Capítulo 3 – O Fim do LOP
- Pronto, chegamos.
- Oba! 😋
Depois de mais de 8 horas de viagem e paradas em drive-thru e postos de gasolina finalmente eu entro no quarto reservado e me jogo na cama.
- Esse quarto será o nosso? Hein, amorzinho?
- Pode ser, Ally. E o outro fica com a Dani e o Murilo.
Mesmo comigo exausto (ninguém além de mim ali tinha carteira pra revezar a direção), a Alyssa se joga em cima de mim e começa a se roçar na minha cintura me provocando.
- Poxa. Assim o seu Murilo vai ficar chupando o dedo. Fora que a Daniela pode estar com saudades do ex-namorado dela, no caso você. 🤭
Desde que começou essa jornada na estrada eu sentia que a Alyssa Marinho tentava a todo custo formar um harém comigo não só sendo o líder do LOP, como também uma espécie de alpha do grupo inteiro.
E eu estava hesitando ao máximo para assumir estar posição central e superior. Eu ainda me encontrava confuso e não conseguia me entender com os tesões, paixões e amores que eu sentia por aquele trio que me acompanhava por tantos quilômetros de asfalto em tão poucos dias de início de viagem.
- Alyssa, Larga disso. Eu vou dar uma volta na praia. Fica de olho naqueles dois.
- Tá bom, senhor emburradinho 🙄. Estava todo exausto e agora quer uma desculpa pra fugir. Você ainda vai se acostumar a nos ter e a passar a rola em nós três. Só espera e verá! Vai lá passear 😜.
Que menina doida.
Ao sair eu passo a caminhar pela orla da Praia do Forte e fico pensando qual era o motivo de eu não querer assumir essa figura dominante e sexual no League of Pedro.
Alyssa era a que mais eu me via como namorado dela. Se não fosse a questão do LOD e toda a merda que se deu, eu aceitaria muito bem (em uma realidade alternativa onde eu termino saudavelmente o meu relacionamento com a Dani) conhecer e namorar a Alyssa. Mas agora depois de tudo o que aconteceu eu só me via explorando o encanto de uma garota de 17 anos por mim.
Murilo também era complexo. Eu não vou mentir que eu sentia um puta tesão por ele. Mas como eu não sabia a origem desse desejo eu me sentia mal e culpado. Porque eu quero comer esse cara? Será porque sou bissexual? Ou porque eu sou meio sádico e curto essa vingança interminável e continuada no primeiro líder do LOD? E porque ELE também quer se submeter a isso? Ele é gay? Ou é meio masoquista e quer sofrer continuamente para expurgar a culpa de ter sido o chefe do clã League of Daniela e um dos causadores de tanta dor e trauma? Muitas perguntas sem respostas e que me forçavam a um afastamento.
(Murilo, você quer mesmo que eu continue a te tratar assim?)
E por fim a Daniela.
Essa eu não queria sequer encostar no cabelo. No início eu até transei e dava uns pegas nela. Mas a cada dia que se passou uma espécie de ‘auto-nojo’ cresceu dentro de mim. Eu me sentia indigno de tocá-la e enojado comigo mesmo. Eu sei que o LOD tinha a maior parcela de culpa e responsabilidade (até criminal, eu imagino). Porém se eu não tivesse prostituído ela ao perder o meu emprego nada disso teria ocorrido. E foi esse ato meu de empurrar a primeira pedrinha ladeira abaixo que causou essa enorme avalanche.
O dia estava meio nublado e era umas 15:00 com nem tantas pessoas assim na margem da areia ou na orla. O vento era fortíssimo e eu já me preparava para retornar ao Malibu Palace Hotel (o que eu ficaria uma semana antes de prosseguir a viagem).
Quando então eu reparo um grupo de 4 homens de regata preta. Todos eles militarmente sentados e organizados de uma maneira quase atípica e até cenográfica em um banco de madeira e olhando disfarçadamente pra... Pra mim?
E com um frio na espinha quase alienígena eu tomo um baque que eu não sabia se era de medo materializado ou uma lufada de vento litorâneo da Região dos Lagos na minha cara.
Calma, Pedro. Você tá cismado.
O LOD acabou e está sepultado.
E dando meia volta eu aperto o passo para o hotel e não olho para trás uma vez sequer.
