Bella - Capítulo 23 - Jessie e Edivaldo

Capítulo 23 – Jessie e Edivaldo

O novo e inaugural dia de sucesso na minha carreira raia e eu levanto super animada.

E ali na sala o meu Vinícius estava dormindo em um sono profundo como se não houvesse um amanhã.

- Queria eu ser desocupada assim. Mas eu não nasci em uma família judia ultra rica como você, meu frouxinho e meu gadinho do dinheiro.

Pouco depois ele acorda e eu digo em que horário o Edivaldo passaria aqui.

Quando o interfone toca eu desço para poder atender o meu agenciador.

- Bom dia, Edivaldo. O seu irmão?

Ali do lado do Edivaldo estava um dos irmãos dele.

- Sim, o Everaldo. Ele só veio me acompanhar. Nada demais. Digamos que você é tão talentosa que é difícil encarar você sozinha.

Faz sentido. Realmente minha qualidade como cosplayer pode assustar os fãs acostumados com porcarias superficiais como a Bella.

- Entendi. Claro. Entre.

- Beleza. Relaxa, assim que você sair para o evento acompanhando o meu irmão, eu volto imediatamente pra casa. – Everaldo diz.

E os acompanhando eu subo com os dois até a minha casa.

Lá dentro eu digo para o meu boy bobinho para esperar lá fora do quarto, já que os adultos iriam conversar sobre negócios.

E no quarto, com o cosplay secretamente protegido e que o Edivaldo me deu na porta, eu tranco e começa a minha reunião íntima e privada com ele.

- Então? Tanto mistério de qual será o cosplay. Posso abrir?

Edivaldo senta na minha cama e sorri.

- Caro. Mas eu prefiro te explicar antes. Vê aí o que tu acha.

Eu abro o zíper e vejo o cosplay.

Eu não reconheço a personagem, só que o cabelo rosa me remete imediatamente à vagabunda maldita da Belladona.

- Isso é uma piada? A roupa da Bella?

- Então, a oportunidade não era dela? O organizador do evento queria a Bella com esse cosplay, a tal da Seraphine. Você já é vitoriosa e roubou o trabalho dela. Veja o lado bom.

Eu me sinto bem humilhada e meu rosto formiga de vergonha, porém eu gosto do termo vitoriosa que ele usou.

- E eu vou ter que fingir ser a Belladona Dellaphine? Por que eles inicialmente esperavam ela no Black Diamond Party?

- Exato! Enfim, eu irei te chamar no carro e no evento como Belladona ou Bella. Atenda sempre por esse nome. Você é tão talentosa que a sua atuação eu já sei que será perfeita.

Os elogios dele estavam até me arrepiando, todavia eu sentia tanto nojo da Bella que eu ainda me sentia mal de ter que me fingir ser ela.

- Ok. Me fale mais alguns detalhes do evento enquanto o transporte não chega. Eu não quero fazer feio.

Edivaldo se endireita na cama, ele era tão alto que sentado me desafiava em altura, isso comigo estando em pé.

- Vamos lá. Você irá chegar lá e cedo se vestirá prontamente antes que os outros te vejam assim. E terão outras meninas, outras cosplayers, todas elas estarão com cabelos diferentes e de tonalidades que podem não ser tão usuais, roupas inesperadas, tatuagens etc. E principalmente atitudes diferentes. Mas tudo isso fará parte dos personagens delas. Então não se assuste.

Molezinha, eu acho que entendi.

- Sem problemas. Você disse tatuagem. Quais? Não entendi esse tópico da sua explicação.

Edivaldo faz uma cara de que não queria falar sobre isso.

- Muitas figuras. Você verá muitas tatuagens de Diamantes Negros em sua maioria. É uma homenagem ao evento Black Diamond Party. São tattoos de rena que você verá, o organizador é um ex tatuador muito influente e poderoso.

- Uau. Então porque não fazem uma delas em mim? Já que são tatuagens temporárias?

