My little brother XXV

Um conto erótico de Enzo
Categoria: Homossexual
Contém 1934 palavras
Data: 05/06/2014 01:20:44

Capitulo vinte e cinco.

Nunca entrei naquela casa, mas sempre deixava Guto em seu portão quando vínhamos da faculdade. Era uma casa grande com muro alto coberto de plantas imitando cerca viva. O portão em arco de madeira era o mesmo desde a ultima vez que nos despedimos com um beijo.

Não sei se foi sorte ou o que, mas quando eu me aproximava da casa, me deparei com Brenda junta de seu irmão mais novo, ambos trajando seus uniformes da escola e carregando suas mochilas.

— Brenda! — chamei.

Ela olhou para mim e uma expressão de nojo se formou em seu rosto e ela continuou andando. Atravessei a rua com tanta presa que nem notei o carro vindo em minha direção, mas consegui me desviar dele e o motorista me xingou. Corri até Brenda e ao alcança-la, segurei-a pelo braço a fazendo se virar para mim.

— Precisamos conversar — eu disse tentando usar o tom de voz mais compreensivo e calmo que conhecia.

— Não temos não — ela se desvencilhou de mim e tentou continuar andando, nas eu a segurei de novo.

— Gabriel me contou tudo — disse — Claro que temos que conversar.

— Nós vamos chegar atrasados Brenda — seu irmão lhe disse parecendo um pouco aflito com o jeito nervoso de Brenda.

Olhei para aquele menino e o vi nele. Os mesmos cabelos castanhos e cacheados, a mesma pele clara e os olhos cinzas que seu irmão mais velho. Até os traços de seu tosto se pareciam. Era como ver uma cópia menor de um menino que eu gostei.

— Você deve ser o Luan — eu me agachei para olha-lo nos olhos — Seu irmão falava muito de você. Ele dizia que você era o garoto mais inteligente que ele conhecia. É verdade?

Os olhos de Luan se iluminaram de orgulho e saudade. Ele estava prestes a dizer algo quando Brenda disse:

— Você não tem o direito de falar do meu irmão! — seus olhos estavam mais úmidos que o normal. Ela se virou para Luan — Vá na frente e eu te encontro na escola.

— Mas...

— Vá Luan! — ordenou.

Luan estremeceu e obedeceu. Quando estava prestes a virar a esquina, ele olhou para trás e eu acenei para ele.

— Seu irmão também falava muito de você — eu disse a Brenda — Ele dizia que você era linda, inteligente e generosa. Tinha orgulho de você e te achava muito responsável. Por que fez isso?

— Por que você transformou meu irmão em gay!

— Eu não poderia ter feito isso mesmo que eu quisesse — tentei explicar — Ninguém se torna gay. Ou você é ou não é. Seu irmão sabia disso.

— Meu irmão estava confuso — argumentou — E você se aproveitou disso nele.

— E você sabe por que ele estava confuso? — perguntei, mas não esperei por uma resposta — Ele estava confuso por que tinha de lutar contra si mesmo! Ele era gay, mas não queria ser. Ele lutava contra si mesmo e isso o deixava triste e desesperado.

— E você o levou ao suicídio! — ela começou a chorar.

— Não Brenda. — disse com os olhos cheios de lágrimas — Eu o ajudei a aceitar quem ele era. Eu fui apaixonado por ele e ele foi apaixonado por mim. O ensinei que ele era assim e que isso não poderia ser mudado. O ensinei que não importa se você gosta de meninos ou de meninas desde que você seja capaz de amar. Por que do que adianta viver sem poder amar? E acima de tudo, eu o ensinei a ter orgulho de quem ele era.E ao mesmo tempo em que eu o ensinava tais coisas, ele me ensinava que eu não era o único. Me ensinava que a vida valia a pena e que eu deveria me entregar ao que eu sentia e que me esconder não era certo, pois não estava fazendo nada de errado — uma lágrima escorreu por meu rosto — Foi então quando ele contou para seus pais que ele era gay. Eles os recriminaram e o colocaram para fora de casa e o renegaram como filho. Gustavo não aguentou perder a família por ser gay. Ele me enviou uma mensagem naquela noite: "Não aguento mais. Te amo". E eu soube que estava tudo perdido. Gustavo nunca tinha dito que me amava e escolheu justo aquele momento para isso. Liguei para ele enquanto corria para a casa dos seus avós e ele não me atendia. A dor e o desespero me dominavam naquele momento e quando eu cheguei que vi aquele carro da policia e seus avós chorando na frente de casa eu soube o que ele tinha feito. Se existe algum culpado pela morte de Gustavo, esses são seus pais.

