Confesse Que Me Ama | CAPÍTULO 15 | Complicado Segundo Beijo

Um conto erótico de Xixi Mijurina
Categoria: Homossexual
Contém 2017 palavras
Data: 17/07/2013 20:05:27

Abel chegou em casa por volta das oito da manhã.

- Menino, onde passou a noite? Você tomou toda aquela chuva de ontem? - a avó de Abel, dona Carmem ficara a noite inteira lhe esperando.

- Ah, vó, eu estava por aí. Não esquenta, não. Vou dormir. Atchim! - Abel começou a espirrar.

- Aí, olha, não estou falando? Você está resfriado.

- Relaxa, eu vou ficar bem.

Abel já ia se retirar quando dona Carmem lhe chamou mais uma vez:

- Abel, espera!

- O quê que foi, vó?

- Meu filho, o que está acontecendo?

- Nada, vó.

- Eu entendo que seus pais fazem falta, mas ultimamente você tem estado tão diferente. Agressivo, não liga mais pra nada, não para em casa, some com as coisas...

- O quê?

- Você pode até achar que eu não percebo, mas já senti a falta de muita coisa nessa casa. Meu relógio, algumas bijuterias, objetos...

- Você está me chamando de ladrão?

- Sim, Abel, você anda roubando aqui dentro de casa. Eu não nasci ontem.

- Vó, pára pra se ouvir! Você está chamando a mim, Abel, o seu próprio neto, de ladrão! O que é isso?

- A verdade. Você está metido com alguma coisa errada, eu sei. Por isso eu vou te dar duas opções: você me conta o que é, eu te ajudo e você toma jeito, ou você continua com essa sua vida só que fora da minha casa. E, então, o que me responde?

- Eu não tô ouvindo isso! - disse Abel saindo.

Entrando no quarto, Abel acende um cigarro e resmunga:

- É, Abel... Fudeu. Merda de vida!

***

- Lipe, você ainda está chateado comigo? - Cauê estava relutante.

Felipe nada respondeu.

- Por favor, me perdoa! Não sei o que me deu. Queria que tivesse rolado.

- Eu sei o que aconteceu, Cauê. - Felipe finalmente disse alguma coisa - Você ainda gosta do Joaquim.

- Ai... Eu gosto. Pronto, falei. Eu ainda sinto alguma coisa pelo Joaquim, mas está desaparecendo, eu juro.

- Não dá pra tentar te fazer feliz se você ainda pensa nele.

- Mas eu sempre deixei bem claro que ainda gosto dele, mas quero esquece-lo.

- Não é o que parece. - Felipe saiu deixando Cauê falando sozinho.

- Lipe! Espera! Ah, droga.

Sem deixar que percebessem, Joaquim ouvia a conversa escondido atrás de uma pilha de caixas. Gostando do que ouviu resolveu atacar:

- Oi, Cauê, tudo bem com o Felipe? - perguntou saindo do esconderijo.

- Tudo ótimo, ué, por que não estaria? - Cauê não queria que Joaquim soubesse.

- É que ele saiu de um jeito tão estranho. Parecia decepcionado.

- Ele está bem, obrigado. Deixa eu terminar o meu serviço.

- Não, espera! - Joaquim pegou o braço de Cauê de um jeito firme que o fez arrepiar - Que tal estudarmos hoje à noite?

- Acho melhor não.

- Por favor. Você prometeu que iria tentar. - Joaquim fez uma carinha de pidão à qual Cauê não resistiu.

- Tudo bem, então. Às sete eu bato na sua porta. Agora, tchau, preciso fazer umas coisas ali na frente.

- Não vejo a hora! - Joaquim disse para si mesmo quando Cauê se foi.

***

Janaína sentiu sede e resolveu ir até ao bebedouro do mercado. Chegando lá, encontrou Felipe:

- Oi, tudo bem? Você é o Felipe, não é? Ou melhor, a Lady Diva! - Janaína enchia seu copo com água.

- Que bom que se lembra. Obrigado. - Felipe respondeu com um falso sorriso no rosto - Já você é a Janaína, correto?

- Sim, eu mesma.

- A namorada do Joaquim.

- É... O que vai sair daqui do mercado.

- Ele é um ótimo funcionário. Espero poder compensá-lo.

- Com certeza vai. Já vou indo, senão o Seu Mané me esgana.

- Espera, eu já estou indo também. Eu te acompanho. Nossa, o que foi isso na sua perna?

- Um cachorro me atacou ontem na rua, você acredita?

- Sério?

- Pois é. Deve ter fugido de algum quintal.

- Machucou muito?

- Não, um moço logo me ajudou. Mas ainda dói.

- Imagino. Mas você não considera a hipótese de ter sido proposital?

- Não, não. Quem faria isso comigo? Não tenho inimigos.

