SANTUÁRIO - Prólogo, Capítulo 1

Um conto erótico de Jeferson
Categoria: Homossexual
Data: 14/09/2014 13:54:31
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

PRÓLOGO:

Balançando em torno das mentiras. Podemos mexer o dia todo, que tal?

Acender uma fogueira e queimar aqueles que estão vestidos de pureza e inocência. O mundo corrompeu a mim, aposto minha vida sem valor que ele corrompeu você e todos a sua volta.

Sorrisos falsos e máscaras pregadas em nossas faces. Movemos multidões com o poder da mentira... a verdade não tem valor aonde reina o mal.

Corrompido e quebrado. Quebrado. Ferido e quebrado. Quebrado. Fracassado e quebrado. Quebrado e quebrado...

Já não sinto o prazer do sol queimando minha pele. O vigor de uma caminhada aonde o vento me diz que ainda estou vivo, porque não estou. Não sinto esperança porque há muito estou morto. Não sinto desejo ou meramente amor. Me sinto vazio.

Sou jovem, mas velho. Caindo aos pedaços.

Saudável, mas podre por dentro. O odor é tão repulsivo que não posso ficar sozinho comigo mesmo.

Meu corpo parece doce, mas sou amargo. Lamba-me e sua língua cairá. Nada que vem de mim é saudável ou minimamente bom.

Sou, também, descartável, pois sou insignificante e pessoas como eu, amarguradas e sem valor, se encontram aos montes.

Sou aquele resquício do nada... quando o nada significava algo.

Cheio, mas vazio de coisas boas.

Exato, mas turvo.

Perigoso.

Não sou amado.

Há cicatrizes no meu rosto.

Feridas sangrentas nos meus olhos... a garra do mal no meu peito.

Sinto o hálito gelado e úmido da solidão todos os minutos.

Sem um segundo pra que eu pense ou simplesmente me afaste... mas não podemos fugir de nós mesmos.

Vivo... mas estou morto.

.

CAPÍTULO 1: Memento Mori.

Meu rosto já havia conhecido um sorriso. Pode parecer mentira, mas eu fui feliz.

É tão estranho lembrar de mim tão feliz e, logo depois, tão... tão nada.

Vivi sem anseios, por longos anos da minha vida. Procurando uma perspectiva ou algo ao que eu pudesse chamar de bote salva-vidas. Algo que eu pudesse agarrar-me com unhas e dentes e poder criar laços com algum sentimento positivo.

Qualquer coisa!

Mas não havia nada! Porra, não havia nada!

Tudo que eu respirava ou minimamente tocava me lembrava de que eu era uma pessoa morta.

Algo sem utilidade.

Eu havia me tornado o que tentam fazer com todos os seres humanos: um robô.

Não tinha vontades ou expectativas. Trabalhava por simplesmente trabalhar. Comia por simplesmente comer. Não vivia... eu sobrevivia.

Ele era o motivo da minha antiga felicidade.

Ele possuía o sorriso que iluminava meu universo. Tinha olhos tão castanhos como os de uma tempestade raivosa. Pele extremamente branca.

Eu fui feliz...

Mas então tudo deu errado.

Ele morreu e eu morri junto.

...

Abri lentamente meus olhos, sentindo que aquela era outra noite normal pra mim, o que significava que eu não dormi mais que quatro horas.

Foi sem expressão alguma que lembrei da frases de um amigo (se é que eu possuía algum amigo) na noite anterior: Você tem que comparecer à festa! Vai ser demais! Eu te garanto, Jeferson! Você vai se sentir vivo, cara!

A última oração foi o que me fez aceitar.

Trabalhar em um escritório com vários homens de egos enormes acarretava em festas com bebidas alcoólica fortíssimas e muitas orgias.

Por alguma razão aquela era a primeira vez que eu aceitava de ir a uma daquelas festas idiotas. Preferia a minha solidão sólida do que ver um monte de homens enfiando seus paus em bucetas e cus.

Ouvia cochichos sobre mim, chamando-me de O exilado no escritório. Esse apelido passou a ser aderido umas semanas depois da... depois da... era complicado.

Nunca mais tive vontade de nada.

