Projeto A.D.A - Capítulo 9 - Cinquenta-Cinquenta

Capítulo 9 – Cinquenta-Cinquenta

Quando eu desço eu vou até a Seção B e vejo a minha equipe observando a A.D.A comendo a ovelha.

E a ponta da cauda cresce novamente.

E eu fico ali formulando algumas lorotas para tentar fechar essa história de teorias de Modos.

- Se ela tinha um Modo de Cio, talvez tenha acabado. Vamos continuar a analisar estes possíveis Modos dela com calma.

- Com certeza, doutora Simon. – Eu já havia desistido de pedir para ela se referia a mim só como Simon ou Molly – Mas onde você estava?

Droga.

- Eu... Eu fui no banheiro... Não sabia que iria acontecer este feito da cauda se regenerar.

- Atah, sim.

Aliviada eu volto para o meu trabalho em paz. Quem sabe eu conseguiria entrar de novo na casinha da Ada.

E deixar ela me chupar.

Digo.

Eu poderei estudar ela melhor.

- Doutora, tudo bem? Você parece estar distraída.

- Sim. Eu estou bem, Mila.

Controlando estes pensamentos loucos eu vou tentando trabalhar. Eu teria que informar o que eu sabia e aprendi com a cauda para a minha equipe, sem que eles soubessem de onde eu arranjei os dados. Quase como se eu descobrisse intuitivamente na hora com eles de forma colaborativa.

- Equipe, vocês notaram algo na gaiola?

- Como assim? – Agnes pergunta.

- A ponta da cauda da A.D.A talvez solte, como um mecanismo de defesa, e agora ela retornou à sua forma anterior porque a sua alimentação de hoje atingiu o necessário calórico para que ela se regenerasse.

- Tudo bem. Iremos analisar as câmeras e sensores e ver se a cauda ficou solta dentro da gaiola dela. Os brinquedos que você pediu criaram alguns pontos cegos na câmara dela. É possível que a ponta da cauda que supostamente soltou esteja entre as almofadas.

- Sim. Exatamente.

- E então ela ainda está lá? – Pergunta Ruffles, meu Epidemiologista e Virologista.

- É possível. Talvez ela tenha algum mecanismo de reprodução com as pontas que se soltam. Como uma estrela-do-mar.

- Incrível! Doutora Simon, se isso for real e confirmado ela está se reproduzindo na jaula dela assexuadamente agora mesmo! Vamos reportar esta informação à Ministra Florence. É possível que ela devolva a sua autorização de entrada. Visto que o padrão físico e comportamental do espécime A.D.A retornou ao habitual.

Que ótimo!!

Eu estou doida para deixar a Ada me dar umas mordidinhas!

Calma. Controle a sua consciência.

- Perfeito. E eu irei procurar a ponta da cauda na gaiola.

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E eu tenho um sonho bizarro em uma selva de noite. Eu vejo agora uma lua cheia enorme no céu. Depois eu observo um trono dourado com uma mulher nua com um barrigão de grávida. Ela tinha longos cabelos verdes e que brilhavam como uma aura sagrada na escuridão da floresta.

- Quer cuidar da minha irmã mais nova? Você está apaixonada por ela.

- Irmã? Quem é você?

A mulher me ignora e continua.

- Para ter a minha maninha, você terá que ser a mãe dela. Dê o seu amor e seu sangue para ela, assim como eu mesma fiz no passado. Alimente aquela menina travessa o colha os frutos de tal.

- Sangue? Como você sabe disso?

- Molly Simon, eu sinto a sua paixão pela Ada. Esse fogo ardente crescendo nas suas vísceras e que irá consumir a sua mente e a sua racionalidade. Não sinta medo dela. Seus sentimentos pela minha irmãzinha serão correspondidos. Você é muito mais que só um alimento para ela. Mas será através desta relação que você poderá ser amada por ela.

Por mais absurdo que fosse. A frase parecia profética. Porque eu sentia que a minha mente já estava me pregando peças, eu já não sabia se eu estava fazendo ciência mesmo, ou se eram só desculpas que eu criava para estar perto do mesmo espaço que a A.D.A.

- Eu... Eu tenho medo de me entregar assim...

- Não tenha. A morte é só o início. E ela não vai te matar. Se entregue para a Ada e veja por si só. A felicidade da sua vida jaz nisso.

- Mas quem é você?

- Isso, minha criança, eu lhe direi no momento oportuno. Adeus, doutora Simon.

