Era bem melhor estar decente. Conclui de imediato enquanto conversava e comia aquela macarronada com Rodrigo no sofá. Eu usava uma camiseta verde musgo dry fit e uma bermuda caqui. Por baixo, portava uma cueca box branca. Meu amigo parecia muito curioso enquanto desfrutava daquela refeição. Deus abençoe aquela vizinha dele que frequentemente nos salvava o almoço. Pensei com divertimento enquanto ouvia os questionamentos de meu amigo.
— Então você quer que eu acredite que tudo isso que eu vi na tela era “estudo”? — Perguntou com divertimento entre uma garfada e outra. Junto a comida, meu amigo trouxe uma garrafa de cachaça que bebíamos no momento.
— Acredite se quiser cara. Eu precisava aprender como fazer isso e, por isso, investiguei o perfil de outros caras. — Respondi. Em partes, era verdade o que dizia, sendo que obviamente omiti o que tinha feito na noite anterior olhando aquelas lives.
— Tá bom então. Deixa eu ver se entendi. Nesse site, você conseguiu mesmo 30 reais só para mandar um beijo para a câmera? — Me questionou.
— E 100 reais só por tirar a camisa. — Falei com um sorriso.
— Puta merda Gustavo! — Exclamou.
— Eu sei. É impressionante, não é? — Disse e tomei um gole da bebida alcoólica.
— Sei lá cara. Eu quero acreditar em você e, certamente, os números na sua conta não mentem, mas algo ainda parece estranho. — Comentou levando as mãos a cabeça e coçando o couro cabeludo.
— Então pergunte. — Disse me fazendo de indiferente.
— Ok. Você teve de fazer essas coisas que eu vi ou não? — Perguntou, se referindo obviamente às cenas pornográficas que criaram toda essa situação.
— Eu já te disse cara, tudo o que eu fiz foi trocar uma ideia por uma hora, ouvir umas músicas, fumar meu baseado e tirar a camiseta no final. — Respondi.
Ele bagunçava o cabelo em euforia.
— Eu não acredito que dá pra ganhar dinheiro assim cara! — Disse Rodrigo muito agitado e sorrindo.
— Acredite se quiser. — Retruquei novamente e levei mais uma garfada à boca. Que macarrão bom!
— Certo. Então por que você estava pelado quando cheguei? Estava fazendo uma live para seus fãs? — Perguntou com ironia na voz.
— Estava muito quente ontem então dormi assim. A culpa é sua por entrar na casa dos outros desse jeito. — Distorci a verdade lhe jogando um olhar sério de julgamento.
— Você estava de pau duro. — Disse rindo.
— Já disse que não estava. — Menti. — Além disso, porra cara, nunca acordou de pau duro não? — Argumentei e Rodrigo calou a boca na hora. Ele deu de ombros e sorriu de novo.
— Você tem um bom ponto. — Admitiu. — Tá bom, voltando ao assunto principal então. E veja bem, eu tenho direito de ficar puto contigo sim. Então você não ia me contar nada e ficar com essa bolada toda só pra você? — Me questionou agora bem mais sério.
— Ah cara, me dá um desconto. Eu ia te contar, só não sabia como e quando, sabe? — Menti.
— Porra cara! Eu sou seu amigo. Sempre te chamo para os esquemas e é assim que você me trata? — Questionou fingindo estar emburrado.
— Rodrigo, eu comecei ontem nesse negócio. Vê se me entende. Eu ainda tinha de pensar um pouco, sabe? É complicado. — Me justifiquei.
— Sei não. O que é complicado? — Perguntou.
— Então, quando eu comecei, precisei reunir muita coragem. Só depois percebi que era um bom negócio. No início, me senti quase como se estivesse me prostituindo, sabe? Por isso não te falei na hora. — Disse a verdade e era de coração. Recebi dois tapinhas no ombro em troca.
— Tá perdoado brother. — Ele disse com um sorriso e se pôs a pensar. Eu sabia, mais perguntas estavam por vir. — Então eu só preciso de um perfil e posso começar a ganhar dinheiro assim também? — Me questionou. Como acabei de comer, coloquei o prato sujo sobre a mesa, apanhei meu dichavador e comecei a preparar mais um cigarro de artista.
— Não necessariamente. — Disse ao limpar a garganta. — Olha cara, eu posso te ensinar, mas você tem que ter algum conhecimento técnico da plataforma, montar uma tabela de preços, configurar sua transmissão e tals. Além disso, um bom computador, uma boa internet, uma boa câmera, uma boa iluminação e um bom microfone são aspectos chave para se fazer sucesso. — Expliquei.
— Porra. — Disse ele lentamente e jogando a cabeça para trás. — Quem diria que esse seu computador caro serviria para alguma coisa além jogar Call of Duty, mandar currículo e ver hentai. — Comentou com divertimento, o que me arrancou uma risada. Ele me alertou em seguida que tinha mais algumas coisas para perguntar enquanto vasculhava meu perfil, clicando com o mouse por todos os lados. Eu já sabia e o mandei desembuchar logo.
— Se você ganhou dinheiro sem ter que ficar pelado, então porque tem isso na sua tabela de preços? — Me perguntou com muita curiosidade.