- Haha. Calma. Eles estão cientes que você irá sem, você ainda é iniciante nisso. Na próxima edição do evento, no Black Diamond Party 2, eu lhe garanto que você definitivamente aparecerá na frente de todos exibindo a sua tatuagem de Diamante Negro. Combinado?

- Combinado, Edivaldo. Faltou alguma coisa?

- Só uma. Olha, a temática da festa é meio uma escravidão reversa.

Oi?

- Como?

- Escravidão reversa.

Repetir aquilo pra mim não me faz entender melhor o que ele tinha dito.

- Pode me explicar, Edivaldo?

- Claro. Então, o organizador do evento sofreu a escravidão na pele, real, em pleno séc. XXI, e por isso ele fará esse Black Diamond Party contratando várias novinhas que fazem cosplay, e elas terão que interpretar que são escravas brancas dele e da família dele. Relaxa. É só um faz de conta, ele tem muito dinheiro e recurso e gosta de fazer isso. Por isso no evento, e até no trajeto de carro, tenta me chamar de Mestre Edivaldo. E faça o mesmo com todas as pessoas negras no evento de cosplay, chame-os de Mestre. As outras cosplayers também o farão, e você foi paga exatamente pra fazer isso.

Era algo inesperado o que ele me disse. Mas eu gostei da sinceridade do Edivaldo de me informar todos esses detalhes. Fazia sentido da Bella ter recebido esse convite antes de mim, com certeza uma putinha rosa teria interpretado muito bem esse papel.

Só que ela virou quase uma escrava sexual na vida real.

E comigo seria só um faz de conta inofensivo.

O telefone dele toca e o Edivaldo vê alguma mensagem e me informa.

- Jessie, o carro já está aqui no bairro. Vamos descendo já.

E com tudo conversado eu saio do quarto com o meu agente.

Eu deixo a chave com o meu namorado e o deixo avisado e preparado para a minha volta, que com certeza seria hoje a noite.

Lá embaixo na rua eu vejo um carro incrível, não era um veículo qualquer. Aquilo era uma limusine compacta pra mim. Era uma BMW bela e preta como o negrume do espaço.

- Vem, entra.

Uma jovem visualmente impressionante, com venda negra nos olhos e cabelos brancos, nos abre a porta e eu entro com o Edivaldo.

- Show. Vamos lá. Bibi e 2D, podemos seguir.

- Precisamente, Mestre Edivaldo.

E o carro começa a viagem rumo ao evento.

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Em um primeiro momento eu fiquei só no meu canto tentando processar a aparência da motorista e a mulher no carona.

A motorista era uma mulher de uns 20 anos com terninho e saia de executiva, parecia uma analista de finanças que trabalhava em um escritório e que foi sequestrada para pilotar essa BMW.

(Até eu assumo que ela é um mulherão)

Se fosse só isso eu diria que esse empresário e organizador era só chato e até os funcionários dele tinham que se vestir muito bem. Mas além da roupa, essa motorista tinha um sorriso meio demente e perdido enquanto dirigia.

- Mestre Edivaldo, quem seria essa motorista? Qual o nome dela? – Eu não me esqueço de fazer o roleplay de escravidão reversa ali no carro, eu já estava atuando e fazendo jus ao meu pagamento.

- Bibi. Só isso, Bella.

Eu achei que o Edivaldo iria me passar muito mais informações, contudo aparentemente ele tinha que manter o disfarce e a atuação. Eu queria saber porque desse nome simples dela e tals. Talvez fosse porque a menina do cabelo prateado iria dedurar o que ele dissesse no carro ao organizador e melar todo o evento.

E no fim eu ainda vejo uma tatuagem pela metade de Diamante Negro no pescoço da motorista.

A motorista do empresário é uma cosplayer do evento? Ou esse ex tatuador obrigava as suas funcionárias a se vestir assim em dias festivos? Como um Dia das Bruxas em The Office.

Esquecendo da Bibi eu tento focar na 2D.

