Questão de tempo - 11

Um conto erótico de Bib's
Categoria: Homossexual
Contém 3431 palavras
Data: 14/07/2016 07:10:48
Última revisão: 14/07/2016 11:37:07

Eu cheguei ao apartamento cerca de dez minutos antes de Sam, e tinha colocado seu som no máximo quando ele entrou pela porta. “Ei!” ele gritou quando entrou na sala de estar. “O que você está fazendo?” Era perfeitamente óbvio que eu estava dançando. Sobre o piso de madeira com suas meias, eu estava deslizando muito bem.

Ele se levantou e me observou com um sorriso largo. Eu cantava tão alto quanto meus pulmões aguentavam e ele me chamou após alguns minutos. Eu deslizei pelo chão até ele, que agarrou a frente da minha camisa e me puxou para perto.

“Eu vou tomar banho e nós podemos ir comer alguma coisa, tudo bem?”

Mais comida. “Claro.”

Ele colocou as mãos no meu rosto. “Você parece melhor hoje.”

“É mesmo?” Eu perguntei, me aproximando dele e inclinando meu rosto em sua mão.

“Alguém precisa de um pouco de atenção.”

Eu levantei meu queixo, esticando o pescoço para ele. Suas mãos estavam imediatamente em minha garganta.

“Hein, J? Você precisa de alguma coisa?”

Eu concordei e ele me puxou para perto e me beijou. Engraçado que, no espaço de quatro dias, o homem estava me beijando como se me possuísse. Ele era muito possessivo, quer admitisse ou não.

“Continue dançando, J,” ele me provocou, recuando e beijando a ponta do meu nariz. “Eu já volto.”

Revirei os olhos, desligando a música enquanto ele corria para fora da sala.

Uma batida soou na porta da frente, então eu fui ver quem era. O homem do outro lado da porta pareceu atordoado quando eu respondi.

“Oi.” Eu sorri brilhantemente.

“Oi,” ele disse lentamente, claramente confuso. “Sam está?”

“Sim,” eu respondi enquanto duas mulheres se juntaram a ele no corredor. “Você quer entrar?” Perguntei-lhes recuando e segurando a porta aberta.

Fechei a porta atrás dos três e notei que a loira estava carregando uma grande caçarola. Estava coberta com papel alumínio e ela estava carregando com pegadores de panela.

“Oh nossa.” Eu sorri para ela. “Aqui, traga isso para a cozinha e coloque lá. Sinto muito, eu não vi que você estava segurando alguma coisa.”

Ela sorriu fracamente e me seguiu através da sala para a cozinha. Tirei a chaleira do queimador para que ela pudesse colocar a panela ali.

“Obrigada,” disse ela rapidamente, e sua voz era linda. Toda correta como se tivesse frequentado o internato ou algo assim. Muitas aulas de dicção. “Está quente e estava ficando muito pesado.”

“O que é isso?”

“Piccata de vitela.”

“Mmmm,” eu murmurei. Eca, eu não era um fã de carne de vitela, eu sempre tentei não comer bebês. “Delicioso.” Então eu estendi minha mão para ela. “Oi, eu sou Jory Keyes.”

“Oh, bem, é um prazer conhecer você, Jory. Sou Christine Montero e no outro cômodo estão meu irmão Jeff e minha amiga Donna Norton.”

“Ótimo,” eu assenti. “Posso pegar algo para você beber?”

“Bem,” ela fez uma careta, “Eu acho que nós deveríamos estar tendo um jantar.”

“Ah?”

“Sim, um, meu irmão marcou um jantar com Sam cerca de uma semana atrás. Eu deveria cozinhar a minha especialidade, da qual meu irmão, aparentemente, vem se gabando, e Sam ia providenciar a salada e o vinho,” ela esclareceu. “Pelo menos, era esse o plano.”

“Oh,” eu disse, completamente sem saber o que deveria fazer naquele momento. Que situação estranha. O pior era que isso era tão inconsequente para Sam, que ele não tinha nem se lembrado. “Entendo. Bem, vamos perguntar a ele se ele fez as compras.”

Ela me seguiu de volta para a sala de estar.

“Jeff,” Christine sorriu desconfortavelmente para ele, “Acho que talvez Sam tenha esquecido.”

“O que?”

“Eu lhe disse para ligar e confirmar,” disse ela secamente, seu tom quase ríspido.

“Não,” Jeff balançou a cabeça, lançando um olhar rápido em minha direção. “Ele não é assim, sei que ele providenciou tudo.”

Precisei de todas as minhas forças para não rir. O homem não tinha providenciado nada.