— Cara, a real é que eu copiei essa tabela de outro perfil que achei no site. — Falei com sinceridade. — Além disso, você não vai conseguir fazer nada se não tiver esse tipo de coisa na sua tabela. — Complementei e era verdade. Quando uma transmissão era visitada, as pessoas iam imediatamente para a tabela de ações e preços. Caso o criador de conteúdo fosse muito reservado ou extremamente careiro, o perfil era imediatamente abandonado, o que afetava sua visibilidade e o jogava para o ostracismo. Ninguém entrava nesse tipo de site para ouvir só conversa, isso era verdade e, na real, quando se começava uma live, não tinha como prever com 100% de certeza se você teria de se expor muito, embora tivessem grandes chances de se sair com os bolsos cheios sem ter de mostrar nada.
— Saquei. Então você nem sequer queria ter tirado a camiseta, né? — Adivinhou Rodrigo. Eu acenei com a cabeça em afirmativo. — Então por que você fez isso? Poderia só embolsar a grana e ir embora. — Sugeriu com sua visão gananciosa e, de certa forma, desonaesta. Eu acendi o beck e passei para ele.
— Tentativa e erro cara. Da próxima vez, coloco um valor maior em minhas roupas. Lembrando que, se você recebe uma doação condicionada a uma ação, não performá-la leva ao banimento permanente de sua conta, sendo que não é sequer possível criar outra para remediar a punição. — Respondi vendo-o tragar a fumaça, beber um gole de cachaça e passar a bola para mim.
— Parece perigoso. Eles podiam ter te feito fazer muito mais. — Comentou com calma.
— É só atualizar os preços que devo permanecer seguro. — Disse com tranquilidade.
— Tudo faz sentido agora então. Imagino, na sua pele, eu teria feito qualquer coisa para não perder uma mamata dessas. — Falou. — Toda a aposta tem um custo proporcional ao benefício. Esse então me parece ser o ponto negativo desse negócio. — Continuou falando. Eu sempre achava engraçado como ele conseguia racionalizar assim as coisas, mesmo quando bêbado e chapado.
— Certamente. — Concordei em mesmo tom. — E aí, vai entrar na parada? — Perguntei esperando que, com um baque daqueles, ele ao menos pararia um momento para pensar.
— Com certeza. — Disse de imediato. — Só tem um problema. Você sabe que eu não tenho um computador bom e nem todos esses apetrechos para começar. De boa se eu começar a fazer aqui na sua casa, pelo menos até eu conseguir comprar essas coisas? — Pediu eu sorri e confirmei. Ele me agradeceu.
— Outra coisa. — Chamou minha atenção. — Se eu tiver que fazer alguma coisa muito pornográfica, você sai do apartamento, né? — Me questionou em seguida.
Eu ri, mas minha cabeça começou a trabalhar instantaneamente ao ouvir aquilo. Sim! Como eu me esqueci? Existia legitimamente a chance de Rodrigo ficar pelado ali na minha casa. Eu até podia lhe prometer que não o veria nú, mas, ao sair para o corredor, certamente entraria como expectador em sua live com meu celular e acompanharia tudo! Meu pau se mexeu um pouco dentro da cueca, me fazendo arrepiar o corpo todo.
— Deixa de frescura cara. Você me viu pelado hoje de manhã. — O lembrei. Rodrigo riu e eu notei, de desconforto. Então ele era tímido com essas coisas também? Percebi.
— Ah cara, não sei se vou conseguir mexer nessas coisas sozinho! — Ele admitiu com ansiedade. Seu medo, nitidamente, era o mesmo que o meu quando comecei. Ele ainda me perguntou sobre a possibilidade de alguém fazer um print ou gravar a tela, de acharem suas redes sociais só tendo o seu rosto e de descobrirem onde ele morava. Eu respondi todas as dúvidas tentando o deixar mais calmo, todavia, vendo sua nítida aflição, acabei bolando um plano que o tranquilizasse, lhe pagasse na mesma moeda o que tinha me feito passar hoje mais cedo e me permitisse sanar minha curiosidade latente sobre seu corpo. Era perfeito! Tudo se resolveria e eu ainda conseguiria levantar a grana que tanto precisava.
— Eu vou fazer uma transmissão hoje a noite. Quer participar? — Propus. — Você vai ver como é fazer uma live assim acompanhado e depois deve ficar mais tranquilo. — Expliquei sem demonstrar muito interesse. No fundo, não queria que ele interpretasse de forma estranha aquilo.
— Mas já? — Ele perguntou aflito.
— Claro que sim, cara. Tenho o aluguel para pagar! — Respondi fingindo impaciência. Rodrigo parou um pouco para pensar.
— Ok. — Respondeu. — Mas isso vai dar certo? Você pode fazer isso? — Ele perguntava com nítida ansiedade e empolgação na voz.
— Sim. Um espectador me disse que as transmissões à dois costumam fazer bem mais sucesso. — Argumentei. — Não se preocupe. Eu vou tirar as ações comuns de casais da tabela de preços. — Disse de forma a tranquilizá-lo. Por mais que eu fosse um pouco mais curioso com aquelas coisas que o normal para um cara hétero, tendo até me masturbado uma vez fantasiando com meu amigo, uma coisa era certa: Não queria que aquelas pessoas da internet me vissem fazendo algo gay com outro cara.
