League of Alyssa - Capítulo 4 - A Interceptação

Capítulo 4 – A Interceptação

No fogo eu jogo tudo o que podia ser usado para incriminar o LOD.

E junto a isso foi também os álbuns de foto do ex casal Pedro e Daniela.

- Vocês não precisarão dessas lembranças e memórias. E não só isso, vocês não voltarão para esta casa para rememorá-las. Então é melhor que elas queimem mesmo.

No topo da pilha eu vejo a fotografia dos dois quando eram adolescentes apaixonados se beijando.

E quando ela derrete e os dois somem eu sabia que não havia como voltar atrás.

- Agora só preciso chamar o Raul. Eu cumpri a minha tarefa e garanti a segurança da minha irmã caçula, minha mãe e o dia da semana com a Dani que terei pra sempre.

Eu sento no sofá e não sei porque eu choro copiosamente.

- Não era para eu estar feliz? Eles sofrerão de qualquer forma. Raul sempre desde até quando éramos crianças gostava de se gabar de que o seu pai era policial. Seu super-herói da PF. Com certeza a ameaça que ele fez com a minha mãe contava com a ajuda do papai dele. Eu só não sabia o motivo disso.

No final eu fiquei enjoado e indisposto o dia inteiro e não liguei para o Raul nesse dia.

E nem no dia seguinte.

E nem no seguinte a esse.

E nem no seguinte a esse último e assim por diante e seguinte.

- Caralho, eu tô preocupado com o que?

Foi só quando o Raul estava já me ligando alguns dias depois da queima que eu sou forçado a confirmar a ação.

- Porra, que demora. Eu te dei um tempo para se acalmar. Não férias de uma semana. Realizou a tarefinha que eu te dei?

- Sim. Realizei. Vou te enviar uma foto para comprovar.

Eu envio uma foto da pilha de fuligens, com HDs externos da SEAGATE, fotos, pastas e papel carbonizado.

- Ótimo. Vou confirmar com o time de Interceptação. Eles estão de olho naquele hotel em Cabo Frio que você falou. Os idiotas estão 7 dias aproveitando e nem sabem que a farra deles acabará hoje mesmo.

Então o golpe relâmpago seria dado no LOP mais rápido do que eu imaginava.

- Por favor, só não se esqueça de não machucar a Alyssa.

- Claro. Faz parte do nosso acordo. Não se preocupe. Agora vou desligar que eu tenho que acompanhar ao vivo a operação.

Ele desliga e eu fico ali sozinho na casa do chefe do League of Pedro, contemplando a ruína daquele império que sequer pode prosperar em paz e tranquilidade.

Daniela, em breve estaremos juntos de novo.

Como nos bons e velhos tempos.

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- Aly! Não dá tempo de ir na praia de novo. Vamos, temos que pegar a estrada. A próxima reserva é em Guarapari no SESC de lá.

E bufando a Alyssa faz as malas e se prepara para voltar ao carro.

- Seu chatonildo uWu. Você tem que relaxar mais. Se a viagem e o lazer é muito organizado perde a graça. Confia em mim. Eu fui a gestora e organizadora dos gangbangs com a Dani.

As vezes o humor negro da Alyssa Marinho passava muito do ponto, até para os padrões malucos dela.

- Isso não tem graça, Aly.

- Pedro, a melhor maneira de se superar um trauma do passado é rir dele e caçoar. Então não precisa ficar tão boladinho 😗. Estamos bem e ficaremos bem. E nada parecido com aquilo jamais acontecerá de novo.

- Que seja, vamos para o carro, sua doida.

Eu, Aly, Murilo e Dani voltamos para o carro depois que eu acerto tudo e devolvo as duas chaves dos quartos.

- Mestre, para onde vamos?

- Murilo, eu vou costear e subir para o Espírito Santo. Não se preocupe, se vocês gostaram da paisagem dessa cidade verão ainda a mesma coisa quando passarmos por Arraial do Cabo.

Murilo já tinha se habituado faz tempo a me chamar de Mestre e eu já não o proibia. Ele só evitava esse uso em público, pelo menos isso.

No desenrolar dessa tarde fica tudo bem como sempre e seguíamos com uma música chata tocando via Bluetooth.

‘’All my memories gather 'round her

Miner's lady, stranger to blue water

Dark and dusty, painted on the sky

Misty taste of moonshine, teardrop in my eye’’

- Porra, vocês só escutam Country? – Eu pergunto.

