Dirigi-me ao banheiro da suíte e quando eu estava chegando, o Rick já vinha ao meu encontro, certamente para me chamar. Entrei e ele fechou a porta. Eu voltei para me certificar que não estava trancada e a deixei encostada, mas ele a fechou novamente, alegando que teríamos mais privacidade e a música não iria atrapalhar o sono do Mark.
Entramos na hidromassagem e a princípio ficamos apenas conversando sobre tudo o que havia acontecido na noite anterior. Mas falar sobre sexo, principalmente quando são lembranças tão intensas e recentes, e não se excitar é quase impossível. Logo, estávamos nos beijando e quando eu menos esperei, já estava sentando sobre ele. A penetração foi fácil, rápida e quase engoli todo o seu pau. Acredito que eu ainda estava meio arregaçada da noite anterior, enfim... Transamos. Não sei quanto tempo aquela trepada durou, mas foi uma transa gostosa, tranquila e com uma entrega genuína entre a gente.
Ele gozou novamente dentro de mim, urrando feito um louco enquanto eu tentava apertar o máximo que podia o seu pau dentro de mim. Eu já havia gozando pouco antes, mas sem escândalo algum. Só me dei conta de que estávamos demorando quando notei que a música já havia trocado de faixa umas três ou quatro vezes. Saímos da hidro e ainda tomamos uma ducha juntos, para tirar a espuma. Ali no box, embaixo da ducha, nos entregamos novamente a um beijo lascivo e só nesse momento, ao virar o meu rosto em direção à porta, vi que ela estava semiaberta e não fechada como o Rick havia deixado.
Tratei então de terminar aquilo e me secar, mesmo com os protestos dele que dizia já estar querendo mais, mas agora eu recusei. Enrolei uma toalha no corpo, outra na cabeça e saí. O Mark não estava mais na cama.
Saí em disparada pelo apartamento e nada de encontrar o meu marido. Só quando estava recolhendo as minhas roupas da sala é que vi a sacada aberta e fui até lá, encontrando-o sentado na cadeira, com outro copo de uísque na mão e um olhar disperso para o horizonte:
- Bebendo a essa hora, mor? Não vai transformar isso em hábito, hein? - Brinquei.
Ele apenas me olhou e sorriu, dizendo que a melhor forma de rebater a ressaca, era começar o dia bebendo. Mas o sorriso dele dizia mais do que as palavras ditas. Encostei-me no parapeito e o encarei, e ele manteve o seu olhar em mim também, mas não durou muito, desviando novamente para o horizonte. Sentei-me em seu colo:
- Eu te chamei para vir comigo. Ele... O Rick acordou cedo e atacado. Daí, a gente acabou se beijando e ele... Bem... ele me convidou para uma ducha. Eu precisava mesmo, aliás, você também tá precisando, né? - Brinquei, mas ele apenas concordou, sem expressar mais nada: - Ele... Eu sabia o que ele queria e te avisei. Eu te convidei, mor.
[...]
Minutos depois daquele sonho estranho, acordei de sobressalto, o coração batendo a mil, e ao me virar para o lado e ver a cama vazia, entendi que o sonho poderia não ter sido apenas isso. Ao contrário, poderia estar se materializando naquele exato momento no formato de um pesadelo, afinal, imaginei que a farra já tivesse terminado e a Nanda tivesse resolvido a questão consigo mesma. Meu medo parecia tomar forma: será que ela iria querer perpetuar aquela situação?
Olhei na direção da porta do banheiro da suíte e vi que ela estava fechada. Aproximei-me e descobri da pior forma que o isolamento acústico do apartamento do Rick era espetacular, pois eu não escutava nada. Segurei na maçaneta e suspirei fundo, tentando ser o mais discreto possível. Consegui abrir a porta e a empurrei apenas o suficiente para ter uma fresta por onde em conseguisse ver o que acontecia lá dentro.
Assim que abri a porta, o som começou a invadir a suíte, mas o que me incomodou foi vê-la sentada no colo do Rick, transando. Os seus movimentos, as mãos dele e os gemidos de ambos, não deixavam qualquer margem de dúvida do que faziam. Não sei há quanto tempo estavam ali, mas não davam impressão de que terminariam logo, então fechei a porta e voltei para a cama.
Tentei raciocinar algo que pudesse justificar aquilo e a única coisa que me veio à mente era de que o meu sonho, não fora um sonho. Ela havia me convidado e ainda avisado o que poderia acontecer. Eu é que não dei a importância devida ao momento por ainda estar dormindo e acabei deixando margem para uma interpretação dela.
O tempo passava e nada deles retornarem. Voltei a porta do banheiro, intencionado em dar um basta naquilo, mas ao abrir a porta e colocar a cabeça para dentro, e dessa vez não tive o mesmo zelo da primeira vez, vi que ambos estavam no box, mas ao invés de tomarem uma ducha, estavam se beijando com paixão, de olhos fechados, abraçados, se acariciando. Isso sim me atingiu como uma facada pelas costas.
