“Algo sempre me traz de volta a você
E isso não demora muito
Não importa o que eu diga ou faça
Ainda sinto você aqui
Até o momento que vou embora
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Você me segura sem me tocar
Você me mantém sem correntes
Eu nunca quis tanto algo
Quanto afundar no seu amor
E não sentir sua chuva
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Me liberte, me deixe ser
Eu não quero cair outro momento na sua gravidade
Aqui estou, e permaneço tão confiante
Exatamente como deveria estar
Mas você está em mim e por toda parte em mim
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Você me amou porque sou frágil
Quando eu pensei que eu era forte
Mas você me toca por um pequeno instante
E toda a minha força frágil se vai
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Me liberte, me deixe ser
Eu não quero cair outro momento na sua gravidade
Aqui estou, e permaneço tão confiante
Exatamente como deveria estar
Mas você está em mim e por toda parte em mim
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Eu vivo aqui de joelhos
Tentando fazer você ver que você é
Tudo que eu penso
Eu preciso aqui no chão
Mas você não é aliado nem inimigo
Embora eu não consiga te deixar ir
E a única coisa que ainda sei
É que está me mantendo no chão
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Me mantendo no chão
Você está em mim
Você está em mim
E por toda parte de mim
Algo sempre me traz de volta a você”
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Da janela da cozinha, Nicole observava Eduardo e seus amigos. A princípio, parecia que discutiam alguma coisa séria, e quando viu já estavam brigando entre si.
-Tem algo acontecendo lá fora - comentou, e todas as mulheres foram até a janela observar.
-Oh, não, de novo. - comentou Marisa, esposa de Márcio, um dos melhores amigos de Eduardo.
-Como assim?
-Eles de vez enquando tem essas brigas entre si - Marisa balançou a cabeça.
-Brigas? - chocada, Nicole arregalou os olhos enquanto voltava a observá-los. - O por que disso?
-Porque eles são babacas - falou Lucia enquanto saia da cozinha.
-Acho que devemos detê-los agora - falou Nicole enquanto acompanhava Lucia junto com todas as meninas. - Ai não - disse Nicole horrorizada quando viu Márcio desferir um soco em Eduardo e o mesmo revidar e logo em seguida rolavam no chão em meio a lama. - Meu Deus temos que parar....
-Vou providenciar o gelo para esses animais. Pelo jeito a briga será longa - disse Lucia voltando para a cozinha.
-Porque ninguém os separa? - perguntou Nicole. - Renato esta parado só olhando.
-Não por muito tempo - previu Marisa
Agora eram quatro homens lutando na lama.
-Isso é ridículo. Vou acabar com isso agora.
Quando se aproximou deles só via punhos, lama e xingamentos. Mal reconheceu Eduardo em meio ao lamaceiro.
-Parem com isso agora. Eu disse agora. - Nicole pôs as mãos nos quadris enquanto gritava com eles. - Seus babacas têm crianças aqui e vocês parecendo uns brutamontes. Deviam ter vergonha. Se levantem - todos eles pararam ao ouvirem os gritos de Nicole, voltando um olhar raivoso a cada um deles soletrou: - Eu.Mandei.Se.Levantarem.Agora. Homens formados, trabalhadores e se comportando como vagabundos.
-Ela parece a nossa mãe - murmurou Márcio, e todos assentiram.
-Vocês são idiotas, babacas, briguentos, patéticos. - O olhar e voz autoritária dela fez Eduardo rir enquanto os outros pensavam em uma forma de escapar do sermão. - A violência não resolve nada, então entrem, se sentem e conversem como cavalheiros. Agora - ela falou enquanto voltava para casa batendo o pé.
-Ela não é incrível? - perguntou Eduardo - Vem aqui meu amor.
-Pode se afastar agora Edu. Você esta todo sujo e se você tentar chegar perto.... - ela soltou um grito quando ele a puxou-a para si. - Seu idiota me solt...
Ele a beijou interrompendo a sua fala, levando-os a cair na lama.
-Saia de cima de mim, estou toda suja Eduardo. - gritou Nicole enquanto tentava afastá-lo de si.
-Onde esta seu discurso de sentar e tentar se comunicar?
-É difícil se comunicar com alguém sobre você. Agora sai de...
Ele voltou a beijá-la a interrompendo novamente, com uma intimidade que deveria acontecer, apenas em quatro paredes. Logo uma platéia se formou e todos começaram a bater palmas, assoviar e rir da situação.
-Ela o pegou de jeito. - murmurou Renato ao vê-los atracados na lama.
-Acho que devemos ajudá-la a sair daí? - perguntou Márcio.
-Acho que é o melhor - respondeu Paulo.
-Me soltem. - falou Eduardo enquanto os amigos o afastavam de Nicole. - Amor, vamos tomar um banho e tirar a lama.
Nicole levantou bufando, sentindo a lama em todos os lugares do corpo, estava uma bagunça e toda suja.
-Vocês o pegaram? - perguntou calmamente.
-Sim, senhora. - respondeu Renato sorrindo sabendo pelo olhar que ela lançava sobre Eduardo o que faria.
