Projeto A.D.A - Capítulo 25 - O Óculos da Mila
Capítulo 25 – O Óculos da Mila
- Mas que caralho é isso?! Tira essa coisa da doutora Mila!
Eu saco a arma e aponto a uma dessas baby Ada que estava grudada com a boca no meio dos peitos da Mila e chupando ela.
- Eu não posso deixar. Desculpe, Louis.
Era a doutora Simon se colocando na minha frente como um escudo humano e interceptando a trajetória da bala, caso eu atirasse.
- Simon, que porra é essa? O que está acontecendo?
- Exatamente o que você está vendo, a Ada pediu para provar um pouco da Mila, e eu estou deixando. Vai ficar tudo bem.
A doutora Simon realmente ficou perto por tempo demais do espécime. Ela era agora uma marionete da alienígena e nem reparou que estava só sendo usada para que a A.D.A alcançasse novos pedidos em seu cardápio de jantares disponíveis.
- Doutora, eu não posso deixar que você continue com isso. – E eu coloco o dedo no gatilho.
- Atire. A Ada é tudo que eu tenho. Viver sem ela é pior que a morte. Eu não tenho medo de você e nem de ninguém. Eu servirei à minha amada até o meu último suspiro de vida.
E eu abaixo a arma e desisto. A Simon realmente embarcou com tudo naquilo.
- Tudo bem. Eu desisto. O que eu faço então?
- Só espere. Já deve estar acabando.
A Mila cai de joelhos no chão e começa a se tremer. Alguns segundos depois seus olhos reviram e ela começa a babar e convulsionar.
- Isso era para acontecer?
A Simon bota a mão na boca horrorizada, com certeza isso era um efeito colateral inesperado.
- Não. Ada, faz alguma coisa por ela!
As outras três baby Ada restantes fazem o que aparentemente era a única coisa que ela sabia.
Elas voam em cima da Mila e começam a sugar o sangue dela também.
E enquanto a doutora estava soterrada por várias alienígenas fêmeas mirins que chupavam o seu corpo e se mexiam como se estivessem trepando com ela, um tremor começa a crescer. E chega a um ponto que todo o corpo da Mila balançava como um ataque epilético.
- Não está dando certo!! Para com isso, Simon!!
- Eu não tenho como parar ela agora!!
A casa inteira começa a vibrar, como uma reação em cadeia tendo a nossa Parasitóloga finlandesa como origem.
BOOM.
Um grande clarão vermelho como uma explosão carmesim enche o corredor e eu fico cego.
O que será que aconteceu?
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O que será que aconteceu?
Eu me vejo na minha escolinha no primário, na minha cidade natal, em Tampere, na Finlândia.
Eu estava ajoelhada na grama e catando os meus insetinhos e botando em potes de vidro, eram os novos exemplares para a minha coleção já vasta.
É verdade.
Eu sempre amei insetos e a natureza, e por isso me especializei em Parasitologia depois da graduação.
E quando isso mudou?
Quando eu comecei a ter medo de tudo e de todos?
- Olhem lá, é a louca dos insetos. A Mila-Cabeça-De-Joaninha.
Meu cabelo oval e ruivo sempre me rendeu muitos apelidos maldosos na infância. E este foi o preferido para quem praticava bullying comigo.
Um grupo de 4 garotos chega e joga os meus potes longe.
- Não!! Meus amiguinhos!! – Eu grito e começo a chorar.
- Viram? Ela é completamente doida. Mas sobrou um inseto ainda. Vamos pisar na joaninha.
- Parem!
Os meninos me derrubam e começam a pisar em mim.
A dor.
O medo.
Eu revivo aquele momento de novo ali. Ao olhar para cima eu vejo os rostos deles se deformarem em feições extraterrestres malignas e cruéis, tamanho era o medo que estava dentro de mim. A minha mão passa a tremer e antes que eu pudesse ajeitar o meu óculos, eles me dão um chute na cara e eu perco a minha armação.
Alguém.
Alguém.
Por favor.
Alguém me ajude.
Tá doendo muito.
Eu tô sozinha e com medo.
‘’Oi.’’
E de dentro da grama um par de olhos vermelhos surgem de um rosto fofinho e branco, com uma linguinha sibilante para fora.
- Quem é você? – Eu consigo ainda dizer enquanto meu corpo era espancado e quebrado.
‘’Eu sou a Ada, sua amiga.’’
E então ela e mais três iguais a ela espantam os garotos.
- Muito obrigada, Ada.
‘’Ainda preciso cuidar dos seus ferimentos.’’
E as Adas se jogam em mim e começam a me encher com muitas lambidinhas.
- Faz cosquinha! Hahaha! Para! Ada!
E então ao olhar para os meus braços todas as feridas se foram.
- Eu não estou mais dodói?
‘’Não.’’
‘’Você estava dodói no coração também.’’
- No coração?
‘’Sim.’’
‘’ Eu chupei toda a sua dor. Junto com o seu medo e as suas lembranças ruins.’’
‘’Agora está na hora de acordar.’’
- Acordar? Mas eu não quero perder você!
‘’Não vai.’’
‘’Eu estarei sempre no seu coração agora.’’
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Quando eu consigo enxergar novamente todo mundo estava no chão desnorteado.
- Onde eu estou? Eu estava dormindo e tive um sonho bizarro. – Diz o Jules tocando a têmpora.
As paredes estavam com enormes rachaduras e tinha pó em todos nós, se a casa não desabou foi por pouco.
Pera.
A Mila!
Eu olho para onde ela estava e não acredito no que eu vejo.
As 4 Baby Ada haviam se juntado em uma novamente e deixado a Mila deitar nela. A Mila em si estava chorando com um sorriso e se deixando abraçar pela Ada, que a acalentava com carinho e atenção que eu só lembrava ela ter dedicado a mim anteriormente.
- Ada, o que aconteceu?
‘’O sangue dela.’’
‘’Era amargo e cheio de medo.’’
- E o que você fez?
‘’Eu não sei bem.’’
‘’Mas eu me esforcei para beber as coisas ruins de dentro dela.’’
‘’E eu consegui.’’
O Louis e a Zoe que estavam caídos na escada veem a cena também. E todos ficam ali esperando a Mila se acalmar.
A Doutora Mila Virtanen então para de chorar e soluçando ela pega o óculos.
E com um movimento preciso e sem medo ou tremor algum ela coloca no rosto.
- Que foi? Porque vocês estão olhando assim para mim?
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Queria agradecer à minha Patroa Jessie e agora à minha segunda Patroa, a Larissa ❤️
Muito obrigada mesmo (^-^)