Essa não tinha tatuagem alguma. Ela tinha a pele incólume de marcas, tirando a faixa nos olhos e o cabelo branco, não havia nenhuma tattoo, quanto mais de diamante.

- Bella, preocupada com algo?

- Não. Mestre Edivaldo. Estou ótima.

E Edivaldo liga e conversa com o Everaldo, e ao saber que era o irmão dele e não tinha relação comigo (nem com o Vinícius e a minha casa) eu abstraio e nem escuto direito o bate-papo.

- Bella, vem cá agora.

Eu me aproximo dele e cumpro a atuação de fingir ser a Bella, e ainda por cima a escrava desse festival de cosplayers fingindo serem escravas.

- Sim, Mestre.

Eu até aproveito isso, ao estar mais perto do meio do assento traseiro eu consigo ver melhor a 2D.

- Está bem curiosa com o seu olhar perspicaz. Eu vou responder mais detalhadamente. Aproveita, minha escrava.

- Tudo bem, Mestre. – Ser chamada de escrava assim (mesmo sendo atuação) era bem bizarro. – Bibi e 2D trabalham para o organizador?

- Sim. Bibi é a motorista e o 2D é a secretária do organizador. Elas são simpáticas. Você se dará muito bem com ambas, Belladona.

Não foi muito mais do que eu já não tivesse inferido. Mas solidificou algumas impressões.

Com aquele braço no seu pescoço a viagem segue. Os dedinhos dele faziam cosquinha na minha pele e eu estava sendo atiçada e provocada pelo Edivaldo.

E durante a viagem eu nem sabia para onde eu estava indo. Sim, eu pesquisei no Google Maps. Mas era só o ponto final, eu não cheguei a ver o trajeto da minha casa até lá.

E em um trecho reto, sem quase nada a não ser laranjal de um lado e do outro, o Edivaldo conversa com a 2D.

- 2D, o Tinta está na casa?

- Sim, Mestre Edivaldo.

- Puta que pariu. Tem algum ponto na frente? Antes de chegarmos?

Não sei porque o Edivaldo ficou nervoso com isso. E quem era Tinta? O ex tatuador e financiador do evento todo?

- Bibi, tem algum posto de gasolina próximo? – A 2D pergunta.

- Bibi. Vrum. Bibi bibi.

- Ok, ela disse que sim. Em 1 km.

O QUE???

Como ela entendeu esse código insano da motorista?

- Perfeito, vamos parar nele e comprar alguns lanches e ir no banheiro.

- Como quiser, Mestre Edivaldo.

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Um quilômetro depois sim tinha um posto.

A Bibi (eu não acredito que eu só sabia o nome do cosplay dela desse dia) estaciona e todos nós saímos para a loja de conveniência.

- Mestre Edivaldo, posso ficar aqui perto do carro esperando?

- Claro, 2D. Fica aí.

Ainda bem que não tinha ninguém perto pra escutar isso.

Dentro da lojinha de beira de estrada, eu fico ali com o Edivaldo e a Bibi, tentando ver o que ele pediria pra mim.

- Bella, aqui. Pega a fantasia e se troca no banheiro.

O Edivaldo me passa o cabide e eu vou para o banheiro feminino.

- Não acredito. Acho que ele passou aqui porque queria que eu me trocasse e esse organizador não me visse como Jessie. Foda-se. Que seja.

E eu me troco.

Meu coração quase para quando eu termino e ao me olhar no espelho eu não me vejo.

Eu vejo a Belladona Dellaphine.

(Essa aqui sou eu? Não é possível)

Segurando todas as pontas e pensando nos cinco mil reais eu saio do banheiro vestida como uma personagem de games. Minha vergonha nem era a roupa, e sim se alguém me pedisse autógrafo como Bella.

- Edivaldo? Onde você está?

Eu procuro ele pelos corredores de biscoitos e porcarias pra comer em viagem.

E quem eu acho é a Bibi.

- Bibi, você viu o Edivaldo?

