Desejos incontidos

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Gay
Data: 26/02/2020 11:34:40
Nota 9.83

Desejos incontidos

Estava difícil bancar os custos de aluguel, condomínio e demais despesas do pequeno apartamento que eu havia alugado próximo ao meu local de trabalho. Foi com pesar que tive de abrir mão da comodidade de estar a uma condução do trabalho para encontrar um lugar mais em conta. Depois de uma exaustiva procura encontrei um sobrado geminado numa ruela exclusivamente residencial num bairro um pouco mais distante. A princípio, o imóvel me pareceu grande demais para as minhas necessidades, mas logo aventei a possibilidade de sublocar os dois dormitórios excedentes do segundo andar para ajudar a diminuir ainda mais as minhas despesas. Eu sabia que meu estilo de vida pacato sofreria um revés com a presença de estranhos circulando no mesmo espaço que eu. No entanto, eu não tinha outras opções para fazer um pé de meia sem abrir mão de alguns confortos. Além do que, já estava mais do que na hora de eu tentar mudar um pouco a minha personalidade reclusa e solitária.

É estranho como, mesmo inconscientemente, relutamos nas mudanças. Eu entrevistei pelo menos uma dúzia de candidatos às vagas, mas em todos encontrava algum defeito que me fazia contatá-los, alguns dias após as entrevistas, dando alguma desculpa para não consumar a transação. Até que, numa manhã de sábado, quando eu já havia praticamente desistido de alugar os quartos, me apareceu uma dupla encaminhada pela dona de uma rotisserie, com quem travei uma amizade comercial, onde eu costumava buscar meus almoços de domingo quando a preguiça de prepara-los sozinho me levava a recorrer aos pratos insossos da loja.

Enquanto eles me contavam um pouco do seu histórico de interioranos vindos para a capital, tal como eu, não conseguia deixar de admirar o macho incrivelmente tentador que estava por trás de cada um deles. Jorge, o mais extrovertido, me contou que ele e o Luiz eram primos. Ele tinha conseguido ser efetivado na empresa onde havia estagiado durante a faculdade e, o Luiz estava concluindo o último ano faculdade de ciências da computação. Até então, estavam morando numa república, mas o constante entra e sai de novos inquilinos havia deixado o clima na república muito desconfortável. Tal como eu, eles queriam um local mais tranquilo, tanto para o Luiz poder se concentrar nos estudos, quanto para o Jorge tocar seu saxofone sem intromissões.

- Toco numa banda, às vezes fazemos uma apresentação ou outra num barzinho, e preciso ensaiar algumas músicas novas para o repertório. Não sei se você tem alguma restrição quanto a ficar ouvindo esses ensaios? Já te adianto que não será com a banda toda, faço isso sozinho. – questionou o Jorge.

- Se sua performance não se assemelhar ao miado de um gato desafinado e, não coincidir com as minhas horas de sono, não vejo nenhum inconveniente. – respondi risonho, procurando quebrar o gelo daquele primeiro contato.

- Garanto que não! – exclamou ele, devolvendo um sorriso amistoso e, um tanto enigmático que não consegui desvendar.

Depois, pensando com meus botões, que mal havia de ouvir aquele homem sedutor, talvez sem camisa, tocando alguma melodia romântica pelos cantos da casa? Afinal, sonhar não tirava pedaço de ninguém. Jorge era dois anos mais velho do que eu, corpulento e atlético, cabelos negros levemente ondulados que chegavam a se tingir de tons azulados conforme a luz insidia sobre sua cabeleira vasta, uma barba cerrada que devia dar uma trabalheira para ser escanhoada e, um par olhos de cor verde que pareciam me penetrar até a alma quando ele os concentrava em mim, me convenceram a procurar superar qualquer inconveniente que estivesse atrelado a seus ensaios. Luiz era apenas alguns meses mais velho do que eu, olhos de um verde intenso lembravam o brilho reluzente de esmeraldas, os músculos avantajados que se moviam sob sua camiseta justa, aliados ao tronco que formava um sólido trapézio invertido, quase não me fizeram notar a cicatriz obliqua que atravessava seu queixo anguloso e másculo, formando uma ligeira depressão na pele, também coberta por uma barba densa que não via um barbeador a, pelo menos, dois ou três dias. Num papo que fluía muito mais descontraído do que havia ocorrido com os demais candidatos e, movido pelo tesão que a miragem daqueles dois machos me provocava, aceitei-os como meus inquilinos. Terminamos de acertar os detalhes durante um almoço que transcorreu como se fossemos velhos companheiros. Dias depois, eles estavam instalados em seus quartos, felizes e satisfeitos, tal como eu que, repentinamente, senti meu peito aquecido por uma esperança promissora cuja origem estava mais na minha imaginação do que em algo propriamente palpável. Mas, não valia a pena tentar decifrá-la e, sim, aproveitar tudo o que estava por vir.

Nossa adaptação ocorreu muito mais facilmente do que eu havia imaginado. Tínhamos as nossas rotinas individuais e, aos poucos, começamos a ter uma rotina compartilhada sem grandes problemas e com muita diversão. Nesse quesito, por sinal, tanto o Jorge quando o Luiz podiam ser considerados dois pândegos inveterados. Fui eu quem precisou se soltar um pouco mais para parecer menos travadão. Esse foi, aliás, o adjetivo com o qual ambos logo me qualificaram. Mal sabiam eles que isso se devia a ter sido zoado pela minha timidez e outras tantas características desde que me conhecia por gente.

Ambos eram extremamente competitivos, chegando às raias da infantilidade em alguns aspectos. Como, por exemplo, discutirem sobre quem tinha mais força na queda de braço, quem tinha o maior pinto, quem mijava mais longe, quem gozava mais numa punheta, e outros absurdos do gênero.

- Vocês parecem dois moleques recém-entrados na puberdade! – exclamava eu, diante daquelas disputas inconcebíveis.

- Você nunca ficou se comparando com seu irmão, ou algum primo? É o que um macho costuma fazer quando não tem outra besteira com que se distrair. – questionou o Luiz.

- Não tenho irmão e, meus primos são uns babacas com quem tive pouco contato. Mesmo assim, acho vocês dois meio malucos. – afirmei. Ambos riram.

- Por isso você é tão travadão! Falar sacanagens faz parte do repertório de qualquer homem. – revidou o Jorge. Não sabendo que eu não me considerava tão homem assim, pelo menos não um machão disposto a ficar alardeando qualidades que eu sabia não possuir e, para as quais também não tinha nenhuma inclinação.

Para me tirar da minha zona de conforto, eles começaram a desfilar pela casa com pouca e, em algumas ocasiões, sem nenhuma roupa. Percebiam que eu ficava encabulado diante de um tórax musculoso e peludo exposto, de uma jeba pendendo pesada e insinuante durante um caminhar entre o banheiro e os quartos ou, de uma mão que era enfiada pelo cós do short para coçar ou ajeitar uma rola intrépida, enquanto assistiam televisão, largados sobre o sofá da sala e, que, depois, era passada sobre a minha pele numa constante e irrefletida mania de me tocarem. Eu procurava esconder o tesão que essas coisas me causavam, embora de uns tempos para cá, estivesse duvidando de conseguir meu intento. A única certeza que eu tinha, era a de que eles estavam se divertindo às minhas custas. Meus protestos tentando parecer zangado eram simples e completamente ignorados. Já de minha parte, quando o calor me obrigava a usar um short, tive que me acostumar em ser chamado de ‘gostosinho’, de ‘rabudo’, de ‘coxudo tesudo’, algo que se tornou rotina nos palavreado deles, bem como sentir vez ou outra, uma mão boba se fechando sobre a minha bunda ou uma encoxada enquanto estava com as mãos ocupadas não podendo me esquivar. Contudo, minha indignação sempre vinha acompanhada de um desejo libidinoso. E, os impropérios com os quais eu me defendia nunca eram levados a sério, pois ambos sabiam que eu já havia me afeiçoado a eles tanto quanto eles a mim.