Saí dali para o quarto, onde me vesti rapidamente e do quarto para a sala. Fui até o barzinho e me servi de uma dose caprichada de uísque. Era evidente o que acontecia bem debaixo do meu nariz e lutar contra aquilo seria muita burrice ou no mínimo a demonstração cabal de que eu me tornara um corno muito manso. Fui me sentar na cadeira da sacada e fiquei bebericando, olhando perdido para o horizonte como se de lá eu pudesse encontrar alguma saída, no mínimo uma resposta para o que me afligia. Entretanto, não havia resposta alguma, apenas o som do mar ao longe e de uns poucos funcionários que trabalhavam em suas atividades cotidianas.
Eu raciocinava em busca de algum argumento minimamente válido para tentar tornar válida aquela conduta, mas nada me ocorria. A primeira parte talvez, a da transa, eu relevasse, pois ela havia me convidado e avisado das intenções do Rick. Mas o beijo no box... a forma como eles interagiam ou melhor, como eles se entregavam aquele momento... isso tornava tudo muito mais difícil de compreender.
De repente, ouvi sons de dentro do apartamento e concluí que eles haviam terminado o seu banho, o que se confirmou quando a Nanda surgiu com olhos meio arregalados, me procurando:
- Bebendo a essa hora, mor? Não vai transformar isso em hábito, hein? - Ela tentou aliviar o clima, sorrindo de uma forma pouco convincente.
Eu queria xingá-la, brigar, mas de que adiantaria? Decidi fazer diferente e sorri:
- Começar o dia bebendo é a melhor forma de não ficar de ressaca.
O seu sorriso murchou e ela se encostou no parapeito me olhando, cobrando alguma coisa de mim, talvez uma decisão que ela não tivesse coragem de tomar, mas eu me mantive no personagem do marido bonzinho, mansinho e como ela nada disse, voltei a olhar para o horizonte.
Ela se aproximou, colocou a mão em meu ombro e logo se sentou no meu colo:
- Eu te chamei para vir comigo. Ele... O Rick acordou cedo e atacado. Daí, a gente acabou se beijando e ele... Bem... ele me convidou para uma ducha. Eu precisava mesmo, aliás, você também tá precisando, né?
Ela tentava brincar comigo, mas eu não dava bola, apenas deixando as palavras flutuarem no pouco vento daquele momento:
- Ele... Eu sabia o que ele queria e te avisei. Eu te convidei, mor.
- Foi. Só que eu estava dormindo e... Deixa para lá.
- Não! Não quero deixar pra lá. Isso é justamente o que nos faz mal, não resolvermos logo os nossos problemas.
Suspirei fundo e já que ela queria sinceridade, decidi ser sincero:
- Eu fiz tudo o que você queria ontem. Acho que fiz até mais do que você podia esperar de mim. Só que tudo o que eu faço parece não te satisfazer. Eu não sei mais o que fazer?
- Pelo amor de Deus... Ontem, foi tudo maravilhoso! Você foi maravilhoso! Você é o melhor marido que uma mulher pode sonhar em ter. Por que você ficou assim agora? O que foi que eu fiz?
- Não sabe mesmo o que fez, Fernanda? - Perguntei, olhando seriamente em seus olhos.
Ela se calou por um instante, refletindo, e depois perguntou:
- Por que eu transei com o Rick de novo?
- Também, mas isso eu até relevei, porque me lembro vagamente de você ter me convidado e depois insinuado o que poderia acontecer, embora eu ainda estivesse dormindo e não tenha entendido direito naquele momento. - Expliquei, mas insisti: - Mas foi só isso mesmo que aconteceu?
Ela se calou novamente, parecendo não ter entendido aonde eu pretendia chegar, balançou negativamente a sua cabeça, em dúvida, e falou:
- Mas não aconteceu mais nada, mor.
- Não mesmo, nem no box?
- Uai! A gente só se beijou e deu uns amassos, mas nada que a gente não tivesse feito na hidro ou mesmo ontem. - Ela fixou o seu olhar no meu e arregalou os olhos, parecendo ter entendido onde eu queria chegar: - Mark, pelo amor de Deus, não é nada disso. Eu não estava de namorico, nem nada parecido!
Concordei com um movimento de cabeça e um sorriso sarcástico nos lábios, dando um longo suspiro de incredulidade na sequência, enquanto desviava o olhar para o horizonte novamente. Ela continuou:
- Amor... Meu Deus... Mark, olha para mim! - Pediu e eu a encarei: - Nada mudou entre a gente. Nada... mesmo! Foi só um beijo. Eu transei com ele ontem, hoje, o que significaria um beijo a mais?
Fiquei surpreso com aquilo e rebati:
- Não mudou nada... E você acha isso bom!? A ideia não era virmos para cá e nos acertarmos de vez? Aliás, pensei que você, transando com o Rick, fosse se resolver aqui e aqui... - Toquei entre os seus seios e na testa dela, continuando: - Para que pudéssemos tocar a nossa vida em paz, mas já se você diz que nada mudou, acho que perdemos tempo...
Ela arregalou os olhos e me acariciou o rosto:
- Mark, Mark, Mark... Meu homem mais complicado... Escuta a minha voz, mor... Agora acabou! Tudo acabou hoje.
