Idênticos Cap.1

Cap.1

-Espera... Quem é o Igor e quem é o Iago? - um dos meus amigos perguntavam, olhando para nós dois, sem conseguir distinguir quem era quem.

-Eu sou o Igor – falei, sorrindo.

-E eu sou o Iago – meu gêmeo dizia, também sorrindo.

-Espera... Vocês não estão mentindo não ?

-Claro que não... Por acaso se eu fosse o Iago saberia que o seu apelido é Ricardão ? - Iago riu ao meu lado.

-Igor, seu fuleiro !

Nós éramos irmãos gêmeos. Por fora, extremamente idênticos. Na verdade, nem nossos pais nos diferenciavam bem. Se de repente decidissemos usar o mesmo estilo de roupas, ninguém saberia dizer quem era quem. Porém, acredito eu, que ao longo do tempo todos saberiam quem era quem.

-Vai sair de novo ? - Iago perguntava, me olhando.

-Vou, porquê ? - ele apenas suspirava

-Quando é que você vai acordar pra vida ein ? - dizia, me olhando.

-O que você quer dizer com acordar pra vida ?

-Largar essa vida de boêmio. Mergulhar a sério na sua faculdade, arranjar um emprego, parar de depender dos nossos pais. Nós temos a mesma idade e olha pra mim ? Não dependo mais do papai a séculos, sou diretor de uma empresa sem nem ter o diploma ainda.

-Vai vir com essa conversa chata agora Iago ? Está parecendo os nossos pais !

-É porquê eles tem razão ! Você tem que acordar pra vida... Acha que você vai ficar assim até quando... Você... - sai dali e deixei ele falando sozinho...

Nós dois sempre fomos muito unidos. Mas com o passar do tempo nos tornamos muito diferentes. Enquanto ele era o filho pródigo do nosso pai, o exemplo, o melhor da turma, o futuro das empresas do nosso pai, eu era o problemático, o fujão, o namorador, o gastador. Eu não via motivo pra trabalhar. Meu pai me dava tudo o que eu precisava, sem nem bem reclamar. Falava algumas coisas de vez em quando por causa da nossa mãe, mas no fundo não estava nem aí. De modo que eu não tinha o porquê trabalhar.

NARRADO POR IAGO

Nunca me vi tendo que depender de alguém pra sobreviver. Acho tão chato tudo isso, é muito melhor você poder conquistar o seu próprio dinheiro, e então poder fazer o que quiser com ele, sem ninguém pra te dizer o que fazer, como fazer. É por isso que desde sempre nunca coloquei nas costas a riqueza da minha família. Sempre tentei procurar a minha própria riqueza.

-Parabéns Iago – meu chefe dizia – você é o melhor diretor que a minha empresa já teve.

-Obrigado senhor kkk – e eu queria muito mais.

Já o meu gêmeo só queria saber de farra, de festa, de bebida, de viagem. Tinha a minha idade e uma mentalidade de uns 10 anos a menos. Como nós éramos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes...

-O que você quer aqui ? - dizia eu, vendo ele entrar no escritório.

-Vim saber se você quer viajar pra Paris comigo...

-Não... Eu não tenho tempo para ir perder na França. Não sou boêmio como você.

-Você é um chato isso sim !

-Chato não, responsável... Coisa que você não é ! Quando você vai criar responsabilidades Igor ?

-Quando precisar...

NARRADO POR IGOR

Todos me criticavam... E cada vez que eu recebia críticas, menos vontade de fazer o que pediam eu tinha. Arrumei as malas, e então parti para a França afim de passear.

-Igor ? - ouvia a voz do meu pai no telefone – você viajou sem me avisar ?

-Eu tentei lhe avisar, mas não consegui. De qualquer forma eu não pretendo demorar muito. Apenas vim ver algumas coisas aqui na França.

-Como se eu não soubesse o que você foi fazer na França. Mas tudo bem, apenas ande logo. E volte logo...

-Tudo bem papai... Não vou demorar...

As vezes pensava em como seria a minha vida no futuro. Porém, lembrava o quão bom é viver sem responsabilidades. E então toda a coragem para fazer qualquer coisa sumia da minha mente. Iago e eu somos tão iguais, e ao mesmo tempo tão diferentes

MINUTOS DEPOIS

Andava pelas ruas de Paris buscando o que fazer. Caminhava sozinho, meio sem rumo, desconectado do mundo, quando de repente esbarrei em alguém, sem querer.

-Ai, desculpa... - disse, primeiramente em Português pelo hábito.

-Você é brasileiro ? - havia esbarrado num rapaz carregado de livros, que tão logo falou isso, me fez olha-lo.

-Sim, sou... - branco, alto, loiro, de cabelos cacheados, olhos azuis, corpo atlético, um ar completamente nerd. Era o rapaz mais bonito que eu já havia visto.

Continua

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