O Internato – XXXVI

Um conto erótico de Ian
Categoria: Homossexual
Data: 08/06/2016 22:54:33

Capitulo trinta e seis

Fuga

Ian

Não sei dizer exatamente quando minha vida desmoronou desta maneira. Não sei se foi logo após a morte do meu pai quando minha mãe se viu sozinha para criar duas crianças. Ela foi forçada a trabalhar em dois empregos, um noturno e um diurno. Izac tinha apenas nove anos de idade e tomava conta de mim com bastante zelo, mas já naquela época eu notava nele um olhar vago. Quase não via minha mãe, pois quando ela chegava em casa meia noite Izac já havia me posto para dormir e quando ela saia de casa as quatro da manhã eu ainda não havia despertado. Só a via nos finais de semana quando ela trabalhava apenas na lanchonete que era seu emprego noturno. Minha mãe dizia que sempre me dava beijos quando chegava e quando saia, mas eu não me lembrava deles devido ao meu sonho pesado. Éramos apenas Izac e eu em nossa casa e com isso meu irmão passou a ser excessivamente cuidadoso comigo. Me dava banho e esquentava minhas refeições no micro-ondas. Sentávamos na mesa e meu irmão me observava comer como um artista admira sua obra prima. Ele tinha por volta de onze anos e eu cinco. Acho que foi nessa época que os seus sentimentos por mim começaram a se confundir. Ele me dava banhos demorados e fazia questão de esfregar minhas partes intimas com o sabão e sempre ficava estranho depois como se se arrependesse de algo. Eu não entendia o que era aquilo, pois era muito inocente. Nessa mesma época minha mãe saiu de seu emprego diurno em uma loja de poupas e passou a trabalhar em um hospital. Por um lado foi bom, pois apesar dela continuar trabalhando todas as noites de segunda a sábado, ela estava em casa na parte da manhã dia sim, dia não, pois trabalhava como plantonista. Porém havia o lado ruim dela ter que trabalhar sábado, domingo e feriados. Também foi nessa época que ela conheceu Jair. Gostei dele de cara. Não era muito bonito com seu cabelo cacheado e sua pele morena, mas era divertido e sempre me trazia doces quando vinha ver minha mãe. Lembro que em meu aniversário de sete anos ele me deu meu um PS2 e minha mãe brigou com ele, por achar aquilo caro demais. Mas eu não me importava. Nas horas que minha mãe não estava, eu jogava videogame com Izac que sempre arrumava uma desculpa ou outra para me abraçar e me beijar no rosto. Adorava aquelas demonstrações de amor, pois nem imaginava suas intenções obscuras comigo. Éramos apenas dois irmãos que se amavam.

Não foi ne uma e nem duas vezes que acordei no meio da noite e encontrei meu irmão chorando durante a madrugada. Imaginava que ele sentia muita falta de nosso pai. Eu não lembrava muito dele por ser bem pequeno na época de sua morte, mas Izac já tinha nove anos quando viu nosso pai pela última vez. Não falávamos dele a muito tempo e agora minha mãe estava namorando novamente. Na cabeça de Izac ela estava querendo substituir nosso pai e eu a estava ajudando nisso. Ele nunca verbalizou tal sentimento, mas podíamos ver que era isso devido sua antipatia com Jair. Eles nunca se deram muito bem. E nessas noites em que eu ouvia Izac chorar baixinho no quarto que dividíamos naquela pequena casa, eu ia até ele e me deitava em sua cama. Meu irmão sempre me virava de costas para ele e me abraçava apertado. Me dava beijos no pescoço e acariciava meu cabelo. Vez ou outra ele mexia a pelves em minha bunda, mas sempre achei que era ele se ajeitando. Nunca pensei naquilo como algo sexual.

Lembro de Izac dizer algumas vezes que depois que o papai morreu a nossa vida se tornou um inferno, pois sempre tínhamos pouco dinheiro. Ele sempre reclamava que teve de parar com as aulas de karatê e teve que sair da sua escola para uma escola pública. Minha mãe ficava triste com essas coisas, principalmente com as reclamações dele de que ela nunca estava em casa. Mas felizmente ela entendia que ele era uma criança de luto pelo pai falecido e por isso não entrava em muitas discussões com ele a respeito disso. Só me lembro de uma briga séria entre eles.

Faltava uma semana para o casamento de minha mãe com Jair e Izac havia perdido completamente o controle. Ele gritava derrubava as caixas de papelão que havíamos arrumado para a mudança que ocorreria depois do casamento. Derrubava copo, pratos, almofadas, livros e tudo mais que encontrava pela frente. Ele tinha um olhar ensandecido e uma expressão de puro ódio.