- Nesse mundo em que vivemos temos que considerar tudo. As pessoas podem ser falsas.

- Espero que não seja este o caso. Não dou motivos para ninguém ter ódio de mim. Vou indo, até mais. - saiu.

- Você tem o coração do Abel, sua vadia. - sussurrou Felipe.

***

Um carro corria veloz pela estrada. Era Abel que estava indo à uma boca de fumo.

- E aí, Abel, carro novo? - disse Doidera, o responsável pelo ponto.

- Nada! É do meu tio Ruanito. Me vê um pouco de pó aí.

- Cadê o dinheiro? Não me vem com aquelas porcarias que você traz, não!

- Pendura na minha conta. Depois te pago.

- Você está maluco? Na tua conta não tem onde pendurar mais nada, não! Você tem dívida até o pescoço. Não tá dando mais pra enganar o patrão.

- Eu já te disse que vou pagar tudo, relaxa!

- Esquece, Abel! Só libero a mercadoria quando você quitar a sua dívida.

- Doidera, Doidera... Você não vai querer que eu entregue seu ponto pra polícia, vai?

- Se você fizer isso, vai se prejudicar também. Os caras vão atrás de você.

- Denuncia anônima, já ouviu falar? Você é peixe pequeno, vai se ferrar sozinho. Teu patrão não vai mover uma palha para te ajudar.

- Você não tem coragem.

- Parece até que não me conhece. Passa logo minha mercadoria e pendura. Vou te pagar tudo com juros e correção monetária.

- Você está cavando a própria cova. Toma aqui. É melhor se apressar. Teu tempo tá acabando.

- Valeu! E se acabar o tempo, a gente volta o relógio!

Deu a partida no carro e foi cheirar seu pó.

***

- Demorou, hein? - disse Felipe deitado na cama de Abel.

- Que liberdade toda é essa no meu quarto? Não estou gostando.

- Já vai se acostumando porque quando eu conseguir o que você quer, vai ter que me dar muito mais do que uma foto sua.

- Disse bem. Quando você conseguir! Aliás, não era pra ter sido ontem?

- Ah, nem me lembre! Estava indo bem até o Cauê estragar tudo.

- O que ele fez?

- Esquece.

- Não, eu quero saber. Conta.

- Ele me chamou de Joaquim.

Abel soltou uma gargalhada que ecoou pela casa.

- Ri, Abel! Ri mesmo. Palhaço.

- Ah, essa foi boa! Cauê subiu no meu conceito! - Abel ria cada vez mais.

- Vamos parar com a gozação? Não tem graça!

- É engraçado, sim. - Abel respirou um pouco - Mas isso não era motivo para falhar com o plano. Por que não continuou?

- Você acha que eu iria transar com um garoto enquanto ele chama por outro? Absurdo.

- Era só tapar a boca dele.

- De jeito nenhum. Aquilo cortou totalmente o clima. Eu até broxei.

Abel riu novamente:

- Como assim broxou se você ia ser a passiva?

- Claro que não, meu bem. Sou flex.

- É mais fácil imaginar o Cauê que tem mais jeito de homem te comendo do que você, tão delicado, enrabando ele.

- Pois saiba que meu dote é dos grandes.

- Ui, que medo! - Abel voltou a rir.

- Quer ver? - disse Felipe se levantando e começando a desabotoar a calça.

- Claro... - disse Abel pegando no zíper da calça de Felipe - Que não! - fechou de uma vez.

- Tudo bem. A minha hora vai chegar. Onde esteve ontem? Viajando? Até o Cauê estava te procurando.

- Ontem foi um dia de renovação de votos. Estou muito mais convicto do que quero. E quero acabar com o Cauê. Por isso você precisa realizar a sua parte do plano para eu entrar com a minha.

- Breve, meu caro! Muito em breve você terá o que quer.

- Tá, agora preciso de um favor seu.

- Mais um?

- Esse é mais urgente.

- Fala.

- Me empresta uma grana?

- O quê?

***

Seis e cinquenta da noite e Cauê caminhava rumo à casa de Joaquim. Sentia um frio na barriga tentando imaginar como seria esse encontro. Derrepente estava em sua porta e ensaiava bater quando ela se abriu:

- Bem na hora! - Joaquim surgiu lindo e perfumado.

Por um instante Cauê esqueceu o troglodita que tinha lhe feito tanto mal. Enxergou apenas Joaquim, o seu Joaquim que sorria todo feliz. Mas como era turrão, Cauê fechou a cara num semblante sério e respondeu:

- E aí?

- Vai ficar do lado de fora? Vem, entra! - Joaquim não abandonava o sorriso reluzente.

- Dá licença. - Cauê entrou.

- Uau, quantos livros, deve estar pesado! Deixa eu te ajudar.

