Encontro quente na lagoa
ANDAVA SEMPRE SEMINU, O CAUBÓI. Era cabra macho mesmo, desses de olhar semicerrado e resoluto, e de volumes sempre ressaltado no jeans encardido. Na cabeça, o chapéu marrom de abas curvas, os cabelos louros a cair dos lados. Os olhos azuis, vivíssimos ― quase um pedaço do oceano. Corpo atlético, rijo dos trabalho nas fazendas, sobre as selas dos cavalos. Bunda larga, bunda de homem trabalhador, sempre impressa na roupa justa. Assim era Gustavo, este nosso peão.
Gostava de recostar-se ao espaldar das cadeiras da varanda, pôr no alto das mesinhas os pés, levar as mãos à cabeça e deitar o chapéu sobre o rosto. Ali se deixava estar, exibindo-se como uma oferenda: as axilas igualmente louras, o corpo maravilhoso, a camisa no ombro, dotado de curvas generosas que sempre de alguém arrancava inveja ou uma ilusão erótica.
Às vezes cochilava desse modo. Às vezes ouvia alguma moça passar. E às vezes via o patrão parar e espiar sua nudez varonil, lá de longe, meio absorto. Já o flagrara mais de uma vez assim. Com as mão na cintura, meio sem jeito, o patrão se deixava estar observando o volume da braguilha e das coxas do peão sem saber que de lá Gustavo o observava de volta, um olho entreaberto sob o chapéu.
Certa vez o patrão o abordou, matreiro:
― Tarde, cabra! Me diz uma cousa: por que vive sem camisa?
― Simples ― redarguiu Gustavo, ainda com as mãos à cabeça, um olhos aberto sob o chapéu ―, é que tenho calor!
― Hum. Entendo. Nesse caso, vou lhe comprar umas regatas, e também umas calças e cuecas. Quero ver você nelas.
Gustavo, que estava deitado no espaldar da cadeira, sentou, fixando seus olhos nos do patrão. Corrigiu o chapéu na cabeça, divertido:
― Quer me ver de cueca?
O patrão soltou uma risadinha amarela, meio vermelho de vergonha. Afinal, era exatamente o que queria. Negou. Melhor, contornou. Disse que queria ver o peão usando as regatas. Coçou a cabeça por baixo do chapéu, sem mais assunto. Foi embora. Subiu no trator e continuou sua jornada.
O calor descia mesmo intenso naquele dia. Gustavo ainda perturbou-se, sentado. Cabra estranho, diacho!.
No alvorecer do dia seguinte, as regatas prometidas, todas brancas e perfumadas, já estavam empilhadas sobre a cama de Gustavo, em seu dormitório. Junto a elas, estavam as cuecas também brancas, e as calças jeans. O peão olhou as roupas. Vestiu uma regata e uma cueca. Sozinho no quarto. Olhou-se num espelho pequenino, pendido na parede. Mal imaginava o caubói que por uma fenda na parede um olho o espionava. Percorria toda a extensão do corpo parrudo do vaqueiro e parava no pau avultado na proposital cueca branca.
Talvez fosse alguma moça curiosa de ver a nudez sensual do peão. Talvez fosse algum gurí endiabrado. Ficou espreitando de lá este nosso vaqueiro alumiado pela rara luz que as frestas nas paredes deixavam entrar.
À tardinha Gustavo foi à lagoa se banhar, pois a noite logo cairia. Sabia que alguém o seguia. Seus ouvidos capturavam o farfalhar das folhas mais atrás. Ou é algum bicho, ou é gente!. Seguiu pela mata como se nada acontecesse, como se nada percebesse. Despiu-se totalmente, já na beira do lago. Entrou n'água até os joelhos. Enchia do líquido um caneco rudimentar e vertia-o na cabeleira loura, deixando que escorresse. Sabia que, detrás de algumas folhagens, o patrão o observava. Quieto, confiante, o nosso peão exibia-se para a sua plateia única.
Tomava nas mãos rústicas o membro grosso e venoso, alisando-o, descobrindo a cabeça e cobrindo-a de volta. Amassando os testículos. Percorria as mãos ensaboadas por todas as curvas do corpo. E acariciava-se lentamente, numa insinuação erótica. Tornava a entornar o caneco com água na cabeça que levava a espuma de seu corpo deixando-o novamente à mostra, limpo, nu.
Os lábios de Gustavo dilataram-se num sorriso malvado, pois sabia que entretinha alguém. Sabia já até quem era. Então, cansado daquele jogo de predador e presa, Gustavo convidou o patrão:
― Ô, seu Mario, vem pra cá, homem!
Um instante se passou sem resposta. O patrão oculto atrás das ramagens empalideceu. O caubói bem-dotado tornou a chamar: Tem vergonha não, moço! A gente é homem. Tem água pro senhor também!
Mario, seu patrão, saiu então da moita, meio ressabiado. Coçava a cabeça, entre um risinho consternado e outro, mas sem tirar os olhos da vara loura do peão. Alcançou a beira da água, resistindo em entrar. “Deixa de ser bobo, cabra! Venha banhar comigo!”, convidava o caubói nu, propositalmente. “Se fosse mulher, eu ficava meio sem graça... Mas já que é o senhor, tem vergonha não!”
Então Mario despiu-se e entrou na lago, roxo de vergonha ― ao mesmo tempo que morto de curiosidade. E Gustavo, sempre a alisar o sabonete na mão e no dote longo, aproximou-se de seu patrão. Ofereceu-lhe o sabonete e notou que a mão dele tremulava. Está com medo, homem?, Gustavo sorriu, enlaçando o pescoço do patrão com o braço musculoso. Este, intimidado, escondida entre as mãos o pouco que tinha para mostrar...