Ela estava de joelhos no chão (ela era uma mulher extremamente linda, ela tinha um corpo belo e com proporções de musa, como uma amazona ou jogadora de vôlei).

- Bibi? Bibi, bibi. Vrum. Bibi. Bibi!

Eu achei que era um código.

Mas se fosse eu não conhecia ele, então porque ela estava se comunicando assim?

No final ela levanta com uns biscoitos e segue até o caixa, onde estava o Edivaldo na fila.

- Opa, Bella. Ficou ótimo. O evento não é muito longe daqui. Deixa eu só pagar aqui.

Edivaldo terminar de pagar e com essa roupa chamativa e peruca rosa eu saio da loja e votamos para o carro.

- Eai, 2D. Curtiu a roupa? – Eu tinha tentado interagir diretamente com a motorista, e eu fazia agora o mesmo com a secretária.

- Sim, Bella. Você está linda.

Ela abre só um sorriso melancólico e vazio.

E ao sentar atrás com o Edivaldo dessa vez eu tinha certeza.

A 2D não conseguiu ver absolutamente nada.

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Não demorou muito mais tempo para que nós chegássemos lá no evento.

E eu confirmo o que tinha visto pela internet. Era uma casa (uma mansão, sei lá) colonial e branca em uma grande propriedade como um sítio enorme.

- Bella, chegamos. Agora vamos lá.

O Edivaldo sai do carro e eu o sigo, com a Bibi e a 2D nos acompanhando juntos.

Na minha frente eu vejo um homem negro muito bonito com um terno sob medida pra ele. Não sei nem como expressar, esse negão era tão bem apessoada e chique pela sua postura e jeito. Ele tinha uma aura particular de realeza inata e de erudição viril e bruta (pode parecer contraditório os termos utilizados, mas é isso mesmo).

(Era esse homão que estava na minha frente)

E do lado desse homem tinha uma empregada dele com longos cabelos castanhos escuros e uma roupa de servente inglesa cheia de fru-fru e babadinhos brancos e pretos.

- Olá, Tinta. Aqui está a minha joia. Bella, meu futuro Diamante Negro.

Então esse é o Tinta? O organizador de todo esse evento?

- Sim, muito bonita. Gostei do fogo no olhar dela. Essa revolta faz com que as lapidações criem pedras preciosas mais tenazes e brilhantes, além de durarem mais tempo também.

Quando esse Tinta foca seus olhos em mim eu sinto um calor e uma sensação como se ele estivesse agarrando a minha alma e a bulinando lascivamente.

- Oi, Mestre Tinta. É um prazer conhecê-lo pessoalmente.

Eu o cumprimento com um aceno meio japonês com a cabeça e obedeço ao papel meio de fingir que eu era uma escrava. Era impressionante imaginar que existia um homem negro tão poderoso e que se dava ao trabalho de contratar tantas cosplayers só para poder emular uma escravidão reversa de mentirinha.

- Bom. Eu estarei no meu escritório fumando. Se quiser me acompanhar será bem-vindo, Edivaldo. Os convidados ainda não chegaram, então não se preocupe. Bom, a Rosaria mostrará os seus aposentos.

O ex tatuador e empresário entra (sem nem nos dar bola ou apresentar a mansão) e sobe uma grande escada principal de madeira nobre para o que parecia ser o seu escritório. Enquanto isso a empregada Rosaria guia a mim e ao Edivaldo para as nossas acomodações.

E ao vislumbrar a minha retaguarda eu vejo que a Bibi e a 2D haviam nos deixado e voltaram as suas funções. Era tudo tão automático e cirurgicamente preciso que elas pareciam marionetes puxadas e comandadas por um impulso ou força maior.

Calma, Jessie.

Você está no controle de tudo.

Com esse mantra mental eu acompanho a empregada do tal do Tinta até o quarto.

- Aqui. Este é o seu aposento, Mestre Edivaldo. Caso queira conhecer toda a propriedade eu estou a disposição para lhe mostrar.

Edivaldo só olha o quarto rápido e responde à Rosaria.