Entretanto ninguém ficava no meu pé. Eu era o melhor advogado e analista daquela companhia. Eles sabiam sobre esse fato, por isso me deixavam em paz.

Mas a oração do meu amigo mexeu comigo naquela tarde.

Você vai se sentir vivo, cara!

Quanto tempo fazia que eu não me sentia vivo?

Quanto tempo fazia que eu não ansiava por algo? Que eu não sentia o mínimo desejo de realizar qualquer coisa que fosse?

Fazia tempo.

Eu sabia... só não gostava de falar no assunto.

Um dia inteiro naquela advocacia e o único assunto que aqueles animais falavam era da nossa festa.

ESSA NOITE PROMETE!, um imbecil gritou fora da minha sala.

Jurei pra mim mesmo que se alguém gritasse essa frase de novo (seria a milésima vez), iria arrancar a estrutura óssea do corpo desse idiota!

Eu estava tentando analisar certos argumentos sobre a morte de um vendedor de bebidas, que foi brutalmente assassinado e ninguém possuía qualquer pista de quem foi o assassino.

Estranho. Estranho. Estranho.

Assassinatos brutais deixam rastro. O mínimo que for.

Mas não aquele.

Era suspeito, estranho...

Parei de ler o caso quando senti que ia enlouquecer.

Só saí do meu transe quando os homens da advocacia chamaram-me para ir a tal boate.

Que maravilha! Quase desisti. Mas não fiz.

Foi com um tremendo barulho insuportável que fomos recebidos naquela boate depois do expediente totalmente enfadonho no trabalho.

Eu obervava os fleshes da iluminação agredirem meus olhos e não via a maneira de me sentiria vivo em um lugar como aquele.

Senti meu braço ser puxado e uma voz rouca gritar no meu ouvido pra se sobrepor à música:

-Vamos pro lugar reservado pra nós!

Sim, vamos! Tudo pra me tirar desse bum, bum, bum infernal!

Éramos sete homens. Todos do escritório. Trabalhar em uma advocacia com um alto renome nos dava certo privilégio.

Um lugar altamente VIP era um deles.

Ricardo, um loiro com o maior pescoço que eu já havia visto, ia à frente de nós como se fosse o chefe. Sentia vontade de revirar os olhos. Ridiculamente enfadonho era uma expressão que o identificava. O ego dele era maior que a cidade.

Tinha olhos pequenos e dentes tortos. Gordo feito um porco. A mulher dele devia entrar em casa abaixada pra que os cifres não a barrassem na porta. Ele era o típico homem que, só porque tinha dinheiro, era suportável a certas pessoas.

Os outros do escritório eram comuns. Nem altamente lindos, nem altamente feios. Nem chatos, nem legais. Homens normais fazendo coisas normais... ao menos era o que eu pensava.

Ouvia os ruídos da música cada vez menores enquanto nos encaminhávamos pra algum lugar ao fundo da boate.

Uma porta de veludo vermelha estava imponente nos esperando e, quando aberta, revelou uma espécie de bordel reservado da mais alta sociedade de pervertidos.

Em um segundo de observação, contei cinco cenas de sexo explícito.

Um homem penetrando uma mulher. Uma mulher chupando um homem. Uma mulher chupando mulher. Um homem penetrando outro homem. Dois homens chupando-se.

Eles realmente tinham em mente ideias de diversão completamente diferentes das minhas.

Aquilo era repulsivo. No sentido exato da palavra. O cheiro de sexo era palpável. Sons dos mais variados ecoavam por aquele enorme cômodo. Devia ser maior que minha casa, sendo que essa era de dois andares.

Um gemido de dor foi o que me trouxe a realidade novamente.

Segui com os olhos de onde vinha o determinado som e havia uma cama com um garoto sob um homem.

O garoto estava amarrado à cama. No sentido literal.

Cordas emarranhavam-se em torno dos pulsos dele e o prendiam nos pés da cama fazendo os braços dele ficarem totalmente estendidos sobre o colchão.

Suas pernas estavam arreganhadas para aquele homem que o violava sem piedade. Um homem mais parecido com um armário. Ele era grande e cheio de pêlos. Seu membro entrava impetuosamente no garoto o fazendo se contorcer. Um urro pareceu vir da garganta daquela enorme pessoa anunciando seu gozo.