Gelei naquele momento, pois, entendi que ela estava sendo sincera consigo mesmo e corajosa conosco, pondo um termo em nossa delicada situação, mas a forma que ela me olhava indicava outra conotação. Fiquei confuso. Acho que a minha reação não deve ter sido boa, pois ela emendou de imediato:
- Não! Desculpa. Fui péssima com as palavras. Eu quis dizer que acabei o que eu tinha que fazer para te provar que era só isso. Transei, foi muito bom, gostei demais principalmente porque você participou ativamente, mas foi só isso, sexo, intenso, forte, depravado e acabou. Agora, eu só quero voltar para a minha casinha com o meu marido e tocar a nossa vida, juntinho das nossas filhas.
- Então, você e ele...
- Não tem eu e ele, Mark. - Ela me interrompeu, com lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios: - Eu só queria te provar que posso estar com outro sem nunca deixar de ser realmente sua. - Ela então pegou a minha mão e colocou sobre o seu peito: - Aqui, só mora você e as meninas. Não tenho mais nenhuma dúvida quanto a isso. Eu espero de coração que você entenda o que estou te dizendo e possa voltar a confiar em mim, porque, agora, eu estou pronta para viver somente para vocês.
- Mas... e o Rick!? - Insisti.
- Vai continuar sendo o Rick. Ele vai viver a vida dele, um dia irá encontrar uma mulher que irá fazê-lo feliz, terá seus filhos... Sei lá! Isso é com ele. Mas ele nunca me terá como esposa, disso eu tenho certeza. Afinal, eu já amarrei o meu burrinho faz tempo num postinho lá em Minas Gerais, uai! - Falou sorrindo no momento em que uma lágrima corria pela sua face.
Eu enxuguei a lágrima e a abracei, escondendo as minhas próprias. Ela chorou ainda mais e eu acabei me rendendo um pouco também, mas sem tanto drama. Talvez eu ainda tivesse dúvidas, alguma insegurança mal resolvida, mas se as palavras dela eram verdadeiras e aparentemente era, pois os olhos nunca mentem, eu estaria disposto a tentar uma vez mais.
Puxei o seu rosto na minha direção e beijei a sua boca, intensamente, misturando as nossas lágrimas, mas mais do que isso, misturando os nossos desejos de enfim voltarmos a ser o casal que sempre desejamos ser, unidos, cúmplices, amantes e amigos. Assim que os nossos lábios se separaram, falei:
- Acho que vou tomar uma ducha também. Quer vir?
- Lógico! Faço a maior “cu-estão”, se é que me entende? - Respondeu, enxugando o rosto com o dorso das mãos.
Voltamos à suíte e ela seguiu direto para o banheiro, mas eu pedi para tomarmos no nosso quarto, somente eu e ela. Ela sorriu e pediu apenas um instante para se vestir. Ela também foi rápida, afinal, era somente colocar short, blusa e sandália. Despedimo-nos do Rick, dizendo que iríamos tomar um banho relaxante, mas que entraríamos em contato para o café da manhã. No corredor, ao caminho do nosso quarto, ela me falou:
- Se você quiser convidá-lo, será decisão sua. O que eu queria fazer e provar, já fiz. Acho que... Não agora eu tenho certeza que expurguei os meus “Gasparzinhos”.
Chegamos ao nosso quarto e não houve tempo para preliminares. Ela me arrastou para dentro do box, pois não queria esperar a hidro encher, e ali, após me dar um rápido banho, caiu de boca no meu pau, caprichando num oral que somente ela sabe fazer quando quer. Quando se deu por satisfeita, ao ver o meu pau teso como um porrete, virou-se de costas e abriu as bandas da sua bunda. Vi então que o estrago do Rick ainda estava ali, pois o seu anel estava avermelhado e bem inchado, certamente seria incômodo para ela a penetração. Fiz com que ela se abaixasse ainda mais, empinando ao máximo a sua bunda e penetrei a sua buceta. Ela me olhou por sobre os ombros e perguntou:
- Não foi aí que eu insinuei.
- Eu sei. Só não quero te machucar ainda mais.
- Sou sua mulher, Mark, usa o que é seu.
- Estou usando. Não preciso te machucar para nos satisfazer.
- Eu sei que você gosta do meu cuzinho, mor, usa... o que... é seu! Eu quero. Ou será que vou ter que voltar no apartamento do Rick para alguém me foder o rabo?
Eu até não duvidava de que ela fosse capaz disso, mas fora apenas uma piada pela entonação. Ela então tirou o meu pau da buceta e o direcionou para o cu. Naturalmente, naquelas condições não seria apenas incômodo, seria doloroso para ela. Tentei evitar e ela já estava desistindo quando lembrou que havia trazido lubrificante na mala. Fomos para a cama, ela besuntou a si e ao meu pau e me colocou deitado, de costas. Subiu então de frente para mim e direcionou o meu pau para o seu cu.
A penetração ocorreu, mas vi que não foi prazerosa num primeiro instante. Entretanto, após alguns segundos, ela já se movia e resfolegava. O Rick havia mesmo feito um belo estrago, mas ela estava disposta a se dar, custasse o que custasse, e não recusei mais. Deixei que ela conduzisse tudo e ela fez, chegando a um orgasmo olhando nos meus olhos e me fazendo ter o meu. Por fim, deitou-se no meu peito e novamente declamou juras de amor incondicional. Agora, sim, parecia que estávamos prontos para continuar a nossa história.