– Para, Izac! – minha mãe disse ao entrar em casa com Jair e testemunhar aquilo – Você está assustando seu irmão!

Jair olhou para mim encolhido no chão frio da sala escondido entre o sofá e a mesa de jantar que não cabia na pequena cozinha. Eu estava sentado em posição fetal com as mãos recobrindo meus ouvidos para tentar abafar o som da fúria de Izac. Lágrimas escorriam por meu rosto.

– Eu te odeio! – Izac gritou para ela com tanta força que pude jurar que suas cordas vocais se romperiam – Sua vadia! Eu odeio vocês dois! Puta!

Então ela deu-lhe um tapa forte no rosto que o fez cair no chão com olhar estupefato. Ele colocou a mão sobre a face esquerda que havia ficado vermelho devido à violência do golpe da minha mãe. Respirava ofegante devido ao choque. Minha mãe nunca havia lhe castigado daquela forma. Nunca!

– Nunca mais fale assim comigo! – minha mãe se inclinou e começou a dar-lhe mais tapas nos braços e pernas – Nunca mais! Eu sou sua mãe!

– Pare, Alessandra! – Jair tentou impedi-la – Vai machucar ele.

Minha mãe deixou que Jair a tirasse de cima do filho. Olhou para Izac que não chorava embora seu rosto retorcido denunciava que ele logo o faria. Ele tinha marcas avermelhadas por todo o corpo. Minha mãe fungou e passou a mão pelo cabelo alisado que havia ficado descabelado.

– Leve Ian para o quarto – ela pediu parecendo estar mais calma – Eu preciso ter uma conversa com Izac.

– Tem certeza? – Jair indagou ainda preocupado.

– Tenho – ela respondeu e então respirou fundo – Eu me excedi um pouco.

Jair deu uma boa olhada nela antes de concordar. Provavelmente procurando por algum sinal de que ela iria retomar o espancamento, mas ela não demonstrava querer mais que uma conversa franca com o filho. Jair então veio até mim e estendeu os braços.

– Vamos, campeão – falou com aquele tom de voz doce e amigável que me conquistou desde o primeiro encontro.

Estendi meus braços para ele e meu padrasto me ergueu em seu colo e me levou para o quarto. Ele me colocou na cama e ficou comigo até que eu adormecesse. Ambos estávamos em silencio e ele acariciava minha cabeça. Lembro-me que um pouco antes de eu cair no sono ele me deu um beijo tímido na testa.

Nunca soube sobre o que minha mãe e Izac conversaram aquela noite e também não queria saber. Apenas ficava feliz que apesar dos hematomas, Izac parecia quase normal no dia seguinte. Acho que ele se abriu com ela a respeito de como se sentia com a morte do papai e com o casamento dela com Jair. Izac sentia muita falta de nosso pai e isso nós sempre soubemos.

Então veio o casamento e Jair se tornou oficialmente nosso padrasto. Foi uma cerimônia linda e meu Avô, que ainda era vivo, levou minha mãe ao altar. Todos pareciam felizes até mesmo Izac parecia feliz por minha mãe. Eu levei os anéis em uma caixa de veludo branco perolado em cima de uma almofada da mesma cor. Izac ia na frente jogando pétalas de rosas no chão para que minha mãe caminhasse em seu longo e deslumbrante vestido. De repente o inferno que Izac proclamou em nossas vidas não parecia assim tão ruim. Depois do casamento meu avô, que morreria dali a dois anos devido a um infarto, nos levou para a sua casa onde passaríamos uma semana enquanto minha mãe e Jair iriam para sua lua de mel em Fernando de Noronha.

De repente os problemas com dinheiro diminuíram drasticamente e o culpado disso foi Jair que era farmacêutico chefe no hospital que minha mãe trabalhava. Izac voltou para sua escola particular e para as aulas de Karatê e isso o acalmou um pouco em relação a raiva e tristeza que guardava dentro de si. Minha mãe largou o emprego no restaurante e foi transferida para o plantão noturno no hospital. Foi nessa mesma época que ficamos sabendo que minha mãe estava gravida e todos ficamos felizes exceto Izac que tinha medo que agora que minha mãe tinha um filho de Jair, ela fosse se esquecer de nós. Mas minha mãe e ele conversaram e ele foi convencido de que ela jamais se esqueceria de nós e que amaria seus três filhos igualmente.

