Desejo Constante 4 (Parte 2)

- Como assim? Ele tem a fita! Ele gravou tudo e ainda pode ferrar com tud... – Ele pôs a ponta de seu dedo indicador para me interromper. Como se estivesse muito tranqüilo com a situação.

- Ei... Você quer dizer essa fita aqui? – Ele tirou a fita do bolso.

- Não... Você não fez... Mas como? – Meus olhos brilhavam, como se aquela fita, A fita em sua mão fosse algo de muito valor. Era como ter recebido uma nova chance, para terminar meu “feliz até então”.

Ele acariciou o meu cabelo, suas mãos macias agora eram meu suporte para me erguer de novo, amava sua inspiração para os momentos que em nada conveniente, era transformado no lugar mais romântico possível.

- Ia fazer uma surpresa pra você. Resolvi te seguir até sua casa, acabei ouvindo a conversa com o porteiro, consegui entrar logo após vocês saírem e ele não ter trancado o portão... Espero que não ache que fui muito mal intencionado. – Ele juntou minhas mãos às suas, focando seu olhar ao meu, eu somente o via, mirava no mirante que eram seus olhos cor de mel, e assim choques de raios avantajados eram o confronto dos meus lábios aos seus.

- Não sei como você faz isso, mas você faz... Te amo. – Eu o abracei

- É impressão minha ou esse é o seu primeiro “eu te amo” que você me fala? – Franzimos nossas testas.

- Como assim? Eu já disse eu te am... – Espera, eu já havia dito não é? Droga, ele estava certo. – Quero dizer... Você duvida que eu te ame?

- Não, não duvido mais ahaha.

- Idiota – Sorri

- Sim, mas só porque estou com você, acho que você me faz parecer bobo quando estamos perto. Isso é normal?

Ele me elogiou? Ou estava apenas tentando ganhar o momento? Ah por sinal, ele sempre ganhava.

- Você acha que é normal?

- Não, mais é um anormal bom...

- Certo seu anormal, vamos sair daqui, estou começando a achar que você não veio aqui só pra conversar sobre sua reação ao me ver – Não tenho certeza, mas acho que seu eu pode-se me ver, teria a certeza de que estava vermelho.

Nos levantamos da escada e seguimos em direção ao elevador. Não tinha nem sinal do porteiro, agora só era o outro companheiro de cabine... Bem, isso não me importava agora.

Pegamos o elevador para o 9º andar, o andar dos meus tios, enquanto o elevador subia em meados do 3º e 4º andar, me agarrei ao seu peito, era tão bom estar ali, era meu cantinho de refúgio, pois quando eu o abraçava, sabia que em qualquer momento de aflição minha, por mais boba que pudesse ser, eu poderia simplesmente correr em direção a ele, e novamente, me trancar em seus braços me envolvendo para que não me soltassem nunca mais.

- Tem certeza de que está tudo bem com você? - Ele acariciou meus cabelos

- Tenho, só estou me certificando que você está realmente aqui do meu lado.

- Então certifique-se a vontade rsrs.

- Idiota.

- Também amo você.

Chegamos ao apartamento, Carlota abriu a porta como quem tinha visto um fantasma. Ou, ao assim... Mas então logo me toquei que ainda estava colado a Gabriel, não tão colado como no elevador, mas que visse não seria estranho agir da mesma reação que Carlota.

- Trouxe seu amigo? - Ela perguntou ainda com os olhos desorientados.

- Sim, esse é o... Gabriel.

- Prazer - Ele estendeu a mão, e por pior que fosse os pensamentos dela tentando entender o que havia visto, não estendeu sua mão, fiquei sem graça, mas por fim, não estávamos ali para conhecer Carlota... Afinal, pra que estávamos ali mesmo?

- Ah aí está você! Já estava na hora não é mesmo moço? Já ia ligar pra você pra ver se estava bem... - Minha tia estava na sala, provavelmente não viu eu e Gabriel juntos pôs Carlota estava na frente.

- Pois é... Ah, tia, esse é Gabriel, meu amigo - Acho que a forma com que eu disse amigo, dava claramente pra perceber as aspas somente as pronunciando.

- Muito prazer Gabriel, eu sou Alessandra, a tia do Thales. Vei almoçar conosco? Deveria ter avisado Thales, assim Carlota prepararia algo mais apetitoso. Sem ofensas Carlota. - Carlota baixou o rosto e foi para cozinha.

- Ah, não, quero dizer... Ele não veio - O que eu estava dizendo mesmo? Como eu disse, nem sei o porque de nós subirmos, que desculpa eu iria dar para minha tia? E meu quarto, nem arrumado estava provavelmente - Ri de meu último pensamento, em horas assim eu estava preocupado com o que Gabriel acharia do meu quarto...

Ele percebeu minha gagues e interviu.

- Na verdade, só vim estregar uns livros que ele esqueceu na escola, não vou almoçar aqui, meus pais estão me esperando. - Simpatizando com a minha tia, boa jogada.

- Mas eu insisto que você almoce aqui, qualquer amigo do Thales é nosso amigo. E por falar em amigo... Thales, onde está o Caio, aquele seu amigo que você sempre falava? - Ela deixou o livro que estava lendo na mesa de centro, e agora queria uma explicação.

- Caio e eu... Bem, acho que não somos mais amigos - Desviei o olhar.

- Mas porque? Ele parecia tão boa gente.

- Acho melhor irmos Gabriel. Vem, pode trazer meus livros pro meu quarto? - Tirei Gabriel da sala, e meio que sem jeito se despediu de minha tia sabe-se la como.

Abri a porta do meu quarto com a esperança que ele estivesse arrumado.

- Nossa... - Ele exitou.

- O que foi? - Perguntei aflito, sabendo da sua reação ao ver meu quarto, bagunçado.

- É diferente de como eu imaginei... Sei lá.

- Diferente como? Joguei meu par de sapatos ao lado do guarda roupa para debaixo da cama.

- Não tem livros, ou coisas do tipo meu ídolo. - Ele riu

- Livros eu tenho sim, muitos na verdade, só que estão guardados na prateleira atrás de você, e... Meu ídolo? Sério mesmo? Minha família não sabe, e mesmo que soubesse... Eu não botaria o meu ídolo na parede. - Revirei os olhos.

- Ok, acho que passei tempo demais tentando saber como era o seu ambiente e se era muito diferente do meu, e acabei surtando.

- Ok, e a sua conclusão agora foi?

Ele não me respondeu, mas pegou um de meus livros na prateleira, um caderno pra ser específico.

- Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo.

- Ei, isso é pessoal, me dá o caderno. - Tentei tirar o caderno de sua mão, mas foi em vão.

- Você duvida?

Fiz sinal de quem não sabia do que se tratava.

- Você duvida do meu amor?

- Claro que não, eu deveria duvidar?

- Nunca

- Então eu posso ter meu caderno de volta? Tem coisa pessoal nele...

No caderno era onde eu escrevia minhas citações favoritas, outras que eu mesmo escrevia, eu devia ter meus momento poéticos algumas vezes...

- Nada é pessoal quando deixa um adolescente entrar no seu quarto rsrs. - Ele levantou o braço para que eu não conseguisse pegar.

- É você tem razão...

- Me dá um beijo que eu te devolvo. - Eu deveria ser mais convincente em não deixar alguém me subornar.

- Ei, não estamos a sós esqueceu? E me devolve...

- Ok já vi que com você nada é muito fácil de se conseguir rsrs - Ele me segurou por trás e mesmo com minha evasiva, ele conseguiu o que tanto queria, meu beijo.

Não que eu não quisesse beijá-lo claro, mas não estávamos a sós, e as chances de Carlota estar ouvindo nossa conversa eram muitas.

- O que eu deveria fazer com você? - Perguntei.

- Me dê a punição que quiser, eu já ganhei meu prêmio mesmo ahaha. - Ele devolveu o caderno a prateleira e me soltou.

Ignorei seus gestos e fui me trocar, sem ao menos pedir para que ele saísse do quarto, nem estava pensando em nada provocativo, mas era acostumado a me trocar na frente de meus amigos quando mais novo, as vezes no vestiário tínhamos que se trocar um na frente do outro, só não tinha me dado conta de que Gabriel não era meu amigo em particular.

- Você é lindo... - Ele sussurrou.

- Ah droga, esqueci que você estava aí, desculpa, eu termino de me trocar no banheiro. - Estava somente de calças, sem camisa. Não queria que ele pensasse que eu estava com segundas intenções.

- Porque? Não seja por isso... - Ele tirou sua camisa e se aproximou de mim.

- Gabriel... - Toquei seu corpo definido, quase que angelical.

- Diz pra eu parar que eu paro, se não disser nada, não vou responder por minhas atitudes... - Ele tocou meu pescoço, e me beijou no rosto, e eu já sabia onde iria parar se eu continuasse imóvel.

- Não aqui, ou talvez, não agora... - Parei seus movimentos segurando seus braços. Aquilo me doía por saber que eu não poderia tocá-lo ali, estava me sentindo encurralado.

- Tudo bem, não vou forçar nada. Se for pra esperar, por você, eu espero o tempo que for preciso... Mesmo porque, isso é novo pra mim, não ache que eu tive outros namorados, porque não tive, você é o primeiro.

- Não se preocupe, é uma honra pra mim ser o primeiro. - Eu? Eu era o primeiro? Felicidade constante era o que eu sentia a cada segundo na presença dele, eu amava as palavras que eram surgidas da boca dele, cada letra pronunciada, cada gesto que ele fazia com a boca pra me fazer rir. Era perfeito? Sim, no meu conceito de perfeição, talvez ele fosse.

- Então... Vamos comer alguma coisa fora? Eu to de carro, meus pais deixaram eu sair com ele hoje.

- Você tem idade pra dirigir?

Ele riu

- Acho que vc deveria se preocupar se eu sei dirigir, e não com a minha idade - Ele botou suas mãos em meu rosto, cobrindo a parte de minhas bochechas.

- Ok, vou falar com minha tia. - Não deveria concordar, mas concordei. Maldito romance adolescente que o faz cometer loucuras por amor, ou somente compreender loucuras, por amor.

- Vamos - Ele abriu a porta e foi na minha frente.

- Espera... - Parei ao ver uma nova mensagem de Jéssica, dizia:

Se fosse me encorajar para roubar ele depois, era só ter dito que era afim dele, eu teria entendido. Agora, me tirar do caminho foi golpe baixo, cuidado pra que ninguém descubra seu romance, afinal eu também sei jogar sujo. Jess.