carta de socorro (parte 1)
Se alguém está lendo essa carta, saiba que não sei onde me encontro. Daqui onde vivo consigo ver apenas o oceano através da minúscula janela do meu quarto. E mesmo que não houvessem estas grades eu não conseguiria escapar, é alto demais para arriscar um salto. Na verdade eu não consigo diferenciar muito bem se eu estou aqui porque não consigo fugir ou porque eu não quero fugir. O fato é que já faz alguns anos que eu fui reduzido à condição de escravo. Minha dona é a lei aqui neste castelo e não existem possibilidades de mudar esta condição. Neste instante o meu quarto está com vários sapatos da minha rainha. Inclusive eu tenho um deles amarrado ao meu rosto de forma que eu tenho sentido o cheiro dos pés dela constantemente a vários meses. Meu corpo está marcado pela surra que eu levei a algumas semanas atrás. Neste dia eu lembro que eu tinha implorado para que ela me deixasse retirar o sapato do meu rosto. Ela apenas me olhou. Eu abaixei a cabeça por causa da enorme ereção que eu senti naquela hora. Eu não sei bem o que fazer quando isso acontece. O cheiro dela me deixa completamente confuso. Me faz esquecer até a minha condição de ser humano. Nesse dia aconteceu uma coisa estranha. Eu entrei em uma espécie de transe. Estava sentindo tanta paixão, estava tão excitado que eu tentei agarra-la a força. Eu tinha acabado de servir-lhe o almoço, eu estava ajoelhado debaixo da mesa e ela estava comendo, o que a deixou mais nervosa ainda. Ela me bateu demais neste dia. Talvez por isso eu esteja aqui preso.
Minha dona se chama Íris. Geralmente ela não é agressiva comigo, somente quando eu não me comporto como ela quer. Algumas vezes eu sinto falta da liberdade, de conhecer as coisas, de ser livre mesmo. Mas eu já não vejo possibilidades disso acontecer. A minha vida hoje se reduz a estar aos pés da Íris, servi-la, fazer sua comida, lavar suas roupas, enfim, servi-la de todas as maneiras. A única coisa que ela me permite ainda são os meus escritos.
Minha língua ainda está dormente desde a última vez que fizemos sexo. Ísis demora a atingir o orgasmo, por isso eu passo diariamente pelo menos uma hora com o boca entre as suas pernas. Depois que ela goza ela cruza as pernas, estica o pezinho e me faz beija-los o resto da noite. Meu deus, ela parece uma deusa com as pernas cruzadas. Seus pés são a coisa mais bonita que existe no mundo. Me deixam completamente hipnotizados, tanto que a muito tempo que eu já não tenho capacidade de oferecer resistência. Eu aceito o domínio que ela exerce sobre mim e fico feliz em ser seu escravo. Eu sempre tento fazer de tudo para agrada-la, ela sempre demonstra indiferença. Eu me sinto humilhado por isso mas não me queixo. Eu tenho medo de suas punições. No começo eu me queixava bastante, ficava nervoso. Hoje sou mais calmo. Quando nos conhecemos, Íris era empregada da minha empresa. Começamos a sair pouco tempo depois de nos conhecermos. Já não sei bem o que acontece na empresa hoje mas Íris parece estar sempre acompanhando. O cheiro dela está em todos os lugares deste quarto. Todas as coisas neste castelo estão dispostas de forma a mostrar o domínio dela. Aqui na minha frente está pregado na parede as leis da Íris. - Lei número 1. Eu sou a lei. apenas esta.
Essa é a minha primeira carta que jogo daqui no oceano. É a primeira vez que penso efetivamente em fugir. Já faz mais de 2 semanas que eu sequer tenho notícias da Íris, que ouço sua voz. Me sinto um pouco louco depois deste tempo todo. Caso alguém encontre esta carta, meu nome é