Alguns meses depois nasceu Pedro que foi batizado assim como uma homenagem ao falecido pai de Jair. Foi um ano de alegria e prosperidade para minha família até o fatídico dia em que minha mãe estava trabalhando e Izac na casa de um amigo do Karatê. Foi naquela noite que finalmente entendi o porquê de Izac considerar nossa vida um inferno. Foi naquela noite em que ele tirou do canal em que eu via Johnny Test e colocou em um filme pornô.

...

Isso tudo passava pela minha cabeça enquanto eu abria a porta de seu quarto com a faca na mão. Ao fazer o que queria, eu destruiria aquela pessoa que acabou comigo. Tiraria a vida daquele que tirou minha inocência e me fez sentir um capacho. Cortaria a cabeça da serpente maldita e me livraria de todo o sofrimento e dor que eu tinha. E impediria que Pedrinho crescesse como eu. Claro que já era tarde demais para evitar um trauma naquele garoto, mas ele não precisava repetir aquilo noite após noite durante a nos afio. Poderia acabar ali agora mesmo e só dependia de mim.

Abri a porte, mas me deparei com a cama vazia. Os lençóis brancos estavam desforrados e haviam algumas machas de sangue neles. Manchas de sangue que eu já tinha visto quando era pequeno e Jair se deitou comigo pela primeira vez. Agora ele tinha feito o mesmo com meu irmãozinho.

Uma cueca estava caída ao pé da cama. Pequena demais para ser de Jair ou de qualquer um além de Pedro. Mais um indicio de que meu irmão disse a verdade. Aquele desgraçado o fodeu contra sua vontade e era culpa minha. Se eu não o tivesse rejeitado daquela maneira ele teria me fodido e poderia ter concluído meu plano. Então Pedrinho nunca teria conhecido aquela dor e agonia. Eu me odiava por isso, mas o odiava ainda mais por entrar em nossas vidas apenas para nos causar dor.

Ouvi o som de descarga vindo do seu banheiro e Jair saiu trajando apenas sua cueca branca. Cambaleava indicando que havia bebido ainda mais. Aquele homem asqueroso olhou surpreso para mim e revelou um sorriso ao perceber a faca em minha mão direita.

– Aquele merdinha abriu a boca – ele gargalhou pegando uma lata de cerveja no criado mudo. Ele a virou na boca bebeu o resto do liquido que já deveria estar quente – Ele não é discreto igual a você – Eu apertei a faca com tanta força que ela chegou a tremer – Mas ele é bem mais apertadinho – gargalhou.

Aquilo foi demais para mim. Avancei em Jair com o ódio inflamando cada musculo do meu corpo. Minha visão era sangue puro. Ergui a faca na altura de sua jugular. Seria um único golpe que me banharia com seu sangue enquanto sua vil existência era apagada da Terra. Mas eu esqueci de dois fatos muito importantes. Eu ainda estava bêbado e Jair era maior que eu.

Meu padrasto se assustou com meu movimento brusco e perdeu o equilíbrio caindo no chão e assim escapando de meu golpe mortal. Eu por minha vez, havia aplicado força demais em minha investida e como não encontrei nada em que apunhalar, acabei perdendo o equilíbrio também. Cai por cima de Jair perdendo a posse da faca.

Jair se recuperou da queda e me segurou pelo cabelo. Erguendo-me do chão com violência me causando uma dor excruciante. Eu gritei de dor levando ambas as mãos à cabeça. O golpeei com o gesso do braço esquerdo, mas Jair parecia um animal selvagem. Atirou-me longe me fazendo cair por cima do braço engessado. O gesso se partiu em dois ou três lugares diferentes. Eu sentia uma dor lancinante no couro cabeludo, braço e costelas que foram de encontro a chão frio daquele quarto, mas meu ódio por aquele monstro era tão grande que eu não desistiria de mata-lo por nada nesse mundo.

– Eu vou te matar, desgraçado! – gritei me levantando e avançando novamente em Jair.

Meu padrasto estava preparado para aparar meu golpe e me segurou pelo braço direito o girando nas costas. Fui forçado a me ajoelhar de dor e percebi que estava em pé diante a faca de cozinha. Estendi o braço esquerdo para pega-la, mas não consegui devido ao gesso que apesar de quebrado ainda imobilizava meus dedos.

– Você não pode me matar! – aquela criatura ria – Não consegue nem me dar um soco!

Foi quando seu pé encostou na faca e ele a percebeu. Deu-me uma joelhada no rosto me fazendo perder o equilíbrio. Jair me soltou e eu cai diante dele sem forças para pegar a faca. Ele a pegou e admirou a lamina longa como se ponderasse se me mataria com ela ou a colocaria novamente na cozinha.