— Não precisa. — Ele falou tranquilamente. Me assustei e virei o rosto para ele imediatamente. — Se você fizer isso, vai perder parte do engajamento, não é? Além disso, é só colocar um preço bem alto nas coisas mais pesadas e não precisaremos fazer nenhuma viadagem. Como somos dois, dá para cobrar o dobro por algumas coisas, certo? — Ele explicou. Uau! Pensei. Ele realmente só pensava em dinheiro. Ou será que tinha algo além em sua súbita transigência? Não Gustavo! Reprimi aquele pensamento imediatamente. De qualquer forma, ele estava certo. Não tinha qualquer possibilidade de alguém nos forçar a fazer algo que não queríamos se o preço fosse suficientemente alto.
Eu confirmei e continuamos com a conversa boa parte da tarde. Rodrigo e eu nos preparavamos mentalmente e atualizamos juntos a tabela de ações e preços. Devo admitir, fazer aquilo com ele era bem mais divertido do que sozinho e discutimos com naturalidade sobre quais valores plotar naquela planilha. Ganancioso como era, meu amigo insistia que a live tinha que durar o máximo de tempo possível, mesmo eu explicando para ele sobre a regra acerca de se encerrar transmissões antes do tempo determinado previamente. Acabamos chegando ao consenso de que 4h era um tempo razoável para combinar, embora, no fundo eu achasse que aquilo excedia e muito o que gostaria. Em certo momento, repassei as regras a ele:
— Beleza então. Anota aí. Nós não podemos encerrar a transmissão antes dela atingir 4h de duração. — Ele confirmou com um papel e caneta em mãos. — Tanto eu quanto você não podemos negar nenhum pedido acoplado a doações. Esse é o momento de revisar se estamos confortáveis com todos os preços. — Omiti a verdade, mascarando aquele fato com um aviso. A realidade é que, como convidado, Rodrigo não tinha qualquer obrigação de fazer o que os espectadores demandavam. Como dono do perfil, apenas eu recebia esse ônus, tal qual explicado nas diretrizes de uso da plataforma. Ele não sabia disso, não precisava, e tudo fazia parte do meu plano. — Não vai chorar se eu tiver que te comer depois em! — Brinquei e ele riu, embora determinado a seguir aquela regra falsa. O fiz prometer várias vezes que não faria nada que levasse ao meu banimento.
— De acordo. Pode passar para o próximo tópico. — Disse ele, parecendo focado e muito determinado.
— Próximo tópico então. — Falei e quase não contive o sorriso de satisfação ao inventar a próxima regra — Como combinado, seu perfil é muito novo e você nunca fez uma live antes. Como determinado pelas regras do site, os valores de algumas de suas ações serão mais baixos que os das minhas. — Expliquei novamente. Vê-lo concordando com a cabeça era perfeito. Eu sabia que meu amigo era mais gostoso que eu e que, assim que brotasse na minha transmissão, seria alvejado por doações pedindo para que performace a maior sorte de coisas. Com valores tão baixos na planilha, ele facilmente seria despido na minha frente enquanto eu, um asset bem mais valioso, permaneceria incólume. Essa era a minha chance de conferir o que ele tanto escondia no meio de suas pernas, bem como de me vingar. Você me expôs para quase uma dúzia de habitantes do prédio hoje Rodrigo, vou te deixar pelado por 4 longas horas para quase mil pessoas em troca. Disse em minha cabeça com maldade no olhar.
— Mas, só confirmando, mesmo que minhas ações sejam mais baratas, ao final, vamos dividir tudo por 50% para cada. — Falou, o que quase me fez gargalhar na sua cara. É claro, você vai se expor todo sozinho e eu ainda recebo metade da grana só por ficar ao seu lado te zoando. Pensei.
— Claro. Tópico final? — Perguntei.
— Prossiga. — Respondeu atento.
— Como tratado já inúmeras vezes, você se dirigirá a mim como Guto e eu a você como R, tal qual você escolheu. Isso é muito importante e não podemos escorregar de forma alguma para preservar nossas vidas privadas disso, ok?
— Ok! — Ele disse com entusiasmo e, com seu aval, fomos nos arrumar, descansamos um pouco e combinamos o horário para começar nosso show.
Rodrigo demorou um pouco mais que eu para se arrumar. Nervosismo, presumia ser o motivo. Ao meu lado naquele sofá, meu amigo usava uma camiseta de futebol e uma bermuda tactel cinza. Ele removeu o boné e parecia agitado quando liguei a abajur em nossa direção. Coloquei uma música ambiente que lhe agradasse para acalmá-lo.
Click! Soou o mouse quando o toquei com os dedos e, com aquilo, começamos finalmente nossa primeira live juntos.
“Guto19y iniciou o show!” Disse a voz robótica e instantâneos 250 espectadores apareceram. Uau! Pensei assustado com o sucesso que aquilo seria.
* Oi Guto! *
* Quem é seu amigo? *
* Que lindos!* Foram algumas das mensagens que recebemos.
— Beleza galera? — Comprimentei a plateia e fui imediatamente bem respondido por várias mensagens no chat. Que diferença! Pensei lembrando do meu primeiro show solo. — Hoje eu trouxe meu amigo, R, pra trocar uma ideia com a gente. — Expliquei espontaneamente. Ao meu lado, Rodrigo disse um “oi” e acenou.