- Country é ideal para se escutar ao viajar de carro. É tão nostálgico 🥺.

‘’Country roads, take me home

To the place I belong

West Virginia, mountain mama

Take me home, country roads’’

E quando eu olho relaxado e feliz para a janela esquerda uma van negra interrompe a música e tudo o mais.

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O que foi isso?

Eu acordo zonza e minha última memória recente era a de um carro girando na estrada e caindo entre dunas.

Quando eu consigo recuperar um raio maior de visão fora de uma turvação e confusão mental, eu reparo que estava sentada em um solo de areia branca com alguns matinhos rasteiros crescendo, tudo isso cercado e coberto por palafitas toscas de madeira que me lembraram uma espécie de quiosque abandonado de beira de praia.

- Eai, o dinheiro está todo aí?

- Sim. Eles não gastaram essa grana. Demos sorte de recuperar todo o dinheiro.

Ao olhar para o meu pulso eu vejo aquela fitinha branca de algum material muito resistente e que colocam em pessoas sequestradas em filmes.

E ao olhar para o lado eu vejo a Daniela e o Murilo com as mesmas amarras nas mãos e com suas cabeças baixas. Todos nós estávamos com algumas escoriações e sangramentos, além de roupas sujas e rasgadas com cortes superficiais.

Cadê o Pedro? 😨

- Moço? Quem são vocês? Onde está o Pedro?

- Cala a boca, vadia!

Um deles me dá um tapão tão forte que eu quase desmaiei de novo com o impacto seco e pesado.

Aquela mão dura como pedra não era como o de um adolescente. Mesmo na época que eu era chamada de Olívia Palito eu estava acostumada a brincar e até brigar com meninos mais velhos.

Era a palma sólida de um adulto ali me batendo.

- Acho que a putinha deve estar falando do motorista distraído. Ele morreu na hora colisão lateral da nossa Interceptação. A gente enterrou ele embaixo desse casebre. Os outros estavam acordados e choraram bastante. Imagino que ele foi alguém importante pra vocês.

E eu olho uma pá encharcada de sangue e só agora eu noto que onde eu estava sentada a terra possuía um aspecto de recém revolvida.

- Bloh! – Eu vomito na hora perante a realização daquele absurdo.

- Que isso, homenageando seu amigo assim? Mais respeito com a cova rasa dele. Kkkkkk.

Em choque eu olho para a Dani e o Murilo. Ambos estavam acordados e inertes. Como se eles não só soubessem disso, mas também houvessem testemunhado esse inferno e suas almas queimado, deixando unicamente seus corpos ocos e sem reação.

- O dinheiro está todo aqui. Contagem feita e a numeração bateu certinho. O que faremos com eles?

- Olha, meu contato na PF veio com um papo de trazer esses três sobreviventes para o filho dele. Eu já desliguei e caguei para essa bobajada toda. Não vou botar o meu na reta por um fetiche do filho melequento de um agente da Polícia Federal. Matem o rapaz e levem as garotas.

E então um deles saca uma faca tática preta e puxa o Murilo pelo cabeço para esticar o seu pescoço.

E sorrindo o meu melhor amigo de infância diz.

- Alyssa e Dani, se cuidem. Mestre Pedro não gostaria de ver vocês tris-

E o homem corta a jugular dele e o larga morto e estrebuchando em uma poça de sangue na areia branca que trata de absorver os fluidos carmesins.

- NÃO!!! MURIMURI!!! MURIII!!! 😭😭😭

Agora eu tomo um soco ao invés de um tapa.

- Cala a boca, piranha. Se fizer barulho vamos te dar o mesmo fim que demos a esse bichinha chorão de agora.

(E eu me calo)

- Resolvido. Vamos levar o dinheiro para a Cidade do Leste e as meninas. O líder do cartel local, o Domingo Martínez, gosta de umas novinhas frágeis assim. Ele vai aceitar o atraso da remessa se vier acompanhada com um brinde. Vamos!

E eles pegam a Daniela e a mim e nos jogam em uma van preta.

Pedro e Murilo estavam mortos.

O meu Lobinho e líder do LOP.

E o MuriMuri e 1º líder do LOD.

E sem mais música tocando a van é fechada e o meu sonho acabou.

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