Ele retirou-se do garoto, que continou ali estirado e amarrado. Havia uma venda em seus olhos e suas pernas estavam, ainda completamente abertas. Pude analisá-lo à vontade.

A pele do garoto era branca como leite, entretanto estava em um tom de rosa e vermelho. Seus cabelos eram pretos, um tanto quanto castanho escuro. E o corpo dele... era... ual! Que corpo o daquele garoto!

Era pequeno, mas tinha tudo no devido lugar. Curvas nos lugares certos! Cheio nos lugares certos.

Senti algo que eu não sentia há muito tempo... um desejo aflorando e se apoderando do meu membro.

Reparei brevemente que não era o único observando o garoto na cama. Tentei aproximar-me dele, mas antes de perceber algo, Ricardo já estava com seu membro encapado em uma camisinha.

-Olá, delícia! -ele rosnou, com sua voz de suíno, antes de penetrar o garoto.

Um choramingo sofrido foi ouvido dele e ele novamente se abriu todo para aquela nova invasão. Ele gemeu baixinho enquanto o ogro em cima dele mordeu seus mamilos rosados e chupou seu pescoço.

-Você está mais gostoso do que me lembrava, Gabriel! -essa frase pareceu me cegar por uns segundos.

Só retomei o dom da visão quando estava em cima de Ricardo, o socando e o tirando de cima daquele menino.

-Cara, você tá louco! Espera sua vez! -ele levantou tentando me dar um soco. O soquei novamente e ele caiu estirado no chão. Alguns do grupo tentaram aproximar-se de nós, mas os olhei com um olhar possuído de raiva e soube, pelas suas caras de pavor, que meu recado foi dado.

-Fica longe dele, seu porco nojento! -gritei tão alto, para Ricardo, que tive a certeza de mais da metade daquele bordel ter ouvido.

Estava me fodendo pra eles!

Só queria tirar aquela pequena criatura dali e cuidar dela.

Gabriel... que ironia. Ele era um anjo, realmente.

Toquei aquelas amarras e as desfiz. Tirei-as do pulso dele e retirei a venda dos seus olhos.

-Obrigado. -uma voz rouquinha revertebrou pelo meu peito quando o acolhi nos meus braços e o terei daquela cama.

-Consegue andar?

-Não.

O tirei do chão e o peguei facilmente no colo como um pequeno bebê.

Ele tinha um cheiro repulsivo daqueles que o violaram naquela noite, mas, ainda sim, bem que levemente, senti um o aroma do seu cheiro natural. Algo mais parecido com o aroma de rosas e sabonete.

Olhos enormes. Era isso que ele tinha, quando me fitou assim que deixei a boate. Grandes órbes de uma mistura linda de vermelho e castanho.

Achei estranho ninguém me barrar. Talvez eu devesse pagar alguma taxa... sabia que Gabriel era um garoto de programa. Não era ingênuo.

-Vai querer meus serviços hoje à noite, moço? -ele questionou baixinho escorando sua cabeça no meus peito como uma súplica. -Por favor, hoje não! Tô um pouco machucado, mas amanhã de manhã...

-Shhh. -fiz pra ele parar de falar. Meu coração se comprimiu de dor ouvindo aquilo. Era bem capaz de eu chorar de dó, dado a voz suplicante dele.

Eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. Eu só queria cuidar daquele menino. Dar abrigo a ele.

Mas, hoje, parando pra analisar as coisas, foi ele que deu abrigo a mim.

Ele que me salvou.


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Comentários

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27/04/2015 08:38:15
Show gostei muito!!!!!!!!
25/10/2014 18:58:30
Escrita esta otima a historia nem se falar esta sensacional!
16/09/2014 12:23:14
Bom.
15/09/2014 04:14:17
Legal
14/09/2014 18:14:37
Esse autor promete!! Você foi um dos autores que me livraram de uma tristeza enorme. Pode ter certeza que terá um leitor e fã! Ansioso pela continuação.
14/09/2014 16:14:24
conto excelente amei a introdução .tbm gostei de mais da sua escrita.esse conto promte grandes emoçoes espero anciosamente pelo proximo .beijo


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