O DIÁRIO DE URÂNIA - PARTE DOIS: PRECONCEITO E FRUSTRAÇÃO
No dia seguinte, ao chegar no campus universitário, Urânia foi abordada por Helena, sua colega de curso, que se mostrava esbaforida e preocupada. Sem dizer alguma coisa, ela lhe estendeu o seu celular onde se via uma postagem em uma rede social. Nela, uma foto de Urânia com a legenda: “Essa eu peguei!”. A jovem ficou em estado de choque …, ela sabia de quem era a postagem e também a razão de tê-la feito. Perdendo o eixo, Urânia, pôs-se a chorar copiosamente, sendo abraçada pela amiga que tentava, em vão, consolá-la.
De início, ela teve vontade de fugir, esconder-se em algum lugar e nunca mais sair de lá; mas, Helena que era, de fato, sua amiga impediu-a de fazer isso. “Erga a cabeça e siga em frente …, você é superior a esse machismo idiota e hipócrita!”. Urânia olhou no rosto da amiga, sorriu e foi para a aula. Lamentavelmente, o clima não foi dos melhores; olhares reprovadores, risinhos inoportunos e sussurros inconvenientes pesavam no ar e por mais que ela tentasse ignorá-los, dentro de seu peito curtia uma mágoa dolorosa.
No intervalo, sem saber o que fazer, Urânia lembrou-se do professor Grant e correu para seu gabinete, já que ele era chefe da cadeira de estudos de direito constitucional; para sua sorte, a secretária saíra para o café, tornando oportuno o momento para aconselhar-se com ele. Com um andar hesitante, a jovem avançou até o gabinete do professor, estacionando na soleira da porta que estava aberta. Em seu interior, estava o professor e amigo.
De pé, olhando pela janela e falando ao celular, Grant não se deu conta da presença de Urânia que optou por permanecer silente até que ele terminasse sua ligação; enquanto esperava, a garota observava com alguma curiosidade o homem que estava ali a sua frente. Grant era um caucasiano alto com idade na faixa do cinquenta anos ou um pouco mais, de pele alva, cabelos platinados e também grisalhos, olhos azuis e sorriso fácil e amigável; tinha um porte atlético, de quem praticou esportes na juventude, e ainda mantinha alguma regularidade em atividades mais adequadas a sua idade.
Aos olhos jovens de Urânia ele poderia ser seu pai, mas, também poderia ser algo mais; esses pensamentos, por um instante, chegaram a povoar a mente da jovem estudante, porém ela procurou dissipá-los, especialmente, quando ele desligou o aparelho e voltou-se em sua direção notando sua presença; William olhou para ela e um sorriso espontâneo surgiu em seus lábios. “Oi, Urânia! Precisa de alguma coisa?”, perguntou ele com uma voz terna e acolhedora.
Ela bem que tentou articular algumas palavras, porém, as lágrimas começaram a rola pelo seu rosto, acompanhadas de soluços incontidos. William, surpreso com a reação de Urânia, correu até ela, abraçou-a com carinho e a trouxe até uma poltrona próxima de sua mesa. Ela se sentou e ele lhe ofereceu lenços de papel para que enxugasse as lágrimas, enquanto ele pegava um copo com água. Ela sorveu alguns goles e procurou conter sua emoção.
Passados alguns minutos, Grant perguntou o que acontecera para que ela estivesse tão triste; respirando fundo ela contou sobre o que acontecera no litoral, bem como da atitude posterior de Márcio, divulgando o fato de modo jocoso em uma rede social. Assim que terminou, ela viu o rosto do professor transfigurar-se, adotando uma expressão de revolta. Ele respirou fundo e procurou consolá-la, ao mesmo tempo em que reprovava o comportamento do outro envolvido.
-Ouça minha jovem – disse ele em um tom muito sóbrio – o que esse desclassificado fez é imperdoável! Ele não tem o direito de abusar de você e depois vangloriar-se disso!
-Mas, professor, eu errei – disse Urânia, segurando as lágrimas – e por isso tenho que pagar! Eu mereço!
-Não! De jeito nenhum – redarguiu ele, mostrando irritação – Você não tem culpa de ter confiado em um homem que não soube te valorizar e, principalmente, honrar sua dignidade.
-Então, professor, como eu fico? – perguntou ela em desespero – Devo pedir transferência, ou mesmo trancar o curso?