Ainda assim eu queria fazer um último teste e este para mim seria definitivo. Pode parecer cachorrada, mas uma pulga ainda insistia em pular atrás da minha orelha. Assim que nos arrumamos para o café, liguei para o Rick:
- Bom dia, Rick. Café no restaurante em 10 minutos, ou já tomou?
- Fala, Mark, bom dia. Tomei nada, cara, e, para falar a verdade, já estava morrendo de fome. Já, já, encontro vocês lá.
Assim que desliguei, ela me encarou:
- A decisão é sua. Por mim, eu queria ficar só com você.
- Você disse que eu não corro risco, não disse? Então, qual o problema interagir com ele depois de ontem?
- E se ele quiser interagir comigo, de uma forma mais íntima?
- Você irá voltar para mim?
- Ô, mor... É claro que sim, sempre!
- Uai! Então, quem sabe.
- Você não presta, Mark! Quem te vê com essa carinha séria, meio invocada, não sabe o puto que tem aí dentro.
- Agora há pouco, você estava se derretendo para mim e agora eu não presto!? Baita bipolaridade essa, hein, dona Fernanda Mariana?
- Fernanda Mariana é a sua mamãezinha! E só para constar, eu te amo justamente por você não prestar e prestar tanto, seu safado gostoso.
Ela pulou em meu pescoço e começou a me beijar, além de também bolinar e me apertar a bunda. Descemos para o restaurante e o Rick ainda não havia chegado. Fomos então até a mesa do buffet e nos servimos com uma variedade de pães, menos pão de queijo, bolos, adorei o de aipim, além de café com leite. Sentamos em uma mesa e minutos depois vimos o Rick entrar. Ele apenas acenou para a gente e foi também para o buffet se servir:
- Olha lá. O seu amante chegou todo animadinho...
- Para, Mark! Vamos só curtir o dia nós dois, pode ser? Agora eu quero só o meu marido, não o meu corninho.
Sorri e nos beijamos novamente. Ele logo se aproximou e se sentou, mas antes cumprimentou a Nanda com um beijo no rosto e me deu um aperto de mão. Sentou-se então de frente para nós dois e começamos a conversar assuntos triviais, mas naturalmente, após algum tempo, a curiosidade dele sobre a noite passada se apresentou:
- E aí? Descansaram bastante?
- Dormi bem, sim, obrigado. - Falei para ele e não consegui evitar uma indireta: - Embora não tenha acordado da melhor forma.
- Ah! É... Então, quanto aquilo que aconteceu ontem, eu acho que precisava pedir desculpas porque...
- Relaxa, Rick. - Eu o interrompi: - Já conversei com a Nanda e nos entendemos.
- Ah tá! Bom... De qualquer forma, queria te pedir desculpas por qualquer mal-entendido e mais do que isso, eu queria agradecer pela noite de ontem. Ela foi... inesquecível!
- O prazer foi todo dela! - Falei, sorrindo.
- Oxi! - Respondeu a Nanda.
- Oxi!? - Perguntei, olhando para ela com um sorriso no rosto.
Nanda deu uma gostosa risada, ao ponto de descer uma lágrima pelo rosto e falou:
- Acho que bateu uma saudade enrustida daquela maluca...
Fui novamente ao buffet me servir, deixando-os sós na mesa. Retornei em minutos e o Rick se levantou para fazer o mesmo. A Nanda parecia mais quieta que o normal, mas logo se abriu:
- O Rick perguntou se temos alguma programação especial para hoje. Na verdade, ele já se insinuou, óbvio...
- E o que você disse?
- Que não conversamos ainda, mas que, por mim, eu ficaria apenas de molho na piscina com o meu marido, curtindo um sol, comendo e bebendo.
- Descartou o amante? - Cutuquei novamente.
- Ele não é meu amante. É apenas um amigo com privilégios que venceram hoje de manhã.
- Então...
- Então, nada, mor! Se ele quiser nos acompanhar, sem problemas, mas se não quiser também, não fará diferença.
O Rick voltou e foi a vez da Nanda se recarregar no buffet. Ele fez um pouco de firula, mas logo fez a mesma pergunta para mim, com a mesma conotação. Falei que não tínhamos nada em mente, mas que iríamos passar o dia na piscina e se, bem mais tarde, pintasse um clima, decidiríamos na hora. Ela retornou com um copo de suco, um iogurte e após se sentar, abriu a sua bolsa e tirou uma cartelinha de dentro:
- Tomo uma ou duas?
- Acho que uma só! Afinal, você também tem o implante, né? - Falei e expliquei: - Acho que tomar mais de uma poderia aumentar os riscos de efeitos colaterais e... Sei lá! Vai que uma sobrecarga de hormônio ao invés de evitar, acaba facilitando uma gravidez.
- Não tô no meu período fértil, mor. Eu já te expliquei.
Ela tomou uma pílula com o seu suco. Após terminado o café, voltamos para o nosso quarto e nos trocamos, descendo para a piscina. Rick já estava por lá. A Nanda continuou sendo gentil e atenciosa com ele, mas não desgrudou de mim um minuto sequer, a não ser para ir ao banheiro ou buscar alguma comida ou bebida. Até mesmo o Rick pareceu ter entendido que a dinâmica entre o terceiro e o casal impõe uma certa distância e recato quando em ambiente público. Ficamos na piscina até a hora do almoço.
