Capítulo 4: O surdo, o atleta e o estudante - pt3 (final)

Um conto erótico de Novatinho
Categoria: Gay
Contém 5983 palavras
Data: 05/01/2025 15:27:56
Última revisão: 05/01/2025 17:00:26

HIROSHI: O ESTUDANTE À MERCÊ DA SUA PRÓPRIA INTELIGÊNCIA

Logo que chegou ao cabaré, Hiroshi evitava se envolver com os outros. Dormia em um cubículo apertado, que mais parecia uma despensa improvisada, enquanto os quartos maiores eram reservados para os garotos de programa ou clientes. Apesar de ter noites livres, já que não fazia programas, ele preferia se refugiar em seu espaço, navegando na internet e afastando-se das interações sociais.

Bianca, sempre o dava atenção, para garantir que estava bem; Hiroshi confiava nela de uma maneira que não conseguia se permitir com mais ninguém, mas havia algo em sua solidão que nem mesmo ela conseguia penetrar. Hiroshi também atraiu a atenção do faxineiro do cabaré, um homem analfabeto, gay e sem família, que dependia daquele ambiente para sobreviver.

Certa noite, incapaz de dormir, Hiroshi saiu de seu cubículo e caminhou até os fundos da casa. O ar fresco da madrugada lhe trouxe algum alívio, mas a dor que vinha reprimindo não demorou a explodir. Sentado no chão, encostado a um pequeno casebre que mais parecia uma casinha de cachorro, ele abraçou os joelhos e chorou, chamando repetidamente pelo nome de sua mãe. O frio e a solidão intensificavam o desespero que ele tentava esconder desde sua chegada.

Seus soluços cessaram abruptamente quando passos abafados surgiram na grama. Hiroshi ergueu a cabeça rapidamente e viu um homem saindo do casebre. Ele franziu a testa, ainda enxugando o rosto com a manga da camisa.

— O que você quer? — perguntou, com a voz embargada.

O homem, que não parecia surpreso com a hostilidade, hesitou antes de se sentar ao seu lado.

— Não vou te abraçar, fique tranquilo — disse ele, a voz carregada de uma tristeza que parecia familiar.

Hiroshi o observou por um momento antes de limpar as lágrimas com a mão e colocar os óculos de volta.

— Quem é você? — perguntou, a curiosidade vencendo momentaneamente o desconforto.

— Felipe. Sou o faxineiro daqui.

As palavras simples de Felipe tinham um tom de cuidado genuíno que desarmava Hiroshi. Mais lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, manchando as lentes que acabara de limpar. Felipe, sem pressa, continuou:

— Estava preocupado com você.

Hiroshi tentou desviar o olhar, mas algo no tom calmo de Felipe o fez murmurar:

— Por que você se importaria?

— Porque eu sei o que é se sentir sozinho — respondeu Felipe, com um sorriso triste. — E às vezes, tudo o que a gente precisa é de alguém que se preocupe.

As palavras de Felipe ressoaram fundo em Hiroshi. Ele balançou a cabeça, ainda lutando contra o peso das próprias emoções, mas sentiu o gelo que o isolava começar a derreter.

— Você estava lá dentro? Alguém mandou você me seguir? — perguntou Hiroshi, tentando mudar de assunto, mas sua voz ainda carregava uma vulnerabilidade.

— Não, ninguém mandou. Nem a Sirena me deu essa ordem — disse Felipe com tranquilidade. — Só percebi que você precisava de um tempo sozinho.

Hiroshi o encarou por alguns segundos, tentando medir suas intenções.

— Você dorme aqui, não é? Sei disso porque o quartinho onde eu fico parecia ocupado antes de eu chegar. Era o seu lugar, não era?

Felipe arqueou uma sobrancelha, impressionado com a percepção de Hiroshi.

— E isso te incomoda? — perguntou ele.

— Um pouco... Não queria causar problemas. Tenho medo de estar tomando seu lugar. — Hiroshi olhou para as próprias mãos, nervosamente pousadas sobre os joelhos.