“Oi,” a outra mulher se inclinou para frente e me ofereceu sua mão. “Sou Donna Norton, e você?”

“Jory.” Eu sorri para ela. “Prazer em conhecê-lo,” eu disse, olhando para Jeff.

“Ei,” ele sorriu, tenso. “Jeffrey Montero. Vivo no final do corredor, no 5G.”

“Oh, vizinhos,” eu soltei. “Ótimo.”

“J?” Sam chamou do quarto. “Por que você não vem aqui e...”

“Estou na sala de estar,” eu o cortei, e porque eu sabia que ele tinha acabado de sair do banho, fui gentil ao invés de incorporar a megera como eu tive vontade. “E você tem convidados.”

“O que?” Ele virou o corredor, seminu, todos aqueles músculos ondulantes à mostra, o peito esculpido e o tanquinho. O jeans baixo em seu quadril, com o botão de cima aberto para revelar o branco das cuecas por baixo. Ele deveria estar em um outdoor em algum lugar, o homem era de dar água na boca. Seu sorriso, logo que ele viu todo mundo, era enorme. “Oh, oi,” ele riu, apontando de volta para o quarto. “Só preciso de um segundo.”

Demorou um tempo terrivelmente longo para ele encontrar uma camiseta porque o silêncio era opressivo. Jeff estava francamente me encarando e Donna parecia estar prestes a explodir em gargalhadas a qualquer segundo. Christine tinha os braços cruzados sobre o peito. Sua expressão estava ilegível.

“Ei, desculpe,” Sam se desculpou, voltando do quarto. Ele caminhou para o meu lado e colocou a mão no meu ombro. “O que foi?”

“O jantar,” eu disse a ele, me movendo para olhar para o rosto dele. “Você disse a Christine...”

“Não, ele disse a Jeff,” Christine me corrigiu, sorrindo para Sam, movendo-se para ficar um pouco mais perto dele.

“Oh,” eu disse, me afastando de Sam para que sua mão caísse de cima de mim. “Desculpe. Você disse a Jeff que hoje seria uma boa noite para um jantar. Você se lembrou de comprar vinho e salada em seu caminho para casa?”

Seu sorriso estava fora de controle, convencido e safado ao mesmo tempo. “Você está puto.”

“O que?”

“Você está.” Seus olhos brilhavam quando ele se virou para olhar para Jeff. “Sinto muito, cara, eu esqueci completamente. Com toda a mer... as coisas acontecendo no trabalho, eu deixei passar. Podemos remarcar?”

“Christine fez sua especialidade,” eu o informei. “Está no fogão.”

“Ah,” ele assentiu. “Ok, bem, então eu posso correr e comprar o que for preciso agora se vocês não estiverem com muita pressa.”

“Não, nós não estamos com pressa.” Jeff sorriu para ele. “Eu vou com você.”

“Não, não. Está congelando lá fora, cara, fique aqui e eu vou correr até o Ponti’s. Vocês querem o que? Antepasto e Chianti?”

“Parece ótimo,” disse Christine suavemente. “Eu posso ir com você. Não quero que você vá sozinho.”

Ele se virou e olhou para mim. Dei de ombros antes de dizer: “É carne de vitela.” E inclinei a cabeça para o lado com um estalar de meu pescoço. Eu sabia que estava transbordando atitude, mas não me importava.

“Vitela?” Eu vi os músculos de seu maxilar se contraírem. Aparentemente, ele não gostava de devorar bebês também.

“Mmmm-hmmm,” eu disse alegremente.

“Huh,” ele riu, voltando-se para Christine. “Ok, vamos lá.”

Fiquei sozinho com Jeff e Donna, que imediatamente se juntaram e começaram a falar em sussurros baixos. Era realmente muito rude, e mesmo quando eu lhes ofereci algo para beber, eles simplesmente recusaram e voltaram a conversar. Em vez de apenas ficar lá furioso, eu caminhei ao redor do apartamento que eu realmente ainda não tinha explorado.

Sam vivia em Lincoln Park e seu apartamento ficava no quinto andar e tinha um desses elevadores velhos legais que você tinha que fechar duas portas pantográficas de metal para que ele andasse. O apartamento era muito acolhedor, cheio de tons marrom, bege, cinza, preto e cor de ferrugem em todos os lugares. O sofá e poltrona de couro preto, tapete com estampa nativo-americano, mesa de café de cerejeira, e uma mesa de cozinha em blocos fazendo jogo com cadeiras altas de encosto reto, era o que os olhos viam imediatamente. Era um espaço limpo, livre de desordem.