Muitas mensagens safadas chegaram direcionadas a nós dois e, embora um pouco desconfortável em lê-las em silêncio, meu amigo parecia não esboçar muita reação. Eu combinei com ele anteriormente que aquilo era normal e que Rodrigo deveria tratar as pessoas com gentileza, independente do teor das mensagens que chegariam.
* Vocês são um casal? * A voz robótica leu a pergunta no valor de 20 reais.
— Não. Eu sou homem. — Rodrigo respondeu rapidamente.
— Pois é. Somos héteros e apenas amigos galera. — O corrigi.
Como presumi, boa parte das mensagens que chegavam eram direcionadas a meu amigo. Pudera, ele era mais alto, forte e gostoso que eu. Tudo aquilo fazia parte do plano e ele, em breve, deveria começar a receber ordens. Para ter uma base de comparação, me fazer tirar a camiseta custava 150 reais, enquanto que, para Rodrigo, coloquei o valor base de 50, três vezes mais barato do que eu. Respondi mais perguntas ansiando pelo momento de sua humilhação frente a aqueles 500 usuários.
Meu amigo estava começando a se soltar frente a câmera e eu o permiti. Ele falava bastante, ria das piadas e contava casos. Com as perguntas chegando cada vez mais, eu agora esperava ele responder primeiro e depois dizia alguma coisa. Extrovertido como era, as pessoas se interessariam bastante mais por ele, tudo tal qual o planejado. Espere Rodrigo, eles ainda vão te devorar por completo. Pensei com sadismo.
* Nunca tiveram vontade de experimentar? * Perguntou um usuário por mais 20 reais. Eu esperei mais uma negativa, mas a resposta de Rodrigo me assustou.
— Ah cara, admito que já me passou essa ideia pela cabeça. Acho que todo mundo é assim. — Falou com naturalidade. O que? Me perguntei assustado. Ele estava apenas se fazendo de curioso para a câmera? Estava tão bêbado assim? Nós nunca tínhamos conversado sobre algo assim antes e, em toda a nossa amizade, Rodrigo dava indícios de que era exclusivamente hétero. Como ele podia falar algo assim daquela forma para mais de 1000 pessoas? Também me questionei perplexo.
— Sério? — Perguntei a ele chocado.
— Porra, sim cara. Você sabe, né? Tem uns caras com uma bunda bem bonita que, mesmo eu sendo hétero, da certa vontade de fuder. — Explicou fazendo meu queixo cair. Eu o conhecia a anos e sabia bem quando estava mentindo. Aquilo não parecia uma mentira. Meu amigo esboçava leve constrangimento ao admitir aquilo que fez o chat ir à loucura. — Você não? — Disse para mim passando as mãos no cabelo.
O que eu respondo? Me questionei. Eu fiquei vermelho de vergonha na hora. Os espectadores repararam e também comemoraram muito ao ouvir minha resposta curta e tímida:
— Sei lá. Acho que sim…
Um silêncio constrangedor pairou no ar, mas por pouco tempo pois a voz robótica leu mais um questionamento no valor de 20 reais: * Já fizeram uma mão amiga? *
— Não! — Respondi de imediato.
— O que é isso? — Rodrigo perguntou confuso.
— Bem… Sabe… É… — Gaguejei para tentar explicar. — Dois caras… Eles batem uma um pro outro. — Falei finalmente e enchi meu copo de bebida logo em seguida. Cara, não acredito que tô explicando isso pra ele. Pensei antes de dar um longo gole.
— Pô galera, já falei que a gente é homem. — Rodrigo disse para o chat e continuou lendo as piadas e risadas das pessoas comentando meu constrangimento.
* Hétero também faz* Disse alguém
— O que? Isso não é coisa de viado? — Rodrigo perguntou. Ele estava tão solto e, provavelmente chapado que começara a comentar também as mensagens de quem não estava pagando. Muitos espectadores confirmaram, alguns até dizendo que já fizeram aquilo, mas se consideravam heterossexuais. — Saquei! É tipo só pra sentir a mão de outra pessoa. — Ele disse. O chat confirmou mais uma vez.
— Não acho que caras hetero realmente façam isso. — Comentei tragando nosso baseado e passando para ele. — Imagina, você estaria pegando no pau de outro cara. — Continuei interessado no assunto. No fundo, às vezes até esquecia que tanta gente estava assistindo aquela conversa e só queria saber mais sobre meu amigo depois dele fazer revelações tão bombásticas, tal qual como se eu fosse mais um espectador. Com essa atitude, pensei, ele faria realmente muito sucesso no Cam4You.
— Acho que não tem nada demais, contanto que os dois estejam imaginando meninas e não com tesão um no outro. — Rodrigo rebateu. Eu fiquei atônito mais uma vez em ver como aquelas pessoas tinham realmente o convencido daquilo.
* E já bateram uma juntos? Sem tocar um no outro, cada um na sua mesmo. * Veio outra pergunta remunerada antes que pudesse retrucar seu argumento. Respondemos em negativo.
— Assim não seria gay, né? — Rodrigo me perguntou.