À época, eu ainda era muito reprimido e costumava não aceitar os convites deles para sairmos nalguma balada. Cedia quando a insistência deles superava minha capacidade de inventar desculpas ou, quando meus argumentos simplesmente não eram aceitos. Foi ao concordar, depois de muita relutância, em acompanha-los a uma casa noturna onde rolavam apresentações de sertanejo universitário, que o centro acadêmico da faculdade do Luiz tinha fechado para angariar fundos para a festa de formatura da turma, que aconteceu uma inesperada reviravolta no meu relacionamento com o Jorge e o Luiz.

Decididos a zoar comigo a fim de acabar com aquela minha timidez, resolveram me apresentar a algumas garotas, fazendo comentários garantindo que eu ainda era virgem. No meio de uma gozação geral, fiquei ainda mais travado. Dispostos a levar ao extremo a zoação, começaram a tentar me embriagar. Não foi difícil chegar aonde queriam. Não acostumado a beber, e tentando não parecer um nerd de outro planeta, acabei caindo feito um pato na armadilha deles. Só fui me dar conta do que estava acontecendo, quando meu estômago começou a se revolver em protesto contra alguns drinques. A linha tênue entre o copo que minha consciência determinou ser o último e, o seguinte, se rompeu sem que eu percebesse. Repentinamente, a música da qual eu nunca tinha sido fã, começou a mergulhar no meu corpo, do gingado discreto a movimentos expansivos foi um passo. Fui parar no meio da multidão dançando com as garotas que acabara de conhecer e, que estavam curtindo dançar com um cara bonitão e cheio de gingado. Até ali, elas não sabiam que o gingado era fruto do meu cérebro estar boiando em uma piscina de álcool. Eu mesmo, só fui perceber que algo estava para lá de errado comigo, quando minha boca foi inundada pelo gosto de bile. Algumas horas depois, os abraços do Jorge e do Luiz não eram mais meras demonstrações de amizade, mas se tornaram fonte da única maneira de eu me manter sobre as minhas pernas. Pouco resolveu eu cambalear até o banheiro e expurgar todo o conteúdo do meu estômago, meus neurônios continuavam nadando no álcool e, criando alucinações inusitadas.

- Eu amo você Jorge. Sabia que eu te acho um tesão? Ah! E você também Luiz, você é o macho dos meus sonhos! – exclamava com a língua pesada, enquanto o Luiz dirigia para casa em plena madrugada. Ambos se divertiam com o meu estado lastimável.

- Nós também te amamos, travadão! – respondeu o Jorge, enquanto eu enfiava minha mão dentro de sua camisa e deslizava minha mão sobre seu peito peludo. – Mas, não precisa ser tão explícito na demonstração do seu amor. – emendou, divertindo-se com a minha cara chapada.

- Para onde estamos indo nesse navio? Esse balanço está me embrulhando o estômago. – balbuciei, antes de sentir uma lufada de ar frio atingindo meu rosto quando o Jorge forçou minha cabeça para fora da janela do carro e, um líquido bilioso aflorar na minha boca.

Aquele foi o último registro consciente que meu cérebro fez antes de eu acordar no dia seguinte com uma dor de cabeça insuportável, completamente nu debaixo do lençol e, mais intrigantemente, com um estranho gosto de água sanitária na boca. Demorei até meus olhos se acostumarem com a pouca luz que iluminava o quarto, esfreguei-os diversas vezes antes das primeiras imagens se formarem. Além das minhas roupas, havia algumas, que o Jorge e o Luiz haviam usado na noite anterior, espalhadas pelo chão. Ao mover minha mão, toquei em algo que, ao aproximar dos olhos, constatei ser uma cueca do Luiz, suas iniciais LFM estavam bordadas no cós. Mais abaixo, próximo ao meu pé esquerdo, outra cueca que não era minha. Uma rápida olhada no relógio de cabeceira me fez descobrir que eram três da tarde. Ao tentar me sentar na cama, o quarto começou a girar ao meu redor. Não sendo o sabor de nenhuma das bebidas que havia ingerido na noite anterior, eu nem queria saber de onde vinha esse gosto peculiar. Da completa perplexidade passei a um temor que me convencia de que naquele lapso das minhas memórias havia acontecido muito mais do que seria recomendável. Debaixo do chuveiro, fiquei me perguntando por que meu cuzinho ardia tanto e, de onde tinham surgido aquelas manchas arroxeadas que circundavam meus mamilos, minha nuca também estava repleta delas quando me pus diante do espelho. A imagem refletida era a de um zumbi, não minha. Caminhei até onde vinham as vozes do Jorge e do Luiz, elas entravam na minha cabeça como se fossem trovões. Eles estavam diante da televisão ligada, esparramados sobre o sofá com as pernas vigorosas e peludas emergindo dos shorts largos, cercados por algumas latas de cerveja, cuja simples visão me provocou engulhos.

- Ahra! Que já não era sem tempo! Belo porre, hein travadão? – ressoou a voz grave do Luiz.

- O que vocês fizeram? – perguntei, diante dos sorrisos que me encaravam.

- Nós? Ou você? – questionou o Jorge.

- É claro que isso só pode ter sido obra de vocês! Não faço a menor ideia do que aconteceu, mas sei que não vou gostar quando souber. – respondi cautelosamente, para que as palavras não repercutissem como um martelo na minha cabeça.

- Não foi isso que você ficou repetindo durante a madrugada. Além de pedir mais, você jurava que estava adorando. – retrucou o Jorge.

- Dá para ser mais objetivo? Não sei do que você está falando. Mas, pelo amor de Deus, fale mais baixo. – supliquei.

À medida que o discurso intercalado ora pela colaboração de um, ora pelo do outro, narrando os fatos, eu me recolhia envergonhado na poltrona onde procurei refúgio para encarar toda a verdade. O fato é que eu havia literalmente soltado a franga, quebrado aquelas barreiras de sujeito discreto e contido. Foi um custo acreditar que eu assediei os dois sem nenhum pudor, que havia me pendurado neles enquanto bolinava desavergonhadamente seus sexos, que, durante a ducha que tentaram me dar para amenizar os efeitos da bebedeira, eu simplesmente me atirei aos seus pés e brincava com seus cacetes até deixa-los excitados.

- Você repetia que nunca tinha mamado uma rola e que as nossas eram as mais deliciosas que você já tinha visto. Também não perdeu tempo para coloca-las na boca numa gula desenfreada. A gente até tentou te demover, mas sua persistência superou nossa capacidade de resistir a essa boquinha aveludada, que acabou por fazer um belo trabalho. – sentenciou o Jorge com um risinho malicioso esboçado naquela boca sensual.

- Você só pode estar inventando essa história para me deixar com mais culpa por ter enchido a cara! – exclamei. Embora meu subconsciente estivesse me garantindo que tudo aquilo podia ser a mais pura verdade.

- Pode ter certeza que ele não está mentindo! Relutamos até onde deu, mas sua determinação não tinha limites. Embora não houvesse muita coordenação nas tuas chupadas, elas positivamente nos deixaram com um tesão da porra. – confirmou o Luiz.

- Vocês só podem estar zoando comigo! Imagine se eu ia cometer um absurdo desses! Vocês são uns pervertidos! – protestei, sob risinhos sádicos.

- Fomos até bastante controlados. Nem sei como conseguimos. Pois você não falava de outra coisa que não fosse seu desejo de ser enrabado pelos nossos caralhos. Mas, não somos tão canalhas a ponto de nos aproveitarmos do seu estado lastimável para abusar dessa bundinha tesuda. – afirmou o Jorge. – No entanto, podemos quebrar seu galho agora que a bebedeira passou! – emendou libidinoso.

