhos, soltando a respiração forte com direito a fumaça, pois, estamos no meio da Avenida Augusta com os termômetros marcando 9º graus. Vai se foder, São Paulo!
Desisto de barganhar e uso a última tática que é, simplesmente, me afastar.
— Ei, garoto. Espera! — grita Antônio, em um tom mais urgente do que o normal. Volto e me encosto na janela. — R$100 e o relógio. É a minha última oferta.
— Ok. — finalmente cedo e entro no carro, um fiat UNO preto e bastante conservado.
Imagino que seu Antônio deve ser um daqueles que ama carros antigos. Eu não entendo muito de automóveis, porém, tenho quase certeza que aquela restauração custou uma nota.
De forma tímida, ele pega na minha coxa e aperta. Não trocamos uma palavra até o motel mais próximo. Antônio entra, abre o vidro do UNO até a metade e pede uma suíte. A atendente demora mais que o habitual, porém, entrega a chave do quarto 10.
Nem sei quantas vezes já passei por isso. É como a caceta de um déjà-vu infinito. Só que algo muito estranho acontece comigo quando entramos no motel. É como se um interruptor fosse ativado e o Stefano Garoto de Programa assumisse o meu corpo.
O sexo nunca foi algo importante para mim, quer dizer, eu iniciei minha vida sexual cedo, muito cedo. Obrigado, papai querido. Aquele verme alcoólatra e homofóbico. Espero que apodreça no inferno. Desculpa, infelizmente, não vou ter uma história fofa ou romântica sobre a primeira vez que transei. Só lembro de dor, agonia e vontade de morrer.
Observo o quarto do motel. É o mesmo padrão de sempre. Uma cama coberta com um tecido fino, mas o colchão é envolto a uma espécie de plástico, acho que facilita a limpeza. O frigobar que quase ninguém usa, porque a porra de um refrigerante custa R$ 10. Espelhos, não posso esquecer dos espelhos. Tenho a sensação que pessoas nos observam atrás daqueles espelhos e eu fico com mais tesão.
Finalmente, consigo me livrar da porcaria do casaco. O clima dentro do quarto é maravilhoso. Tiro a camisa de manga, o tênis e a meia. Então, fico perambulando pelo quarto apenas de calça jeans skinny com cortes nos joelhos.
O Antônio me observa. Acho que ele deve ter várias taras escondidas. Confesso que pessoas safadas me deixam excitadas. De acordo com a minha colega de quarto, eu sou pan sexual, ou seja, o gênero e sexo da pessoa não são fatores determinantes para que uma atração apareça.
Claro que tenho meus limites, por isso, sempre ando com umas pílulas mágicas no meu bolso. O Seu Antônio está pelado na minha frente. É, acho que é um dos dias que vou precisar tomar uma pílula mágica. Ele se aproxima e toma em meu peitoral. Não sou o cara mais malhado do universo, mas graças a Izzie, a minha colega de quarto, comecei a frequentar uma academia e o resultado está aparecendo.
Peço licença e vou até o banheiro. Aproveito que estou só e mando uma das pílulas mágicas para dentro. Durante esses anos, aprendi a engolir qualquer pílula sem precisar de água. Podem chamar de talento natural da porra.
Volto para o quarto e Seu Antônio está deitado na cama com o caralho de uma calcinha vermelha. Sério, eu precisei segurar o riso para não deixar a situação ainda mais constrangedora. Como eu preciso ganhar uns minutos para que o remédio faça efeito, me aproximo dele e peço para que ele tire o meu cinto.
Eu aprendi que o sexo é um jogo de sedução. Aquele que tem o poder pode conseguir o que quiser apenas com uma ordem. O Antônia olha de uma forma diferente, como se estivesse gostando das ordens. No universo do sexo, ele é considerado uma cross-dresser, ou para abreviar C.D, um homem que gosta de usar peças femininas.
Aos poucos, sinto o efeito do remédio enrijecendo o meu pau. É uma sensação prazerosa. Para a cartada final, faço uma espécie de strip-tease para o Antônio. Percebo que a minha cueca slip preta da Calvin Klein chama a sua atenção, quer dizer, o volume por trás da cueca.
Não gosto de me gabar, porém, Deus foi muito bondoso comigo. Muitas pessoas dizem que eu tenho uma beleza óbvia, o garoto moreno e forte do interior do Pará. O meu maxilar é forte e quadrado, meus músculos em constante desenvolvimento, apesar de um cliente fixo confessar que me preferia magricela, alguns homens tem tesão em caras magros e pauzudos.