— Sei lá cara. — Falei sem ter mais o que comentar. Eu até queria concordar, mas algo em minha cabeça não conseguia, ainda assim, enxergar aquilo como normal.
* Já viram porno juntos? *A vóz de robô questionou, dando mais dinheiro pra gente.
— Não. — Respondi automaticamente.
— Eu já te mostrei alguns no celular. Isso conta? — Rodrigo lembrou e era verdade. Como amigos homens, desde a época da escola, mandavamos esse tipo de coisa um para o outro. Ele realmente tinha levado a sério a recomendação “responda todos com sinceridade”.
— Não sei… — Disse corando com o rumo que aqueles questionamentos estava tomando. O chat riu de seu comentário.
* Vocês se veem pelados, quando vão trocar de roupa por exemplo? * Perguntou um usuário. Embora os espectadores não tenham esperado um minuto sequer para começar questionamentos como aquele, pelo menos o dinheiro estava pingando em nossas contas constantemente.
— Para com isso galera. A gente não se troca na frente um do outro. — Disse constrangido de forma a repreender o chat. Rodrigo, todavia, não pareceu se abalar.
— Se bem que hoje eu vi o Gus… Digo, o Guto pelado. — Comentou com um sorriso. Eu empurrei Rodrigo para o lado. Aquelas quase 2 mil pessoas não precisavam saber daquilo.
Todavia, mesmo que eu estivesse sem jeito, o chat demandou que Rodrigo contasse como aquilo tinha acontecido, até que uma pergunta de 20 reais chegou e ele contou. Durante toda aquela história, fiquei sem saber onde esconder a cara, rindo de vergonha em algumas partes enquanto meu amigo dramatizava a situação com bom humor. Os espectadores adoraram.
— A propósito. — Ele disse depois que expôs toda a história. — O Guto tava de pau duro. — Jogou no ar e riu.
— Eu não estava! — Falei de imediato.
* Você viu? Como é o pau dele? * Alguém perguntou.
— Não vi. — Rodrigo respondeu. — Ele disse que acordou assim, mas eu acho que ele estava batendo punheta antes de eu chegar. — Disse meu amigo e riu em seguida.
— Eu não tava batendo punheta! — Me defendi com as bochechas queimando, mas minha palavra não parecia valer qualquer coisa para aquelas pessoas que gostaram e, por isso, compraram a versão de Rodrigo da história.
* Por falar nisso, vocês já bateram uma pensando um no outro? * Alguém perguntou e mandou um emoji safado.
Eu olhei para Rodrigo na hora e ele sorriu com malícia. Eu não pude deixar de recordar do dia anterior a aquilo. Eu me masturbei fantasiando com ele a menos de 24h atrás pela primeira vez. Não podia falar a verdade, mas, talvez devido às drogas em meu sistema, estava levemente inclinado a admitir se ele assim o fizesse primeiro.
— Vamos. Responde. — Rodrigo me pressionou.
— Não! Claro que não… — Disse de imediato, mas o vi abrir bem os olhos em choque e outro sorriso enorme aparecer em seu rosto. Eu desviei o olhar em um reflexo.
— Não acredito! — Gritou meu amigo e teve um ataque de risos imediatamente. Droga! Droga! Praguejei em minha cabeça. Meu amigo me conhecia a anos. Ele sabia quando eu estava mentindo e, pelo visto, minha resposta não tinha saído tão convincente quanto eu gostaria. Eu gaguejei tentando me explicar melhor em seguida, o que só lhe deu mais certeza.
* Que delícia *
* Fofo *
* Finalmente tiramos algo deles! * Disse um usuário com emojis comemorativos.
Alguns comentários até me defenderam dizendo que aquilo era normal. Rodrigo leu todos e concordou com um “pode ser” jogado ao ar.
— Eu nunca fiz, a propósito. — Comentou com naturalidade. — Valeu pela pergunta GatinhoAnônimo27, eu nunca ia saber que o Guto me homenageia se não fosse por você. — Falou em seguida em claro tom de deboche e, sem conseguir se conter, riu apontando para mim de novo.
— Para com isso Ro… Digo, R! — Gritei para ele. — Foi só uma vez… — Por que falei isso? Minha mente se perguntou arrependendo-se de imediato. Aquilo só o fez rir mais as custas de meu nítido embaraço.
— Galera, mandem mais perguntas para o Guto por favor! — Ele pediu em meio às gargalhadas. — Quero saber mais sobre essa história. — Complementou com bom humor em seguida. Eu bati em seu ombro.
— Não! — Gritei, mas de nada adiantou.
* Você se dedou enquanto fazia isso? * Veio a pergunta
Que droga! Praguejei mentalmente. Carismático como era, Rodrigo parecia coordenar aquelas pessoas para fazerem o que ele pedia. Ele vai ver quando toda a atenção a qual ele estava desfrutando se virar contra ele. Pensei vingativo. Seus preços eram mais baratos que os meus. Era questão de tempo até que alguém notasse e o fizesse se expor.
— Não! — Respondi com a voz falhando. Que tipo de resposta era essa? Me perguntei assim que as sílabas abandonaram meus lábios. Eu devia dizer enfaticamente “eu nunca bati uma pensando nele, para de viadagem pessoal” ou algo do tipo.