Felipe suspirou, balançando a cabeça. — Não se preocupe com isso. Lugares vêm e vão. O que importa é o que você vai fazer enquanto estiver aqui... Aliás, vamos fazer disso um pouco mais divertido. Que tal você escolher um apelido pra mim?

Hiroshi hesitou, refletindo sobre as implicações do pedido. A ideia de se aproximar de Felipe o deixava nervoso, mas também animado com a possibilidade de quebrar um pouco o gelo entre eles.

Hiroshi arqueou a sobrancelha, surpreso pela ideia inesperada.

— Um apelido? Por quê?

— Pra você entender que tem um amigo — respondeu Felipe, tranquilo.

Hiroshi o estudou por um instante, como se avaliasse a sinceridade por trás das palavras. Respirou fundo antes de responder, o rosto ainda tenso; mordeu o lábio, concentrando-se, e finalmente sorriu, de repente inspirado. — Vai ser "Pipoca".

Felipe riu, a risada ecoando de forma suave pela escuridão.

— Pipoca? Essa eu preciso ouvir. Por que "Pipoca"?

Hiroshi inclinou a cabeça, como se explicasse algo óbvio.

— Porque um dia, vou tirar você dessa casinha de cachorro. Quando isso acontecer, você vai estourar de alegria.

A sinceridade nas palavras fez Felipe ficar em silêncio por um momento. Ele olhou para Hiroshi com algo próximo de admiração.

— Você acredita mesmo nisso? — perguntou, quase num sussurro.

— Eu quero que você acredite também — disse Hiroshi, com determinação. — Você merece mais do que isso.

Felipe assentiu, tocado, mas não deixou o momento ficar pesado demais.

— Está bem, "Pipoca" aprovado. E, a partir de agora, você é o Hiroshinho.

O jovem sorriu pela primeira vez em dias.

— Hiroshinho e Pipoca. Gosto disso — disse, deixando escapar uma risada.

As palavras ficaram no ar por alguns instantes. Pela primeira vez, Hiroshi sentiu que talvez pudesse confiar em alguém naquele ambiente. Felipe não o pressionava, apenas oferecia sua presença. E, naquele momento, era exatamente o que ele precisava.

***

Após alguns dias, Hiroshi passou a frequentar os fundos do quintal com mais frequência para visitar Felipe. Era o único momento em que ele parecia relaxar, longe dos olhares dos outros. Hiroshi não costumava falar muito com ninguém, mas com Felipe a história era diferente.

Certa vez, ele apareceu com uma pasta de desenhos, relutante em mostrá-la. Felipe ficou surpreso com a qualidade dos traços.

— Você é realmente bom nisso, Hiroshi. Esses desenhos são incríveis — elogiou Felipe, virando as páginas com cuidado.

Hiroshi deu de ombros.

— É só algo que eu faço quando tenho tempo.

Felipe fechou a pasta com delicadeza, olhando para o amigo.

— Você deveria mostrar isso para as pessoas. Eu gostaria que essa amizade da gente não fosse algo escondido.

Hiroshi desviou o olhar, a expressão séria retornando.

— Por enquanto, é melhor assim, Pipoca.

Felipe queria questioná-lo, mas percebeu que Hiroshi não estava pronto para abrir mais sobre seus motivos. Então, respeitou o silêncio do garoto.

Naquela noite, enquanto o vento gelado soprava pelo quintal, Hiroshi fez uma pergunta que parecia pesar em seus ombros.

— Você contou pra alguém sobre minha mãe?

Felipe balançou a cabeça, firme.

— Nunca. Nem tenho o direito de falar aqui.

Hiroshi hesitou antes de continuar.

— Posso te pedir um favor? Um último, Pipoca?

Felipe inclinou-se levemente para frente, curioso.

— Não sei se posso ajudar muito, mas diga.

— Quem é de confiança aqui? — perguntou Hiroshi, a ansiedade evidente.