- Chega dessa conversa! Não acredito numa única palavra de vocês! E, estou muito puto com os dois por terem me embebedado. – revidei zangado.

- Nós? Foi você quem entornou um copo atrás do outro e, a culpa é nossa? – questionou o Luiz.

- Claro! Eu fui praticamente arrastado para aquela festa, culpa de vocês. – argumentei. Os dois riram tirando uma com a minha cara.

- Tem mais detalhes picantes. Não está a fim de saber quais? – perguntou o Jorge, ávido por me deixar ainda mais arrependido do meu desatino.

- Não! – afirmei categórico.

- Que pena! Só de pensar em você todo dengoso e cheio de carinho para dar, me faz voltar o tesão que está me consumindo a pica. – disse o Jorge.

- Tarado! Aproveitadores! É isso que vocês são. – retruquei envergonhado.

- A gente bem que queria, mas, como o Jorge disse, poupamos seu cuzinho virgem na esperança de você entrega-lo estando sóbrio. – disse o Luiz.

- Vai sonhando, seu puto! – devolvi indignado. Se bem que a ideia fosse tentadora, mas não agora que minha cabeça latejava como se houvesse uma escola de samba dentro dela. Ambos se encararam cientes de que era uma questão de tempo para me enrabarem.

Passei o restante do dia encafifado com uma questão não esclarecida. Se, como eles afirmaram, não me tinham fodido, qual a explicação para a ardência incomoda no meu cuzinho? Embora curioso e tentando encontrar uma explicação, não me atrevi a perguntar nada, já era constrangedor demais saber que tinha perdido a compostura e me comportado como sabe-se lá o que. A descoberta veio ainda naquela semana, alguns dias depois. Com o meu corpo completamente nu e disponível, tinham dedado meu cuzinho sem dó nem piedade, enfiando aqueles dedos concupiscentes e depravados na minha rosquinha apertada. Deviam ter sido tão insistentes que acabaram por me lacear o cu. Fiquei dias de cara amarrada, tentando demonstrar minha inconformidade. Eles fingiram não notar, mas se empenharam em me agradar de todas as maneiras possíveis, até mais carinhosos os safados estavam.

Embora meu tesão contido fosse em relação a ambos, era o Jorge que mexia com meus sentimentos. Depois de alguns meses morando juntos, eu não podia negar que tinha me apaixonado por ele. Nunca expressei o que sentia por medo de ele ter alguma reação que acabasse por nos afastar de vez. Uma coisa eram as brincadeiras dele se insinuando sexualmente, o que eu interpretava como uma forma de ele dar vazão a seus desejos carnais, outra bem diferente, seria ele saber que eu fantasiava viver um grande amor com ele. Algo que fosse mais do que sexo, que significasse compartilhar minha vida com ele, um compromisso. Eu sabia que ele havia desfeito um namoro com uma garota pouco antes de se mudar para a minha casa. Ele não gostava de tocar no assunto e, nas vezes em que o Luiz mencionou o fato, percebi que ele se aborreceu. Portanto, concluí, o negócio dele é mulher. Não ia rolar nada entre nós dois, mas isso não conseguia afetar o imenso amor que eu sentia por ele. Talvez, uma sacanagem, se muito que, como eu sabia, seria apenas para aliviar suas necessidades carnais. Mesmo ciente disso, eu não conseguia deixar de demonstrar o carinho que sentia por ele. Chegava a dar bandeira. O Luiz já havia sacado o lance e, num belo dia em que ficamos a sós, ele despejou suas constatações na minha cara. Eu neguei, mas ele não acreditou numa única palavra minha.

- Tá bom, faz de conta que eu acredito! Quando meu primo chega perto de você só falta você se atirar nos braços dele! – exclamou, sem cerimônia.

- Você só fala besteira! – protestei, afastando-me dele, enquanto ele ria pelas minhas costas, sabendo que tinha acertado meu calcanhar de Aquiles.

O inverno chegou com algumas semanas de atraso na forma de uma chuva tímida, persistente e fria, que ia deixando o ar cada dia mais gelado. Eu cheguei do trabalho mais tarde que de costume, estava faminto e exausto. O Jorge estava sozinho em casa. O Luiz ainda não havia regressado da faculdade.

- A companhia deve ter sido agradável! – exclamou o Jorge, com um tom de voz que me soou como uma censura.

- Não entendi! – retruquei carrancudo. Eu não gostava dessa maneira como ele falava comigo às vezes.

- O horário. Estava me referindo às horas. – devolveu ele, me examinando como que para desvendar algum segredo.

- O que tem o horário? Não me lembro de ter te autorizado a controlar meus horários. – revidei ríspido.

- Não estou te controlando. Foi uma mera observação. – disse ele, tentando amenizar o que havia dito com um sorrisinho. – Estava preocupado com você, uma vez que não costuma chegar tão tarde. – emendou. Eu percebi que ele queria que eu me sentisse culpado por tê-lo retrucado daquela maneira.

- Estou cheio de problemas no trabalho, só estava tentando colocar as coisas em dia. – respondi. Eu já me sentia culpado e, estava puto comigo mesmo por não conseguir ser enérgico nas minhas respostas para com ele.

- Vou assistir um filme. Vem assistir comigo para relaxar um pouco, eu te espero. – o safado havia mudado completamente o tom de voz, estava mais meigo que uma gueixa.

- Não sei não. Estou cansado demais. Ademais, a primeira coisa de que estou precisando é um banho e algo para comer.

- Tome seu banho enquanto eu te preparo um dos meus sanduiches caprichados! – exclamou, sem me dar chance de recusar.

Debaixo do chuveiro quentinho, sentindo a água escorrer sobre a pele, comecei a ponderar que, afinal, não seria nada mal ficar refestelado sobre o sofá com o corpão do Jorge a poucos palmos de distância. Acabei me excitando só de imaginar. A água tépida que corria pelo meu rego acabou por deixar meu cuzinho piscando. Comecei a me masturbar enfiando um dedo no cu e devaneando com aquele vapor que envolvia meu corpo, como se fossem as mãos maçudas e quentes do Jorge. Fiz minha higiene íntima. Tal como em ocasiões passadas, meu inconsciente me levava a imaginar o Jorge profundamente instalado nas minhas entranhas. Levei um susto ao ser trazido à realidade pela voz impaciente do Jorge à porta do meu banheiro. Ele me encarou de modo lascivo e, eu fiquei me questionando se ele tinha visto eu me masturbar.

- O que faz aqui? – perguntei sobressaltado

- Pensei que você tivesse descido pelo ralo! Anda! Faz um século que o sanduba e eu estamos te esperando. – respondeu ele.

Os sandubas do Jorge eram incríveis. Quando decidíamos ficar em casa nos finais de semana à noite, ele era convocado a fazê-los, pois nem o Luiz nem eu tínhamos a mesma manha. Devorei o que ele havia me preparado debaixo do cobertor que ele havia trazido para a sala enquanto ele selecionava um filme da Netflix. Ele zapeou por alguns instantes antes de selecionar o filme Weekend, um drama britânico rodado em 2011, sem me consultar para alguma sugestão. Ao me dar conta de que o filme versava sobre a temática gay encarei-o sem fazer comentários. Aonde ele queria chegar eu não sabia, mas suas intenções estavam expressas num olhar afrontador que ele me devolveu. Confesso que não prestei muita atenção ao início do filme, pois o calor do corpo do Jorge resvalando no meu debaixo do cobertor era tudo que preenchia minha mente naquele instante. Era tremendamente inquietante sentir os pelos grossos de sua coxa roçando a pele da minha. Tornei a encará-lo com um sorriso afável. Será que ele faz ideia do quanto eu o amo? Desviei meu olhar para a TV enquanto meu coração se aquecia com o cheiro másculo daquele macho displicentemente largado sobre o sofá.

