Apaixonado por meu primo brutamontes (Parte 11)
Memória Eidética. Ou como massivamente é conhecida: memória fotográfica. A maioria das pessoas entendem como uma condição maravilhosa! Lembrar de tudo! Nunca esquecer quando e porque algo aconteceu. Eu lamento ser quem vai esclarecer uma realidade. A memória eidética, assim como a amnésia e ate mesmo pela fama recente a hiperminésia, na verdade não são bênçãos, mas sim doenças.
Eu sou portador da “memória fotográfica”. Aliais eu talvez seja nerd por causa disso. Eu sou capaz de lembrar em detalhes todos os momentos da minha vida, o que esta escrito exatamente na pagina 219 de O Código Da Vince, o que comi no café da manha de quarta-feira dia 16 de abril de 1997 e da exata expressão de tristeza me pedindo para ficar e conversar no rosto de Bruno daquela tarde.
Simplesmente odeio lembrar de tudo.
Enquanto uma pessoa normal bate uma punheta fantasiando sobre um evento, eu bato lembrando vividamente de tudo que me incentiva a punheta, no caso, o abdômen de Bruno sob mim, rijo e bem formado, eu lembro que parecia que eu esta deitado sobre o concreto e não sobre a barriga de uma pessoa. Eu lembro das exatas dimensões da língua dele, enquanto ela invadia minha boca, dos pelos ainda rastros da sua barba raspando na minha pele, dos lábios dele colados ao meu, das suas mãos grande e de dedos grossos segurando minha cabeça.
Maldita memória fotográfica.
Mesmo com tudo isso na cabeça eu precisava comer.
Passei pelo Drive Thru do Mac Donalds e comprei 3 porções de Nuggets e batatas francesas fritas, e segui para a casa de Justin. Eu estava morrendo de fome, pois não havia sequer tomado café ainda.
Ao parar má frente da casa de Justin ele já me esperava em frente ao jardim. Justin tinha uma condição financeira muito boa. Dono da própria empresa de consultoria, que diga-se de passagem andava prosperando muito, mas sempre foi muito modesto. Aliais essa é uma das coisas que gosto muito no Justin, mais claro que existem varias outras, senão não teria conseguido nutrir uma amizade com ele. Mesmo não tendo dado certo nossa relação no passado, eu continuava gostando dele, claro que de uma maneira diferente. Na época que ele terminou comigo sofri pra caralho, mas eu nunca quis ser o pivô da separação dele. Mesmo sendo enristado percebo que o que ele sente pela esposa e filhas é sincero.
Ele vestia uma bermuda surrada e uma camisa meio amarrotada. Assim que parei o carro ele abriu a porta e entrou.
Justin:-Vai, segue, segue...
Nesse momento notei que ele estava meio alto. O uso de álcool andava em alta.
Eu: -Cara vamos na Starbucks tomar um café e conversar.
Justin: -Não, nem pensar, para na conveniências ali na frente que vou comprar uma cerveja e a gente vai pra um lugar.
Eu: -Não acredito que isso seja uma boa idéia, você já esta meio alto.
Justin: -Cara parar na conveniências, por favor?
Eu não estava com cabeça para confusão, o que tinha acontecido com Bruno ainda me chateava, então parei para ele comprar as cervejas, ele voltou com um pack com de cervejas e umas chips, entramos no carro e ele só disse,
Justin: -Segue pro Leste, vamos pra San José.
Eu: -San José? Fazer que diabos em San José.
Justin: -Vamos lá cara!
Fiz o que ele pediu e segui para San José. San José é uma cidade da região metropolitana de São Francisco. Raramente eu ia para lá.
Justin: -E ae? botou o mamute pra fora de sua casa?
Eu entendendo muito bem a que ele se referia: -Mamute? Do que você ta falando?
Justin: -Ah cara, da montanha de músculos com cérebro atrofiado.
Eu: -Você encontrou com eles poucas vezes e não entendo essa animosidade entre vocês.
Justin: -Ele se acha muito. Só porque é bonitinho.
Eu: -Bonitinho sou eu o cara é um deus! E acho que isso que irrita você.
Justin: -Você acha que me sinto menor que ele?
Eu: -Justin, no sentido literal você pode ate ser mais alto que ele, mas sim você é menor que ele, já na personalidade vocês dois devem ter o mesmo tamanho.
E era verdade. Justin, claro que em grau infinitesimal se comparado a Bruno, era esquentado, meio tirado a brabo e tudo isso. Agora em um embate direto com Bruno bastaria um soco pra acabar com Justin. Fisicamente seria muito difícil encontrar um adversário a altura de Bruno.
Justin: -Ele que venha falar qualquer coisa para mim que boto ele no lugar dele.
Eu: -Olhe, eu não quero te provocar e dito isso eu quero encerrar esse assunto. Eu gosto do Bruno mas estou 100% convencido de que nunca rolará nada entre eu e ele, o cara é hetero convicto. Eu também espero entender nesse conversa que vamos ter hoje qual o seu problema com ele e resolver isso, porque eu vivo com o constante medo de você e ele por algum motivo chegarem as vias de fato de um confronto físico.
Justin: -Eu não tenho medo de encarar ele não.
Eu: -Eu sei, mas eu conheço Bruno o suficiente para te dizer, ele ia pasar por cima de você como um trem de 50 vagões.
Justin: -Pode ser, mas é pra parar locomotiva que guardo uma semi-automática em casa.
Eu: -Justin, essa arma é mais perigosa para Bruno guardada dentro do cofre em sua casa do que na sua mão apontando parar ele. Você esquece o que ele fez com o bandido armado que me assaltou? Esquece que o cara tal em coma com a çara toda fraturada e ele respondendo por isso? Aliais o cara não esta morto porque eu impedi ele?