Felipe ficou em silêncio por um momento, o olhar fixo no céu estrelado como se buscasse uma resposta.

— Só posso dizer com certeza que Bianca e Marcus são boas pessoas. Mas, Hiroshi... aqui, você precisa descobrir sozinho quem vale sua confiança.

Hiroshi assentiu, os olhos distantes enquanto processava as palavras de Felipe. Mas antes que pudesse responder, Felipe o chamou de volta para a conversa.

— Olha, Hiroshinho. Tem uma pessoa que pode ser sua porta de entrada aqui...

Hiroshi virou-se para Felipe, intrigado.

— Quem, Pipoca?

Felipe abaixou a voz, quase sussurrando.

— Ele é um “vagante”.

— Vagante? — perguntou Hiroshi, franzindo a testa.

Felipe explicou que os "vagantes" eram garotos de programa que prestavam serviços no cabaré, mas que não eram exclusivos da casa.

— Os “vagantes” são garotos de programa da casa, mas sem exclusividade. Matheus pode ser um bom contato.

— E o que esse Matheus tem a ver comigo? — Hiroshi perguntou, ainda sem entender.

— Matheus gosta de tatuagens. Talvez seja uma forma de você se conectar com alguém sem levantar suspeitas — explicou Felipe.

Hiroshi ficou pensativo por alguns instantes antes de acenar positivamente.

— Tá bom. Eu posso tentar.

Felipe assentiu, sorrindo com aprovação.

— Ele parece gente boa. Fale com ele quando estiver pronto.

Dias depois, Hiroshi encontrou Matheus em um dos corredores da casa. Ele aproveitou a oportunidade e puxou assunto, mencionando casualmente seu trabalho com desenhos e tatuagens. Para sua surpresa, Matheus se interessou de imediato.

Naquela mesma semana, Hiroshi tatuou Matheus pela primeira vez, escolhendo um desenho detalhado para a panturrilha. Enquanto trabalhavam, as conversas foram surgindo naturalmente, como se o ato de tatuar quebrasse a barreira inicial entre eles; porém, a recusa de Hiroshi em tatuar a serpente que era sua arte própria fez Matheus acender uma certa curiosidade, principalmente ao ver que a sua panturrilha foi desenhada uma cobra de duas cabeças.

Para Matheus, aquilo foi sinônimo de desconfiança, pois teria sido interpretado como se ele fosse uma pessoa de duas caras, porém a intenção de Hiroshi era homenagear seu irmão mais velho, Marcus.

***

Depois de sua interação com Matheus, Hiroshi passou a se sentir um pouco mais confortável na casa. Dias depois, ele voltou aos fundos para visitar Felipe. Encontrou-o sentado em seu lugar habitual, observando o quintal com um olhar distraído.

— Pipoca, você vai ser o braço direito da Sirena. — Hiroshi disse de repente, sua voz firme.

Felipe arregalou os olhos, surpreso.

— Hiroshinho..., Bianca cuida dos negócios dela. Como você acha que vai fazer isso?

Hiroshi inclinou-se um pouco, mostrando a intensidade de sua determinação.

— Vou escrever um manual de regras e entregar pra Sirena. Vou dizer que foi você quem escreveu. Ela vai ouvir.

Felipe franziu a testa, claramente intrigado. Ele observou Hiroshi por alguns segundos, buscando entender o que estava por trás daquela ideia. Então, Hiroshi continuou, direto:

— Eu sei que ela confia em você, Pipoca. É por isso que vai funcionar.

Felipe hesitou, mas algo na firmeza de Hiroshi o tocou. Apesar das dúvidas, ele assentiu lentamente.

— Se você realmente acredita nisso e está disposto a correr o risco, então farei o que puder para ajudá-lo.

Hiroshi sorriu levemente, mas logo sua expressão ficou séria novamente.

— Quando chegar a hora, eu vou tomar esse lugar pra mim. — Sua voz era de uma frieza inabalável.

Felipe ficou pensativo, antes de soltar um suspiro profundo.