-Nem um, nem outro – respondeu William, afagando os cabelos de Urânia – Deixe tudo por minha conta que eu resolvo isso …, agora, levante a cabeça e volte para suas aulas …, não se preocupe e confie em mim!
Ainda desconsolada e triste, Urânia voltou para sua rotina, resistindo bravamente aos comentários jocosos em sua página em uma rede social e torcendo para que o professor William conseguisse resolver toda aquela situação. E alguns dias se passaram até que, numa manhã, tudo mudou! E foi Helena a responsável por lhe trazer as boas notícias. Encontram-se na entrada da Universidade e ela lhe mostrou a página oficial de instituição, onde uma foto de Márcio estampava uma nota de repúdio, um pedido formal de desculpas do rapaz e o anúncio de sua transferência para outra instituição.
Urânia ficou exultante, principalmente porque várias outras jovens vieram ao seu encontro elogiar pelo acontecimento que punha fim à rotina torturante de comentários ora jocosos, ora ofensivos não apenas contra ela, mas contra todas, posto que eivados de um machismo retrógrado e inadmissível as portas do século vinte e um.
No final daquele dia de aulas, Urânia saiu em busca do seu professor; não o encontrou em seu gabinete, mas soube que ele estava de saída. Correu até o estacionamento, onde o abordou quando entrava em seu carro; ele sorriu para ela e ficou perplexo quando Urânia correu e o abraçou com força; ele retribuiu o abraço. Ela o apertou tão forte que, por um momento, Grant sentiu algo mais que apenas fraternidade naquele gesto; assim que Urânia se afastou o olhar dela também denunciava um clima estranho decorrente do abraço.
-Queria agradecer ao senhor pelo que fez – ela disse, com um tom de voz hesitante – foi algo muito digno e que me deixou feliz.
-Era o que eu esperava, minha menina – ele respondeu, mais uma vez, afagando seus cabelos – você é uma jovem promissora e acontecimentos como esse não podem lhe afastar de seu caminho.
Embora houvesse mais a ser dito, Urânia preferiu afastar-se do professor, mesmo sentindo uma vontade enorme de permanecer ao seu lado; ela não compreendia o sentimento que a invadiu naquele momento, como se sentisse uma atração intensa por William, deixando seu corpo em polvorosa e seus sentimentos fora de controle.
Os anos se passaram, e o relacionamento entre eles tornou-se mais próximo e mais carinhoso; e ainda sem compreender a razão, Urânia mantinha esse relacionamento de modo velado, não apenas para se proteger, mas principalmente, para proteger o professor a quem ela dedicação uma atenção mais que especial e mais que apenas limitada ao aspecto fraternal …, ela sabia, no fundo de sua alma, que frutificava um desejo pelo homem que estava por trás do catedrático, mas que além de impossível, não era aceitável.
Foi nesse clima que ela conheceu Sérgio, um jovem professor-assistente em outra cadeira que também mostrou-se gentil e carinhoso com ela. E, mais uma vez, sem pensar nas possíveis consequências, Urânia acabou se envolvendo com Sérgio em um tórrido relacionamento que começou em uma tarde na biblioteca anexa ao prédio do curso de direito. Eles haviam combinado de analisar alguns textos legais e acabaram por perder a noção do tempo. Sérgio elogiou a beleza incomum de Urânia que viu-se enredada em uma espiral de desejo …, o primeiro beijo foi quente e profundo, com as mãos do sujeito, explorando o interior da minúscula calcinha de renda da jovem, sentindo a umidade que vertia copiosamente, denunciando seu estado de excitação.
Esconderam-se entre as estantes mais ao fundo da instalação e lá prosseguiram com beijos e carícias, toques e provocações. A calcinha da jovem já escorregara para entre os joelhos, e os dedos hábeis e também abusados de Sérgio já vasculhavam a vagina, sentindo sua umidade copiosa adornada com suspiros e gemidos; sem rodeios, ele levantou o vestido da moça e fê-la ficar de costas para ele; empurrou-a contra a parede e apalpou as nádegas firmes e roliças de Urânia, que já não se aguentava mais de tanta excitação.
-Não! Aqui não! – queixou-se ela, ao sentir a rola dura roçar entre suas nádegas – Não podemos!