Saímos e almoçamos os três juntos. Depois, o Rick nos convidou para tomarmos um drink em seu apartamento, mas avisei que uma “leseira havia me tomado de arroubo” e precisava dar uma cochilada antes:
- Cochila lá mesmo, mor, qual o problema? - Disse a Nanda.
Subimos até o apartamento dele e, diferente das vezes anteriores, ele nos serviu simplesmente um licor de Marula. Ficamos conversando na sacada, mas logo o sono falou mais alto e avisei que realmente eu precisava ir:
- Por que você não cochila o sofá, Mark? Ou na cama? Onde você preferir.
Entendi a intenção dele, mas não tive tempo de recusá-la, pois a Nanda o fez por mim:
- Obrigada, Rick, mas vou me deitar um pouco também. Preciso dar uma relaxada para mais tarde, né, mor?
- É!? - Perguntei, sem entender.
- É sim. Quero dar uma organizada em nossas coisas, afinal, amanhã é pé na estrada, né?
- Ah! Então, é... - Concordei.
O Rick pareceu meio decepcionado com a resposta dela, no mínimo surpreso, mas, apesar dele tentar demovê-la, ela não arredou o pé. Voltamos para o nosso quarto e deitamos na cama, eu de costas, ela no meu peito, e realmente dormimos.
Passava das 13:00 quando acordamos. Voltamos à piscina, mas ela pediu para eu não convidar mais o Rick. Eu quis entender o porquê:
- Só quero ficar com você. Acho que estou sentindo falta disso, de nós dois.
Gostei de ouvi-la falar assim e descemos para a piscina, mas ela logo me arrastou para um passeio a dois pela praia. Fizemos uma bela caminhada, mergulhamos, namoramos na areia, fizemos o típico programinha de casal de namorados. No final, passamos numa feirinha de artesanato e a Nanda ainda fez algumas compras, lembrancinhas para levarmos às filhas e parentes. Retornamos para o resort apenas no final da tarde.
Ao passarmos pelo quiosquer-bar da piscina, vimos o Rick conversando novamente com o Paulo. Ele parecia estar se divertindo e nos chamou assim que nos viu. Fomos até eles, cumprimentamos e nos sentamos à mesa. Pedi dois cervejas e ficamos papeando diversos assuntos até o Paulo tocar num que chamou a atenção da Nanda:
- Forró!? Onde isso?
- Tem uma casa de show perto daqui. Parece que é um galpão onde se apresentam artistas locais e convidados. Se não me engano, tem uma parte lateral que serve de restaurante, mas a animação fica mesmo no salão. - Disse o Paulo.
A Nanda parou por um instante, pensando em algo, mas logo me encarou e sorriu, mudando para um olhar de clemência e no final não se aguentou:
- Mor, forró! Vamos? A gente não dançou uma única vez desde que chegou aqui.
- E os luais? Serviram para que, então?
- Uai! Mas... Mas... Ah! Aqueles não valeram. É um forró, casa de show... Nosso último dia, vamos? Por favorzinho...
Aceitei o pedido e naturalmente o Paulo e o Rick se ofereceram para nos acompanhar. Subimos para o nosso quarto e em meia hora estávamos prontos para a balada. Eu usava o básico, sandália, bermuda e camiseta. Já a Nanda optou por um vestido médio, branco, rodado de renda com algumas transparências estratégicas e um decote discreto, comprado na feirinha.
Encontramos com os dois no saguão e rachamos um táxi até o local. Aliás, o local era bem como o Paulo havia descrito, um barracão com uma espécie de bar, mesas espalhadas, um palco e um amplo espaço onde a animação devia acontecer. Ainda não estava cheio e ficamos numa mesa, onde pedimos uma porção de peixe empanado e cerveja. Conforme a noite avançava, começaram as apresentações e o local foi se enchendo rapidamente.
Numa certa altura, a Nanda me arrastou para a pista. Começamos a dançar, mas o forró nunca foi o meu forte, ainda assim me esforcei e acho até que não fiz tão feio, porque havia uns outros casais que davam pena. Após umas três músicas, voltamos à mesa e o Rick, claro, perguntou se poderia dançar com a Nanda. Ela adora dançar e dança bem para caramba. Falei que, por mim, não haveria problema, mas a dama é quem deveria decidir. Ela ficou em dúvida por um instante, mas cochichou no meu ouvido: “o que é uma dança depois de ontem, né?”
Eles foram para o salão e de onde eu estava, conseguia vê-los às vezes passando em meio às pessoas. O Rick não fez nada que eu não tivesse feito. Após umas duas músicas, eles voltaram e o Paulo também a convidou. Ela bebeu um pouco de cerveja e me perguntou se podia. Concordei e ela se foi com ele. O Paulo já dançava um pouco melhor que nós dois, mas nada que impressionasse muito. Voltaram após uma música e um tropeção dele que quase a levou ao chão. Chegaram rindo:
- A idade me pregou uma peça, pessoal. - Disse o Paulo, rindo: - Fui tentar fazer um passo que não faço há tempos e quase levo a dama para o calvário.
- Vou mais com ele não, mor. - Retrucou a Nanda, também rindo.
