Entre Senhores e Escravos - Cap 8: Grilhões
A noite estava quente e úmida. Eu ainda vestia as roupas com as quais saí com Carmem naquela tarde. Me dirigi ao armário secreto de chaves do meu tio e peguei um molho, na varanda, peguei apenas um lampião e segui em direção ao cárcere onde os escravos dormiam. Me surpreendi ao encontrar Venâncio de guarda.
- Não sabia que ficavas de sentinela a noite, Venâncio. - saudei - Creio que estejas acumulando funções demais para uma homem apenas.
- Sinhozinho - recebeu, ainda com aquele jeito de poucos amigos e condizente para o trato comigo. - Apenas segurando as pontas pra um colega, que foi no mato se aliviar.
- Entendo. Bem, ele deve ter lhe dado as chaves. Então abra e me traga Akin.
Venâncio me olhou intrigado.
- A estas horas?
- E quem és tu para questionar? - cortei de imediato e ele se calou. Foi até a porta e a abriu, mas antes deu um leve sorriso de desdém.
- Não sei o que o senhor gosta de brincar com essa gente - deixou escapar num sibilo, mas eu escutei.
- Venâncio me diga, há quanto tempo conseguistes tua alforria?
Venâncio encostou a porta, olhando desagradado. Mas respondeu:
- Tem uns 2 anos.
- E até então, tu convivia em um lugar como este, suponho.
Não respondeu. Tampouco precisava.
- Me diga, e se ao invés de eu brincar com um dos cativos, desidisse brincar contigo esta noite?
Minhas palavras o atingiram como um tiro nas costas. O vi enrigecer e se virar pra mim, assustado.
- Mas eu não sou mais escravo, patrão.
Gostei do tom. Acho que enfim o havia posto em seu devido lugar
- Trabalhas para meu tio. Então, também trabalha pra mim. Deixe-me ver teu órgão. Imediatamente.
Minha voz estava rispida, deixando bem claro que não aceitaria um mas sequer.
Venâncio baixou a cabeça e despiu a parte da frente da calça. Um órgão enorme saltou. Tal visão, em outros contextos, teria me excitado. Mas não naquela noite. Estava disposto a lhe dar uma lição e não me divertir com ele.
Segurei seu órgão e o senti inchar em minha mão. Venâncio não me encarava.
- Estas nesta casa a serviço. Tua condição pode ser melhor que a destes homens, mas acredite: tu ainda estas mais próximo deles, não de mim.
O órgão de Venâncio, aquela altura, estava bem duro.
- Se eu quisesse que você me montasse agora, tu montaria. Se eu quisesse montar em ti agora, eu montaria. Tua condição não está diferente deles, uma vez que dependes deste trabalho.
Larguei o pau de Venâncio e segurei teu rosto, forçando a me encarar
- Digo o que digo, não para te humilhar, mas para abrir teus olhos. Pare de tratar como escória aqueles que ontem eram teus companheiros. E me traga Akin, por favor.
Venâncio se vestiu e, em silêncio, trouxe o escravo.
Akin, sem entender, me acompanhou
Fomos a outro ponto da fazenda em silêncio. Esperava desta vez não encontrar surpresas. Chegando num pequeno barraco, contatei feliz que estávamos a sós, então voltei-me para Akin.
- Me diga, Akin. Já descobriu a rota de fuga desta fazenda, esse tempo que esteve aqui?
Minha pergunta direta o deixou desarmado. Eu ri.
- Confesso que me decepcionaste. Imaginei que, depois de tantos dias, já teria se adiantado em seu plano. Por sorte, temos alguns aqui que sabem.
Abri o barracão e Murilo despertou num salto. O escravo que, dias atrás, havia sido espancado ao voltar a fazenda. Ele já havia recobrado a saude, mas seu estado físico e psicológico nunca mais foi o mesmo. Ainda era encarregado de questões administrativas da fazenda, mas não gozava mais dos luxos após a traição. E ao julgar pelo medo de receber uma visita noturna, devia a receber com mais frequência do que supus
- Murilo vai te mostrar o caminho para o quilombo. E tu vai fugir com ele. Não seja burro de voltar novamente, Murilo. Este lugar não te merece mais
Nenhum dos dois parecia entender o que estava acontecendo. Também puderam, eu jamais falei de meu plano com ninguém, nem com Rodolfo.