Não havia meio de eu prestar atenção no filme. Depois de ter terminado de comer seu lanche, o Jorge foi se espreguiçando e acabou por colocar a cabeça sobre o meu colo. Dirigiu-me um sorriso ao ajeitar a cabeça confortavelmente sobre as minhas coxas como se estivesse pedindo permissão para fazer aquilo. Retribui o sorriso sem que ele soubesse o quanto aquilo me deixava feliz. Os dedos inquietos de uma das minhas mãos estavam morrendo de desejo de se afundar em sua cabeleira e afaga-lo, mas a prudência e a timidez os impediram. No momento, eu só tinha olhos para aquele queixo anguloso forrado por uma barba de três dias que quase escondia a covinha que se formava quando ele estava relaxado como agora. Fazia tempo que eu amava cada linha daquele rosto e, cada detalhe estava ao alcance das minhas mãos, mas ao mesmo tempo tão distante quanto meus receios impunham.

De vez em quando ele me encarava. Seria aquele brilho em seu olhar um desejo de me tocar, talvez até de beijar minha boca, cujos lábios eu precisava lamber constantemente, pois teimavam em secar com aquele calor que se apossara de meu corpo? Não, não podia ser, era apenas fruto da minha imaginação e da minha carência. Havíamos mudado de posição sobre o sofá uma centena de vezes, ora por conta do ar que ficava cada vez mais frio, ora para encontrar uma posição mais confortável. Lá fora o barulho de uma chuva miúda que despencava do telhado tamborilava o chão numa cadência sonolenta, só interrompido pela passagem de algum carro na rua cujos pneus espalhavam a lâmina d’água que cobria o asfalto. Tudo desconcentrava a minha atenção dos protagonistas do filme, mesmo que meus olhos contemplassem, cheios de tesão, a cena de sexo que estavam fazendo. O Jorge estava aconchegado a mim em conchinha, eu podia sentir sua ereção tomando forma dentro da bermuda e cutucando minhas nádegas. Até minha respiração ficou mais mansa, contrapondo-se ao frenesi que agitava meu corpo, só para que eu não desviasse um milímetro sequer minha bunda encaixada na virilha dele. Não sei se ele tinha consciência do que estava fazendo ou se, ao passar o braço ao redor da minha cintura, era apenas uma reação instintiva instigada pela cena protagonizada na tela. Percebi que não quando a mão dele puxou a bermuda do meu pijama para baixo e deslizou gulosa sobre a pele arrepiada da minha bunda. O corpo retesado dele me deu a certeza de que ele estava com tesão e prestes a me possuir. Um sonho acalentado desde há longos meses começava a tomar forma. Eu mal podia acreditar. Meu cu piscava alucinadamente tomado pelo desejo mais primitivo e impudico. O Jorge inteiro dentro de mim estava prestes a acontecer. Um calafrio percorreu minha espinha quando, imagens antigas guardadas na minha memória de seu pinto cavalar balouçando entre suas pernas vigorosas, se reavivaram. Virei meu rosto na direção dele e, lá estava a cobiça estampada escancaradamente em sua cara. Isso só me deixou com mais tesão e menos juízo. Ele sorriu, eu sorri. O acordo estava selado. A mão dele parou de me apalpar por uns instantes, ocupada em libertar a jeba dele de dentro da bermuda e guia-la ao longo do meu rego. Levou apenas alguns segundos para a pica encontrar a fenda enrugadinha do meu cu. Um impulso brusco da pelve do Jorge contra minha bunda colocou a cabeçorra para dentro do meu rabo. Gemi conseguindo finalmente expelir aquele ar que havia insuflado meus pulmões a ponto de me comprimir o tórax. Esse gemido pungente o deixou ensandecido de tesão. Um novo e potente impulso colocou mais alguns centímetros daquela rola monstruosamente grossa para dentro do meu cuzinho. Dali já não havia mais volta. A posse se consumara. O Jorge agarrou meu queixo e virou meu rosto em sua direção, nossas bocas se colaram e eu senti o sabor dele me penetrando, úmido e quente.

- Essa boca, esses lábios sempre tão vermelhos-cereja me atentando, me provocando desejos. – grunhiu ele, sem descolar sua boca da minha e, metendo cada vez mais fundo a rola no meu cu.

- Ai Jorge! – gemi, procurando ignorar a dor daquela pica dilacerando minhas pregas anais.

- O que foi? Que ‘Ai Jorge’ é esse? Está doendo, seu putinho tesudo? – rosnou ele.

- Ai Jorge! – foi tudo que consegui balbuciar. Estava doendo sim, mas eu só queria continuar a senti-lo dentro de mim.

Enquanto ele me estocava num vaivém torturantemente rítmico e avassalador, eu fui me erguendo e debruçando sobre um dos braços do sofá, o que franqueava minha bunda para sua lascívia predadora. Um de seus joelhos estava apoiado no sofá enquanto a outra perna se firmava no chão. As estocadas agora iam tão fundo quanto aquele caralhão conseguia, enquanto o sacão dele batia no meu rego arregaçado. Eu estava ganindo feito uma cadela sendo fodida quando a porta da sala se abriu e o Luiz apareceu, regressando da faculdade.

- Tesão do caralho! – exclamou o Luiz, largando apressadamente suas coisas sobre o aparador junto à porta. – Quer dizer que o travadão finalmente liberou o cuzinho! Caralho, você fica ainda mais gostoso com essa bundona arrebitada e empinadinha levando vara! – emendou, aproximando-se de nós enquanto tirava o cacete já duro das calças. Eu mal havia prestado atenção às palavras dele, pois o Jorge bombava meu cu com tanta gana que eu mal conseguia me sustentar, mesmo estando de quadro.

De repente, o caralho do Luiz estava lambuzando minha cara com o farto pré-gozo que minava da cabeçorra arroxeada. Não demorou para ele enfiá-lo na minha boca enterrando-o até a goela. Eu mal conseguia respirar. Por uns instantes safei-me da pica e virei na direção do Jorge procurando por algum sinal de censura dele em relação a atitude do primo. No entanto, ele estava tão concentrado em se satisfazer no meu rabo que parecia não se importar que outro macho também viesse se aproveitar de sua presa. Não sei descrever a tristeza que senti com sua indiferença. O que eu imaginava que ele sentia por mim estava realmente apenas na minha imaginação, nos meus sonhos pueris de que aquele homem pudesse sentir algo por que não fosse uma simples vontade de foder meu cu. O Luiz me forçou a engolir novamente sua rola, agarrando minha cabeça com as duas mãos e me empurrando contra sua virilha pentelhuda. Comecei a chupá-lo, ciente de que estava me convertendo na puta daqueles dois machos. O Luiz em tudo sempre era o mais afoito, o mais imediatista. Por isso, e movido pelo tesão incontrolável que estava experimentando, gozou na minha boca como um touro que há muito não se satisfazia. O Jorge foi à loucura quando me viu engolindo toda aquela porra espessa sem a menor demonstração de asco. Instantes depois, seu brado rouco e gutural foi acompanhado de uma gozada abundante e morna que me preencheu as entranhas esfoladas.

O tempo pareceu parar. A sala estava tomada pelas nossas respirações ofegantes e incrédulas. Toda aquela tensão carregada de sensualidade que havia se acumulado durante meses de convívio, finalmente tinha resultado naquele sexo libertador, acabando com qualquer escrúpulo ou reserva que ainda pudesse haver entre nós. O pau do Jorge continuava enrijecido e dolorosamente enfiado no fundo do meu cu, como se ali ele tivesse encontrado o mais perfeito casulo para suas necessidades. O Luiz esfregava a porra que havia escorrido pelo meu queixo, que eu não havia conseguido engolir na profusão em que era despejada na minha boca, e a colocava com os dedos para dentro dos meus lábios.