Sérgio interrompeu seu arroubo e beijou a nuca de Urânia. “Tens razão …, mas, para onde iremos?”, ele perguntou com um tom ansioso. Urânia sabia que não poderiam ir para o seu apartamento, já que Vitória, sua colega de faculdade, estaria lá com o namorado …, mas, antes que ela pudesse responder um pigarro vindo do corredor alertou que estavam prestes a serem flagrados; compuseram-se da melhor forma, dirigindo-se para a saída.
Já no estacionamento, Sérgio disse a Urânia para que entrasse em seu carro; um tanto vacilante, Urânia acabou por obedecer, já que sua excitação estava no auge do descontrole; Sérgio circulou por algumas, ruas e avenidas, até chegar em uma praça, ao final de uma alameda residencial. “Pula para o banco detrás, e tira a roupa!”, disse ele em tom urgente e autoritário. Urânia surpreendeu-se com a forma que Sérgio conduzia a situação, mas, naquele momento, ponderou que não havia para onde recuar.
Ela, então, obedeceu ao que fora dito; sentada no banco traseiro, Urânia despiu-se; ao ver a deliciosa nudez da jovem, Sérgio não conseguiu esconder o olhar guloso de um fauno ensandecido; depois de chegar até ela, o sujeito também se despiu e eles se engalfinharam em carícias e pegações. Puxando-a para si, de tal maneira que Urânia, de costas colasse seu corpo ao dele, Sérgio bolinou os mamilos durinhos, ora dando-lhes beliscões, ora os puxando com força; mesmo a dor que ele tentava causar, para Urânia transmitia-se como excitação e prazer.
Sérgio desceu uma das mãos até a vagina de Urânia, iniciando um dedilhado bastante fustigado, chegando mesmo a meter dois dedos em seu interior, fazendo movimentos circulares como se quisesse lacear ainda mais o delicado orifício. Urânia gemeu de tesão, sentindo-se invadida pelos dedos do macho, voltando o rosto para ele pedindo por um beijo.
Manipulando os mamilos e dedilhando sua vagina, Sérgio a beijou, deliciando-se quando ela anunciou um orgasmo; pediu que ela tocasse em seu membro, o que ela fez com muito carinho. Examinou o instrumento que era grande e grosso; sem aviso, Sérgio fez com que ela ficasse de quatro sobre o banco, colocando-se em posição para fodê-la.
-Você vai fazer isso aqui mesmo? – perguntou a jovem, aturdida e receosa pela situação – Não é perigoso?
-Não aguento esperar até chegarmos em um motel! – ele respondeu, pincelando a vagina por trás com a rola dura – Agora relaxa …, senão isso vai doer um pouco …
Assim que ele arremeteu para dentro dela, Urânia segurou um gritinho, pois nunca sentira uma rola tão grande invadindo sua vagina delicada. Sérgio começou a golpear com movimentos vigorosos, atirando todo o peso de seu corpo contra o de Urânia, deliciando-se em sacrificar tão suculenta fêmea ante sua volúpia de macho conquistador. E a sucessão de golpes foi tão intensa que ela não se controlou quando o primeiro orgasmo sobreveio, seguido de outro …, e depois de outro …, e de outro.
Houve, então, um momento em que não mais importava o que acontecia do lado de fora daquele carro, pois o universo da jovem resumia-se ao seu interior, entregando-se a um macho sedutor e muito impetuoso. Sérgio prosseguiu socando sua rola com força na vagina de Urânia e após algum tempo, ele grunhiu com os dentes cerrados, enquanto ejaculava em abundância, inundando as entranhas da garota com sua carga de sêmen quente e viscoso.
Terminada a descarga, Sérgio procurou vestir-se o mais rápido possível, orientando Urânia a fazer o mesmo. Sentados na dianteira do veículo rumaram em direção ao apartamento da jovem. Ele estacionou o carro em frente ao edifício e beijou-lhe o rosto, desejando uma boa noite. Enquanto o carro desaparecia no fim da rua, Urânia ficou a observar pensativa …, para onde aquele tipo de relacionamento a levaria, afinal? Sentiu o mesmo vazio de sempre, com a ausência de afeto, de carinho e de desejo nascido de uma paixão. Verdade é que, nos dias que se seguiram, ela percebeu o afastamento de Sérgio, e ponderou que era o melhor a fazer; sabia que ele era casado e que o envolvimento de ambos não tinha nenhum futuro.