Os acompanhei em silêncio até a mata. Adentramos um pouco.
- Aqui está bom. A partir de agora, Akin, tu és um fugitivo. Na tentativa de abusar de tu, acabei surpreendido e deixado aqui inconsciente. Você libertou Murilo e juntos fugiram.
Mais silêncio.
- Senhor - Murilo começou, sem parecer saber o que dizer - Está dizendo para fugirmos para o quilombo?
- Estou dizendo mais que isso. Vocês não ficarão lá. Mas os convencerão a sair. Eles não podem ficar lá. Meu tio já sabe a localização e Juscelino e outros coronéis também. Eles vão lá em pouco tempo. E vão levar forças. Será um massacre. - me voltei para Akin - Você e Murilo, que já deves ser conhecido lá, os convencerão a saírem. Confio em ti. - agora para Murilo - Akin irá te escoltar até lá.
Mais silêncio. Murilo apenas me agradeceu com o olhar. Akin, continuou rígido.
Peguei as chaves e soltei os grilhões de Murilo. Quando me voltei para Akin, ele fez um gesto negativo.
- Não precisa - e tirou do bolso uma cópia rustica da chave.
- A fiz quando me puseram na forja.
Eu fiquei realmente surpreso.
- Que bom. Odiaria pensar que o superestimei.
Então, mesmo livres, eles ainda pareciam ter dificuldades em crer em tudo o que acontecia. Não podia julgar, eu também estava com muitas dúvidas a respeito.
- Agora vão. Não me façam me arrepender disso.
E sorri, tentando parecer confiante
- Mas antes, Akin - lembrei - não quero que pensem que os deixei ir sem uma luta... Então ...
Criei coragem e virei meu rosto em sua direção.
- Me acerte. Com força, por favor.
E me preparei para o impacto.
Mas Akin não o fez.
- Me espere lá, Murilo. - falou para o outro escravo que foi seguindo na frente.
- Não o afaste muito, pois ele conhece essa mata. Tu não - lembrei.
- Já vou atrás dele. Antes só quero lembrar que o senhor veio até aqui para usar de mim. Seria difícil acreditar que um homem inteligente como tu, fosse ser tapeado e roubado tão fácil.
- Não entendi. O que sugere?
Akin então pegou minha cabeça e me puxou, dando um longo beijo.
- Vamos dizer que eu enganei o sinho. Fui tazendo o que me mandou, até te pegar desprevenido. .
E foi beijando meu pescoço, tirando minhas roupas.
O toque abrupto me deixou sem reação. Senti minha blusa ser arrancada e minhas calças arriadas num puxão forte quando ele me pôs de costas, abraçado contra a árvore. Sem rodeios, tocou o órgão duro e quente em minhas nádegas.
- Assim fica mais convincente.
E ao terminar, enfiou de uma vez o pau dentro de mim
Ia gritar, mas ele tapou minha boca.
Akin penetrou com força. Senti seu órgão me rasgando por dentro. Eu estava, completamente imobilizado pelo seu corpo forte prensado contra o meu.
Sua mão em minha voca, abafando meus gritos. Akin arfava atrás de mim, em minha nuca, penetrando com velocidade e destreza.
Meu sexo, já duro, comecava a verter liquido sem controle. Minhas pernas tremiam e me era difícil manter a postura em pé. Mas mesmo que eu caísse, sabia que os braços fortes do negro me amparariam.
Apesar da brutalidade, não senti raiva, ódio ou desejo de vingança. Senti sim, as penetradas fortes de quem sabe do que o outro gosta, de como convém ser tratado. A inversão dos papéis, o escravo usando o senhor, não se importando com seu bem estar ou prazer. Sem saber, ou sabendo, wue isso justamente lhe dava ainda mais prazer.
Akin não teve piedade. Não me deu descanso. Meteu pelo que pareceram longos minutos até enfim despejar sua semente em mim.
Quando acaboi, me virou novamente e me beijou. Me deixando sem fôlego.
- Desculpe por isso, Sinhozinho.
Eu ainda estava atordoado demais para entender o que ele quis dizer, quando seu punho me golpeou no rosto e me derrubou no chão.
Alí, caído, saído de um mar de êxtase para um pourgatório de dor em questão de segundos, comecei a rir.