Sentaram-se e bebemos mais um pouco. Notei que dois carinhas de um grupo de rapazes não tiravam os olhos da nossa mesa. A Nanda notou a minha atenção e olhou na direção deles, acenando rapidamente, no que foi correspondida:
- É o Igor... Lembra? Do luau que fomos com a Iara. O outro é o... Caramba! O... Tiago. Acho que é isso.
Cumprimentei-os também e logo depois eles vieram até a nossa mesa. Cumprimentaram a todos e conversamos brevemente. Quando nos sentamos, a Nanda já falou:
- O Igor pediu para dançar uma comigo. Posso?
- Por mim, sem problema, mas por que ele saiu daqui, então?
- Sei lá! Mas disse que voltava logo.
E realmente voltou. Saíram os dois para o meio do salão e os perdi de vista. Eles demoraram uns bons minutos, aproximadamente cinco músicas, até retornarem. Apesar de eu ser péssimo para reparar em certos detalhes, o batom da Nanda havia sumido. Fiz-me de desentendido, mas cochichei no seu ouvido: “borrou, hein?”, indicando o rosto dela. Ela pegou o celular e ativou a câmera de selfie. Pediu licença e disse que iria ao banheiro, retocar a maquiagem.
O Rick entendeu de imediato o mesmo que eu. Paulo pareceu notar também, mas não fez qualquer comentário. Aliás, pouco depois ele também se levantou, dizendo que iria ao banheiro e sumiu na multidão. Uns minutos depois, ele retornou e se sentou à mesa, quieto, meio apreensivo, mas o seu silêncio não durou muito:
- Ó! Eu... É o seguinte... Não curto crocodilagem. Acho uma palhaçada isso. - Calou-se por um instante e voltou a falar: - Mark, eu acabei de ver a sua mulher nos braços de um carinha, aos beijos, lá perto dos banheiros. É só o que eu tinha para te falar.
Olhei para o Rick e ele para mim. Eu já sabia que isso poderia acontecer, embora não esperasse, mas ele pareceu ter ficado enciumado, o que significava que, por mais que ele tivesse, se controlado durante todo o dia, não havia conseguido efetivamente superar o que sentia pela Nanda. Olhei para o Paulo, tomei uma golada no meu cerveja, e expliquei:
- Paulo, o que vou te falar é segredo, ok? - Ele acenou positivamente com a cabeça, sem entender onde eu queria chegar: - Nós somos liberais. A Nanda é uma esposa liberada e pode ficar com quem quiser.
A surpresa ficou estampada na cara dele, até ele conseguir falar:
- Sério!? Caralho! Tu é corno, então?
- Sou, e ela é minha corna também. São direitos iguais.
- Não imaginava isso... - Ele tomou outro gole de cerveja e continuou: - E como acontece? Quando rola? Quem escolhe? Conta aí, mermão.
Expliquei resumidamente o nosso estilo de vida para ele que não conseguia esconder a surpresa. No final, ainda contei que na noite anterior, o felizardo havia sido o Rick, juntamente de mim. Ele encarou o Rick que apenas confirmou com um movimento de cabeça. Ficamos tão entretidos na conversa e explicações que nem vimos o tempo passar.
A Nanda então retornou, com batom retocado, mas o vestido um pouco amassado e o cabelo desalinhado. Ela me beijou a boca e se sentou ao meu lado, segurando a minha mão. Cochichei no ouvido dela, dizendo que o Paulo a havia flagrado e nos contou. Ela arregalou os olhos na direção dele e ficou roxa, gaguejando, sem saber o que dizer. Falei que já havia explicado tudo e ela me pediu desculpas pelo descuido, mas que havia sido uma coisa de momento:
- Momento!? Faz um tempão que você está lá. - Falei.
- Então... O momento foi se desenrolando, desenrolando... Desculpa, eu perdi a noção do tempo.
- O como compra um ingresso para esse parquinho aí, moça? - Perguntou o Paulo desinibido pelo álcool.
A Nanda me olhou incomodada com o tom dele, mas decidiu ser política, falando calmamente:
- Eu decido quando, como, onde e com quem!
- Hoje tem?
- Talvez, mas só com o meu marido.
- Nem o Rick? Vai deixar o rapaz na mão?
- Nem o Rick! Só com o meu marido.
Notamos que o “amigo” do Rick estava tentando forçar uma aproximação da pior forma possível, tentando se impor como uma opção e pouco valorizando a opinião dela. Eu olhei para o Rick e dei um sinal que ele entendeu de imediato, intervindo para pedir ao Paulo que respeitasse a Nanda. Ele se acalmou, embora um clima estranho tivesse ficado.
A natureza clamou o meu nome e avisei que precisaria usar o banheiro da balada. Saí deixando a Nanda aos cuidados do Rick. Fiz o que tinha que fazer e, ao retornar, cruzei com uma mulata, negra de pele bem escura, preta mesmo, que me tirou a concentração. Curioso foi que ela também pareceu ter me notado e inclusive se virou na minha direção e sei disso porque, na sequência, inclinou a cabeça e sorriu. Olhei para trás de mim e não havia ninguém olhando para ela. Bem... Convite feito, convite aceito. Comecei a andar na sua direção, mas notei que se chegasse até onde ela estava, a Nanda teria uma visão de camarote de mim e minha onça branca é sempre uma incógnita.