- Há quanto tempo vocês andam se divertindo sem mim? – perguntou o Luiz, quebrando o silêncio. Não tive forças para responder e, o Jorge grunhiu algo ininteligível enquanto tirava lentamente a pica do meu cuzinho, deixando um vazio como nunca senti antes.

Não me atrevi a encarar o Jorge, algo me dizia que se o fizesse, começaria a chorar. Ao me aprumar sobre as pernas, o Luiz conseguiu vislumbrar minha rosquinha completamente intumescida e eritematosa, como a vulva de uma fêmea no cio. Antes mesmo que eu pudesse esboçar alguma reação, senti a jeba dele esgarçando meus esfíncteres e se alojando em mim. Não soltei mais do que um ganido conformado, mas suficiente para deixa-lo louco de tesão. Obrigado a me amparar novamente sobre o espaldar do sofá, fiquei ajoelhado com as pernas abertas enquanto ele metia sem piedade aquela rola insaciável no meu cuzinho dilacerado. Levou um bom tempo para ele gozar e encher meu rabo com sua gala pegajosa. Eu também havia gozado enquanto minha pica balançava livre e solta com as estocadas que eu levava no cu. Quando olhei para a tela da TV sem nenhum interesse, vi que subiam lentamente os créditos com uma música melancólica como tema. Foi esse sentimento que se apoderou de mim quando notei que o Jorge não estava mais na sala. Abandonado a própria sorte pelo macho com o qual eu criara as mais deliciosas fantasias durante meses.

Eu estava entornando o café na xícara e esperava as torradas que havia colocado no forno chegarem ao ponto quando os dois desceram na manhã seguinte.

- Madrugou? – questionou o Luiz, num cumprimento dirigido a mim, naquele seu jeito folgazão e debochado. O Jorge apenas grunhiu e, eu não me dei ao trabalho de responder. – Agora que o travadão finalmente resolveu liberar a rosquinha não temos por que ficar no atraso, não é?

- Esqueceu que faz tempo que ele queria fazer isso? – retrucou o Jorge, com aquela sua voz grossa e rouca de todas as manhãs.

- Não quero falar sobre isso! – exclamei em protesto. – Aliás, quero sim. Porém, apenas e tão somente isso, de onde vocês tiraram essa convicção de que estou tão disponível assim? – questionei indignado.

- Dos teus pedidos contumazes, quase súplicas, naquele dia em que tomou o porre! – devolveu de imediato o Luiz. – Sabia que já estou com saudades do seu rabão, quando vamos repetir a dose? – emendou provocativo.

Levantei-me de supetão e, deixando a xícara de café intacta e as torradas já cobertas de queijo no prato, peguei minhas coisas e saí para o trabalho, sem dizer nada. Assim que coloquei o carro na rua um choro convulsivo se apossou de mim, bem como, a certeza de que para os dois eu não passava de uma puta pronta para satisfazê-los. Aquela concordância tácita do Jorge com o que havia acontecido estava doendo muito mais do que as minhas pregas rasgadas que mal me permitiam sentar.

Semanas depois, percebi que a única maneira de ter a atenção do Jorge seria aceitar que transaríamos a três. Era aceitar essas migalhas ou ficar sem ele e, àquela altura, eu já não conseguia me ver sem ele. Havia, no entanto, algo estranho. Quando só estávamos ele e eu, eu tinha a sensação de que fazíamos amor. Já quando o Luiz também participava, ele apenas me fodia. Poderia ser outra das minhas tantas imaginações, pois em se tratando do Jorge eu parecia estar sempre pisando em ovos. E foi assim, o tempo transcorrendo e eu trepando com os dois simultaneamente. Embora houvesse ocasiões em que transava com apenas um deles. Quando isso acontecia com o Luiz e, o Jorge nos pegava em pleno coito, costumava me censurar deixando escapar alguma observação sobre o meu comportamento promíscuo. Muitas vezes eu tinha vontade de afrontá-lo, de acusa-lo de ser omisso, de culpa-lo por me deixar ser enrabado por outro macho sem que ele se importasse ou tomasse uma atitude. Mas, o que eu menos queria era me indispor com ele cobrando-o por algo que ele talvez não sentisse por mim e, talvez, perder o pouco do que ele aparentemente estava disposto a me oferecer, especialmente depois de eu ter involuntariamente ouvido um trecho de uma conversa entre o Luiz e o Jorge sem que eles notassem minha presença.

- Por que você trata o Julinho com tanta estupidez nalgumas ocasiões e depois se derrama em carinhos noutra? – questionou o Luiz.

- Bobagem sua, você não sabe o que está falando! – devolveu o Jorge.

- Não sou cego! Você faz umas grosseiras e depois tenta consertar a cagada. – afirmou o Luiz.

- Pode ser que eu exagere, às vezes.

- Pode ser? Você exagera, com certeza! Cá ente nós, você sente ciúmes quando eu e o Julinho transamos? – encurralou-o o Luiz.

- De onde você tirou isso?

- Do seu comportamento.

- Preocupe-se com suas coisas, e me deixe em paz!

- Você está apaixonado pelo Julinho, admita!

- O que? Que absurdo! Gosto de foder aquela bundona gostosa, só isso.

- Ele te ama, você sabe disso, não sabe?

- Não sei de nada!

- Sabe sim! E, você também o ama. Só é burro demais para admitir, ou preconceituoso o suficiente para abrir mão do amor que ele tem para te oferecer.

- E, é você quem vai me dizer o que eu sinto?

- Eu mesmo! Não seja tolo, diz de uma vez para ele que está apaixonado. Tenho a certeza que é tudo o que ele espera ouvir de você. – afirmou o Luiz.

- Não vou fazer uma besteira dessas! Era só o que me faltava.

- Você não vai deixar de ser menos macho só porque está admitindo que se apaixonou por outro homem.

- Eu não estou admitindo nada!

- Azar o seu! Depois não se lastime se ele encontrar quem o faça. Pois eu não duvido que tem uma porrada de caras de olho naquela bunda. Depois, só o jeitinho do Julinho já é mais do que suficiente para alguém se apaixonar por ele.

- Então fique com ele e faça bom proveito!

- Eu sinto tesão por ele, não amor! Se sentisse não estaria perdendo tempo com escrúpulos bestas e, muito menos permitindo que outro macho tocasse nele.

- Eu sinto vontade de comer aquele rabo, só isso!

- Se quiser continuar se enganando, vá em frente! Só não diga que não te avisei!

Sinais de uma mudança a vista em nossas vidas começaram a se esboçar quando, transcorrido o final de ano e o Luiz ter concluído a faculdade, surgiu uma oportunidade de emprego para ele no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo em que fiquei feliz por sua conquista e, pelo fato do Jorge e eu ficarmos finalmente a sós, comecei a temer que o Jorge também fosse partir. Não havia um por quê para eu pensar uma coisa dessas, afinal, ele estava firme em seu emprego e nunca tinha falado nada de se mudar. Contudo, um coração apaixonado nunca foi um bom conselheiro. O Luiz se mudou pouco antes do final do verão quando as últimas chuvas da estação castigavam a cidade com ruas alagadas e um céu que parecia ter se esquecido do sol.