– Filho da puta! – cuspi as palavras sentindo dor ao pronuncia-las – Ele é teu filho! Como teve coragem?

– Já fazia tempo que eu estava de olho daquela bundinha – ele dizia aquilo com toda a naturalidade do mundo – Você é gostoso, Ian, mas já está ficando passado. Ia acontecer uma hora ou outra.

– Você é doente! – disse fazendo força para me levantar, mas era inútil.

– Ian! – ouvi aquele grito de pavor vindo da porta do quarto – Seu desgraçado! O que fez com ele?

Me virei para a porta e vi meu irmão louco com os punhos cerrados. Seus olhos faiscavam de raiva e ele bufava. Foi quando eu percebi que estava completamente fodido. Minha única esperança de consegui o que eu queria era garantir que Izac o matasse. Então eu me livraria dos dois, pois a polícia chegaria e perceberia que meu irmão era louco e incapaz de cuidar de ninguém. Talvez Tia Izabel aceitasse Pedrinho, mas eu iria para um abrigo até a maioridade. Seria horrível, mas ao menos meu irmãozinho teria uma vida longe de qualquer loucura. Provavelmente depois dos dezoito eu arrumaria um emprego qualquer que desse para viver e tentaria conseguir a guarda de meu irmão. Então viveríamos os dois felizes para sempre. Ou sendo mais realista. Pedrinho viveria com Tia Izabel e eu poderia ao menos visita-lo nos finais de semana e convida-lo para dormir comigo no quartinho que alugaria em algum lugar. Não era o ideal, mas era melhor do que agora. A segunda opção parecia mais valida, pois mesmo que eu conseguisse a guarda de Pedrinho ele seria criado por alguém completamente destruído emocionalmente. Meu irmão ainda era uma criança e como tal precisaria de uma família estruturada. Algo que um garoto quebrado como eu nunca poderia proporcionar. Eles já me estragaram demais para que eu fosse alguém normal algum dia. Brincaram demais com o corpo e a alma de uma criança que agora só está vivo por Pedrinho. Quem sabe depois com Jair morto e Izac preso, Pedrinho não consiga ser feliz e eu finalmente poderei morrer e ficar em paz como quase consegui a alguns anos?

Sei que é egoísmo pensar em suicídio, mas vamos ser sinceros. O que eu tenho? Meus pais estão mortos e eu estou caído no chão diante das pessoas que mais me causaram sofrimento aguardando que um destrua ao outro na esperança que meu irmão machucado não sofra o mesmo que eu sofri. Pedro estará melhor sem nenhum de nós.

– Mate ele, Izac – disse com lágrimas nos olhos.

Izac fez menção em avançar, mas Jair tornou a me segurar pelos cabelos e me ergueu. Encostou a lamina fria em minha garganta com força para indicar que não estava brincando.

– Se vier eu o mato! – Jair disse com o tom de voz triunfante.

– Mate ele, Izac! – repeti sem me importar que ele cravasse aquela lamina em minha garganta – Mate ele agora!

– Eu não posso! – Izac disse começando a chorar – Não posso te perder também! Eu chamei a polícia antes de vir para cá.

– Você fez o que? – Jair vociferou – Filho da puta!

– Eles vão te levar Jair – Izac disse parando de chorar e começando a rir ironicamente indicando que havia mudado do Izac gentil para o Izac malvado – Pedro me contou o que você fez com ele. Eles vão te levar e os caras vão te fazer de mulherzinha na cadeia – Izac estava completamente descontrolado – Você vai morrer lá dentro. Vou garantir isso!

– Você está blefando! – Jair parecia nervoso.

Provavelmente ele estava, pois não daria tempo do meu irmão ter chamado a polícia e mesmo que ele tenha feito, ela iria demorar muito para chegar. Izac estava mentindo. Mas eu precisava de Jair morto. Não poderia arriscar.

Empurrei minha cabeça para trás com força batendo-a no nariz de Jair. Meu padrasto me largou e também a faca. Despenquei no chão com violência batendo a cabeça no piso frio. A última coisa que vi foi Izac avançando para cima do meu padrasto.

...

Estava em uma estrada deserta e escura ladeada por uma densa floresta cujas copas das arvores cobriam o céu da estrada me deixando em uma quase completa escuridão. A única fonte de luz era a luz prateada da lua que penetrava as frestas entre as folhas daquelas arvores centenárias e um par de olhos vermelhos que me espreitava em uma moita do meu lado esquerdo.

