Continuando...
A minha frente havia uma cama de madeira com um lençol branco.Acima da cama,havia um quadro de uma mulher nua deitada em uma maca,com seus membros sendo esticados por cordas.Seu rosto magro e pequeno estava virado para o lado,enquanto seus cabelos se espalhavam pela maca.Seus olhos verdes me encaram como se estivesse pedindo ajuda.Sua expressaõ de dor era tão profunda,tão real,tão vivida que me deu calafrios.
O papel de parede era de cor cinza envelhecido e com marcas vermelhas.Ao me aproximar percebi que as marcas eram letras escritas em caligrafia forte com uma tinta vermelha.Observando,eu percebi que foi usado tinta em excesso.O que dava um aspecto macabro as letras,pois o excesso de tinta escorria,fazendo com que as letras parecessem ter sido escritas por alguém em sofrimento,como a mulher do quadro.O estranho era que essa tinta tinha um cheiro forte de sal e ferrugem.
-Essa tinta tem um cheiro estranho.-Eu disse observando curioso as palavras.
-Não e tinta,é sangue de animais.-Disse o Eric enquanto fechava a porta.
Eu o encarei chocado,aquilo não era possivel.Era muita loucura,além de ser bizarro.
-É só pra dar um efeito!-Ele disse como se estivesse se desculpando.
Quando ele se afastou da porta,eu sufoquei um grito,pois nela havia um boneco muito parecido com um homem,ele estava algemado a porta e de cabeça baixa.Seu corpo estava cheio de feridas que pareciam ter sido feita a facas,seus pés faltavam três dedos,como se tivessem sido cortados.Sua mão estavam cheia de cicratizes grossas e ele vestia apenas uma calçà de algodão branco.Alem da tinta vermelha que escorria pelos seus braços e pela calça,que parecia sangue.
-O que é isso?-Eu perguntei me aproximando dele.
-Um boneco que eu comprei uma exposição de objetos de tortura.-Eric respondeu pacientemente.
Me aproximei lentamente e percebi que apesar dos detalhes bem reais,era só um boneco.Após respirar fundo me virei para a estante de vidro que havia ao lado da porta.Na primeira prateleira havia 5 máscaras que pareciam rostos de animais com fios de arame atrás.
-O que é isso?-Eu perguntei enquanto observava a "máscara"
-É a máscara da infamiâ.Era instrumento portátil de tortura muito popular na Inglaterra e na
Escócia durante a década de 1500. As mulheres usavam uma “máscara”
trancada em torno da cabeça como
punição por chatear e fofocar com
muita freqüência. Anexado a este
focinho de ferro havia uma placa de
freio inserida na boca da mulher
para, literalmente, dominar sua língua traiçoeira. A maioria destes metais continha “pregos”. Os menores eram um leve desconforto,enquanto outros podiam furar a língua e causar sangramentos constantes.-Eric respondeu enquanto tirava a máscara do armário e me mostrava.
-Espera,todos esses são objetos de tortura?-Eu perguntei apontando para os dois armários,um de cada lado da porta.
-Sim,comprei em uma exposição de objetos de tortura.-Eric respondeu abrindo um sorriso.
-Eric você é louco!-Eu disse observando o tapete que parecia com pele de algum animal.
-Não,eu não sou.-Eric disse pacientemente.
-Ah,é sim.Louco a ponto de ir pra o hospício.Eu vou sair daqui agora.-Eu disse irritado enquanto ia em direção ao a porta.
-Calma ae muleque!-Eric disse pegando no meu braço e me empurrando na parede.
-Me solta!-Eu disse tentando empurra-lo.
-Felipe eu sou fã de torturas,mais isso não significa que eu seja louco e sim que eu tenho um gosto diferente...Eu sou um praticante de BDSM...-Eric disse pacientemente enquanto me soltava.
-BDSM?o que é isso?-Eu interrompi irritado.
-É uma prática sexual que tem o intuito de trazer prazer sexual através da dor,submissão,tortura psicológica, cócegas e outros meios,com o consentimento dois dois envolvidos.-Eric respondeu indo até a cama e sentando.
-Isso e bizarro.Essa casa é bizarra...Eu quero ir pra casa Eric.-Eu disse angustiado.
-Felipe vem cá?-Eric chamou fazendo um sinal para mim.
-O que é?-Eu perguntei enquanto ia até a cama e me sentava ao lado dele.
-Julgar a prática dos outros é muito facil,mais as vezes não pensamos que tem coisas que fazemos,que para os outros podem ser muito estranhos.-Ele respondeu se esticando na cama.