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E eu acordo suando e com um torpor de falta de ar.

Quem era aquela mulher de cabelos verdes? Eu tinha a intuição de que era exatamente por causa dela que o espécime A.D.A preferia a cor verde.

E eu lembro do que o Sargento Jules disse ao acordar.

‘’Deusa. Eu quero a Deusa.’’

Seria está mulher? A tal Deusa?

Tinha tantos elementos místicos e desconhecidos ao meu redor que eu estava ficando com medo genuíno, porque a minha mente científica sempre me dava nortes e bases. E estas estruturas seguras que eu tinha estavam ruindo e desmoronando.

Saindo do quarto eu encontro a Mila bocejando e saindo do dormitório coletivo onde o resto da equipe dormia.

- Bom dia, doutora Simon. Verifique o seu celular, por favor. A resposta da autorização foi dada exclusivamente para o seu e-mail interno.

E eu acesso pelo wifi local o e-mail que me deram da DGA.

To:

From:

‘’Doutora Simon, você está autorizada a entrar novamente na câmara do espécime A.D.A.

Eu só quero ressaltar que isso será por sua conta e risco. Caso aconteça algum ataque ou contaminação, você será isolada e a Mila Virtanen assumirá a função de diretora do departamento de pesquisa.

A escolha é sua e o governo francês lhe deseja boa sorte.

Atenciosamente, Min. Florence Parly.’’

E agora eu me preparo para voltar à casinha da Ada. Disfarçando a minha excitação ao poder rever aquela criatura, que eu havia me afeiçoado e de certa forma estava me apaixonando perdidamente.

Ao descer na gaiola a A.D.A começa a pular feliz com a cauda como eu nunca tinha visto. O rosto dela expressava pela primeira vez um sorriso.

- Oi!! Eu senti falta de você também. Não me ataque, tá bom? Vou procurar o seu rabinho que pode ter se soltado. – Eu minto para a minha equipe escutar – Desculpa, mas irei remexer os seus brinquedinhos.

E a Ada parece que sabia que eu estava mentindo, porque ela balançava a cabeça em confusão.

E eu procuro entre as bolinhas e pelúcias, sabendo que eu não encontraria nada.

A.D.A fica roçando em mim direto. Ela agora soltava uns barulhinhos de gato feliz altíssimos, a feição da Ada claramente mostrava que ela estava super satisfeita e realizada por me ter ali.

- Equipe, não tem nada.

Nesse momento a A.D.A pula eu mim e eu caio no amontoado de coisas fofas dela.

Só que nem deu tempo para assustar as pessoas de fora.

Porque ela começa a fazer cosquinha em mim.

- Haha. Para, Ada!! Olha que eu serei obrigada a ter fazer morrer de rir também.

E eu troco cosquinhas com ela como duas crianças. Toda a atmosfera de cientista renomada e espécime de laboratório somem. Nós éramos só duas adolescentes brincando no meio de puffs coloridos e almofadas de Pokémon.

E eu olho para as paredes e elas estavam lotadas de pessoas. Algumas juntavam as mãos impressionadas, como se eu tivesse feito um milagre e aberto o Mar Vermelho a lá Moisés.

- Relatório Pessoal Nº 9: Eu me tornei uma amiga do espécime A.D.A. Não sinto nenhuma hostilidade vindo dela. Poderei agora coletar uma parte do tecido dela e também realizar exames e testes presencialmente com ela. Futuramente decidirei com a minha equipe a viabilidade de eu passar a trabalhar exclusivamente de dentro da gaiola da A.D.A. Por enquanto eu estou voltando. Câmbio.

A A.D.A estava me lambendo o rosto, e eu dou um carinho na cabeça dela e me despeço.

Mas na direção da plataforma a cauda da Ada se enrola na minha cintura.

- A.D.A, me solta. Eu irei voltar.

Ela não me apertou. Mas ela era forte e eu estava de castigo e a mercê absoluta dela ali me segurando. A A.D.A agora fazia sonzinhos que pareciam ganidos de dor e tristeza.

E eu me aproximo dela.

Eu dou um beijo na boca dela.

E sussurro no ouvido dela.

- Me deixa ir. Eu te amo também. Eu... Eu... Eu vou arranjar uma forma de te deixar fazer o que você fez comigo no quarto só com a cauda. Me solta, por favor.

E a Ada me solta.

E eu subo.

A partir dali eu era metade cientista e metade amante da Ada.

E eu não conseguiria recuar jamais ao que eu era antes.