Não sabia o que aquela criatura era, mas podia sentir sua energia e sua fome por carne humana irradiar dela. Sentia também um cheiro de carne podre vindo de algum lugar daquela floresta assombrada.

O monstro grunhiu de forma ameaçadora fazendo meu coração acelerar. Minhas pernas tremiam e meu estomago se revirava devido ao medo. O par de olhos se fechou e houve o clarão de um relâmpago. Então senti um hálito quente em minha nuca. Aquele hálito cheirava a carne podre e a sangue.

Foi quando entrei em desespero e corri. Corri o mais rápido que pude, mas a estrada não parecia ter fim. Ouvia os passos pesados da criatura atrás de mim podia ouvi-la saltar nas árvores e por vezes se embrenhar na mata. Uma risada ecoava pela floresta.

(EU VOU TE MATAR!)

Continuava correndo em pânico enquanto o monstro brincava comigo da mesma forma que um gato brinca com sua presa. Ele me devoraria a qualquer momento, mas ele sentia que o jantar ficaria mais gostoso se a comida estivesse em completa e total agonia antes da morte.

(VOU DILACERAR SUA CARNE E USAR SUA PELE PARA ME AQUECER)

Gritos de agonia ecoavam pela estrada parecendo vir de todas as direções. Gritos de uma criança sendo dilacerada pela criatura.

(VOCÊ NÃO PODE CONTRA MIM)

A risada voltou a ecoar pela mata e meu coração de acelerou mais ainda dando a impressão de que explodiria a qualquer momento.

(TE PEGUEI)

Havia uma pedra no meio do caminho e eu não vi. Tropecei e cai no chão ralando meus joelhos e palmas das mãos. Eu soube que estava morto no momento em que ele falou em minha mente a primeira vez, mas era um instinto básico lutar pela sobrevivência mesmo quando tudo parece perdido. Senti mãos grandes em meus ombros me virarem para a face da morte.

Os olhos que me encaravam eram castanhos e cruéis e não mais vermelhos e brilhantes como sempre os via no sonho. Seu cabelo quase loiro estava penteado para o lado e ele tinha um sorriso maquiavélico no rosto. Izac colocou suas mãos fortes ao redor do meu pescoço e começou a me estrangular com uma força sobre humana.

– Agora que destruí sua alma, vou estraçalhar seu corpo – ele disse com aquele tom de voz alucinado que o Izac malvado costumava usar.

...

Acordei com o som de gotejar próximo. No início não entendi muito bem o que aquilo poderia significar, mas foi então que lembrei do que houve mais cedo. Jair me jogou no chão e Izac foi para cima dele. Me levantei surpreso com a luz que entrava pela janela do quarto. Já havia amanhecido. Quanto tempo será que eu dormi? O que aconteceu com Jair e com Izac? E onde estava...

– Pedro! – me levantei sobressaltado, mas meu corpo dolorido protestou veementemente contra aquilo.

O gotejar continuava lentamente vindo de algum lugar atrás de mim.

– Está na sala – a voz do meu irmão me obrigou a olhar para a porta do banheiro de Jair – Está dormindo no sofá – Meu irmão estava coberto por sangue dos pés à cabeça, porém não havia qualquer sinal de ferimento em seu corpo. A faca ensanguentada estava a menos de um metro dele – Achei melhor ele não entrar aqui.

– Ele está bem? – disse com a respiração ofegante devido ao nervosismo.

– Está – ele sorriu revelando seus dentes brancos que fazia contraste com seu rosto salpicado de vermelho – Eu fiz o que você pediu. O matei.

O gotejar continuava insistente. Foi quando me virei e vi uma poça de sangue no chão aos pés da cama e acima estava Jair deitado na cama com a cabeça pendurada e um corte profundo em seu pescoço que pingava o resto do sague que havia em seu corpo pálido. Seus olhos estavam vidrados em mim me causando arrepios, porém nada superava a felicidade de vê-lo assim.

– Ele está morto! – tive de cobrir a boca com a mão boa para evitar de gritar – Finalmente está morto!

Eu comecei a rir histericamente. Eu não podia acreditar que depois de todos esses anos ele estava finalmente morto. Aquele homem que roubou minha inocência que destruí minha adolescência e me humilhou de várias maneiras estava morto! Era uma sensação de liberdade tão grande que eu sentia que poderia sai voando a qualquer momento. Ele estava morto! Eu só conseguia pensar nisso.

– Sim – Izac rastejou até mim – Ele não vai mais te machucar.