- Não, não precisa. Eu estou bem.

- Tudo bem, então. Não fique acanhado! Hoje a casa é só nossa! Você quer...

- A gente pode começar logo? Tenho horário pra voltar. - Cauê cortou a empolgação de Joaquim.

- Ah, sim, por aqui. Vamos até ao meu quarto.

***

Janaína recebeu uma mensagem no celular de um número desconhecido.

- "JÁ OLHOU A SUA GAVETA HOJE?" - leu em voz alta - Mas o que é isso?

Caminhou até o guarda-roupa e abriu gaveta por gaveta.

Ao chegar na última soltou um grito.

Uma galinha morta e ensanguentada estava no meio das suas calcinhas.

***

- Nossa, pra quem você está mandando mensagem? - Joaquim perguntou a Cauê.

- É... É... Não te interessa! - gaguejou Cauê.

- Desculpa, só estava querendo quebrar o gelo. Você está tão quieto.

- Por onde quer começar? - Cauê não dava a mínima para Joaquim.

- Química Orgânica.

- Compostos orgânicos?

- Sim, nossa, confundo muito amina com amida!

- É fácil.

- Pra você.

- Não, é verdade. O composto que tiver oxigênio, a letra "o", é amida, o que não tiver é amina.

- Então eu posso dizer que amida tem bola, já amina não tem bola, porque as meninas não tem bolas, então vai ser fácil lembrar.

Cauê não resistiu e riu sem querer.

- Aleluia! Enfim consegui tirar um sorriso sincero do seu rosto! - Joaquim sentiu-se aliviado.

- Onde é o banheiro?

- No final do corredor.

- Já volto.

Cauê saiu do quarto ainda rindo. Logo em seguida o seu celular tocou e Joaquim atendeu.

- Alô, Cauê, é o Felipe, onde você está, amor? Me desculpe por hoje cedo, mas é que eu odeio te ouvir dizer que ainda gosta do Joaquim, que tal... - Felipe dizia do outro lado da linha.

- Surpresa! - revelou-se Joaquim.

- Jo... Joaquim? O que você está fazendo com o celular do Cauê? Cadê ele?

- O Cauê está no banheiro se preparando para a nossa noite... Nem te conto o que vamos fazer.

- Para de palhaçada! O Cauê não é disso! Chama ele logo!

- Sinto muito, mas não posso. Tchau, Lipe, o CaCá é só meu esta noite. Perdeu, otário!

- Joaquim, não se...

Joaquim desligou o celular e devolveu novamente à bolsa de Cauê que já voltava:

- Vamos fazer uns exercícios agora?

- Sim! Vou acertar tudo.

- Quero só ver.

Escreviam em silêncio até que Joaquim ergueu uma folha onde lia-se:

"ME PERDOA?"

Cauê respondeu:

- Por favor, Joaquim, não vamos voltar a isso novamente.

- Não quero continuar brigado com você. Sinto falta da sua amizade.

- Eu estou aqui, não estou?

- Mas eu quero ouvir da sua boca, me diz. Diz que me perdoa! - Joaquim se colocou de joelhos bem na frente de Cauê que estava sentado no chão e apoiado na cama.

- Temos um monte de coisa pra estudar, vamos logo? - Cauê tentava fugir.

- Lembra quando você me disse que cada um de nós tem uma estrela? Pois é, Cauê, quando te conheci eu encontrei a minha! - Joaquim tocava seu rosto.

- Você namora a Janaína!

- Não a amo. Uma palavra sua, uma palavra sua, eu acabo tudo com ela e corro para os seus braços! Diz, diz que me perdoa!

- Não, Joaquim, não é tão fácil assim. Além de tudo eu estou namorando com o Felipe agora. Sinto muito.

- Você não ama ele. Eu sei que o seu coração bate mais forte por mim. Ouvi tudo hoje cedo.

- Ah, não, que porcaria!

- Me senti o homem mais feliz do mundo.

- Eu não quero, Joaquim. Não quero mais nada com você! Nem amizade. Vou em bora! - Cauê levantou-se.

- Tem certeza disso?

- Absoluta! O que eu sinto por você não é mais tão grande como antigamente. Está cada vez menor.

- Então vou fazer crescer denovo!

Joaquim, pela segunda vez, roubou um beijo de Cauê. O apertava com muita força em seus braços para evitar que ele fugisse.

O pai de Joaquim, que havia voltado mais cedo da igreja, passou pela porta do quarto:

- Mas que merda é essa?

Os dois pararam na hora.


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Comentários

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Que saudades, pessoal!

Geralmente eu posto no final de semana (entre sábado e domingo), mas ocorreram uns imprevistos que atrasaram o capítulo.

Peço perdão e desfrute de mais este.

Um beijaço de língua!

Boas Ejaculações!

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