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Dentro da casa eu vou procurando tudo que eu lembrava que eles tinham sobre o LOD. Ligo o desktop e vou procurando os arquivos digitais e se houvessem também os impressos.
- Achei. Pedro realmente não esperava um ataque que viesse de dentro.
Eu digo isso porque o computador dele não tinha senha de acesso. E em uma subpasta em Documentos chamada ‘’Arquivos do LOD’’ lá estavam todos os prints e capturas de tela, fotos e alguns vídeos caseiros que o meu antigo clan fez com a Dani e subiu no site na época.
Eu seleciono a pasta e o Windows me informa que ela tinha 11 GB e eu me surpreendo com o tamanho. Com certeza ela era o trabalho diligente e de muitos meses do Pedro ao juntar tudo o que fosse humanamente possível para incriminar o LOD se assim ele julgasse necessário.
E consequentemente até me incriminar ou a Alyssa.
Eu seguro as teclas Shift + Del.
‘’Tem certeza de que deseja excluir permanentemente todos os arquivos?’’
Eu respondo sim e fico vendo todas aquelas evidências de que um grupo de nerds e jogadores de LOL escravizaram uma menina de 20 anos serem pulverizadas digitalmente.
- Show. Agora só preciso procurar por back ups online.
Tudo foi muito fácil para achar. Aqueles dados eram como o tesouro de um castelo muito protegido e bem fortificado. Só que o acesso interno era simples e elementar para quem ousasse trair o rei.
E ao final não sobrou nem HD, nuvem e pasta nenhuma com qualquer resquício das safadezas que eu, o Murilo não viado, o Raul, o Hélio, o André, o Ricardo, o Matheus, o Ruan, o Yuri, o João, o Fernando, o Rodrigo, o Fred, o Eduardo e o Alex tínhamos feito com a Daniela. Apagar aqueles arquivos e todos aqueles bytes foi como se eu tirasse um peso das minhas costas. Como se uma arma que estava apontada para a minha cabeça por muito tempo tivesse se desmontado por mágica.
- Será que tem alguma coisa impressa? Não custa procurar.
E nessa tarefa eu acabo investindo mais tempo e sou mais minucioso. Eu acho um baú plástico organizador de documentos embaixo da cama.
Bingo.
O líder do LOP realmente tinha feito uns backups físicos.
- No final não fará nenhuma diferença você ter tanta mídia física, ao pó tudo isso retornará em breve. Pera, o que é isso?
Eu acho um baú menor de madeira próximo e que chama a minha atenção.
E ao abrir lá estava uns álbuns de fotos 16:9 daqueles que se fazia no início dos anos 2000, antes de se ter smartphones e boas resoluções de câmeras pra celular.
Já a primeira foto tem um grande impacto em mim e faz muitas lágrimas não convidadas brotarem e cobrirem o meu rosto.
Era uma foto de quanto os dois estavam juntos. E não só isso. Pedro e Daniela pareciam significativamente mais novos. Algo de uns 3 ou 4 anos antes, quando eles tinham a idade que o clan do LOD atualmente tem (adolescentes quase maiores de idade e só alguns fazendo 18 anos esse ano).
Eu me recomponho do choque depois de alguns minutos e pego tudo que tinha que ser queimado e preparo uma grande pilha de espólios no fundo da casa dele.
E depois de jogar álcool 70% eu acendo um fósforo e digo.
- League of Pedro. Oficialmente esse é o fim de vocês. Esse é o fim do LOP. Os seus membros ainda continuarão perambulando sem saber que seus destinos foram selados de maneira irreversível. Diferente do primeiro LOD em que a gente definhou e lutou contra o nosso fim um pouco, o League of Pedro será esmagado e triturado de tal forma que nenhum de vocês saberá de onde que veio o golpe e o que aconteceu.
E eu jogo o fósforo nos restos do clan que me tirou tudo e vejo as provas sumirem.
Adeus, e eu sinto muito por isso.
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- Chefe, quando sairemos daqui? Já faz uma semana que estamos de tocaia nesse carro na frente desse hotel.
- Eu estou esperando o sinal. Opa, ele veio.
‘’Provas queimadas. Podem avançar para a próxima etapa. Me esperem quando conseguirem capturar os pacotes.’’
- Pronto. Vamos dar prosseguimento. Interceptação em T-30 minutos.