— Caralho! — Rodrigo gritou e começou a gargalhar de novo. Agora ele sabia até disso! Que merda!
— Você imaginou o que? Que eu estava te comendo? — Perguntou com a voz sufocada enquanto ria.
— Para com isso cara! Não teve nada disso. — Menti, mas, pelo tempo que ele demorou para se recompor, era evidente que, tanto para ele, quanto para o chat, minhas negativas não surtiam efeito.
* Acho que sabemos agora quem é o mais tímido * Foi uma das mensagens que Rodrigo leu depois daquilo.
— Anon263 abriu duas vaquinhas! — A voz robótica soou.
Finalmente! Pensei. Agora era meu momento de sair por cima. Com avidez, cliquei com o mouse sobre a dupla de pop-ups que surgiram.
— Obrigado galera! — Disse com alegria minimizando um chat frenético que comemorava o evento enquanto sorria para Rodrigo.
Entretanto, quando li do que aquilo se tratava, um frio me percorreu a espinha. O que? Me perguntei indignado. Isso não faz sentido!
* Você não devia ter voltado Guto. Vou acabar com você * Anon263 disse no chat, mensagem que se seguiu por risos.
* A meta tá na mesa! *
* Quero ver como ele vai ficar *
* Se a gente se organizar, ele fica pelado na frente do R daqui a pouco! *
* Não resisti. Adoro humilhar um tímido* Anon263 escreveu em seguida.
* Guto, Tire a camiseta* Dizia a primeira vaquinha no valor de 150 reais com já 100 reais arrecadados.
* Guto, Tire a bermuda * Dizia a segunda meta no valor de 250 reais com já 200 arrecadados.
Rodrigo riu ao ler aquilo comigo e começou a encorajar as pessoas a doarem mais para ver minha humilhação. Meu tiro tinha saído pela culatra. Eu achei que os espectadores ficariam tão encantados por meu amigo e seus valores baixos para performar ações que sequer cogitei que ele e o chat se uniriam com um objetivo: me humilhar e expor publicamente. Aquilo não fazia sentido! Só podia concluir. Aparentemente, o que mais chamou a atenção do público foi a possibilidade de ver um cara tímido passando por aquilo na frente de seu melhor amigo, algo tão cobiçado por todos ali que, só podia concluir, as pessoas estavam dispostas a pagar até 450 reais para assistir.
As duas metas foram batidas com facilidade. Se as coisas continuassem assim, até o final daquela live, seria o único atingido. Rodrigo sorriu para mim e disse:
— Vamos cara. Seus fãs estão esperando. Você tinha razão, estou gostando disso bem mais do que pensei.
Que merda! Pensei enquanto me desfazia da minha camiseta. Não dei atenção às provocações de Rodrigo e do chat quando tirei também a bermuda. Assim, apenas usando uma cueca box branca, me sentei ali ao seu lado e desviei o olhar da câmera que, de tanto embaraço que me causava, parecia até se tratar de uma pessoa ali de frente para mim me olhando. O vento frio tocava minha pele, causando arrepios involuntários. A realidade, me doía pensar, era bem pior na verdade. Do outro lado, 3000 pessoas olhavam meu corpo semi nu, me julgando e, provavelmente, se masturbando enquanto isso. Eram 3 mil pares de olhos sobre mim, ou melhor, 3001 com os de meu amigo logo ali ao meu lado. Pare de olhar para meu pacote, merda! Pensei tentando me manter calmo para não ter uma ereção.
Eu procurei, mexendo minha cabeça para os lados, uma almofada para repousar pelo menos em frente a minha virilha. Não deveria ter escolhido essa cueca hoje. Pensei aflito. A pequena peça de roupa branca revelava muito quando em frente a aquela lanterna do abajur, sendo apertada o suficiente para evidenciar o formato do meu penis flácido para o lado, mas larga o suficiente para demonstrar como minhas bolas não pareciam preencher todo o espaço extra ali embaixo. Não achei as almofadas do sofá. Quando reparei, Rodrigo estava sentado sobre as duas. Aquilo era de propósito. Ele sabia que buscaria cobertura, mas foi esperto o suficiente para me privar dela.
* Tão gostoso quando ele fica vermelho! *
* Lindo demais *
* Delícia, abre mais as pernas pra gente *
* Falta um pouco de volume aí *
* Parabéns. Não ficou de pau duro dessa vez * Diziam as mensagens no chat.
— Obrigado pelas doações pessoal! — Disse tentando desviar o desconforto. — Vamos voltar a responder as perguntas, ok? — Falei em seguida para que parassem de falar sobre meu corpo. Ao menos, pensei, mantive minha cueca. Me tranquilizei dizendo que não devia temer ficar pelado. O valor para que tirasse minha última peça de roupa era de 600 reais, praticamente impossível de se alcaçar. Em breve, concluí, as pessoas se cansariam de mim e se voltariam para Rodrigo que, para ficar pelado, apenas custava 300 reais, sendo 50 para a camiseta, 100 para a bermuda e 150 para a cueca.
* Guto, dê uma voltinha pra gente * Chegou a compra de uma ação no valor de 50 reais.
Merda! Por que apenas eu sou alvejado? Me perguntei. Aquele valor era muito baixo, o configurei assim pois nunca imaginei ter de fazer isso seminu.