O caubói excitou-se com sua inferioridade viril, e decidiu que iria testa-lo. Com um movimento rápido, empurrou-o para a margem e montou em suas costas! Vou te domar igual faço com as tuas éguas! disse o vaqueiro, num movimento proposital onde se esfregava nas costas do fazendeiro.
O fazendeiro, coitado, já cedeu logo, gemendo de tensão.
Nisso, Gustavo já passou pra frente, de pau duro, e surrou a cara do outro com ele. Então enterrou, centímetro a centímetro, lentamente, o seu dote na goela do patrão até seus testículos encostarem-se ao queixo dele. Isso! Se você engolir tudinho, prometo que te deixo me ver de cueca!
Mario engasgava fácil, mas conseguiu por um momento fazer o pênis de peão sumir em sua boca. Sofria um pouco mais quando Gustavo tapava suas narinas, obrigando-o a engolir seu mastro robusto daquele jeito, sem respirar. No fim, seu peito já se banhava de sua própria saliva, que escorria em fios de baba.
Depois de bem lubrificado pela boca do patrão, Gustavo fez dele montaria e saltou no seu traseiro. Vamos experimentar algo interessante..., disse o peão, quente de tesão. Mario, subitamente pálido, o interrompeu com a mão:
― Ei, peão, vá devagar... Sabe, nunca levei nada aí atrás.
― Um virgem? ― Gustavo riu, alisando o cabeludo anel anal do patrão com a cabeça do pênis. ― É para isso que tem sempre a primeira vez, né?
― Não quero sentir dor...
― Nesse caso, eu só lamento ― alegou o peão, estampando no rosto um sorriso de predador.
Mario não permaneceu cerrando os dentes, pois largou a gemer alto quando Gustavo afundou o pau lá atrás. Quis interrompe-lo por vezes, doía, mas deixou que continuasse. Suas mãos desoladas buscavam algo no chão para apertar, na ilusão de que aquilo aliviaria a dor que o peão lhe proporcionava.
― Ah, ai... Devagar, ah!
Gustavo, atrás, se contorcia de prazer, marcando a bunda gorda e desajeitada do patrão com tapas e outras violências, xingando-o de vadia, puta, cadela... É apertadinho, hem, patrão! ― alegava ele, puxando-o com violência contra o próprio corpo.
Já não queria mais aquela posição.
Com poucos movimentos, o peão moveu Mario de barriga para cima e pernas para o ar, como um peru assado. Novamente fez seu mastro latejante sumir na roda anal do patrão que se desfazia em caretas e gemidos chorosos. Ora, seu Mario, não aguenta uma girombinha dessas?, zombava o peão, divertindo-se.
Pobre homem aquele, que nunca sentira aquela dor, aquela sensação. Mas, claro, estava nem um pouco arrependido daquilo e não via a hora do peão idealizado ejacular na sua cara toda, como faziam com as prostitutas na cidade.
Perto dali, uma serviçal passava carregando baldes em ambas as mãos. Ela vinha da fazenda buscar água na lagoa justamente onde os dois, peão e patrão, arfavam no impacto da transa. Ela escutou os choramingos de Mario e se aproximou cautelosamente, soltando os baldes de latão no chão. Ao fazer aquilo, ela se traiu involuntariamente.
O ruído metálico das alças dos baldes não escaparam aos ouvidos de Gustavo. Ele desentupiu seu pênis do alargado buraco anal de Mario e lhe tapou a boca. O patrão, obrigado a se calar, obediente como bom passivo que era, parecia não entender o que acontecia. O peão ouviu naquele momento o farfalhar de pés avançando pelo capim.
A jovem mulher, muito ingênua, não utilizou da prudência e, próxima da margem, agachou sobre os calcanhares dentro do capim para afinal ver quem gemia por ali. Seus olhos, porém, só enxergaram a nudez medonha de seu patrão, Mario, que banhava-se distraído.
Ela levou logo a mão à boca ao deparar-se com o piruzinho atrofiado do fazendeiro. Um ruído vindo de trás lhe tomou a atenção e quando ela se virou, Gustavo estava de pé com os braços cruzados bem às suas costas, nu como já sabemos que estava.
Mais que a súbita aparição do peão, o seu pênis semiereto também assustou a serviçal que fez menção de fugir, mas antes Gustavo lhe agarrou pelo braço com violência.
― Você não viu nada! ― Ele disse em tom severo.
Ela assentiu desesperadamente e quando o braço foi solto, fugiu desarvorada esquecendo-se mesmo dos baldes deixados no capim. Não, ela não reconheceu Gustavo. Ele usava a camiseta enfaixando cabeça, como uma espécie de máscara improvisada.
Naquela tarde, primeiro Mario regressou à sua fazenda, e depois dele foi a vez de Gustavo dar as caras. Tudo na penumbra, na sombra...
Após perder brutalmente a virgindade e as pregas no colo do amado peão, este recebeu um aumento da féria e foi elevado a capataz. Mario, ainda, constantemente o convidava para matar algum rato ou conter infiltração em seus aposentos pessoais em plena madrugada. Coisas escusas, se o leitor me entende...
Houve outros casos entre subalterno e patrão, mas, claro, cada um terá seu espaço apropriado.
FIM
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Tô lá pelo WATTPAD também, viu? Sou o