— Meus pais me disseram que ele foi embora de casa — Brenda disse chorando — disseram que ele foi morar com você e que você não o quis e que ele foi morar com meus avós por que não teve coragem de voltar para casa. Disse que ele se matou por sua causa.

— E desde quando isso parece com algo que Gustavo teria feito? — indaguei chocado por Brenda não saber a verdade sobre seu irmão. Como seus pais puderam ser mesquinhos a ponto de expulsar um filho de casa e depois mentir a respeito de sua morte para tirar a culpa de seus ombros.

— Não parecia, mas ele também não parecia ser gay — ela disse — Meu irmão e eu éramos muito unidos e quando eu fiquei sabendo que ele era gay, senti como se nunca o tivesse conhecido de verdade. Me senti traída e decepcionada comigo mesma.

— Ele achava que você tinha deixado de gostar dele — contei-lhe — Seu irmão sofreu muito com a rejeição. Primeiro de si mesmo e depois de sua família; Ele não aguentou. E eu entendo o motivo de ter feito isso; Você queria destruir minha vida por que achava que eu destruí a de Gustavo. Mas olha o que você fez! Magoou Daniel, Miguel, Gabriel e meus pais só para me atingir. Você feriu muitas pessoas com essa vingança. Você me feriu por uma coisa que eu nunca fiz; Eu nunca quis o mal de Gustavo. Eu o amava e ainda sinto falta dele assim como você. Mas temos que seguir em frente sem deixar que a raiva e a dor nos dominem. Eu te perdoo Brenda. Te perdoo por tentar arruinar minha vida.

— Eu não pedi seu perdão — ela disse chorando.

— Ainda não, mas quando você for mais velha e se lembrar disso, vai perceber que eu não sou a pessoa que tirou seu irmão de você . E quando esse dia chegar, quero que saiba que tem meu perdão. Adeus Brenda. Vou embora para bem longe.

— Espero nunca mais te ver — ela me deixou falando sozinho e se foi.

Nesse momento eu realmente percebi que Brenda tinha perdido mais que um irmão; Ela tinha perdido seu melhor amigo e seu porto seguro. É difícil descrever Gustavo. Em toda minha vida acho que nunca conheci e nem vou conhecer alguém como ele.

Ele vivia em conflito com seus pais e era nítida a diferença como seus pais o tratavam e tratavam seus irmãos. Mas apesar de sofrer por toda sua vida, ele sempre amou os irmãos acima de tudo. E foi isso que o fez continuar. Gustavo fez tudo que pode pelos irmãos e seus pais nunca reconheceram isso. Para eles, Gustavo era um garoto esquisito e com problemas de comportamento e difícil de lidar. Apesar de saber que eles amavam Gustavo, esse amor estava longe se ser como o que seus pais davam a Brenda e a Luan. Gustavo se matou não por que não queria ser gay. Ele se matou por que não aguentou a dor da rejeição. Apesar dele ter a mim para apoia-lo, ele se sentia sozinho. Mesmo seus avós que o acolheram, o julgavam.

Isso foi demais para ele.

Hoje sei que Brenda era apenas uma menina perdida na vida, mas sei que um dia ela se encontraria e encontraria a felicidade...

Voltei caminhando lentamente para o apartamento de Miguel. Era estranho pensar naquele lugar como a casa de outra pessoa quando eu o havia chamado de casa durante anos. Aquele apartamento foi o palco para muitas coisas como a minha primeira ressaca, meu primeiro beijo com uma garota, meu namoro com Gustavo, minha amizade com Miguel, meu amor por Gabriel nosso abandono no por parte de nossos pais.