— Ok… — Disse com timidez, me levantei e rapidamente girei 360º em frente a câmera com rapidez e sem muitas cerimônias.
— O que? Só isso? — Rodrigo protestou.
— Eles pediram uma volta cara. É isso que sei fazer. — Falei de forma seca e impaciente.
— Cara, não é assim que se dá uma voltinha. — Meu amigo continuou reclamando. — Nosso fã mandou 50 reais. Faz direito, devagar e deixa eles verem seus movimentos. — Continuou.
Eu o fuzilei com os olhos e depois olhei para o chat que o aplaudia e concordava. No fundo, sabia que meu amigo tinha razão. Do jeito que fiz, talvez a câmera nem tenha captado direito todos os frames.
— Vamos, eu te conduzo. — Disse ele se levantando e segurou minha mão, em seguida a ascendendo bem acima de minha cabeça. Rodrigo me pôs de frente para a câmera — Passa sua mão na cintura. — Mandou. Eu a coloquei no lugar que ele pediu com velocidade. — Assim não! — Reclamou Rodrigo.
— Então como porra? — Perguntei indignado e com vergonha. Ele agarrou minha outra mão e me fez passá-la no peito e descer lentamente com a palma roçando em minha pele até chegar a minha cintura lá embaixo.
— Faz tudo devagar e com sensualidade. — Ele falou com a calma de quem parecia me seduzir. Repeti o movimento que meu amigo ensinou. — Agora gira lentamente. — Demandou quase sussurrando e eu obedeci. Que vergonha! Pensei quando ele me parou no momento em que minha bunda apontava para a câmera. — Empina um pouco mais a bunda, igual quando você faz ao levantar peso no treino. — Continuou me conduzindo e eu obedeci. — Isso. Agora rebola um pouquinho pra eles.
— Eu não vou fazer isso! — Reclamei.
— Cara, você não sabe ser sexy? Não tem nada demais nisso. É o básico. — Rodrigo brigou comigo.
Eu emburrei a cara, engoli o seco e fiz como ele me ordenou. Não sei por que, mas, no momento, senti vergonha da possibilidade dele estar certo. Minha rebolada provavelmente foi desajeitada e inexperiente, mas, ao contrário do que achei que aconteceria, Rodrigo permaneceu ali focado ao invés de me zoar. Droga! Ele está me olhando tanto! Reparei e continuei girando até que estivesse de frente para o monitor de novo.
Rodrigo se sentou, tomou um gole de sua bebida e disse:
— Pronto, agora faz de novo sem minha ajuda.
Por que eu tinha que fazer aquilo de novo? Me perguntei indignado. Não, faz sentido, eu acho… Conclui confuso e repeti os movimentos tal qual ensinado.
— Tenta sensualizar mais agora. — Ele me repreendeu assim que terminei, sempre com os olhos bem apontados para mim.
Eu repeti tal qual ele disse, passando minhas mãos em meu peito, meu tanquinho e até descendo até meu pequeno pacote encolhido pelo frio. Rebolei mais um pouco para ele e para a câmera e fiz uma cara sensual durante todo o ato. Em certo ponto, até acariciei uma de minhas nádegas. Ao final, olhei para ele, como quem procura validação.
— Estão gostando do show galera? — Rodrigo perguntou com um sorriso. Eu olhei para o chat e corei.
* Sim! *
* Tá maravilhoso! *
* R, melhor professor! *
* Ele rebola igual uma cadela, que delícia! *
* Maltrata esse seu viadinho mais! *
Eu sentei imediatamente.
— Ok pessoal, já tá bom, né? — Disse impaciente. Só vi negativas na janela de bate papo, mas ignorei. Eu não ia dar mais voltas para aqueles tarados. — Vamos voltar para as perguntas, por favor. — Repreendi a todos em seguida.
O que tem de errado comigo hoje? Me perguntei percebendo as coisas vergonhosas que tinha feito na frente do meu amigo. Dançar sensualmente para ele enquanto apenas de cueca certamente não estava nos meus planos.
* Aqui vai uma pergunta então: R, como você se sentiria se a gente deixasse o Guto pelado agora na sua frente? * Questionou HumiliationLover66. Eu não gostei de como aquilo soou e muito menos do nickname daquele cara.
Rodrigo riu. Que merda de pergunta é essa? Me questionei bravo com aquilo. Pelo que podia esperar de meu amigo hétero, ele provavelmente responderia com indiferença para preservar sua masculinidade.
— Cara, eu ia adorar! — Respondeu com entusiasmo. O que? Me questionei assustado. Não diga isso! — Eu nunca vi o pau do Gust… Digo, pau do Guto. To bastante curioso para saber o que ele esconde aqui em baixo. — Continuou falando e apontou para mim. Em um reflexo, levei minhas mãos à virilha para esconder a parte da frente da cueca. Para de falar isso! Implorei mentalmente. Você vai encorajá-los! — Eu não subestimo meu amigo. Ele deve ter um pauzão. — Concluiu com um sorriso animado. Não! Gritei em minha cabeça com a propaganda enganosa que ele ainda fez ao final.
— Cara… Para com isso! — Briguei com Rodrigo na hora, mas antes que pudesse dar um motivo, veio uma pergunta para mim.