Eduardo ao ver sua expressão tentou se livrar.
-Vamos, amor. Violência não é a resposta, lembra? Por que nós não...
Sua respiração saiu entrecortada quando ela fechou o punho e acertou-lhe a barriga.
-Idiota. - Nicole saiu com toda dignidade possível enquanto todos riam, inclusive Eduardo.
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Nicole passou a noite toda o fuzilando com os olhos. Quando ele se aproximava logo ela se afastava.
Apesar de todas as tentativas possíveis e impossíveis, Eduardo não conseguia se aproximar e assim se desculpar. Decidiu então esperar que todos fossem dormir e assim tentar conversar sem que todos se intrometessem.
-Ainda esta brava - perguntou Eduardo baixinho enquanto se aproximava da cama e se ajoelhava diante dela.
-Não estou brava.
-Quer me bater de novo?
-Claro que não. Não sou uma pessoa violenta.
-Com certeza não - falou Eduardo enquanto piscava o olho para ela.
-Você é um babaca?
-Sim eu sou - disse Eduardo enquanto beijava seu pulso.
-Idiota.
-Humm - concordava enquanto continuava a beijando até chegar sua nuca.
-Insuportável.
-Sim, amor - disse Eduardo enquanto mordiscava sua orelha - O que mais sou?
-Burro, cretino, grosso.
-E seu amor certo?
-Esta se achando muito sabia.
-Estou? - perguntou Eduardo enquanto a provocava com os lábios, fazendo que ia beijá-la e logo em seguida se afastando.
-Sim esta - disse Nicole já vacilando.
-Então se estou... - disse Eduardo enquanto se levantava.
-O que você esta fazendo - Nicole o puxou de volta.
-Indo embora. Não quero continuar a deixando brava.
-Deixará se sair desse quarto.
-Então diz?
-O que?
-Nic?
-Amor...
-Quero mais? Continue. - pediu Eduardo a ver a hesitação dela.
-Isso é chato. Porque preciso ficar dizendo?
-Porque é bom ouvir.
-É bom escutar e não falar.
-Então eu digo. Não sou nada sem você. Te amo desde do momento em que a vi. Com o vestido rosa em pé em frente a escola, babando por mim - disse Eduardo a provocando e colocando um dedo em seus lábios quando viu que ela revidaria - Você estava com o cabelo preso em uma fivela e estava sorrindo enquanto observava sua amiga falando. Me olhava com tanta atenção que me senti a pessoa mais especial do mundo. Você foi a minha escolha de ontem, é a minha escolha de hoje e para sempre.
Nicole ao ouvi-lo falar ficou sem palavras. Jamais imaginaria que ele lembrava de tudo, de detalhes que até então eram despercebido para ela.
-Olhe para mim.
Nicole levantou a cabeça o olhando sem desviar por nenhum segundo.
-Quero compartilhar cada respiração sua, cada batida de seu coração - Eduardo disse enquanto a tocava e acariciava. - Quero esta dentro de você tão profundamente e mesmo assim não será suficiente.
Nicole tremeu quando o sentiu entrando nela com uma investida que a fez gemer. Eduardo a tocou no rosto a fazendo abrir os olhos para ele.
-Às vezes - murmurou - me dá vontade de castigar você.
-Por que? - gemeu enquanto se remexia sobre ele.
-Por desejá-la assim. Tem vez que me desperto no meio da noite a procurando - sua expressão até então de desejo agora estava apaixonada enquanto a olhava intensamente - A cada dia te amo mais. Se não estou com você me pergunto onde estará, o que estará fazendo, quando a terei novamente. Amo você e só você - ele voltou a beijá-la enquanto se amavam como nunca antes.
Depois de se amarem intensamente acabaram adormecendo.
Nicole despertou na madrugada o observando dormir. O tocou afastando uma mecha da testa, enquanto se aproximava dele.
-Eu amo você - ela disse baixinho enquanto o observava dormir. - Amo você. - sussurrou em seu ouvido.
Eduardo abriu os olhos sorrindo para ela.
-De novo.
-Amo você
-Mais uma vez.
-Amo você Edu - disse Nicole já rindo.
-Foi baixo.
-Eu amo você - disse Nicole gritando.
-Calem a boca. Olha a hora - resmungou Paula no quarto ao lado enquanto os dois riam.
-Eu preciso ouvi-la dizer sempre. - disse Eduardo enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha de Nicole - Não pare nunca de dizer. Preciso ouvi-la dizer.
-Desculpa Edu, achava que não tinha necessidade de falar, não sou muito boa em expressar o que sinto.
-Ouvi-la dizer faz mais sentindo para tudo. Deve dizer sempre, e quando as palavras não bastarem diga com o olhar. E quando formos velhos e não mais poder ouvi-la, lerei dos seus lábios o que diz e assim saberei que ainda me ama. E farei o mesmo por você.
Nicole ao ouvir a declaração começou a chorar. Jamais se sentiu tão feliz como naquele momento e sentia medo de perder tudo aquilo que finalmente tinha encontrado. A assustava perder esse amor que ia além de palavras.