- Não precisa, só espera lá fora e me leva ao escritório do Tinta que irei fumar com ele.

- Como quiser, Mestre Edivaldo.

A deferência e educação dela era colossal.

Eu nunca havia visto uma cosplayer com uma atuação tão boa e convincente, até parecia mesmo que ela era uma escrava desse empresário.

Eu preciso pedir dicas de interpretação de personagem a essa Rosaria.

E a empregada sai, e só quando ela estava do lado de fora o Edivaldo fala comigo.

- Jessie, fica aqui dentro.

- Não posso conhecer o lugar não?

- Melhor não. Eu quero tratar algumas coisas com o organizador, e você já conseguiu perceber que o Black Diamond Party não começou. Fomos os primeiros a chegar. E eu não quero causar constrangimentos e problemas aos empregados. Na hora do almoço já deve ter mais pessoas e então você sai. Tudo bem, Bella? Minha escravinha de mentira.

Brochante o pedido, mas eu estava recebendo pra isso.

- Claro, Mestre. Vai lá fumar.

- Assim que se fala! Até breve.

E antes de sair do nada o Edivaldo me dá um selinho na bochecha e sai do quarto.

E ali sozinha eu fico tocando na região onde aqueles lábios carnudos e pretos haviam tocado o meu rosto.

Nossa, que sensação estranha.

Será que eu me apaixonei pelo Edivaldo?

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Eu subo acompanhado da Rosaria e totalmente vislumbrado eu olho os móveis e quadros a óleo da casa. Ver aquela mansão do Ink era como me projetar em um ídolo, ver aquele outro irmão negro com tanto sucesso me enchia de orgulho e eu sentia que podia chegar ali naquele nível algum dia.

- Mestre Edivaldo, é aqui.

Agora, sem nenhuma Jessie por perto para fingir que era cosplayer, eu fico apertando os peitos da empregada escrava Rosaria.

- Já estou entrando, te incomoda eu te pegar assim?

Ela só sorri e diz.

- Não. Eu existo para servir. Deseja que eu me dispa, Mestre Edivaldo?

A empregada não só era mais submissa que a Bella, como também manteve a lucidez e nem parecia que já foi quebrada no seu passado (o que eu imaginava que em algum momento ela o foi).

- Tá de boas. Só queria brincar de leve com você, quem sabe mais tarde eu faço mais.

- Como quiser, Mestre.

E eu entro para me encontrar com o Tinta.

- Opa, não é que veio mesmo fumar comigo? Senta, meu caro Edivaldo. Gostou da casa?

E eu sento em um assento estofado vermelho, que devia custar o aluguel de onde eu antes morava.

- Adorei. Você é realmente um homem de sucesso. E eu não falo isso com inveja.

Tinta estava fumando um enorme charuto (que devia ser cubano) e sorri com meia boca em uma tragada, e depois de uma baforada ele continua a conversa.

- Eu sei. E é assim que tem que ser. Nós não podemos brigar entre si. A gente tem que reconhecer nossa superioridade biológica e racial e unir forças para sobrepujar os branquinhos em todos os espaços. E aqueles pretos e pretas com mais poder puxam os com menos e assim a gente vai se impondo e empurramos aqueles ali. – Ele aponta com a cabeça para onde a Rosaria tinha vindo. – para baixo. Eu sei que você é um underdog dos Grupos de Lapidação, mas não se sinta mal por isso. Eu darei todo o apoio possível, então pode confiar. Quer qual cigarro?

Eu queria mais era conversar com ele, saber como seria esse Intercâmbio da Bella. Eu não tinha como negar que disponibilizar a sua propriedade e a grana era uma ajuda que nem era uma obrigação que o Tinta tinha com o meu grupo ou nenhum outro, era um adicional benevolente (como se ele estivesse nos mimando) e o qual eu era muito grato.

- Qualquer um. Não entendo disso. Haha. Mas então, eu só queria saber se terá muitos outros grupos aqui.