Comecei a andar lentamente sem saber se ia, corria ou voltava para a mesa, e não é que a sorte sorriu para mim, fazendo aquela deusa de ébano andar lentamente na minha direção, ou seja, conseguiríamos ficar escondidos atrás de uma espécie de parede. Entretanto, para meu desespero, ela voltou para uma mesa atrás de si e falou com uma amiga, dando tempo de eu quase alcança-la. Acabamos nos encontrando, enfim, num ponto que ficava bem de lado para a minha mesa, dando uma visão privilegiada aos que lá estivessem. “Fodeu!”, pensei e sorri, nervoso. Ela deve ter pensado que foi para ela, porque também sorriu e mais que isso foi direta:
- Se não é o tomba prancha de Minas e casado...
- Tomba prancha!?
Lembrei-me então do dia em que tentei fazer “Stand Up Paddle” e tomei um belo capote. Aquela preta maravilhosa à minha frente era uma das professoras que eu não tive a sorte de pegar, sendo então ensinado pelo Betão. Sorri novamente e me apresentei formalmente para não deixar o apelido pegar. Ela fez o mesmo:
- Prefiro que me chame de Mark.
- Eu sou a Jana.
- E só para constar, a culpa daquele capote foi do Betão. Péssimo professor! Tenho certeza de que se você tivesse me dado as aulas, eu não teria caído.
- Ou teria, em cima de mim, né?
Começamos a conversar e notei que ela instintivamente requebrava suavemente o corpo ao som da música. Posso não ser um dançarino dos mais primorosos, mas sei quando um convite se apresenta:
- Quer dançar?
- Oxi! Quero muito.
Peguei a Jana pela mão e fomos até o meio do salão. No trajeto, olhei de soslaio na direção da minha mesa e, como eu já imaginava, a Nanda estava virada com o corpo todo na minha direção, me encarando como uma onça prestes a dar o bote. Suei frio, temendo que o ataque viesse sem qualquer aviso prévio.
Chegamos a beirada do salão e comecei a dançar com a Jana. A danada, além de dançar bem demais, sabia ensinar melhor ainda, tanto que me deu uns toques sobre tempo, batida e me ensinou alguns passos simples que aprendi de imediato. Só que nesse vai e vem de corpo, entramos em meio do povo e sumi da visão da mesa. “A Nanda vai me matar.”, pensei em silêncio.
Após umas três músicas, agradeci os ensinamentos e disse que precisava voltar para a minha mesa, afinal, a minha esposa me aguardava. Ela fez um baita bicão que me deixou encantado, porque ela tinha lindos lábios carnudos. Ela notou o meu interesse e sorriu, passando os lábios um no outro, como se acertasse o batom e se aproximou de mim, e... bem... não resisti. De onde estávamos, eu não conseguia ver a mesa e imaginava que eles também não me viam. Então, trocamos um beijo delicioso, ardente e muito excitante, tanto que o meu pau deu um forte sinal de vida. Aproveitei para apertar aquela mulher nos meus braços e sei que ela curtiu, porque quis me convencer a ficar um pouco mais, mas eu a convenci a vir comigo.
Os quatro na mesa conversavam animadamente, mas eu conhecia a minha esposa o suficiente para saber que a sua postura ereta e pouco participativa não era exatamente de alguém que estava curtindo a situação. Cheguei na mesa e apresentei a Jana a todos. Ela os cumprimentou e se abaixou para dar um beijo no rosto da Nanda que não negou, mas também não perdeu a oportunidade:
- Seu batom está borrado, querida...
Jana arregalou os olhos para ela e depois olhou para mim. Eu encarei a Nanda, já pronto para pedir que se acalmasse, mas não tive tempo, porque ela se levantou e me encarou a um palmo de distância. Depois, pegou no colarinho da minha camisa e me puxou, dando um beijo inesperado, forçado, mas muito delicioso. Após isso, ela pegou a Jana pela mão e disse:
- Vem comigo, querida. Vou te ajudar a retocar o batom. Senta e não sai daí, mor! Falo com você depois.
Elas saíram e a mesa ficou em silêncio. O Paulo me olhou e bateu o indicador nos próprios lábios, querendo se referir a mim. Peguei um guardanapo e passei na boca, saindo um pouco do batom da Jana que havia ficado em mim:
- Merda... - Resmunguei, sem conseguir tirar um sorriso do rosto.
Eles começaram a rir e me zoar. Ficamos papeando, bebendo e rindo até as duas retornarem, bastante calmas e sorridentes. Nanda se sentou em sua cadeira, ao meu lado, e a Jana puxou outra, ficando do meu outro lado. Paulo serviu a Jana de um copo de cerveja. Elas e somente elas brindaram entre si, e após beberem uma boa golada, ambas seguraram os meus braços, uma de cada lado, olhando para mim e sorrindo. Comecei a rir da situação e encarei a Nanda:
- Certo... O que está acontecendo? - Perguntei.
- Nada. Só estamos curtindo um bom forró, né, Jana?
- Oxi! E não estamos?
Paulo e Rick se olharam surpresos, e o Paulo começou a atentar a Jana, buscando um pouco de atenção, mas ela apenas respondia educadamente, sem dar muita abertura a uma aproximação. Pelo contrário, quanto mais ele se insinuava, mais ela grudava no meu braço, e assim foi até a própria Nanda se sentir incomodada e pedir para ele se comportar:
- Você não vai mesmo me falar o que está acontecendo? - Voltei a perguntar para a Nanda.