Com um apetite feroz, o Seu Antônio me ataca e tira a minha cueca. Seus olhos brilham quando o meu pau pula, quase próximo ao seu rosto. Fecho os olhos e imagino o Klebber Toledo me fazendo um oral. Entre os meus muitos talentos está a porra da imaginação fértil.
Quando eu era mais novo, não tinha acesso a pornografia, então, precisava imaginar minhas próprias fantasias sujas como, por exemplo, transar com o meu professor de Geografia ou o rapaz da ONG que levava material escolar. Virei craque em imaginar e, cara, isso salvou o meu emprego de GP.
Não vou mentir, a boca do seu Antônio é uma delícia. Ele mama com força e habilidade. Não precisei fazer nada, apenas fiquei parado em sua frente, enquanto, o mesmo se esbalda na minha rola. Sinto o meu pau passar pelo sininho da garganta e o seu Antônio segura minha cintura para forçar mais.
— Tá sedento, putinho? — pergunto deixando a voz mais grossa para o delírio de Antônio.
— Sim. — ele confessa, deixando o meu pau e indo em direção às bolas.
— Isso. — falo ofegante, aproveitando uma ótima oral.
Como "Garoto de Programa", eu não beijo. Detesto qualquer intimidade com os meus clientes. Eu sei, parece estranho, né? Mas, caralho, eu sou um cara à moda antiga, algumas coisas só faço com o meu parceiro (e não, não estou namorando ninguém).
Eufórico. Não existe outra palavra para definir o seu Antônio. Aquele homem recatado e quieto sumiu, ali na minha frente estava uma vadia, uma vadia gulosa.
Definitivamente, essa não é a pior transa da minha vida. Já fiquei com pessoas mais estranhas e sebosas. Esse é o maior risco desse caralho de profissão. Gosto de chamar o meu trabalho de roleta-russa, alguns clientes são ótimos, outros prefiro nem comentar.
— Nota 7. — pensei, enquanto o Antônio voltava a mamar o meu cacete.
— Quero que me foda gostoso. — ele soltou. — Mas, quero ficar com a calcinha.
— Tudo o que minha princesa quiser. — falei, tentando agradá-lo. Alcancei o preservativo, o retirei da embalagem e encapei o meu pau. — Como você prefere, bebê?
— De frango assado, gosto de ver o macho me fodendo. Eu posso filmar? — ele questiona.
Não tenho frescura. Eu os compreendo. Algumas pessoas são tão solitárias que se apagam ao mínimo como guardar no celular uma transa com um GP. Uma das minhas muitas regras? Só filma da cintura para baixo.
— Claro. Nada de mostrar o meu rosto. — pedi, pegando o lubrificante que carrego comigo e untando o meu pau, enquanto seu Antônio pega o celular.
Novamente, uso a tática da imaginação. O Klebber Toledo aparece na minha frente. Ele é sexy e deseja ser possuído. A luz da câmera me atrapalha, mas através de um dos espelhos consigo ver que o Antônio respeitou a regra e não está mostrando o meu rosto.
A gravação me excita. Pequenas coisas conseguem me excitar. Eu começo devagar, penetro e espero o cliente se acostumar com a pressão. Uma mão uso para segurar uma das pernas dele e a outra uso para deixar o meu pau o mais reto possível, dessa forma, a penetração é mais tranquila.
Não demora muito e os meus 23cm estão dentro do Antônio. Ele faz uma expressão de dor, outra coisa que me excita e facilita a minha vida, afinal, não tem chance da rola amolecer. De maneira constante e forte, vou aumentando as estocadas, fazendo o Antônio delirar.
Nessa altura, ele até deixou o celular de lado e aproveitou toda emoção de ser a minha putinha. Sou insaciável. Quero dar o melhor para ele, afinal, fidelizar a clientela faz parte do negócio. Em um movimento frenético, seu Antônio passa a se masturbar.
Olho para frente e me vejo no espelho. Caramba, estou ficando forte mesmo. Os músculos estão enrijecidos, o suor escorre pelo corpo e a minha virilha não para de se mexer. O grito de seu Antônio é música para os meus ouvidos.
Em jatos, ele mela a própria barriga. Agora é o meu momento, começo a urrar e finjo um orgasmo. Nem o Klebber Toledo fingiria uma "gozada" tão boa assim. Ligeiro, peguei o preservativo, tirei do pau e enrolei para jogar no lixo.
Essa técnica aprendi com um grande amigo meu, o Enrico. O filho da puta conseguiu sair dessa vida e agora é uma dona de casa paulista, conseguiu o famoso 'Sugar Daddy'. O que a pessoa não faz por amor, né? Eu não consigo. Tudo bem, fingir por uma ou duas horas, mas ter que colocar uma porra de máscara nas 24 horas do dia, Deus me livre. Prefiro ser um fodido, porém livre.