Em seu quarto havia uma cama de cabeceira e pés altos feita de cerejeira e um armário correspondente, um tapete de couro trançado, e um edredom de plumas. Pinturas do deserto adornavam as paredes e não havia nada – nada de bugigangas ou pequenos pratos para apoiar coisas como um relógio ou um anel – em lugar nenhum. Sua casa exalava uma vibração masculina sem deixar faltar detalhes como velas ou peças de arte. No segundo quarto estava o seu computador, pesos, e um sofá-cama coberto de almofadas coloridas em tons de cerâmica e laranja. Na sala de estar, a TV, DVD, Wii, PlayStation e o som estavam todos alojados em um grande centro de entretenimento de cerejeira que ficava encostado à parede. Havia prateleiras sortidas nas paredes ao lado dele, e eu caminhei até elas e olhei para os rostos de estranhos que, aparentemente, eram todos queridos por ele.

Eu vi uma foto de casamento, outra de alguns homens em uma estação de bombeiros, uma foto de estúdio preta e branca de seus pais – sua mãe uma visão, seu pai muito elegante – mais fotos de casamento, e uma dele e de seus colegas da época do Corpo de Fuzileiros Navais. Havia várias fotos emolduradas e eu descobri que eu adorava o fato de haverem todas essas pessoas em sua vida que o amavam.

“Então, Jory, como você conheceu Sam?” Jeff perguntou, caminhando até mim.

Eu olhei para ele. “Nos conhecemos há muito tempo,” eu menti.

“Como você pode conhecer alguém há muito tempo?” Donna piscou para mim, dando um passo para o outro lado. “Quantos anos você tem, uns 18?”

“Vinte e dois,” eu a corrigi.

“Oooh, tão velho,” ela brincou.

Eu olhei para ela. “Por quê? Quantos anos você tem?”

“Sacrilégio,” ela riu.

Eu gostei dela. “Você quer beber alguma coisa, agora que cansou de ser mal educada?”

“Eu adoraria,” ela suspirou, olhando-me de cima abaixo. “O que aconteceu com seu olho?”

“Bati em uma porta.”

“Sei,” ela balançou a cabeça, claramente não acreditando em uma palavra. “O que você faz para viver Jory?”

“Sou um assistente de escritório.”

“Realmente? Você não é modelo?”

Eu sorri ironicamente.

Ela me deu um sorriso conhecedor. “Querido, com a sua pele, seus grandes olhos escuros e esse corpo, você poderia ser modelo. Eu trabalho para a revista Pulse. Acredite, eu sei do que estou falando.”

Eu olhei para ela quando ela veio até mim, afastando fios de cabelo do meu rosto. “Como você conseguiu ter cabelos loiros e olhos castanhos? Isso é incrível.”

“Ei, estamos em casa,” Sam anunciou enquanto entrava pela porta.

Eu me virei e olhei para ele. Eu estava tão feliz por ele estar de volta.

“O que?” ele perguntou, olhando para Jeff, franzindo as sobrancelhas.

O olhar sugeriu que ele estava irritado.

“Sam, você deve dizer ao seu amigo aqui para me deixar apresentá-lo a alguns fotógrafos que eu conheço. Acho que ele pode ser modelo se desejar.”

“Ah, é?” O sorriso veio de imediato, enquanto ele largava a comida e o vinho no sofá e caminhava até mim. Seus dedos deslizaram sob meu queixo, e ele levantou o meu rosto para olhar dentro dos meus olhos. “Você quer fazer isso, J?”

Eu tremi sob seu toque e parei de respirar.

“Não?” Ele estava falando com Donna, mas seus olhos nunca deixaram meu rosto. “Ele não tem realmente material de modelo.”

“Oh? Por que não?”

“Porque eu disse que não.”

“E você é o chefe dele, não é?”

Ele olhou de volta para dentro dos meus olhos e acariciou com seus dedos minha garganta até minha mandíbula. “Sim. Ele é meu.”

E isso, basicamente, acabou com os planos que Christine Montero tinha para ela e para Sam Kage.

“O que te possuiu para dizer isso?” Perguntei-lhe quinze minutos mais tarde, quando estávamos na cozinha com a salada e o Chianti, já que Christine levou a vitela.

“Dizer o quê?”

“Você está brincando? Você basicamente se denunciou na frente dessas pessoas.”

“Por que você se importa?”

“Porque você me diz que não é gay e então você vai e anuncia a essas pessoas que você é e...”

“Eu não disse que eu era gay.”

“Sim, você praticamente disse.”

Ele encolheu os ombros largos. “E daí?”

Eu fiquei chocado.

“Por que você está me olhando assim?”

“Você é incrível.”

