Tortura Emocional 5
João Lucas:
Minha mãe me questionou sobre Breno, e então eu disse algumas coisas embora omiti o começo conturbado da nossa relação. Falei que ele era um pouco frio comigo, mas que me protegeu no momento em que os outros garotos estavam sendo agressivos comigo. Ela aparentemente ficou feliz por eu tê-lo conhecido.
O domingo passou um pouco demorado pois eu pensava em Breno o tempo todo. Pegava o celular o tempo todo para ver se ele tinha ficado online, abria o facebook pra verificar postagens novas dele e voltava a estudar.
Na segunda-feira fui como sempre o primeiro a entrar na sala, me sentei e fiquei observando todo mundo que chegava.
Breno chegou deixando Rafael para trás como se não quisesse mais conversa, no mais ele foi como todos os dias na aula, me olhou como se dissesse que estava ali e voltou a sua rotina de conversar com o pessoal da frente. Não sabia se era uma estratégia ou se ele simplesmente tinha pensado melhor durante o fim de semana e visto que esse envolvimento comigo era uma idiotice. Provavelmente a segunda opção.
Eu estava ficando paranoico... Tentei me concentrar na aula. Respondi baixo algumas perguntas da professora e no intervalo fiz o possível para sair o mais rápido possível da sala.
Breno:
A chegada da segunda foi um alívio, cheguei na escola e Rafael veio com zoações como se não tivesse acontecido e como se eu tivesse esquecido das atitudes dele. Ignorei e entrei na sala.
Não tive tempo de falar com o João sobre como agiríamos, então tentei manter as coisas como o habitual até que decidíssemos isso. Olhei para ele na esperança de alguma reação que fizesse eu perceber que podia expressar uma amizade a mais ou algo do tipo. Ele continuou calado como o habitual e meio cabisbaixo, acho que queria que levássemos como o normal. Foi o que fiz.
Conversei com o pessoal da frente, mas o tempo todo queria mandá-los ao inferno e pegar nas mãos de João. O sinal tocou e observei João sair apressado. Porque ele estava com tanta pressa? Levantei e fui em sua direção.
João Lucas:
Quando cheguei na porta alguém agarrou meu braço. Me assustei e me virei para me desvencilhar mas em instantes já estava imóvel. Ele me segurava com seus braços fortes.
- Me deixa sair Breno. - Eu murmurei.
Estavam todos olhando, eu estava muito vermelho. Breno olhou pra lado e meio que não ligou com a platéia na sala. A professora nem havia saído...
- Por qual motivo? Quero ficar contigo no intervalo. - Ele disse indo da irritação na primeira pergunta para um tom calmo quando disse que queria ficar comigo.
- E seus amigos? - Perguntei baixo.
- Se não são seus amigos como poderiam ser os meus? - Ele perguntou.
Os segundos seguintes alimentou uma polêmica por semanas na escola, pois Breno me puxou, ficando eu aninhado em seu peito e então beijou minha testa.
- Relaxa! - Ele sussurrou no meu ouvido.
Breno pegou delicadamente a minha mão e me puxou para fora da sala.
(PS: Desculpem pelo trecho abaixo pois estava bem melhor maaaaas a casa dos contos bugou e não salvou o rascunho)
Pela primeira vez não passei meu intervalo sozinho escondido da biblioteca, mas sim junto a alguém que ao menos parecia se importar em como eu me sentia. Ficamos sentados numa escadaria que perto da secretaria, eu encostei minha cabeça em seu peito e ele acariciava meus cabelos.
De tempos em tempos apareciam algumas garotas para espiarem. Rafael foi outro, ficou nos olhando com cara de deboche. Como podia alguém ter uma atitude tão ridícula quanto essa?
Voltamos para a aula, Breno ignorou os amigos de turma e prestou atenção na aula. Em alguns momentos escrevia bilhetes me encorajando a não abaixar a cabeça enquanto eles olhavam. Resolvo levá-lo para casa quando a aula termina. Caminhamos sozinhos e calados.
- Porque não consegue olhar nos olhos das pessoas? - Perguntei baixinho me aproximando.
- Não sei.. Sempre fui assim! - Eu disse.
- Até comigo isso? - Ele disse meio decepcionado. Parou e me puxou, olhou bem nos meus olhos me segurando. Eu me sentia incomodado mas não desviei o olhar. - Você é incrível sabia? Não tem nada de errado com você! Não deixe as pessoas fazerem você pensar que você é inferior.
Concordei com a cabeça.
- Promete? - Disse ele.
- Prometo! - Eu disse sussurrando.
Voltamos a caminhar, chegamos na minha casa e ele pegou a chave na minha bolsa, abriu o portão e me deixou passar primeiro. Quando chegamos na sala ele me encostou na parede.
- Tá entregue! - Sorriu e me deu um beijo delicado, com cuidado pois eu ainda estava com a boca doendo um pouco.
Aos poucos as mãos dele começaram a correr pelo meu corpo. Eu, ao contrário de Breno, me mantive imóvel pois a ideia de eu tomar uma iniciativa, de fazer algo como se eu quisesse fazer (e sim, que queria fazer) me aterrorizava. Eu seria assim? Sempre esperaria alguém me mandar fazer algo?
Aos poucos ele foi percebendo que eu só fazia o que ele mandava, que abaixava a cabeça o tempo todo diante uma ordem de 'coloca a mão aqui', 'pode pegar' e realizava sem me preocupar se eu iria ou não gostar.
Ele então se sentou e me colocou deitado no colo dele.
- Você ainda não se soltou comigo... - Disse Breno. - Você não faz as coisas por que quer, mas porque eu quero que faça. Quero que você realize seus próprios desejos comigo. Quero me sentir seu e não apenas tê-lo para mim. Mas não se preocupe, você vai se acostumar aos poucos.
Breno recebeu algumas ligações do pai e outras da mãe, ignorou todas, me beijou e disse que precisava ir. E assim foi mais um dia ao lado de quem eu menos imaginava que gostava de mim.