Naquele momento eu lembrei de uma frase que vi em algum lugar,ela dizia:Quando você julga algo por mal,e porque está vendo só as aparências e não o que realmente é.
-Eric me explica sobre você,me deixa te entender.-Eu disse enquanto o encarava.
-Eu não sou filho da sua tia,sou filho só do Henrique.-Ele disse após um tempo em silêncio.
-Mas,como?Os meus pais viram você nascer.-Eu disse surpreso.
-Não,não viram.Ele viram o Thiago nascer;o primeiro filho da Angélica com meu pai,mais ele morreu 4 meses depois de uma infecção.Depois disso,o meu pai levou a Angélica para a Alemanha,para que ela se recuperasse da perda e nunca,nenhum familiar soube que ele havia morrido.-Eric respondeu após respirar fundo.
-Se isso,é verdade.De onde você veio?-Eu perguntei surpreso pela sua confissaõ.
-O Henrique teve um caso com uma moça alemã e depois foi embora para o Brasil,deixando-a grávida.A familia dele e muito fluente na Alemanha e teve medo que isse prejudicasse o futuro do Henrique,então usou meios e a minha mãe teve que fugir do pais.Minha mãe se refugiou na casa de uma tia na Espanha,aonde eu nasci.Minha tia era pobre e não tinha como sustentar nois dois.Então a minha mãe me deixava com ela e começou a trabalhar em um restaurante.Um ano depois a minha tia morreu e a nossa situação começou a piorar.A minha mãe acabou tendo que se prostituir para termos o que comer.Após três anos,a minha mãe me levou para morarmos no bordel e vendeu a casa da minha tia...Felipe eu passei cinco anos naquele lugar e foi os piores anos da minha vida.Eu via os homens baterem na minha mãe,via eles obrigarem a fazer o que ela não queria.Toda noite ela vinha toda machucada.Eu me preocupava com ela,mais ela sempre dizia que estava tudo bem.Uma noite Felipe,a minha mãe foi encontrada morta dentro de um quarto de motel imundo.Ela era só mais uma prostituta,ela não era ninguém.Só a mim ela ia fazer falta.Depois da morte dela,eu fui passar um ano em um abrigo.Eu apanhava dos maiores,passava fome e frio.Nós pareciamos um monte de bichos abandonados.Depois desse tempo,o Henrique apareceu com a Angélica nesse abrigo.Ele me explicou que quando chegou a Alemanha,soube que a minha mãe tinha ficado grávida e que esperou a Angélica se recuperar da depressão e começou a me procurar e só soube onde estavamos quando viu a notícia da morte dela no jornal.Eu não queria ir com ele,mais ele usou o seu poder e me obrigou.Quando cheguei na casa deles no Brasil,eu conheci o Matheus;o segundo filho da Angelica com o Henrique.Ele estava com 8 anos e eu com 11.O Matheus e a Angélica me receberam com carinho,mais o Henrique,só me procurou,me achou e me trouxe por causa da Angélica,então ele desde o começo deixou bem claro,que eu era um bastardo que morava de favor em sua casa.A Angélica tinha faladopara toda a familia que tinha me deixado com 5 anos na casa da minha avó na Alemanha,então quando cheguei,ninguém desconfiou.-Eric respondeu enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto.
-Eu nem sei o que falar Eric.-Eu disse triste.
-Ela morreu como uma ninguém,como uma vadia qualquer.Ela era a minha mãe Felipe.Só eu,senti a sua dor,só eu a entendia e só eu chorei pela sua morte.O Henrique destruiu a vida dela.Eu o odeio com todas as minhas forças Felipe.Eu vou odia-lo para sempre.-O Eric disse cerrando os punhos,enquanto mais lágrimas desciam pelo seu rosto.
Eric se sentou na cama e abraçou as pernas,suas lágrimas rolavam pelo rosto.Eu me aproximei dele e o abraçei,não sei por que fiz isso,mais eu senti que ele precisava.
Naquele momento,eu senti um carinho se formar por ele.Eu o abraçei mais forte e ele correspondeu,me abraçando e colocando a cabeça no meu ombro,enquanto suas lágrimas rolavam com mais força.
Continua&&&&&Edu19/15,Gik,Thiago Silva,MaxMarcos,Trick,Geo Mateus,juh#juh,Ru/Ruanito,Jhonna e Nah_16 obrigado pelos comentários e votos.
Obrigado a todos que leram,por favor deixem seus comentários e até a proxima.
