Apaixonado pelo Diabo - III
Capitulo três: Pedido
– Oi gente – Lucas disse assim que nos encontrou no pátio da escola naquela manhã.
– Oi – respondemos todos, mas eu e Thiago percebemos que as meninas suspiraram. Não pude deixar de sentir ciúmes quando Lucas sorriu.
– Veio se juntar a gente? – Gabi perguntou esperançosa.
– Bom... – ele coçou a cabeça procurando a melhor forma de dizer – Na verdade, eu queria roubar um pouco o Davi de vocês.
Todos olharam de Lucas para mim com curiosidade e até mesmo espanto. Pelo que eles sabiam, eu nem tinha trocado duas palavras direito com aquele estranho.
– Claro – Marcela disse – Vocês se conhecem?
– Nos conhecemos ontem quando íamos embora – Lucas mentiu – Descobrimos que pegamos o mesmo caminho até nossa casa.
Ele me puxou para longe dos meus amigos que continuavam com seus olhares curiosos e pouco amigáveis. Podia ver os olhos verdes acusadores em mim. Ela tinha gostado de Lucas, mas acho que ela vai entender que eles nunca ficariam juntos.
– Você tá maluco me puxando assim? – perguntei para Lucas me desvencilhando de si quando estávamos em um canto isolado – Todo mundo viu!
– Eu não me importo com o que os outros vão dizer – respondeu colocando a mão em minha cintura.
– Mas eu sim – disse tentando me afastar dele, mas de alguma forma seu toque me fazia perder a força e qualquer vontade de me tê-lo longe de mim. Eu queria aquilo. Queria que ele me puxasse para mais perto. Queria sentir seus lábios macios nos meus. Queria sentir seu hálito quente em meu rosto – Eu não sou assumido.
– E você não acha que já está na hora de sair do armário? – ele segurou meu queixo com dois dedos e gentilmente repousou seus lábios sobre os meus. Naquele momento, eu não vi mais nada. Não via as outras quinhentas pessoas que no pátio ou seus olhares de surpresa. Não me importava que todos vissem quem eu realmente era. Tudo o que conseguia ver era a pessoa mais linda do mundo me beijando. Tudo o que eu sentia era meu corpo se incendiando de dentro pra fora. Sentia meu coração palpitar descompassado – Quer namorar comigo? – perguntou.
– Você não acha que é muito cedo? – perguntei sorrindo – Nos conhecemos ontem.
– Mas eu não me sinto assim – ele me deu um selinho – E você também já conhece a minha mãe.
Dei um soco em seu peito forte sentindo meu rosto queimar com a lembrança.
– Você tinha que me lembrar disso não é seu idiota! – disse rindo – O que ela estava fazendo em casa?
– Meu irmão passou mal na escola e ela teve de ir busca-lo – respondeu – Não era mesmo para ela estar em casa.
– E o que ela falou a respeito de... Você sabe – disse corando.
– Ela começou a rir da minha cara – disse corando igual a mim – Depois veio o esporro por eu ter tentado transar com você no sofá. Depois veio a conversa constrangedora sobre preservativo e finalmente, ela quer te conhecer.
– Eu não vou conseguir olhar na cara dela depois do que fizemos – falei.
– Relaxa Davi – ele me envolveu em seus braços mais uma vez – Minha mãe é tranquila. Tenho certeza de que ela vai gostar de você.
– Tem certeza? – perguntei olhando naqueles lindos olhos azuis.
– Tenho – respondeu me dando um rápido beijo – Preciso ir ao banheiro antes da aula.
– Quer que eu vá contigo? – perguntei com segundas intenções.
– Querer eu quero, mas acho melhor não – disse me dando mais um beijo – Vou acabar fazendo tudo no banheiro menos o que eu tenho que fazer.
Sorri e dei um beijo de despedida nele. O vi seguir para o prédio com algumas pessoas o olhando curioso. Provavelmente não entendiam como um cara gostoso daquele poderia ser gay, mas Lucas passava por todos eles sem se importar. Ele claramente já tinha passado pela fase da vergonha, mas eu ainda iria ter de passar por isso.
Gabriela veio correndo até mim com o olhar abismado.
– Seu cachorro! – me xingou – Por que não disse que ele era gay? – ela estava completamente furiosa.
– Sei lá Gabi – respondi constrangido – Foi tudo tão rápido.