— Eu faço o que você me pedir. Mas vou te dizer uma coisa, Hiroshinho: eu sei de muita coisa, mas não vou dizer tudo pra você. Não é só por você. É por mim também.

Hiroshi arqueou uma sobrancelha, curioso, mas Felipe continuou.

— Tente sair um pouco daqui. Conhecer algumas pessoas. Isso não é saudável, ficar trancado nesse lugar o tempo todo.

— Eu sei que não é, mas eu preciso fazer isso pela minha mãe. — A voz de Hiroshi estava carregada de emoção, sua fachada firme momentaneamente rachada.

Felipe o observou por um instante, o olhar preocupado cruzando seu rosto.

— Tudo bem..., mas por que você não coloca um pouco de amor nisso tudo? — Ele sugeriu, sua voz mais suave, tentando encontrar um equilíbrio.

As palavras fizeram Hiroshi hesitar. Ele ficou pensativo, antes de dar um passo à frente, aproximando-se de Felipe. Inclinou-se levemente em direção a ele, reduzindo a distância entre os dois. A proximidade fez o coração de Felipe acelerar.

— Eu sei que você é gay, mas não gosta de sexo... então pode fingir que gosta? E que se interessa por mim? — Hiroshi propôs, sua voz baixa, mas cheia de intenção.

Felipe ficou estático, suas palavras o pegando de surpresa. Ele hesitou antes de responder.

— Como você sabe disso?

— E que eu me masturbei várias vezes aqui antes daquele dia, e você nunca me interrompeu... Aquele quarto nunca foi seu. Você sempre dormiu aqui.

O silêncio tomou conta do espaço entre eles. Felipe estava claramente abalado, surpreso com o nível de observação e percepção de Hiroshi. Ele abriu a boca para responder, mas nada saiu.

Hiroshi recuou ligeiramente, permitindo que o silêncio falasse por eles. No fundo, ele sabia que havia arriscado muito ao dizer aquelas palavras, mas sentia que precisava ser honesto.

Felipe, por sua vez, ainda processava tudo, tentando entender não apenas as intenções de Hiroshi, mas também o que aquilo significava para ele mesmo.

— Se você gostasse de sexo ou algo parecido, poderia ter se aproveitado, mas só saiu desse lugar quando eu estava chorando — Hiroshi finalizou, seu olhar direto e seguro.

— Desculpe por eu ter mentido, não queria constranger você... — disse Felipe. — E você ta certo sim, eu não tenho mais atração por ninguém. Perdão por mentir.

— Você sabe disfarçar, pipoca — disse Hiroshi. — Então você consegue fingir que gosta e tem atração por mim?

— Consigo. Eu já fiz teatro...— Felipe riu nervoso.

— Você consegue fingir que não gosta da Bianca quando chegar a hora? — questionou Hiroshi, o jeito sério de sua expressão retornando.

— Ela nem fala comigo... — Felipe respondeu, pensativo. — Talvez, se você conseguir isso, eu tenha um pretexto pra não gostar dela..., mas por que devo fazer isso? — perguntou Felipe nervoso em como Hiroshi colocava tudo de bom a sua frente em nome desse plano pra sua mãe.

—Quando chegar a hora, ela precisa acreditar que você não sabe que ela é minha mãe.

***

Felipe estava determinado a descobrir quem não gostava de Hiroshi, mas sua preocupação em relação à oscilação de comportamento de Hiroshi levou-o a desabafar com Matheus, que não se envolvia com nada na casa.

Embora Felipe soubesse que as intenções de Hiroshi eram genuínas, ele se preocupava com o risco que Hiroshi estava correndo ao tentar manipular até as pessoas que se importavam com ele. Matheus comentou sobre a tatuagem que Hiroshi fez, e Felipe explicou seu significado.

Matheus não gostava de mencionar ser irmão de Marcus para evitar fetiches dos clientes. Felipe deixou claro que não havia revelado nada disso a Hiroshi, e Matheus acreditou.