Tinta abre um estojo prateado (isso é prata de verdade?) e me dá um charutão para que eu fumasse com ele.

- O meu acesso ao aplicativo do Black Diamonds Database é de administrador. E com isso eu posso solicitar grupos e diamantes ao meu bel prazer para festividades como essa. Não se preocupa, vai ter alguns outros gestores de Grupos como você por aqui. Troca experiência com eles e aprenda. Vai ser uma oportunidade ideal pra isso.

Ele tinha razão nesse aspecto.

O Tinta só não sabia que a Bella que eu trouxe era a Jessie. Ao invés do Diamante 1 eu já estava emendando o 2. Uma parte de mim se sentia até mal por estar rompendo as regras dos grupos que ele estipulou, como se eu fosse um filho ingrato e com um pai muito bom.

- Tudo bem, irei aproveitar sim.

A gente conversa um pouco mais sobre assuntos diversos por uma hora e eu já queria voltar logo para checar como que a Jessie estava no quarto.

Se bem que nem tem como ela sair de lá.

- Tudo bem, Edivaldo? Você tá com um semblante preocupado.

- Não é nada. Eu só quero dar uma verificada na Bella.

- Entendo. Sim, esse estágio intermediário das pedras é o mais sensível. É uma arte o processo de lapidação. Se você tiver mão leve elas se tornam mais racionais, só que se perde aquela submissão sexual intensa e boçal que elas podem chegar. E se pesar a mão elas ficam bem mais obedientes e conectadas naquela demência erótica das brancas, porém a perda cognitiva pode afetar até a fala delas.

E na hora eu lembro da minha Belladona Dellaphine, que agora só sabia falar ‘Lah’ e ficar pelada. Minha primeira pedra era um bolo rosa de festa que eu peguei pesado demais no preparo e estragou, contudo eu não queria jogar fora e o estava comendo.

- E como eu faço para não incorrer nesses erros?

- Um meio termo. Pesar na hora da desobediência, e aliviar na hora da obediência. Elas tem que ser adestradas, igual como se faz com cachorro. Alguns grupos as guardam em cativeiros e quartinhos de onde elas não podem sair, assim que é confirmado o corte e isolamento dos laços de suas famílias e com o mundo exterior. E então eles, por exemplo, nessas situações costumam entrar nessas casinhas delas e botam uns doces e chocolates caninos para caso elas obedecem, e as privam de comida caso elas não obedeçam.

- Acho que compreendi.

- Não é uma receita de bolo. Eu dou liberdade porque certo grau de improviso é importante. Mas se pudesse resumir, seria o seguinte: Nós temos que ser verdadeiros deuses pra elas. E por isso os nossos Diamantes Negros não tem que nos temer, e sim nos amar e por esse amor nos respeitar. Elas não podem servir pra existir, e sim existir para nos servir. É bem diferente, com o tempo você entenderá isso.

- Sábias palavras e bons ensinamentos. Bom, estou me retirando agora. Muito obrigado pela hospitalidade, Tinta.

- Sem problemas, estou aqui para isso. Opa, eu lembrei aqui do cachê imaginário dela. Pela sua atualização do avanço da Belladona no app, ela tem essa dubiedade de servir e achar que é uma atriz com fantasia, uma cosplayer, é esse o nome? Interessante demais. Novos tempos e a modernidade nos traz novas gemas preciosas com esse frescor da juventude.

E o Tinta tira de uma gaveta, conta e me dá os cinco mil reais como se fosse dinheiro de comprar pão.

Eu agradeço outra vez e saio para me encontrar com a Jessie.

Esse dia será bem agitado.

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Eu não acredito que o Edivaldo trancou a porta!

Agora eu estava ali no quarto, e meio que para evitar que eu saísse do cômodo ele tinha trancado por fora (a propósito, que fechadura de mansão estranhíssima é essa que fecha do lado errado também?) e não me restava nada a não ser esperar ele se reunir e fumar com o Tinta.

- Aliás, que nome é esse? Todo mundo aqui parece ter um código ou nome secreto. É muito assustador.