O sorriso era safado e fez sobressair suas covinhas. “Obrigado.”

“Não foi um elogio,” eu esclareci.

Ele riu de mim e eu percebi o quanto ele estava gostando disso.

Eu esperava que a minha expressão fosse tão sombria quanto eu estava tentando. “E foi uma coisa realmente desagradável de se fazer para Christine.”

“Do que você está falando agora?”

“Ela gostava de você, seu idiota.”

Ele balançou a cabeça, colocando antepasto em dois pratos. Eu estava sentado no balcão o observando, a garrafa de vinho entre as minhas pernas, tentando fazer o abridor funcionar.

“O que?”

“Você é louco.” Ele sorriu para mim, seus olhos cálidos, as linhas de riso se aprofundando.

“Vamos lá, detetive, você viu como ela estava chateada? Ela estava furiosa, meu amigo.”

“Que seja.”

“E Jeff. Espero que ele não seja um bom amigo ou coisa assim.”

“Ele não é.”

“Bom.”

“Por que você se importa?”

“Eu não me importo, simplesmente foi um momento chato, é isso.”

“O que foi?”

“Que, por qualquer motivo, Jeff pensou que você quisesse conhecer a irmã. O que você disse a ele?”

“Eu não faço ideia.”

“Quando você marcou esse jantar?”

“Mais uma vez, não faço ideia.”

“E você come vitela regularmente?” Eu perguntei, o asco evidente em minha voz.

“Não, nunca.”

“Huh, então Jeff estava aqui e...”

“Falou sobre ela, eu acho.”

“E você disse o quê? Sim, legal, traga ela aqui?”

Ele riu profundamente. “Sério, eu não poderia relatar nossa conversa nem se a minha vida dependesse disso.”

“Ah é?”

Ele sorriu para mim maliciosamente. “Você está com ciúmes e eu estou adorando. “

“Eu não estou com ciúmes.”

“Ah, não?”

“Não.”

“Sei.” Ele continuou a sorrir quando ele pegou a garrafa de mim e facilmente tirou a rolha. Ele se colocou entre minhas pernas. “Então você não ficou completamente feliz por ela estar aqui?”

“Eu pensei que você não tivesse percebido que ela gostava de você.”

“Eu não, mas você percebeu, e por isso eu acho que você ficou irritado.”

“Até parece.”

Ele apoiou as mãos em ambos os lados do meu quadril e me olhou duramente. “Sério?”

Eu estava perdido em seus olhos azuis esfumaçados e, então, suspirei profundamente e falei a verdade. “É claro que eu estava com ciúmes, seu idiota. Porque não estaria?”

“Não há necessidade,” ele me assegurou, inclinando-se.

Com a comida e o vinho esquecidos, muito ocupado beijando-o, suas mãos nas minhas coxas quando ele me puxou para frente no balcão, em seus braços.

“Enrole suas pernas em mim,” disse ele, sua voz rouca, profunda e baixa.

Eu fiz como ele pediu e ele me levou para o quarto, um braço em volta da minha cintura, sua mão acariciando meu traseiro. Ele acariciou minha garganta enquanto eu me esticava para ele.

“Eu amo a sua bunda,” ele sussurrou em meu ouvido.

“É toda sua,” Eu prometi a ele.

E quando eu ouvi sua respiração falhar, tive que sorrir. Parecia que, talvez, o detetive Kage gostava de me ter por perto tanto quanto eu gostava de estar ao redor. Era um pequeno milagre.

* * * * *

Já era tarde quando eu acordei em sua cama. Eu tinha os meus braços em volta dele e uma perna sobre seu quadril. Eu estava pressionado apertado contra seu peito. “Desculpe,” eu disse suavemente, me afastando dele. Eu sabia que devia ser difícil para ele dormir comigo assim. “Eu não tive a intenção...”

“Pare.” Ele passou um braço por minhas costas, me segurando contra ele.

“O que você está fazendo?” Eu perguntei sonolento, percebendo que ele não estava dormindo.

“Olhando você dormir.”

“Isso é estranho. Feche os olhos.”

“Eu estou tendo problemas para acostumar minha mente com tudo disso.”

“Com o que?” Eu estava grogue, não totalmente acordado ainda.

“Com você aqui na minha cama.”

“Você quer que eu vá? Devo ir dormir no quarto de hóspedes?”

“Não. Não foi isso o que eu quis dizer.”

“O que quis dizer, então?”

“Mesmo se eu explicar, você não vai entender.”

“Por quê?”

“Simplesmente não vai fazer sentido para você, é tudo.”

“Por que?”

“Porque você sempre foi gay.”