Ele me envolveu com aqueles braços sujos de sangue e beijou minha nuca me lembrando que eu ainda não estava livre.

– Você sabe o que ele fazia comigo? – indaguei sentindo nojo dos braços do meu irmão.

– Ele contou – Izac me enconchou me fazendo sentir seu pau duro na minha bunda – Eu o fiz contar tudo antes de cortar a garganta dele. Você deveria ter visto quanta porrada ele levou. Fiz ele implorar pela morte.

Engoli em seco diante do corpo daquele homem. Só então percebi o quão machucado ele estava. Izac não tinha apenas matado Jair, ele o torturou primeiro.

– Seremos só nós três agora – disse sorrindo apesar de estar com muito medo de Izac naquele momento.

– Sim – ele mordiscou minha orelha – Ninguém vai se intrometer entre nós.

– Ninguém – disse me virando e beijando a boca do meu irmão.

Não queria fazer aquilo, mas precisava engana-lo. Não era com o Izac bondoso que eu estava falando. Era aquele lado obscuro dele capaz de qualquer coisa para ter o que queria. Eu precisava ter cuidado com o que eu faria para não acabar morto. Sei que isso vai contra o que eu pensei antes a respeito da minha morte, mas eu só poderia morrer quando Pedro estivesse seguro e ele não estaria seguro naquela casa com Izac.

– Estou com fome – Izac disse – Vou fazer nosso almoço. Já são uma e vinte da tarde.

– Mas primeiro acho melhor tomar um banho – falei sorrindo – Pode assustar Pedrinho saindo daqui coberto de sangue.

Ele olhou para si próprio como se só agora tivesse visto.

– Tem razão – ele me deu um selinho – Não demoro.

Assenti e Izac se levantou indo ao banheiro. Me levantei do chão e sai do quarto pegando a chave que Jair mantinha na fechadura e trancando-o por fora. Corri para meu quarto com o máximo de velocidade que meu corpo dolorido permitiu. Troquei minha roupa pela primeira que vi na minha frente e depois peguei todo o dinheiro que Izac guardava em sua carteira. Era apenas R$:150,00, mas deveria dar para sair dali. Fui para o banheiro e lavei o sangue do meu rosto e braços em seguida corri para a sala e chamei por Pedrinho que dormia no sofá.

– Acorda, Pedro! – sacudi-o desesperadamente – Temos que sair daqui!

Pedro não resistiu muito o levei ao quarto e vesti qualquer roupa nele que me acompanhou segurando seu boneco do Ben 10. Peguei meu celular e tranquei o apartamento ao sair e juntos pegamos o primeiro ônibus que apareceu. Assim que o ônibus arrancou tive a visão de Ian trajando apenas uma toalha na rua procurando por nós.

– Para onde vamos? – Pedrinho me indagou tristemente.

– Para bem longe desse inferno – prometi a ele.

– Estou com fome Ian – Pedrinho disse.

– A gente para em algum lugar para comer. Que tal no Mc Donald’s?

– Tanto faz – meu irmão deu de ombros morbidamente e isso feriu meu coração. Normalmente ele ficaria feliz em ir ao Mc Donald’s para pedir um Mc lanche feliz só por causa do brinquedo que neste mês era do Minions.

Pedrinho recostou a cabeça no vidro do ônibus e dormiu um pouco. Fiquei olhando para meu irmão me perguntando se algum dia ele voltaria a ser aquele menino alegre de antes, mas a resposta que encontrava era desanimadora. O garoto tinha sido violentado pelo pai pouco tempo depois de perder a mãe. Tinha um irmão lunático e o pai estuprador havia sido assassinado. Que merda de vida esse garoto poderia ter? Eu errei feio com ele. Errei em protege-lo da desgraça que era a minha vida e agora ele estava tão mergulhado na merda quanto eu. Pedrinho jamais seria o mesmo.

Meu celular tocou e eu imediatamente reconheci o número.

– Não vamos voltar – disse a ele assim que atendi – Você nunca mais vai nos ver!

– Eu não diria isso, maninho – o Izac malvado murmurou do outro lado da linha – Sei exatamente para onde esse ônibus vai e estou indo atrás dele no carro de Jair.

Olhei para trás procurando pelo Fox prateado do meu padrasto dando graças a Deus por ele estar fora de vista.

– Está mentindo! – disse.

– Vocês estão em um ônibus para vila Izabel, maninho – Izac falou – Eu o vi na janela – Vou alcançar vocês. Vou arrasta-los para casa e fazer casa e fazer com Pedrinho o mesmo o que fiz com Jair. Esse será seu castigo por fugir.