Apoiada na cabeceira da cama eu pensava sobre esses detalhes parcialmente tenebrosos, quando eu vejo um vulto passar pela janela.

Longos cabelos azuis.

- Oi! Quem está aí?!

Em pé eu me aproximo da janela e ao abrir não havia mais ninguém. Seja lá quem foi passou rápido e não estava muito interessado em mim.

- Isso foi exatamente igual o que eu vi no Streetview. Então era realmente uma pessoa. Além disso...

Além disso agora na janela eu consegui ver que a moldura do arco dela era baixo e muito fácil de escalar e pular. Na realidade, toda a mansão tinha uma fundação mais alta, o que gerava essa elevação de uns 20 cm do térreo para o gramado exterior. Resumindo, era um salto até que alto para uma menina baixa e magra como eu para o lado de fora.

Eu tomo fôlego e coragem e no final pulo a janela. A aterrisagem foi atrapalhada, mas a grama ajudou e no final não me machuquei e consegui escapar com sucesso.

- Partiu conhecer um pouquinho essa residência. Eu voltarei antes que o Edivaldo note esse meu passeio clandestino.

Com esse limite de tempo na cabeça eu começo a circundar a mansão por fora e a olhar todo o local.

- É muito maior do que aparentava pela internet.

E não só era maior, como também bem mais refinado e preservado. Pessoalmente o casarão desse empresário era tão limpo e a pintura tão bem cuidada, que parecia que ele tinha à sua disposição umas dezenas de empregados e que trabalhavam 24 horas por dia cuidando de tudo.

E na parte de trás eu vejo duas empregadas (outras, além da Rosaria).

- A Bella chegou já, não é?

- Sim, ela é a L17-D1.

- Uau. Então o grupo 17 já está com o primeiro Diamante? Achei que fossem inexperientes.

- Fala baixo, você seria severamente castigada só por chamar os Mestres de inexperientes.

- Desculpa.

Elas estavam fofocando sobre mim? Ou sobre a Bella? Eu não consigo entender muito bem o que elas estavam falando.

- De qualquer forma, esse é o Intercâmbio dela. Que momento especial para ela.

Elas devem estar falando sobre o meu cosplay. Diamante devia ser esse lance de tattoos e as cosplayers fixas para fingir que são escravas nesse teatro que o Tinta queria e apreciava.

- Pois é. O nosso Mestre deve chamar muitas outras joias completas para o evento. Está um burburinho até na cozinha.

- Elas da cozinha fofocam demais. – Diz a outra empregada que fofocava com a sua amiga.

- Sim. O que eu sei é que adorarei conhecer elas.

- Eu também, nem me fala. Aliás, vamos depois espiar a Bella. Ver como essa nova menina é. Todas elas são bem diferentes, mas até do que nós.

Elas entram na casa e eu (que estava escondida) saio de lá e já estava pensando em voltar como missão cumprida dentro do pouco tempo que eu tinha.

E foi nesse momento que ali na frente vejo o vulto azul.

Só que dessa vez estava parado. O vulto era uma menina pequena e com longos cabelos azuis.

Bem devagarzinho eu me afasto da casa e vou ao encontro dela. Essa menina estava agachadinha no chão e com uma flor que ela tinha pego em um jardim muito belo na sua frente.

- O-Oi, tudo bem? – Eu estava com muito medo, uma parte do meu subconsciente ainda achava que essa garota era etérea e uma fantasma. – Qual o seu nome?

Ela nem olha pra mim e só cheira a flor, um dente-de-leão.

- Meu nome? Isso é irrelevante. Eu sou o passado de você, a primeira de todas vocês. A sua ancestral.

A voz dela era baixa e grave. Não grave como voz de homem. E sim como se o timbre dela fosse o de uma menininha de uns 10 anos sussurrando em filme de terror, mesmo que ela não o estivesse.

- Eu não entendi. Pode me explicar? Eu sou a Bella.