Havia algumas semanas que o Jorge e eu estávamos sozinhos. Nos primeiros dias reinou um silêncio embaraçoso entre nós, algo que nunca havia acontecido antes. Foi como se não tivéssemos mais assuntos em comum. Com o sexo aconteceu a mesma coisa, não transamos desde a véspera da partida do Luiz quando, a pretexto de um bota-fora, o Luiz me pegou de jeito numa foda animalesca e o Jorge completou o serviço me encharcando com sua porra viril. Decidi que deveria fazer alguma coisa para provocar o tesão dele. Eu nunca fui de desfilar pela casa só de cueca, mas passei a fazê-lo toda vez que ele estava em casa. Seus olhos não desgrudavam da minha bunda, mas ele não fazia mais do que isso. Quando ele estava no banho eu inventava uma desculpa para entrar no banheiro e lançava olhares esfomeados para aquela rola maciça até ter a certeza de que ele estava sacando meu atrevimento.

- Caçando machos! – exclamou ele numa tarde quando zanzei pela casa com uma cueca cavada que havia comprado especialmente para esse fim. – O Luiz já teria te enrabado com essa provocação toda. Ele sempre foi chegado numa putinha fácil. – emendou sarcástico.

- Ao menos ele é um macho que sabe o que quer! – devolvi revoltado, seguindo para o meu quarto a fim de colocar uma bermuda, uma vez que tudo acabou saindo exatamente ao contrário do que eu havia planejado. - Para você ver, ele pelo menos sabia o que queria e é macho suficiente para satisfazer seus desejos. – emendei.

- Não tinha muito critério nas escolhas dele! – retrucou ele. Eu me arrependi de tê-lo provocado. O homem que eu amava me julgava uma puta fácil.

Não nos falamos por uns três dias. Embora na manhã seguinte, antes de eu ir para o trabalho, ele tivesse se desculpado pela maneira como me tratou.

- Não se dê ao trabalho de pedir desculpas! Você é mestre nisso! – exclamei ao deixa-lo.

- Só para constar, eu também sou um macho que sabe o que quer. – berrou ele atrás de mim.

Nas semanas seguintes ele recebia telefonemas constantes e, sempre que os atendia, se afastava de mim para que não pudesse ouvir suas conversas. Ele nunca havia agido assim. Deve ter conhecido alguém e está se enrabichando, pensei comigo mesmo. Provavelmente resolveu dar corda para uma garota ou outro carinha, pois não faltavam pretendentes que não se deixassem seduzir por aquele machão bem-apessoado e gostoso. Se fosse uma garota minhas chances eram nulas, pensei. Uma bunda polpuda e durinha não seriam páreo para os predicados de uma mulher. Um carinha mais atirado e tesudo que só estivesse a fim de uma bela rola também teria mais chances do que eu. Pelo visto o que eu sentia por ele não tinha tanta importância. Isso ficou claro quando transamos pela primeira vez e ele não se importou em me dividir com o primo. Rabo é rabo e ele sabia que não lhe faltariam tantos quantos pudesse escolher. Mas, para mim, estava se tornando uma tortura tê-lo por perto sem que nada acontecesse, sem que ele me desejasse, sem que ele me dissesse que também me amava, sem que ele me levasse para a cama e me fizesse sua fêmea. Tomei coragem, depois de muito ponderar, e fiz o que achava que deveria fazer.

- Eu estive pensando, Jorge, com a saída do Luiz, acho que não quero continuar a alugar o quarto. Talvez fosse melhor você procurar outro lugar para morar. Não precisa ser uma correria desatada, você pode levar o tempo que precisar para encontrar algo legal e que te agrade. – despejei, sem que ele esperasse por essa atitude.

- Tá bom! Se você prefere assim. – respondeu ele, desapontado, mas procurando se controlar.

- Vai ser melhor para nós dois. – devolvi.

- Fale por você, não por mim. – a voz dele havia se tornado ríspida.

- Talvez você ficasse melhor acomodado com a pessoa que vive te ligando e, com a qual, você anda tendo conversas sigilosas. – eu não podia perder a oportunidade de dizer o que me incomodava, pelo menos em parte, pois não queria que ele soubesse que também sentia sua falta dentro de mim, pulsando com toda sua virilidade no meu cuzinho.

- Quem? De onde você tirou essa bobagem? Não estou tendo conversas sigilosas com ninguém. – protestou.

- Não é o que tenho visto!

- Você tem me visto conversando com o Luiz, o resto é imaginação sua! – exclamou, ainda irritado.

- Não precisa me dar explicações! Não tenho nada a ver com sua vida.

- Pois eu pensei que tivesse! Deixa para lá! Vou procurar outro lugar para morar, já que não me quer mais na sua casa agora que o Luiz não está mais aqui. – ele me deixou, não sem antes esmurrar a primeira porta pela qual passou.

Se fosse realmente o Luiz com quem ele conversava tanto, por que se afastava para que eu não soubesse sobre o que estavam conversando? Nunca se preocupou em permitir que o primo fodesse meu cuzinho, que segredo poderia haver agora entre eles? Me doía saber que ele ia partir e, eu já me preparava para encarar o sofrimento e a enorme ferida que a ausência dele ia deixar no meu peito. Fui atrás dele para tentar remendar a situação e, para que ele não ficasse tão zangado comigo. Ele não percebeu minha aproximação. Estava ao celular gesticulando, caminhando de um lado para o outro e desabafando com a pessoa do outro lado. Parei assim que comecei a ouvir a conversa deles, não queria parecer intrometido.

- Você acredita nisso! Enquanto ele tinha as duas picas para se divertir estava tudo bem, mas como só sobrei eu, não rola mais nada. Você faz uma ideia de quanto tempo não como aquele rabo? Semanas, cara! Semanas! – exclamava ele, exasperado. Devia ser mesmo o Luiz, pensei. Com quem ele falaria tão abertamente sobre a situação? Saí de perto dele antes que notasse a minha presença.

O domingo havia amanhecido com um sol fraco, que ganhava força sem pressa. Devia ser tarde, mas eu havia me deitado bem tarde e ainda estava morrendo de sono. O Jorge entrou no meu quarto, fazia tempo que ele não fazia isso. Não me acordou de pronto. Ficou zanzando, parecendo não saber o que fazer. Continuei fingindo que estava dormindo. Tudo o que eu não queria era ouvir que ele já havia encontrado um lugar para ficar. Eu não queria começar a chorar diante dele e, sabia que isso ia acontecer assim que ele me fizesse a revelação. Mas, ele foi até a porta-balcão e abriu apenas uma fresta, que deixou entrar um pouco de luz e tirou o quarto da escuridão. Ele estava deliciosamente nu. Sob o reflexo daquela nesga de sol que penetrava no quarto seus músculos pareciam ainda maiores e mais vigorosos, a pica estava a meia-bomba e, as vezes ele a manipulava como se estivesse querendo afastar uma comichão incomoda e persistente. O lençol me cobria apenas dos joelhos para baixo, eu estava deitado de lado e ele olhou para a minha bunda, voltando a tocar em sua rola. Havia uma impaciência em seus gestos que, aqueles poucos metros que nos separavam, não conseguia esconder. Continuei a fingir que dormia, embora suspeitasse que ele já tinha sacado meu ardil. Ao mesmo tempo em que aquilo me enchia de tesão, estava intrigado com aquela visita inesperada e, mais ainda, com as intenções por trás dela.

A mão dele subiu pela minha coxa assim que ele se sentou na beira da cama. Disfarcei a surpresa de vê-lo no meu quarto e esfreguei os olhos como se tivesse acabado de acordar com seu toque.

- O que você quer a essa hora? – balbuciei, como se não soubesse que aquela jeba estruturada estava querendo meu rabo.

- Você! – exclamou ele, enquanto puxava a bermuda de seda do meu pijama até os joelhos.

- O que você está querendo com isso, Jorge? – questionei, só para ter o que falar, pois tudo que eu queria era que ele entrasse em mim com aquele cacetão e me apertasse em seus braços confessando que me amava, tanto quanto eu a ele. Sonhar era permitido, afinal eu ainda estava sonolento.

- Já disse, você! – repetiu ele.