– Você é maluco! – disse puxando Pedrinho pelo braço que acordou assustado – Mataria seu próprio irmão?

– Eu não me importo com Pedrinho – Izac gargalhou – Eu só me importo com você e nós vamos ficar juntos.

– Isso nunca vai acontecer! – falei puxando a cordão do ônibus fazendo soar o alarme indicando que eu iria descer no próximo ponto – Você vai para a cadeia!

– Desceu antes do ponto final maninho? – Izac gargalhou – Ouvi o sinal, mas ainda assim vou te encontrar.

– Vá para o inferno! – disse desligando o telefone ao descer do ônibus.

Não sabia onde estava, mas ainda assim dei a mão a Pedro e ambos começamos a correr entre uma rua ou outra sem destino. Pedro esbarrou em uma mulher e deixou seu boneco cair. Ele fez menção de voltar para pega-lo, mas não permiti. Continuei a correr com meu irmãozinho por diversas ruas. Acho que corremos quase uma hora até que avistei o estádio do Maracanã. Não sei como chegamos ali e também não me importava. Estava exausto e suado assim como meu irmãozinho.

– Estou com sede! – Pedro choramingou.

Comprei duas garrafinhas de água de um ambulante e lhe entreguei uma e bebi a outra com rapidez. O clima era típico de inverno, nublado, chuvoso e o frio fazia as pessoas andarem com casacos, mas meu irmão e eu suávamos e sentíamos muito calor.

Para onde iriamos agora? O que faríamos? A ideia mais sensata era procurar Tia Izabel, mas não sabíamos onde ela morava. A resposta mais certa era procurar a polícia, mas tinha medo do Izac convencer os policiais que eu havia matado Jair. Claro que a perícia diria a verdade, mas eu estava tão desesperado que não conseguia pensar nisso.

– Para onde vamos, Ian? – Pedro me perguntou mais uma vez.

– Eu não sei – comecei a chorar – Não sei!

Meu celular tocou mais uma vez e eu vi que era aquele desgraçado do Izac. Queria jogar o celular longe, mas ele poderia vir a ser útil em algum momento.

– Estou com fome! – Pedrinho resmungou.

– Eu sei meu amor – disse ainda chorando.

Caminhamos alguns instantes procurando por um Mc Donald’s, mas só encontramos lanchonetes. Paramos em qualquer uma e Pedro pediu uma coxinha com caldo de cana. Ele reclamou um pouco de dor ao se sentar no banco duro e isso só me deu mais ódio de Jair.

Enquanto comíamos eu notei que algumas pessoas olhavam para mim, mas desviavam os olhos assim que eu as escarava. Imaginei que estivesse com algum hematoma pelo rosto, meu olho direito doía muito e sentia que meu lábio inferior estava inchado, sem falar em meu gesso quebrado. Eu deveria estar um caco. As pessoas deveriam estar penando que eu era um garoto de rua que tinha apanhado, mas me importava, pois havia conseguido tirar Pedrinho daquele manicômio. Mas ainda não tínhamos para onde ir.

Foi quando uma mensagem chegou ao meu celular.

“Não adianta ir para a casa do seu namorado, pois eu vou te achar lá”

A mensagem era de Izac. Foi ela que me fez ligar para Bernardo aquela tarde e aceitar sua ajuda. Seu pai era juiz e ele poderia colocar Izac atrás das grades e me libertar. Mesmo que eu fosse para um abrigo, mais ainda assim conseguiria meu objetivo. Manter Pedro seguro.

– Está tudo bem? – disse ao atender o telefone.

– Posso ir para a sua casa? – disse tentando soar casualmente, porém tudo o que consegui foi soar desesperado.

– O que aconteceu, Ian? O que Izac fez? – Indagou preocupado.

Muita coisa, pensei.

– Eu lhe explico tudo, mas tem que ser pessoalmente – disse olhando para Pedrinho que comia a coxinha mecanicamente. Ele não parecia estar presente em espirito.

– Tudo bem então – falou concordando. Me disse onde era seu apartamento e eu lhe agradeci.

– Vamos, Pedro – disse ao meu irmão no momento em que ele terminou a coxinha, o que foi cerca de uma hora depois de eu desligar o telefone. Apesar de Pedro ter reclamado de fome ele comeu tão devagar que parecia estar forçando a comida para dentro – Já sei para onde vamos.

– Para onde? – ele indagou me acompanhando até o caixa onde paguei a comanda.