O desprezo dela devia ser tão grande que ela continua a conversar comigo sem tirar os olhos da flor.

- Seu nome é só um mimo que eles mantém para que seja mais fácil diferenciá-las. As tatuagens, cor do cabelo, fisionomia, biotipo e suas personalidades só servem pra isso também. No final vocês fazem a mesma coisa, e existem para a mesma coisa. São só cachorrinhos que latem e balançam os rabinhos, e suas cores, formas, volumes e cheiros são só as raças, pedigrees e apelidos escritos nas coleiras, e assim eles podem puxá-las e não levarão o animal errado pra casa no final do dia.

Eu não entendi nada do que ela tinha dito. Essa menina do cabelo azulado parecia uma Nostradamus versão feminina e com cachos marinhos.

- Você fala de uma forma muito formal e truncada, eu não consigo acompanhar o seu raciocínio. Está falando do Black Diamond Party? Elas são cosplayers como eu, não se preocupa que é tudo um faz de conta, tá?

O Tinta devia ser o pai dela, ela não tinha roupa de empregada. Com certeza a criança estava aqui fora porque não entendia esse fetiche de escravidão reversa do papai dela.

Mas pelo menos eu consegui arrancar um sorriso da garotinha.

- Aham. Você é do tipo que acha que está controlando tudo, correto? No seu caso a realidade é a melhor maneira de tomar um choque. Quando a festa começar e as outras chegarem, você entenderá onde foi se meter. Agora é melhor você ir embora, Bella. Mostra a sua liberdade e retorna para a sua jaulinha trancada que você chama de quarto. Xô, vai logo.

Criança malcriada demais!

E sem escutar mais ela eu a deixo ali e volto para o meu quarto.

E depois de escalar a janela eu consigo com êxito entrar no quarto antes que o Edivaldo voltasse.

- Caralho, que ódio. Antes eu sentia raiva da putinha rosa, e agora estou assim com essa criança birrenta do cabelo azul. Eu vou denunciar a malcriação dela para o Tinta, quem sabe o seu papai a bote de castigo.

E então um negão eufórico e bem alegre destranca a porta do quarto.

- Edivaldo?! Que cara é essa?

- Nada. Então, vem cá fora um pouco. Os primeiros convidados já estão chegando. Vamos recepcioná-los.

E eu ajeito a minha fantasia de Seraphine e me aprumo toda. Até agora eu estava em um camarim metafórico. Fui recebida e escoltada como a maior estrela desse evento, o Black Diamond Party.

E nesse instante começaria de verdade o meu trabalho como cosplayer, o job que eu havia roubado da Belladona Dellaphine.

Bella, sua vagabunda rosa.

Só olha com inveja o meu sucesso.

Eu como cosplayer e Edivaldo como o meu agente.

Ninguém poderá parar essa dupla.

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♠️ / (Meu Picpay, quem tiver)

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Nesse Patreon acima eu escrevo em PDF com fotos e ilustrações; faço trabalhos encomendados; converso com meus leitores; aceito ideias e sugestões de temas por votações; traduzo quadrinhos diversos; e até mesmo estou agora gravando alguns áudios de prévia dos capítulos (/>

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♣️ / (todo dia por volta da meia noite eu estarei jogando e conversando ao vivo com todos para tirar dúvidas e afins)

Queria agradecer aos meus Patrões do Patreon:

✨ Jessie, a Desenhista Talentosa;

✨ Larissa, a Comentarista Assídua;

✨ Elder, o Fã Ancião;

✨ Felipe Alves, The Cuck Master;

✨ Deckhard, O Mestre Jedi;

✨ Frost, O Geladinho;

✨ Marcelo;

✨ Vini, the White Worm;

✨ Pig;

✨ NDSalamder;

✨ Gregory;

✨ Matheus Lopes.

Muito obrigada mesmo (^-^)


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Comentários

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Esse capítulo foi mais morno ! Espero que o próximo venha fervendo.

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Espero que tenham gostado, segunda sairá mais um capítulo ^-^

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