Aproveito para tomar um banho, o seu Antônio vai em seguida. Quando ele volta, já estou vestido da cabeça aos pés. Conversamos um pouco, até que bingo, ele pede o meu contato. Pego o celular dele e anoto o meu número sob o nome de Alejandro.
— Você é muito gostoso. Valeu cada centavo. — comentou Antônio me entregando o dinheiro e o relógio.
Mais um cliente feliz e realizado. Peço para que seu Antônio me deixe na Avenida Augusta. Aquele é o melhor lugar para ficar e já fiz amizade com algumas travestis que ficam naquela área.
Pode não parecer, mas o universo dos GP's é muito complexo. Não sei se foi sorte ou uma graça do universo, porém, nunca corri nenhum tipo de risco nas ruas. Ao descer do carro, esbarrei em Nicky Balick, uma transexual de quase dois metros de altura.
De corpo truculento, mas coração acolhedor, a Nicky é a melhor pessoa que conheço. Depois da Izzy, claro. Deus me livre se ela ouvir isso, sou um homem morto.
— Ei, Nicky. — a cumprimentei.
— Alejandro. — ela diz de maneira sarcástica. — O que um menino tão bonito faz uma hora dessas na Augusta?
— Descolando uns trocados. Essa beleza não é eterna. — respondi piscando e rindo.
— E essa arma? — Nicky questionou, dessa vez, olhando para o pacote que se formou na minha calça skinny.
— Usei a pílula mágica. — expliquei fechando o casaco para disfarçar a ereção. — No fim das contas, nem precisava. Cliente da boca gostosa.
— Ah, você e suas famosas regras, Stefano. — Nicky disse o meu verdadeiro nome e dá uma risada. — Ainda segue todas à risca?
— Sim, claro. Facilita muito a minha vida de GP. — afirmei, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta, porque o frio voltou a atacar.
Tenho uma lista de regras para facilitar a jornada neste mundo de putaria.
1 - Sempre usar preservativo;
2 - PrEP é vida;
3 - Sem beijos;
4 - Sem drogas;
5 - Remédio mágico só em extrema necessidade;
6 - Nunca se apaixonar;
7 - Estou falando sério, nunca se apaixonar mesmo;
Já me apaixonei por clientes. Eu era novo e tinha acabado de chegar em São Paulo. No meu terceiro cliente, me apaixonei. Foi uma relação abusiva e que me gerou vários gatilhos, mas graças a Deus, o filho da puta teve um ataque do coração e morreu. A partir daí, só peguetes e amigos com benefícios. Assim escapo de porra de drama e namorados escrotos.
O nosso bate-papo foi interrompido por um carro que buzinou. O motorista apontou para Nicky, que arrumou os seis e abriu o casaco de látex, seguindo em direção ao cliente. Após uma rápida negociação, a Nicky entrou e desapareceu na noite de São Paulo.
Acendi um cigarro e fiquei olhando para o movimento da rua. Aquela altura, já haviam poucas pessoas transitando, a maioria já estavam em alguma balada ou dormindo sossegado em sua casa.
— Me ajuda! — exclamou um rapaz loiro, que parecia ter saído de um daqueles filmes de terror B. O seu estado era deplorável e eu não soube como reagir.
— Que porra! — gritei assustado, deixando o cigarro cair no chão.
— Eles querem me matar. — ele disse com uma urgência em sua voz.
— Caralho. — soltei olhando em volta, com medo que aparecesse um maluco segurando a porra de um facão. — Cara, eu não quero confusão.
— Por favor, me ajuda. Eu não quero morrer. Eu sou jovem demais. Quero terminar o meu mestrado. Apenas me ajuda. Eu te pago. — pediu o rapaz com a mão na barriga e suas roupas rasgadas.
— Puta que pariu. — pensei, observando um grupo de homens vindo em nossa direção.
Tá, eu não sabia onde estava me metendo. Aquele menino loiro e franzino apareceu do nada. Todo machucado e coberto de sangue. Apesar de surradas, suas roupas eram de marca. A camisa era da Gucci, a mesma marca da bolsa que a Izzy parcelou em 200 vezes. Talvez, pudesse rolar um dinheiro e não precisaria fode-lo, no caso, mais ainda.
Em um reflexo, o peguei e coloquei nas minhas costas e saí correndo pela Avenida Augusta. Nunca fiquei tão agradecido por fazer academia. O rapaz não pesava quase nada, ele quase escorregou, então, pedi para que ele segurasse forte.
— Puta que pariu, garoto. Que caralho de confusão você meteu a gente. — falei, enquanto corria pela Avenida Augusta, carregando um rapaz todo ensanguentado.
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