– Para a casa de um amigo meu – respondi – Vamos ficar seguros lá.

Pedro não respondeu. Apenas aceitou calado. Fomos em direção a estação de metrô do Maracanã e quando estávamos subindo a passarela vi o Fox prateado. Eu e meu irmão corremos o mais rápido que pudemos, mas ele nos viu. Saiu do carro e nos seguiu. Corri até a bilheteria que por sorte estava vazia e comprei duas passagens sem me preocupar com o troco dos R$:20,00. Corri para a roleta e passamos no momento em que ele surgiu. Corremos escada abaixo na hora exata que uma composição parrou na estação. Sinceramente acho que Deus estava contribuindo com nossa fuga. Izac tentou pular a roleta, mas foi parado pelo segurança.

– Eu vou pegar vocês dois! – ele gritou para nós.

– Vai se foder, idiota! – gritei em resposta entrando no vagão com meu irmão.

Izac socou o segurança e pulou a roleta descendo a escada atrás de nós. Mas já era tarde, pois a porta se fechou e deixamos a estação em direção ao Flamengo.

O vagão estava vazio e nós nos sentamos o mais longe possível das pessoas. Pedrinho arfava de nervosismo e cansaço e eu tinha o corpo caindo aos pedaços. Tudo girava e perdia o foco e eu sabia que apagaria a qualquer momento.

– Ian? – Pedrinho me chamou e foi então que eu percebi que ele chorava – Ele matou o papai?

– De onde você tirou isso? – indaguei abraçando Pedro.

– Eu ouvi ele gritando ontem à noite – Pedro fungou – Ouvi tudo, Ian! Eu estou com medo! Ele vai nos pegar!

– Ele não vai nos pegar – abracei Pedro com mais força ainda tentando lhe passar uma segurança que eu não tinha – Vai ficar tudo bem!

Era pior do que eu pensava. Ele ouviu Izac torturar o pai. Meu irmão havia passado por tanta coisa nas últimas semanas. Perdeu a mãe, foi estuprado pelo pai, o ouviu ser assassinado pelo irmão louco que agora o perseguia. Pedro jamais seria uma criança normal novamente. Aqueles desgraçados destruíram a minha vida e agora destruíram a vida do meu irmãozinho. Nunca os perdoaria por isso nem que o inferno congelasse!

Chegamos ao Flamengo e saímos da estação olhando para todos os lados procurando por Izac, mas como eu disse mais cedo: Deus está contribuindo com nossa fuga e por isso não o vimos. Seguimos a Rua Marquês de Abrantes até a Travessa dos Tamôios e então viramos a esquerda na Rua Senador Vergueiro e depois a direita na Rua Paissandu onde Bernardo morava com os pais. Cheguei a portaria e disse ao porteiro o número do apartamento e ele interfonou e nossa subida foi autorizada. Tomamos o elevador e a cada andar minhas pernas bambeavam mais e mais. Minha visão se tornava turva e escura. Saímos do elevador e eu toquei a campainha do apartamento de Bernardo que atendeu em seguida fazendo Pedrinho segurar minha mão direita e se esconder atrás de mim.

– O que aconteceu com você? – indagou fazendo um gesto para que entrássemos. – Esse é o Pedrinho?

Essa foi a última coisa que ouvi antes de tudo ficar escuro novamente e eu perder a consciência na entrada do seu apartamento.

...

Demorei mais voltei!

Espero que tenham gostado de mais esse capitulo que foi um tormento para escrever! Rsrsrs.

Tentarei ser mais rápido da próxima vez.


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Comentários

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10/06/2016 01:40:14
nossaaaa que desespero a cada frase que eu lia , tadinho do Ian e do Pedrinho meu DEUSS, nossaa como amei o maldito Jair morrer , malditoooooooooooooo, izac é louco e certeza que vão internar , calma Ian tudo vai ficar bem , Nossa mano é o capitulo mais desesperador , que medo de Izac alcançar eles , agora dormirei tranquilo de saber que os dois estão seguros na casa do Ber , não demore tanto por favor
09/06/2016 22:00:06
muito bom
09/06/2016 19:45:08
MEU DEUS,A CADA CAPÍTULO EU FICO MAIS FISSURADO NESSA SÉRIO, É UM TORMENTO ESPERAR MAIS DE UMA SEMANA POR UM CAPITULO NOVO.SIMPLESMENTE PERFEITO !!
09/06/2016 16:37:02
Gente, tô chocado com esse capítulo, cara, muito perfeito!
09/06/2016 03:18:40
Deveria ter estuprado o velho antes e depois matado.


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