- Nada, mor. Ainda não... - Deu uma piscada e sorriu.
- Naaaannnnda!
- Credo! Parece que não confia em mim. - Deu uma gargalhada.
- Quero dançar. - Falou a Jana e eu a olhei sorrindo: - Vem comigo, Nanda.
- Mas é pra já!
Ambas foram para o salão, mas ficaram numa posição em que sabiam que poderiam ser vistas por mim. O Rick não perdeu tempo:
- Porra, Mark, é o que eu estou pensando?
- Não sei o que você está pensando, mas até agora, eu estou gostando bastante do que está acontecendo.
- Olha lá, olha lá! - Disse o Paulo, chamando a nossa atenção para a pista, onde a Jana dava um caprichado selinho na Nanda: - Porra, Mark, filho da puta, pica de mel do caralho. Como que pode!? Eu nunca dei uma sorte dessas.
Rick então olhava deslumbrado aquelas duas belas mulheres balançando sutilmente ao som da música, vez trocando beijos, ou outra conversando ao pé do ouvido. Num dado momento, elas me olharam e com sensuais movimentos de dedos, me chamaram para junto delas:
- Ai, caralho! - Praticamente gritou o Paulo: - Porra, se você não for, eu vou, Mark!
Claro que eu fui. Aproximei-me lentamente e a Nanda já me puxou para um beijo extremamente intenso. Não tive tempo sequer de aproveitá-lo direito e senti a negra me encoxando por trás e sussurrando no meu ouvido:
- Está disposto a participar de uma festinha com as meninas, Mark?
Minha boca descolou da Nanda com a proposta que me surpreendeu:
- Festinha!?
- É! Eu e ela, que tal? - Confirmou a Nanda.
- Topo fácil! - Falei, sorrindo.
- Caralho! Além de gente boa, é safado e pegador. Esse é dos meus mesmo!
Fomos surpreendidos por esse comentário e quando olhamos na direção de quem falava, vimos que era o Betão, o professor de “Stand Up Paddle”, colega da Jana. Acho que ela não esperava encontra-lo naquelas condições, pois se desencostou de mim e o cumprimentou, bastante envergonhada:
- Relaxa, Jana, tô de boa. - Ele respondeu, dando-lhe um selinho e se virou para mim: - E aí, pai? Dancinha boa essa aí, hein?
Entretanto, aparentemente surgiu um clima estranho naquele momento entre eles e concluí que ou eles tinham um relacionamento, ou estavam se conhecendo. Rapidamente, a Jana se despediu da gente e saiu. O Betão fez o mesmo e foi atrás dela, sumindo ambos na multidão:
- Porra! Que azar do caralho! - Falei para a Nanda.
- Eu tentei. - Ela começou a rir e me explicou: - Quando eu vi a sua boca manchada e notei que a dela estava meio borrada, já concluí o óbvio. Então, a convidei para irmos ao banheiro, falei da gente e a convidei para uma noitada conosco. Só não contava que ela estava enroscada com o Betão...
- Puta que o pariu! - Resmunguei novamente: - Eu não dou sorte mesmo.
Voltamos a mesa e naturalmente os dois ficaram sem entender o que estava acontecendo, afinal, volto com uma preta, saem as duas mulheres da mesa, vou para as duas e volto com a morena, nem eu entenderia.
Não tivemos tempo sequer de tomar uma cerveja e o Igor, o amigo da Nanda, voltou para convidá-la a dançar. Ela, para me punir, aceitou e saiu com ele. Começaram a dançar na beirada da pista e logo outros dois amigos dele se aproximaram. Após duas músicas, eles pararam e foram conversar com os demais, mas um deles saiu, ficando apenas a Nanda, o Igor e o outro que reconheci de imediato, o marrento que beijou a Iara no luau.
Decidi ir até lá e ver o que acontecia, mas durante o caminho, encontrei o Betão com a Jana. Ele foi mais do que direto comigo:
- É sério o que a Jana me falou?
- Eu não sei o que ela te falou.
- Que a tua mulher convidou ela para terem um momento... assim... mais íntimo com você.
- Se convidou, estou sabendo agora. Por quê?
- Oxi, meu rei, se tiver uma margem para a gente mexer nos participantes desse imbróglio, eu acho que dá para todo mundo se divertir.
O que parecia convergir para uma briga, no mínimo uma discussão, agora dava outros ares. Fiquei curioso e perguntei o que ele queria dizer:
- Oxi! Eu e tu, ela e ela, mas não eu e tu, eu em você ou você em mim. Quero dizer dois casais se embolando, entende? Homem e mulher, lógico...
- Você está propondo uma troca de casal, é isso? - Perguntei e desviei o meu olhar para a Jana que já sorria de canto de boca.
- Isso! Topa?
- Aguenta aí que eu vou perguntar para a Nanda. Já volto!
Voltei a caminhar na direção da Nanda e assim que ela viu que eu me aproximava, veio na minha direção com um sorriso malicioso na boca. Aliás, ela se jogou no meu pescoço e já foi falando:
- Perdeu, corninho! Quem vai se dar bem essa noite será a mamãe aqui.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
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