Afastei-me dele, olhando para seu perfil no escuro.

“Você é o primeiro e único homem com quem eu já estive na cama.”

“Eu sei.”

“É algo importante, vou te dizer.”

Deixei escapar um longo suspiro. “Tem certeza que isso é o que você quer?”

“Que pergunta estúpida. É tudo o que eu quero.”

“Como assim?”

“Porque estar na cama com você é diferente.”

“Como assim, é diferente?”

“Como eu sempre imaginei que deveria se sentir,” disse ele, olhando nos meus olhos.

Eu senti o tremor percorrer meu corpo e enrolar os dedos dos pés.

“Eu não sabia que seria assim.”

Rolei e enterrei meu rosto no travesseiro.

“O que você está fazendo?”

“Eu tenho uma confissão.” Sorri, minha voz abafada.

“Ah, é mesmo? O que foi?” ele perguntou, puxando o travesseiro longe para que pudesse me ouvir.

“Eu deixei o apartamento hoje.”

“Você o quê?”

“Eu saí,” disse eu, virando meu rosto para olhar para ele, sorrindo preguiçosamente. “Com a sua mãe.”

“O que?” Ele parecia confuso.

Eu só olhei para ele até que ele entendeu.

“Oh merda,” ele gemeu de repente, as mãos em seu cabelo, deitado em sua cama. “É sexta-feira, eu me esqueci... oh porra,” ele meio que gritou antes de estender a mão e me puxar para cima dele. Suas mãos foram para o meu rosto, os dedos alisando minhas sobrancelhas, empurrando o cabelo dos meus olhos. “Eu sinto muito, J, ela ficou te interrogando? Disse...”

“Ela foi um anjo,” eu disse a ele, deslizando minha mão em seu peito, apenas querendo tocá-lo. “Ela me fez café da manhã e conversamos por horas e depois ela me levou para comer uma fatia de torta.”

Ele estendeu a mão e acendeu a luz no criado-mudo.

“O que foi?”

“Eu quero ver seu rosto.”

Eu sorri para ele. “Você está bem?”

“Ela alimentou você?”

“Sim.”

“Minha mãe o alimentou?”

“Sim.”

“E ela o levou para comer torta?”

“Sim,” eu assenti. “E quer saber? Se Regina Rappaport fosse minha mãe, eu faria camisetas anunciando.”

“Você sabia quem minha mãe era?”

“Sim, é claro. Todo mundo sabe.”

“Você ficaria surpreso com o número de pessoas que não sabe.”

“Ela é tão linda,” disse a ele.

“Você é lindo,” ele me assegurou, os dedos levemente traçando meu olho preto. “Mesmo depois de apanhar, eu conheço mulheres que não são tão bonitas quanto você.”

“Eu não penso que...”

Ele riu e eu tive que sorrir, mesmo contra a vontade. “Eu sei que você não pensa, querido.”

Empurrei as mãos dele e ele riu enquanto eu tentava sufocá-lo com o meu travesseiro.

“Nós nos divertimos,” eu disse a ele enquanto deslizava para longe dele, para a parte fria da cama. “Ela me convidou para o jantar de domingo.”

“Convidou?”

“Sim, senhor.”

“Você com toda a minha família. Eu acho que não.”

“Por quê?”

“Bem, porque eu não estou a fim de explicar o fato de você ser gay para todo mundo agora.”

“E por que você teria que fazer isso? Eu não contei a ela. Disse-lhe que você estava cuidando de mim. Isso é tudo que tenho a dizer.”

“Simples assim.”

“Claro.”

“Venha aqui,” disse ele em voz baixa, estendendo a mão para mim, colocando-me de volta ao seu lado, sua mão se movendo por minhas costas. “Não se mova, a menos que eu lhe diga.”

Sam gostava de estar no controle, ele era um amante muito exigente e estar com ele era o céu para mim por causa disso.

“Olhe para mim.”

Eu levantei meu queixo e ele se inclinou e me beijou. Foi lento, sensual, e eu senti o calor rolar através do meu corpo.

“Você não se cansa de mim,” disse ele, arrogantemente satisfeito.

Eu não precisava responder.

“Em que você está pensando?”

“Estou pensando que eu tenho sorte,” eu respondi, me movendo e me colocando sobre ele.

“Sim, você tem sorte. Você... oh... oh... porra.”

Cabeça para trás, corpo rígido, as mãos entrelaçadas pelo meu cabelo enquanto ele gemia meu nome, eu sorri antes de tomá-lo em minha boca novamente. A expressão em seus olhos quando nossos olhares se encontraram, cheios de mim, cheios de confiança e entrega, fez meu coração doer.

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