- Só você e eu? – me arrependi de perguntar assim que ouvi minhas palavras. Ele parou de acariciar minha nádega assim que terminei da pergunta.

- Por que? Você quer mais alguém? Não quer transar a menos que seja com dois machos ao mesmo tempo? Não sabia que era tão chegado numa suruba. – disse ele, contraindo os músculos da face.

- Você sabe que não é isso! Você é que só me quer quando pode ver outro macho me enrabando. – devolvi.

- Escuta aqui, seu....seu...sua putinha tarada! Tenho vontade de te dar umas boas porradas. Desde a nossa primeira vez você acha que não sou macho suficiente para você e precisou cair de boca na rola que o Luiz enfiou na sua goela. Fique sabendo que posso te arregaçar e te deixar sem conseguir sentar por uma semana, além de te fazer miar fino feito uma gata no cio. Viado! – rosnou ele, esmurrando o colchão.

- Eu nunca quis isso! Você é que nunca se importou comigo e em me dividir com seu primo. Você não tomou nenhuma atitude, nem impediu que o Luiz me pegasse naquele dia. Eu estava tão feliz com aquela nossa primeira vez, tão ridiculamente apaixonado por você que aceitei tudo só para você não deixar de ficar comigo. – devolvi.

- Pois eu sempre pensei que você tinha gostado e era isso que queria! Por que nunca reclamou de nada? Por que ficou dando o cu para os dois e fazendo carinho na gente para que pensássemos que você se realizava nas nossas rolas? – questionou.

- Achei que era isso que vocês queriam! Era isso ou nada! – respondi. – Eu ouvi você dizendo para o Luiz uma vez, com todas as letras, que só queria me enrabar. Acontece que eu sempre fui apaixonado por você, desde o primeiro dia em que te vi. Meus sentimentos por você nunca tiveram importância alguma para você. – confessei.

- Tiveram sim! Posso ter sido um vacilão por não aceitar logo de cara que estava gostando de você, que tinha ficado de quatro por outro homem, mas nunca quis te dividir com ninguém. Não sou cara de dividir quem eu gosto e fodo com outros machos. O Luiz está há meses me buzinando isso nos ouvidos, mas você bem sabe que sou meio turrão. Levei um tempo para me convencer de que só te teria por completo se te assumisse, se assumisse nosso amor e o transformasse numa relação sacramentada. – argumentou ele.

- Então isso quer dizer que você me ama? – questionei, encarando-o com toda doçura.

- Vou te mostrar quanto eu te amo, sua putinha, minha putinha gostosa. – disse ele partindo para cima de mim como um lobo sobre a presa.

Seus dedos se fecharam com firmeza ao redor do meu queixo antes dele colar sua boca à minha numa sofreguidão que há tempos eu não sentia. Envolvi-o em meus braços externando todo o desejo de tê-lo. A língua dele lambia a minha enquanto seus lábios selavam os meus mal me dando condições para respirar. Enquanto minhas mãos afagavam suas costas ele foi suavizando os beijos, embora continuassem úmidos e lascivos. Ele devia estar certo da minha entrega aos seus impulsos. O calor do corpão pesado dele sobre o meu foi, não só me aquecendo como também, me enchendo daquele tesão que eu sabia ir acabar com o meu cu arreganhado e ardendo. Depois de todas aquelas dúvidas sobre o que ele realmente sentia por mim, era tudo o que eu desejava. Aos poucos, ele foi aproximando a verga enrijecida do meu rosto, eu até podia sentir seu perfume almiscarado. Ela estava babando quando a tomei delicadamente entre os lábios. Inicialmente lambi o orifício uretral por onde a pica babava profusamente. Ele gemeu e deixou o ar escapar entre os dentes lenta e prolongadamente.

- Como essa boquinha aveludada estava fazendo falta para a minha rola! – grunhiu ele, jogando a cabeça para trás e, se deliciando com a sucção suave e contínua da minha boca ao redor de seu falo intrépido.

Ao mesmo tempo em que o chupava eu acariciava seus bagos no sacão peludo, fazendo-o gemer mais intensamente. Com as pernas bem espaçadas ele me encarava enquanto eu lhe devolvia um olhar de satisfação e cumplicidade. Eu ainda estava deitado meio de lado quando ele investiu sobre a minha bunda. Nossos corpos entrelaçados mais pareciam um contorcionismo circense, pois eu mantinha a rola dele na boca enquanto ele lambia meu rego que mantinha aberto com as mãos espalmadas sobre as nádegas. Agora era eu quem gemia com aquela língua úmida e promiscua rodopiando sobre as minhas pregas anais. O Jorge era mestre em provocar o tesão e fazer implorar para ser possuído por sua volúpia. Ele me lambia o cuzinho só esperando eu capitular entre gemidos ardentes.

- Me penetra Jorge! Me penetra! – balbuciava eu, sentindo minha pelve experimentar ondas de espasmos torturantes. Ele sorriu ao me ver rendido aos seus caprichos.

- Quer a rola do teu macho no cuzinho, quer minha putinha safada? – perguntou ele, sem parar de me atiçar.

- Entra em mim Jorge! – supliquei, quando já não aguentava mais todo aquele tesão me consumindo.

- Eu meto se você prometer que vai agasalhar minha pica entre essas nádegas tesudas. – rosnou ele junto ao meu ouvido. Gemi contundentemente.

A cabeçorra do cacete dele babava diretamente sobre minha rosquinha, molhando-a com seu sumo viscoso. Eu segurava ansiosamente a respiração ante a iminência aquilo tudo entrar em mim, me preparando para a dor inevitável. Eu parecia sofrer de um estreitamento anal, pois mesmo quando o Luiz e o Jorge me pegavam eu não escapava da dor lancinante das penetrações. Era como se fosse a primeira vez que algo trespassava meus esfíncteres e os dilacerasse numa dor aguda e cortante semelhante ao fio de uma lâmina. Essa sensação durava apenas alguns instantes, mas era pungente o suficiente para me deixar marcado. As pinceladas cada vez mais impetuosas da rola do Jorge sobre minha fenda anal sinalizavam que ele estava prestes a me penetrar. Contra toda a lógica e sensatez, eu empinava minha bunda para dentro da virilha dele, querendo apressar a penetração. Quando ela finalmente veio, eu já gemia insanamente e deixei escapar um gritinho assim que pica arregaçou meu cu. Ele esperava pacientemente pela minha recuperação antes de continuar e meter todo aquele cacete no meu rabo. Para conseguir minha cooperação, relaxando os esfíncteres, ele deixou escapar um longo silvo tranquilizador, pouco antes de procurar minha boca para um beijo compactuado. Enquanto o beijo se prolongava e, o sabor de sua boca se tornava cada vez mais presente na minha, a jeba foi deslizando para dentro das minhas entranhas até que só lhe restou forçar as estocadas fazendo o sacão bater no meu rego.

- Senti tanta falta disso! – rosnou ele na minha nuca. – Amo você mais que tudo. – admitiu, como se precisasse ouvir suas próprias palavras para se certificar disso.

- Também senti sua falta! Amo você a tanto tempo que tinha medo de tudo que pudesse me impedir de ter você comigo. – confessei.

- Eu estou aqui, todinho seu! Nada vai te tirar de mim. – retorquiu ele, enquanto as estocadas ganhavam força e socavam meu cuzinho franqueado à sua depredação.

Enquanto meu pinto balançava sob o ímpeto dos impulsos vigorosos do Jorge, gozei satisfeito lambuzando minhas coxas e o lençol, liberando um gemido que aflorou involuntariamente à minha boca. Pouco depois, o corpo do Jorge foi se retesando, especialmente sua pelve tão encaixada na minha bunda que mal permitia algo entre elas. As estocadas ficavam cada vez mais curtas e fortes. O primeiro jato de porra foi tão abundante que o senti molhando minha mucosa anal. O Jorge rugiu rouca e guturalmente. O gozo transformado em infindáveis jatos de gala espessa me preenchia de prazer e alegria. Aquela transa foi a consumação não apenas de uma trepada, mas do amor que um sentia pelo outro e, que agora estava escancarado.