* E você Guto, como se sentiria se a gente te deixasse pelado na frente do R aqui? *
Era HumiliationLover66 de novo. Pelo que percebi, aquela live com já 4000 espectadores estava chamando muito a atenção de pessoas interessadas nesse tipo de coisa. Eu tinha de responder com indiferença ou, certamente, pelo rumo que as coisas estavam, seria engolido vivo.
— Parem de gastar dinheiro com uma besteira dessas gente. O R não quer me ver pelado e eu não sentiria nada se isso ocorresse. — Menti claramente, tentando parecer convincente.
Rodrigo riu ao meu lado e disse:
— Que mentira cara! Você ta todo vermelho só por estar de cueca!
Eu paralisei de embaraço, tentei contra argumentar, mas, olhando para o chat, sabia que nada tiraria aquela ideia da cabeça do público. Porque ele tinha que me contrariar assim? Porque só eu sou alvo dessas pessoas? Isso não é justo! Pensei.
* Tire a cueca!* Disse a voz do Cam4You. Com o susto, meu coração pareceu pular uma batida.
HumiliationLover66 se vangloriava no chat. Não é possível! Eram 600 reais em doações mandadas de uma única vez por um único usuário! Espera, quanto tempo já temos de live? Me questionei de imediato com a expectativa de que nosso tempo já tivesse acabado e que eu não precisasse ficar pelado para Rodrigo e todas aquelas 5000 pessoas assistindo. Apenas meia hora de transmissão se decorreram. Não! Eu vou ter que ficar aqui sem nada para me vestir por mais três horas e meia! Pensei angustiado.
Isso não! Era demais! Eu tinha que encerrar tudo agora, mas, se o fizesse, seria banido do site para sempre. Tanto dinheiro chegava para nós dois e em tão pouco tempo que era evidente, apenas mais alguns dias trabalhando com aquilo e enriqueceria facilmente. Esse então era o preço da minha dignidade? Me perguntei quando olhei assustado para o rosto do meu amigo que sorria de volta para mim com nítido deboche estampado em sua face. Apenas 600 reais… Eu deveria ter colocado um valor bem maior certamente, mas antes de estar nessa situação tão delicada, jamais imaginei que alguém seria louco o suficiente para me dar tanto dinheiro em troca de me ver sem roupas.
Não faça isso! Minha consciência gritou quando agarrei as laterais de minha cueca branca por seu elástico. Pare! Disse a mim mesmo em um lapso de sanidade enquanto me desfazia daquela peça de roupa tão cobiçada. Minha respiração estava muito pesada e minha mente cheia de arrependimento.
* Isso é tão quente!*
* To louco pra ver!*
* O Guto tá todo vermelho*
* Olha como o R não para de olhar para ele!* Li as mensagens no chat quando finalmente deixei que Rodrigo colocasse os olhos nas minhas partes íntimas. Pelo menos me segurei e não estou duro na frente dele. Pensei de forma a me tranquilizar. Eu devia me cobrir com as mãos de vergonha, mas sabia, o que foi pago foi pago e não podia, de acordo com as regras da plataforma, privar meus espectadores maldosos de verem o que tanto queriam. Um silêncio constrangedor pairou sobre o ar.
* Abra suas pernas* Chegou o comando no valor de 80 reais. Era mais uma tarefa injustamente barata pelo fato de ser bem mais fácil executá-la quando vestido.
Eu obedeci. Todos estão vendo! Droga Rodrigo! Para de me olhar assim, ou vou ficar excitado! Pensei aflito. Ali em baixo, no meio de minhas coxas separadas e, de frente para a câmera, era possível visualizar minha pica branca e mole, pouco mais de 9cm de comprimento quando assim, sobre minhas bolas raspadas caídas em decorrência do calor que sentia. Meu amigo, depois de encarar muito, até que decorasse com atenção aquela cena, segurou sua risada e virou o rosto em outra direção. Decepcionado? Pensei angustiado e inseguro. O chat estava adorando tudo aquilo, sendo que grande parte das pessoas me xingava, comentava sobre meu corpo e, é claro, as dimensões das coisas ali embaixo. Não deixe se atingir por isso. Disse a mim mesmo quando pensei que começaria a chorar de vergonha.
— Vamos continuar com as perguntas então pessoal. — Rodrigo voltou a cativar a multidão de usuários. Eu abaixei a cabeça e só queria que tudo acabasse logo. Estar ao seu lado em uma situação tão humilhante só não era pior que saber que teria de ficar assim por tanto tempo. Tudo deu tão errado. Por que isso tinha que acontecer comigo? Me lamentei internamente.
Entretanto, de imediato, a voz robótica leu o próximo comando. Era mais uma doação das grandes. Rodrigo se assustou imediatamente ao ouví-la e eu também. Meu rosto esquentou mais ainda na hora. Depois, ele soltou mais uma meia risada, do tipo que ele fazia quando animado com uma possibilidade, mas, ao mesmo tempo, levemente constrangido pela vergonha alheia.
Isso não está acontecendo comigo! Isso não! Pensei desesperado e meu amigo notou o medo estampado em minha face. Ainda assim, todos devem ter reparado, meu pau começou a reagir.
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