– Eu sou uma idiota mesmo! Achado que ele estava me dando mole – ela riu de si mesma – Me conta todos os detalhes – ela sentou embaixo da arvore e fez um gesto para que eu sentasse também.
...
– Você está bem essa semana – minha mãe comentou no café da manhã.
Sorri para ela que pareceu radiante. Ela tinha razão. Na ultima semana eu não tinha pensado em Eduardo e em como o matei. Não pensava mais na casa de praia quando vi seu corpo ser levado e sua mãe entrar em desespero e seu pai chorar. Eu só pensava em Lucas a cada minuto do meu dia. Só pensava em seus braços fortes e em seu beijo.
– Eu também percebi isso – meu pai falou – É alguma garota?
Ele lançou um olhar entusiasmado para minha mãe que lhe retribuiu o olhar.
– Não – me levantando da mesa e lavando meu copo – Só estou feliz. A escola me fez muito bem esse ano.
– Isso é bom – meu pai falou – Fico feliz que meu filho esteja de volta – minha mãe bebeu um copo do suco de laranja.
A campainha tocou e mesmo sem abrir, eu já sabia quem era. Meu corpo sentia sua presença. Meu coração sentia que ele estava por perto.
– Oi Lucas! – Daniel abriu a porta para meu namorado.
– Oi garotão – Lucas bagunçou o cabelo castanho claro de meu irmão que era todo sorrisos – Seu irmão está?
– Estou aqui – disse indo correndo até a porta – Vamos lá pra fora Lucas.
– Que isso Davi! – meu pai protestou – Deixa o rapaz entrar!
Com o coração batendo a mim por hora, dei passagem para que meu namorado conhecesse meus pais preconceituosos. Lucas entrou na minha casa com um sorriso no rosto como se não tivesse nada a temer;
– Bom dia – Lucas disse – Me chamo Lucas. Sou um amigo do seu filho – ele estendeu a mão para apertar a do meu pai.
– Prazer rapaz – meu pai apertou a mão do meu namorado sem suspeitar de nada – Eu sou Marcelo e essa é a minha esposa Cristina – ele os apresentou – Nunca tinha te visto.
– Me mudei para cá recentemente – Lucas falou.
– Entendi. Seja bem vindo então – meu pai disse simpático.
– Já tomou café Lucas? – minha mãe ofereceu sorridente.
– Já sim senhora – Lucas recusou com cortesia – Eu só vim aqui pra chamar o Lucas pra sair.
– Tudo bem então – meu pai falou – Só não esquece que nós vamos sair a noite e você vai ficar com o Daniel.
– Não vou esquecer – Fale louco para sair daquela casa – Tchau.
– Que Deus lhe abençoe filho – minha mãe proferiu.
Sai de casa com Lucas me sentindo tenso. Não falamos nada um com o outro até chegarmos ao outro quarteirão, pois tinha medo irracional que meus pais pudessem me ouvir. Tenho a sensação de que ficaria calado por muito mais tempo, mas Lucas me puxou para si e me deu um beijo apaixonado que me fez esquecer qualquer preocupação que eu pudesse ter.
– Eu queria ter feito isso lá dentro com os seus pais – ele disse com a mão em minha cintura – Queria que ele visse que eu te amo.
– Se fizesse isso ou estaria morto ou procurando um lugar para morar – respondi dando mais um beijo nele.
– Você poderia vir morar comigo – ele respondeu.
– Com a sua mãe lá? – zombei – Você está maluco?
– Maluco por você – disse me imprensando contra o muro de uma casa e me beijando de uma forma feroz e cheia de desejo que eu não via desde o dia em que estávamos em sua casa na segunda segunda-feira – Seus pais vão sair hoje não é? – disse beijando meu pescoço.
– Eles sim, mas meu irmão vai estar em casa – respondi em meio a um gemido.
– Não tem problema – disse beijando meinha boca e mordendo meu lábio inferior – Ele não vai ouvir a gente.
– Você quer ficar comigo hoje? – perguntei arranhando suas costas por cima da camisa branca que ele usava.
– Quero ficar juntinho de você – respondeu passando a mãe pela minha munda – Você deixa?
– Deixo – respondi dando outro beijo nele.
...
Espero que tenham gostado de mais esse capitulo pessoal. Até próximo!