Justin com tom de raiva de quem não gostou do que ouviu mas concordando: -E, eu tinha esquecido que o brutamontes ainda por cima é marginal.
Em silencio seguimos ate a entrada em San José.
Eu: -Cansei dessa Justin, aonde nos estamos indo?
Justin: -Comprei uma casa próximo a praia e quero que você cena e me de sua opinião se foi bom investimento.
Eu: -Essa é a conversa que você me chamou pra ter?
Justin: -Não. Mas lá é um bom lugar para conversarmos.
A casa era simplesmente um espetáculo. Na baia, grande, desenho moderno, simplesmente incrível. Tinha alguns poucos moveis, mas uma pessoa com bom gosto como a esposa dele saberia deixar aquela casa fantástica.
Eu: -Jane vai adorar isso aqui.
Justin: -Porque a nossa casa atual não é boa o suficiente?
Eu: -Não disse isso, sua casa é um palácio, mas não é perto da praia não é?
Justin: -Jane não vai nunca gostar daqui.
Eu: -Você ta louco, ela vai se apaixonar pela casa. Quando vai contar pra ela?
Justin: - Hoje a noite quando voltar. Vai ser uma noite triste em minha casa.
Eu: -Porque?
Justin: -Eu vou me separar dela.
Eu muito espantado ao ouvir aquilo: -O que aconteceu cara!?
Justin: -Eu preciso encarar os fatos. Eu amo Jane, mas não da mais pra ficara com ela.
Eu: -Justin, calma, vamos conversar direito, me diz o que ta acontecendo. Eu acredito que a gente vai encontrar uma maneira de ajeitar seja lá o que for que tenha acontecido.
Justin: -Mas o que aconteceu é simples. Eu amo Jane, mas eu amo muito mais você.
A informação bateu meio de quina no meu estômago. Eu já imaginava que algo do tipo viria da parte dele. Mas não logo amor.
Eu: -Cade a cerveja Justin?
Fomos para a cozinha. Caramba a cozinha era uma coisa de cinema. Toda em granito e mármore. Tinha um fogão tipo set top, armário e geladeira. Sentei na bancada e começamos a conversar enquanto bicava a cerveja:
Eu: -Justin, nosso tempo ficou lá trás cara.
Justin: -Não ficou não. Eu fugi e pensei que poderia viver fugindo, você só precisava ficar do meu lado. Eu nem ligava para os seus casos esporádicos, eu sabia que não tinha futuro. Você sempre foi o tipo lobo solitário. E eu estavam feliz assim, nunca pensei que alguém poderia te levar para longe. Mas o Bruno tinha que aparecer não é?
Eu ouvia calado.
Justin: -Não é porque ele é bonito, você já namorou homens bonitos antes (nessa hora só pensei, verdade, mas nenhum que se comparasse né?) e nunca me incomodou. Mas ele é bonito e eu sinto o tesão que ele desperta em você. Eu percebo isso. Eu vejo o desejo em você.
Eu: -Justin o cara é hetero.
Justin: -Eu sei, eu sei que você não vai ter nada com ele. Mas eu quero você de volta.
Ele pegou minha mão.
Justin: -E estou disposto em escolher você dessa vez. Vem morar aqui comigo, só nos dois, vamos ser felizes cara.
Eu: -Justin, não vai dar cara, primeiro eu não poderia fazer isso com Jane e sei que nem você. E também tem o fato de que você tem filhas. Cara é coisas demais em jogo. E o segundo é qu me desculpe mas eu...
Justin me interrompendo: -Você não entende. Você querendo ou não ficar comigo eu vou me separar.
Eu em tom serio: -Eu não acredito que você queira se separar. O que você quer é me forçar a tomar uma decisão.
Justin: -Cara eu te amo e eu quero ficar com você. Porque simplesmente não recomeçamos da onde nos paramos?
Eu: -A dois anos atras quando você terminou comigo porque não conseguia mais mentir para sua família?
Justin: -Isso não vai acontecer de novo. Eu quero te assumir pro mundo.
Eu: -Agora é você que não ta entendendo. Eu adoro você cara. Mas como eu dia e voce me enterrompeu, eu não te amo. Não desse jeito, eu te quero como a um irmão.
Justin com um tom que misturava tristeza e raiva: -Mas você ama o Bruno mesmo sabendo que nunca vocês terão nada.
Eu: -Amor é muito forte. Eu não saberia te dizer se é isso. Mas eu também não vou negar para você que ele mexeu comigo a ponto, de como você mesmo disse, mesmo sabendo de que nada acontecera, mas acho que eu estou apaixonado por ele. Mesmo isso sendo errado e patético.
Justin me olhou serio: -Então me deixa te ajudar a esquecer ele.
Eu estava sentado no balcão da cozinha e ele em pé. Embora eu seja um cara muito alto (1,88) Justin também era o que se podia chamar de alto (1,84, nessa história só o Bruno era baixo 1,78). Ele meio que se encaixou entre minhas pernas e passou as mãos pelas minhas costas e disse:
Justin: -Você não quer tirar esse sentimento por ele da sua cabeça e do seu coração?
Pior que ele estava certo. Além da raiva que eu estava sentindo pelo Bruno naquele momento, eu já tinha me dado conta que meu sentimento por Ele era sem futuro. E também era verdade de que Justin foi o único relacionamento de verdade que tive. Talvez ele fosse o que eu precisava naquele momento. Talvez com ajuda dele eu poderia superar o Bruno.
Olhei para os olhos azuis dele.
Justin: -Eu sei que você acha que não me ama, deixarei mostrar que você esta errado, deixa eu mostrar que esse cara é só um tesão passageiro.
Falando isso ele me puxou pela nuca e me beijou.
Nos transaríamos naquela noite.
CONTINUA...