Havíamos perdido a noção do tempo. Continuávamos com os corpos entrelaçados e a pica dele no meu cuzinho. De vez em quando, ela dava uns pinotes e me lembrava do tamanho do estrago que havia feito nas minhas entranhas. Mas, era prazeroso senti-la aconchegada dentro de mim, pois isso significava que o Jorge estava aconchegado a mim como nunca. Embora tivéssemos preguiça de levantar, não tivemos para fazer amor mais duas vezes, como se fosse urgente recuperarmos o tempo perdido. Quando finalmente resolvemos seguir juntos para a ducha, era o meio da tarde de um domingo fracamente ensolarado e já perdido.

O celular do Jorge tocou pouco antes do anoitecer. Era o Luiz.

- Não gaste sua saliva tentando me convencer de mais nada. Admito que você estava certo. Amo o Julinho, já disse isso a ele com todas as letras e acabei de comer aquele rabão até não poder mais. – disse ele, olhando para mim enquanto se gabava de seu feito. Ele deve ter ouvido o Luiz congratulando-o pela decisão e, logo me passou o telefone.

- Fico feliz que tenham finalmente se acertado! Vocês dois merecem! Sei que você ama esse cabeça dura faz muito tempo. Ele também te ama há séculos, mas nunca vi cara mais vacilão para assumir o que sente. De qualquer forma, parabéns! Não sei se ele ia assumir um relacionamento se fosse com outro cara. Você é o único que consegue deixar esse babaca de quatro, portanto, aproveite-se disso. – disse o Luiz rindo.

- Valeu! Sei que você deu a maior força para isso acontecer. Beijão! – respondi.

- Pena que eu acabei perdendo o melhor cuzinho que já comi. – revidou ele, continuando a se divertir com a gozação.

Os meses que seguiram foram uma verdadeira lua-de-mel para o Jorge e eu. Ele passou a dormir no meu quarto. Quer dizer, dormir é modo de falar, pois nunca transei tanto quanto nesses últimos tempos. Mas, de qualquer forma, ficou implícito que dali por diante dividiríamos a mesma cama e, não somente ela, porém todo o nosso cotidiano, à exceção dos nossos empregos. Ele foi me apresentando aos amigos, coisa que nunca havia feito antes, muito embora conhecesse todas as minhas amizades e até alguns parentes. Não me apresentava como seu parceiro ou algo parecido, mas apenas como um amigo, o que para ele, eu sabia, já era uma grande transformação. Eu não fazia questão e nem queria que fosse diferente, queria manter nosso relacionamento longe dos holofotes de intrigas e comentários alheios. A discrição era fundamental e nos preservava de maledicências. Não éramos ingênuos a ponto de achar que ninguém desconfiasse de tanta intimidade, embora nunca houvéssemos feitos demonstrações em público que levassem as pessoas a tirarem conclusões. Contudo, era fatal que com o tempo alguém descobrisse nossa pretensa amizade. Nenhum de nós estava preocupado com isso, e essa era a melhor parte.

Houve muitas mudanças no comportamento do Jorge e, ficava cada vez mais claro para mim, que ele tinha aceitado com bons olhos uma relação de amor e cumplicidade com outro homem, sem que isso colocasse em sua mente as caraminholas que o preocupavam antes. As transformações foram de tal monta que, um dia, do nada, quando estávamos caminhando pelos corredores de um shopping, ele repentinamente parou diante de uma joalheria e começou a olhar a vitrine descontraidamente.

- O shopping está prestes a fechar. Se não nos apressarmos você vai acabar não encontrando, mais uma vez, as camisas que está precisando para o trabalho. – afirmei, ante a demora dele diante da vitrine.

- Sabe de uma coisa! Vendo essas alianças, me lembrei que não te pedi em casamento e nem oficializei nosso amor como deveria. – disse ele, me deixando embaraçado e comovido.

- Não preciso disso para validar meu amor por você. – respondi.

- Eu sei! Mas eu quero fazer isso. Eu quero deixar claro o quanto você significa na minha vida e, não vejo melhor maneira do que me valer do jeito tradicional de fazer isso. Pedindo você em casamento, levando você para o cartório, igreja ou seja lá onde e, colocando uma aliança em seu dedo. Quer casar comigo! – ele me encarou, e tinha aquela cara bobinha que fazia de vez em quando onde seus olhos verdes ganhavam um brilho expressivo. Uma lágrima apontou no canto do meu olho e ele levou o polegar ao meu rosto para contê-la enquanto ela rolava carregada de emoção.

- Quero! Não que isso me torne mais seu do que já sou, mas quero sim, meu amor. – balbuciei, controlando um soluçar que se formara no meu peito.

- Mesmo assim, é bom não arriscar. Vamos entrar e comprar as alianças, antes que eu resolva que é melhor colocar uma corrente em você para que nunca mais escape de mim! – exclamou ele, gozando da minha cara de comoção.

- Bobo! Você está tirando uma com a minha cara porque sabe que isso nunca vai acontecer. Eu te amo! – retruquei.

- Eu também te amo, sua manteiga derretida! – garantiu ele e, diante do balconista sorridente, acrescentou. – Quero ver algumas alianças, pois preciso amarrar esse sujeito a mim para todo o sempre. – o balconista nos encarou e reforçou o sorriso que agora tinha um quê de gozação.


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Comentários

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16/05/2020 16:05:27
Maravilha!
28/03/2020 14:46:49
Ainda não tinha visto as desse ano por conta do dia a da mas amei
23/03/2020 02:04:21
Ameiii!!!
29/02/2020 19:36:42
História muito bem escrita, de um esplendor incrível, e dito isso, eu não espera menos de um autor do seu calibre, que está entre os maiores escritores desse site. Muitos erros e repetições excessivas de outrora foram corrigidos nessa história, embora outras características já tão maçantes e conhecidas de seus textos tenha prevalecido nessa história também. É o que dizem, não é? A Evolução é lenta e demora um pouco... No mais, gostei de tudo, e espero que continue a escrever.
29/02/2020 02:27:46
Eccelente!
27/02/2020 18:08:51
sempre Mara
27/02/2020 11:02:39
Que saudade que eu estava de você meu autor favorito, definitivamente não ha nesse site NINGUÉM que escreva contos gays tão bem como você. Por favor não suma novamente, não sabe a falta que me fez!
27/02/2020 09:15:55
Sua fórmula não muda: o passivo é lindo, tímido e adora um relacionamento abusivo, as agressões verbais do machão, até ele descobrir q ama quem tá ferindo
27/02/2020 08:58:31
Que belo conto. Você é meu autor favorito desse site. E todo dia entro para ver se há um novo conto seu. Em janeiro eu reli todas suas publicações. Parabéns pelo belo trabalho. Um abraço. E não demore tanto a nos brindar com suas publicações.
27/02/2020 03:06:18
EXCELENTE. APENAS NÃO CONCORDO COM A FORMA QUE JORGE TE TRATAVA OU TE TRATA. MAS ESPERO QUE ELE MUDE E PARE DE TE CHAMAR DE PUTINHA, DE VIADINHO ETC ETC ETC
26/02/2020 20:01:18
Ótimo conto
26/02/2020 15:48:52
Muito perfeito 😍
MIC
26/02/2020 14:13:08
Uau!!! PERFEITO! A muito tempo não lia um conto tão bom. Parabéns. Escreva um assim por dia q irei ler todos kkkkk nota 1000
26/02/2020 13:31:23
Pqp Aaaa eu amei tanto


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