— Achei que tinha ido embora sem mim — Gabriel me abraçou assim que eu entrei pela porta do apartamento — Pensei que tinha me abandonado.

— Eu nunca mais vou fazer isso — disse dando-lhe um beijo carinhoso nos lábios — Eu te amo.

— Eu também — ele me respondeu — eu sempre te amarei.

Terminamos de arrumar nossas coisas e Miguel nos observava sem dizer nada. Eram dez da manhã quando pegamos nossas seis malas e fomos para a porta.

— Sabe que não precisam ir embora — Miguel disse começando a chorar — Essa casa é tanto minha quanto de vocês.

Fui até Miguel que estava encostado na parede que dividia a sala da cozinha e o abracei apertado. Apesar de tudo o que Miguel fez comigo, eu o considero meu amigo. Foi ele que me trouxe para aquele lugar e me deu a oportunidade de estudar na faculdade, que eu estaria abandonando.

— A gente se vê por ai Miguel — me afastei dele e percebi que ele chorava.

— A gente se vê — ele me respondeu.

Voltei até a porta onde Gabriel me esperava com as malas e Miguel me acompanhou. Nos ajudou a descer com as malas e insistiu em nos levar para a rodoviária. Eu não tinha destino certo, pois não tinha família e nem amigos em lugar nenhum além de São Paulo e por isso deixei que Gabriel escolhesse nosso destino. Abracei Miguel mais uma vez e ambos estávamos chorando.

— Por favor fica — pediu — Eu prometo que tudo vai ser diferente de agora em diante.

Eu sorri e tirei uma mecha do cabelo ruivo de Miguel de seu rosto.

— E esse é o problema — falei — Eu nunca mais poderei confiar em você depois de tudo que fez.

— Eu vou mudar — prometeu — Por favor não me deixe. Você é meu melhor amigo.

— Devia ter pensado nisso antes de brincar com meus sentimentos — desabafei — Tchau Miguel. Quem sabe um dia nós não nos encontremos de novo?

— Quem sabe um dia? — ele fungou.

Gabriel e Miguel se despediram com um aperto de mão e um pedido de desculpa de ambas as partes. Depois eu e meu irmão entramos nos ônibus que nos levaria para nossa nova vida. Eu fiquei na janela e quando o ônibus partiu, pude ver um rapaz negro chegar correndo até Miguel. Um rapaz que eu conhecia muito bem e que eu achei que me odiaria até o fim dos tempos. Ele acenou para mim e eu retribui o aceno.

Meu celular vibrou e eu o peguei. "Miguel me contou que estavam indo embora. Vim me despedir, mas pelo visto cheguei tarde. Espero que sejam felizes e que um dia possamos nos reunir novamente. Sem ressentimentos. Daniel"

Uma mensagem que aliviou meu coração.

— O que acha que vai ser de nós daqui para frente? — Gabriel chamou minha atenção antes que eu pudesse desabar no choro.

— Eu não me importo desde que estejamos juntos — Envolvido em meu braço, meu irmão se aninhou em mim — Eu te amo muito, Gabriel. Te amo com toda a minha vida — disse depois de alguns minutos.

Mas meu irmão não respondeu, pois dormiaEntão gente, esse foi o penúltimo capitulo de My little brother e espero que tenham gostado.

Meu próximo conto já está a caminho e se chamará Memories. espero que me acompanhem neste conto também.

Até o ultimo capitulo!


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Comentários

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Owt Muito Bom, era Pra Ter Segunda Temporada Seus Contos São Tão Bons !!!

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Estamos em final de temporada nesta casa, aliás finais de séries ne. Mais um conto incrivel que deixa sua marca em nossas mentes, com a prova de que nada tem um estado permanente.

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Hum, isso foi bem esclarecedor, e fico muito triste pelo Gustavo.

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Estou feliz e triste,por tudo ter se resolvido e triste por tudo acabar...eu acho que os pais do guto,embora eu suponha.talvez eles tambem bem tenham se arrependido despois pelo que fez ao filho e pra nao pensar e tirar esse peso das costas colocaram a culpa no enzo...mas o conto ta lindo...amando...bjs

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AH NÃO OUTRO CONTO INCRÍVEL VAI ACABAR.

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