A paranoia constante de Hiroshi em querer estar à frente de todos levou Felipe a confidenciar a Matheus sobre os problemas de Hiroshi com sua mãe. Felipe também comentou que precisaria interpretar um papel ousado na casa e pediu a Matheus que não comentasse nada com Marcus. Matheus jurou manter o segredo; no entanto, já estava envolvido com Axel e acabou confidenciando a ele, meses depois, os problemas de Hiroshi.

***

Meses depois Hiroshi estava sozinho em seu cubículo durante a madrugada, refletindo sobre a situação. O quarto estava silencioso, exceto pelo leve zumbido do computador. Sentia-se inquieto, os pensamentos dispersos. Depois de um instante de hesitação, clicou em um site que ele sempre acessava. Antes de continuar, levantou-se para trancar a porta. Queria garantir que ninguém o interrompesse.

De volta à cama acendeu um baseado de maconha, respirou fundo, deslizando os dedos pela cintura da calça, abaixando-a o suficiente para expor o membro rígido. A excitação crescia enquanto ele se ajeitava melhor, deixando os pensamentos fluírem. Os olhos fecharam, e sua mão começou a se movimentar devagar, o corpo reagindo ao toque enquanto assistia vídeos de homens se masturbando.

O silêncio foi quebrado por um gemido baixo, abafado, mas carregado de urgência. Ele tentou controlar os sons para não chamar atenção. Sua respiração ficou pesada, cada vez mais irregular, até que um som abrupto interrompeu o momento. Uma notificação no celular.

Ainda ofegante, estendeu a mão e desbloqueou a tela. Uma mensagem de um número desconhecido. Na foto de perfil, apenas um abdômen trincado e brilhando de suor. Sem pensar muito, apertou o play no áudio anexado.

— Você que é Hiroshi? — perguntou uma voz grave e firme.

O corpo de Hiroshi reagiu imediatamente. Ele ouviu o áudio de novo, dessa vez com mais atenção, como se quisesse memorizar aquela voz. Sua mão retomou o movimento enquanto a respiração acelerava.

Minutos depois o som insistente de uma chamada o fez parar novamente. O celular vibrava em sua mão, e ele, hesitante, atendeu.

— Fala... quem é? — perguntou com a voz rouca e carregada de tensão.

— Firmeza, mano? Consegui seu contato com um conhecido... Queria saber onde fica seu estúdio. — A voz do outro lado era tranquila, mas tinha um tom descontraído que fez Hiroshi estremecer.

— O que... você... quer? — perguntou, tentando soar casual, embora ainda estivesse fora de controle.

— Quero fazer uma tattoo, ué. Mas, ó, se esse homem tá ocupado, posso ligar outra hora. — O tom ganhou um leve deboche, como se o homem soubesse exatamente o que estava acontecendo.

Hiroshi respirou fundo, tentando recuperar a compostura. — Pode falar.

— Vou viajar e me disseram que seu traço é massa. Queria te meter um trampo rápido. Dá pra colar aí? — continuou o homem.

— Não tô com estúdio agora. A gente pode marcar em um lugar público. Levo algumas artes pra você. — Hiroshi respondeu, lutando para manter a voz estável.

— Demorô. Bora se trombar num bar, então. Pode ser hoje? — O tom direto do outro parecia desarmar qualquer resistência.

Hiroshi hesitou por alguns segundos, ainda processando a situação. Suas mãos tremiam levemente enquanto tentava se recompor.

— Ow, tá tudo certo aí, mano? — perguntou o homem, percebendo o silêncio.

— Tá sim. Me manda a localização, e eu passo aí. — Hiroshi finalmente respondeu, tentando soar seguro.

— Suave. Bora trocar ideia. Ah, e outra coisa... você curte?

Hiroshi franziu a testa. — Curtir o quê?

— Tomar umas brejas, mano. Vamo colar em um bar, parça! — respondeu o outro, soltando uma risada.

Hiroshi soltou um suspiro aliviado. — Curto, sim.

— Demorô. Vou mandar a localização. