Depois de voltar para casa, ainda com a adrenalina correndo pelo corpo e o coração batendo forte, Lucas tentava processar tudo o que havia acontecido naquele dia. Ele mal conseguia se concentrar em qualquer coisa além das imagens que passavam pela sua mente: Pedro chamando seu nome na rua, Bruno oferecendo carona, sua mãe esperando por ele sentada na cadeira da varanda... Era muita coisa para digerir de uma vez só.
Entrou em casa sem dizer muitas palavras, apenas murmurou um "Oi Mãe" rápido para sua mãe enquanto tirava os sapatos. Subiu para o quarto e foi direto para o banheiro tomar um banho, como se aquela água quente pudesse lavar não só o cansaço físico, mas também as confusões que martelavam sua cabeça. Enquanto a água escorria pelo seu corpo, ele fechou os olhos e deixou-se levar pelos pensamentos.
Pedro estava em sua mente. A forma como ele tinha corrido atrás dele na rua, a maneira como seus olhos verdes brilharam ao vê-lo, o abraço inesperado de Bruno no carro... Tudo parecia um turbilhão de emoções que ele não sabia como organizar. Mas havia algo mais – um arrependimento silencioso. Lucas começou a pensar que talvez tivesse desperdiçado uma oportunidade. Se tivesse ficado, se tivesse conversado com Pedro, talvez algo diferente poderia ter acontecido. Ele queria entender melhor o que estava rolando entre eles, mas agora era tarde demais.
Depois do banho, Lucas vestiu uma roupa confortável e se deitou na cama, tentando relaxar. Estava prestes a pegar no sono quando ouviu batidas leves na porta.
— Posso entrar? — perguntou Karine, sua mãe, antes de abrir a porta devagar.
Lucas se sentou na cama, puxando o lençol para cobrir as pernas.
— Claro, mãe. O que foi?
Karine entrou no quarto e sentou-se na beirada da cama, olhando para o filho com preocupação.
— Você tá bem, Lucas? Parece meio quieto desde que chegou. Aconteceu alguma coisa?
Lucas hesitou por um momento. Sabia que podia contar tudo para sua mãe, mas não achava que ela entenderia o que estava realmente acontecendo. Ele forçou um sorriso e balançou a cabeça.
— Não, mãe, tô bem. Só estou cansado. Foi um dia longo.
Karine franziu a testa, claramente desconfiada, mas decidiu não insistir.
— Tá bom, meu amor. Se precisar conversar, sabe que pode contar comigo, né?
Lucas assentiu.
— Sei sim, mãe. Valeu.
Depois que Karine saiu do quarto, Lucas se deitou novamente, mas agora seus pensamentos estavam ainda mais agitados. Ele não conseguia parar de pensar em Pedro e no que poderia ter acontecido se tivesse ficado. Por que ele tinha corrido tanto? Será que Pedro realmente queria falar com ele ou estava apenas sendo gentil? E aquele abraço de Bruno... O que significava? Lucas sentia como se estivesse preso em um labirinto de perguntas sem respostas.
No dia seguinte, Lucas acordou com o som do despertador. Ele se arrastou para fora da cama, ainda cansado, mas sabia que precisava enfrentar o dia. Chegou à escola decidido a ignorar Pedro. Não sabia bem o motivo, mas sentia que precisava colocar alguma distância entre eles – pelo menos por enquanto. Talvez fosse uma forma de proteger seu coração do que estava começando a sentir.
Durante as primeiras aulas, Lucas evitou olhar na direção de Pedro. Sentia os olhos verdes sobre ele, mas fazia questão de manter o foco no professor e nos cadernos. Bruno, por outro lado, estava sempre presente. Sentava-se ao seu lado, fazia piadas e até ajudava Lucas com algumas questões que ele não entendia. Era como se Bruno soubesse exatamente o momento certo de aparecer.
Nos intervalos, Lucas percebeu que Pedro mantinha distância, mas não deixava de observá-lo de longe. Havia algo no jeito que ele olhava que fazia Lucas se sentir desconfortável e intrigado ao mesmo tempo. Ele tentava ignorar aquela sensação, mas era difícil não notar.
Depois da última aula, era hora do treino de vôlei. Lucas estava animado para participar, já que adorava o esporte, mas também nervoso por saber que Pedro estaria por perto. Quando chegou ao ginásio, viu que Pedro estava sentado nas arquibancadas, observando o treino de longe. Aquilo o deixou ainda mais tenso.
O treinador reuniu o time e explicou os exercícios do dia. Para surpresa de Lucas, Bruno sugeriu que eles formassem dupla durante os exercícios de levantamento.
— A gente tem boa química, né? — disse Bruno, piscando para Lucas.
Lucas riu, sentindo-se mais à vontade com a presença de Bruno. Durante os exercícios, os dois trocavam risadas e elogios, e Lucas percebeu que estava se divertindo de verdade. A cada bola que ele lançava para Bruno, sentia uma conexão crescente entre eles. Era como se estivessem sincronizados.
Mas, de vez em quando, Lucas olhava para as arquibancadas e via que Pedro continuava lá, observando tudo em silêncio. Isso o deixava dividido. Por um lado, ele gostava da atenção que Bruno estava dando a ele, mas por outro, não conseguia tirar Pedro da cabeça.
No meio do treino, houve uma pausa para hidratação. Bruno aproveitou para conversar com Lucas.
— Cara, você é muito bom nisso. Já jogava na outra escola?
Lucas assentiu, tomando um gole de água.
— Sim, joguei bastante. É uma das coisas que mais gosto de fazer.
Bruno sorriu, parecendo genuinamente impressionado.
— Eu sabia que tínhamos algo em comum. Devíamos marcar de jogar fora do colégio também. O que acha?
Lucas ficou surpreso com o convite, mas aceitou com um sorriso.
— Claro, seria legal.
Enquanto conversavam, Lucas notou que Pedro havia desaparecido das arquibancadas. Estranhamente, isso o deixou aliviado, mas também com uma pontada de decepção. Ele não entendia por que se sentia assim.
Quando o treino acabou, Lucas e Bruno saíram juntos do ginásio, conversando animadamente. Lucas estava tão distraído com a conversa que nem percebeu que Pedro estava parado ali perto, observando-os de longe com uma expressão indecifrável.
Mais tarde, quando Lucas finalmente chegou em casa, ele se jogou na cama, exausto. O dia havia sido cheio de altos e baixos, e ele ainda não sabia bem o que pensar sobre tudo o que estava acontecendo. Bruno estava se tornando uma presença constante em sua vida, e Pedro... Bem, Pedro era um mistério que Lucas não conseguia resolver.
Antes de dormir, ele pegou o celular e abriu o Facebook. Viu que Bruno tinha curtido várias de suas fotos recentes e até mandado uma mensagem privada perguntando sobre o próximo jogo de vôlei. Lucas respondeu rapidamente, prometendo que estaria lá.
Mas, enquanto colocava o celular de lado, ele não conseguia deixar de pensar em Pedro. Será que ele estava realmente interessado? Ou tudo não passava de sua imaginação? Com essas dúvidas pairando sobre sua mente, Lucas finalmente adormeceu.
Lucas acordou cedo naquela manhã, ainda sonolento, mas sabendo que precisava se preparar para mais um dia de escola. Ele não conseguia parar de pensar nos acontecimentos recentes, especialmente com Pedro. O nervosismo do dia anterior ainda pairava sobre ele como uma nuvem pesada, mas ele tentava ignorar aquilo enquanto tomava seu café da manhã.
— Mãe, já vou indo. — disse Lucas, colocando os sapatos e pegando sua mochila.
— Cuidado no caminho, tá bem? — respondeu Karine, enquanto arrumava a mesa.
Lucas assentiu e saiu de casa, respirando fundo ao sentir o ar fresco da manhã. Ele estava decidido a manter a calma e evitar qualquer situação estranha. Mas, no meio do caminho, algo inesperado aconteceu.
Enquanto passava por uma rua próxima à escola, ouviu uma voz familiar chamando seu nome.
— Ei, Lucas! Espera!
Ele virou-se e viu Juliana, a namorada de Pedro, vindo em sua direção. Ela estava com um sorriso amigável no rosto, parecendo genuinamente interessada em conversar.
— Bom dia, Juliana. — disse Lucas, tentando soar casual.
— Bom dia! Eu queria falar com você. A gente mal teve chance de conversar naquele dia. Como tá indo na escola? — perguntou ela, com um tom gentil.
Lucas hesitou por um momento, mas logo respondeu:
— Tá indo bem, obrigado. Estou me adaptando aos poucos.
Juliana sorriu, parecendo satisfeita com a resposta. Os dois começaram a caminhar juntos, conversando sobre coisas triviais, como as matérias da escola e os professores. Lucas tentava manter a conversa leve, evitando tocar em qualquer assunto relacionado a Pedro. No entanto, ele não pôde deixar de notar que Juliana parecia estar ali por algum motivo específico, como se quisesse algo mais dele.
Foi quando eles entraram em um pequeno mercado próximo à escola. Lucas ficou surpreso ao ver Pedro lá, segurando uma sacola com alguns lanches.
— Bom dia, Lucas. — disse Pedro, aproximando-se com um sorriso tranquilo.
Lucas sentiu seu coração disparar, mas tentou disfarçar o nervosismo.
— Bom dia, Pedro. — respondeu ele, mantendo a voz firme.
Pedro colocou a mão sobre o ombro de Lucas de forma casual, como se fosse algo completamente normal. Estranhamente, Juliana não pareceu se incomodar com o gesto. Ela apenas sorriu e disse:
— Vou indo na frente. Nos vemos na escola, Lucas.
Lucas assentiu, tentando não demonstrar o desconforto que sentia. Depois que Juliana saiu, Pedro manteve a mão no ombro de Lucas por mais alguns segundos antes de finalmente tirá-la.
— Como vai, cara? — perguntou Pedro, com um tom suave.
— Tô bem... Só cansado, sabe? A escola tá pegando pesado. — respondeu Lucas, tentando desviar o olhar.
Os dois seguiram caminhando até a escola, mas Pedro parecia distante, como se estivesse pensando em algo importante. Quando chegaram, Lucas notou que estava mais cedo do que o habitual. Bruno e Daniel ainda não tinham chegado, então ele decidiu ir ao ginásio para passar o tempo.
No caminho, enquanto atravessava o corredor que levava ao ginásio, algo inesperado aconteceu. Uma bola veio voando na direção dele e acertou seu rosto com força.
— Putz! Desculpa, Lucas! — gritou um dos alunos que estava jogando basquete.
Lucas levantou-se rapidamente, sentindo uma dor leve na testa. Ele balançou a cabeça, tentando ignorar o impacto, e foi ao banheiro para limpar o rosto.
Enquanto lavava o rosto no banheiro, ele ouviu uma batida forte na porta. Antes que pudesse reagir, a porta se abriu abruptamente. Lucas estava com o rosto molhado, olhando para o espelho, quando se assustou ao ver Pedro entrando no banheiro.
— Você tá bem? Se machucou? — perguntou Pedro, com uma expressão preocupada.
Lucas secou o rosto rapidamente e tentou parecer calmo.
— Tô bem, foi só uma bolada. Como você ficou sabendo?
— Os meninos da classe me contaram quando eu estava indo pra sala. Fiquei preocupado. — respondeu Pedro, aproximando-se devagar.
Lucas percebeu que Pedro estava apenas observando, como se estivesse esperando algo. Ele terminou de limpar o rosto e estava prestes a sair quando Pedro o puxou para uma das cabines do banheiro.
— Espera... Por que você correu naquele dia? — perguntou Pedro, sua voz baixa e intensa.
Lucas ficou paralisado, sem saber o que dizer. Ele sentiu a mão de Pedro apertando seu pulso com força, mas não era doloroso. Era... diferente. Ele começou a sentir seu corpo reagir involuntariamente, seu coração acelerando e sua respiração ficando mais pesada.
— Eu... Eu não sei. Fiquei confuso. — murmurou Lucas, corando fortemente.
Pedro se aproximou ainda mais, seus corpos quase colados. Ele mordeu levemente a orelha de Lucas e sussurrou:
— Eu queria ter te mostrado mais naquele dia. Se você quiser, podemos fazer um pouco aqui... Vai ficar entre nós.
Lucas sentiu o calor do corpo de Pedro contra o seu. Ele podia sentir o volume do membro de Pedro pressionando contra sua perna, e isso o deixou ainda mais nervoso.
— E se alguém chegar? — perguntou Lucas, sua voz quase inaudível.
— Não vai acontecer nada. Confia em mim. — respondeu Pedro, com um tom sedutor.
Mas, antes que algo pudesse acontecer, ouviram-se passos do lado de fora do banheiro. Alguém estava entrando. Pedro rapidamente tampou a boca de Lucas com a mão, fazendo com que ambos ficassem em silêncio total.
— Lucas? Você tá aí? — chamou uma voz conhecida.
Era Bruno.
Lucas sentiu seu coração bater ainda mais forte. Ele e Pedro permaneceram imóveis, presos naquele momento tenso e cheio de adrenalina.
[Continua...]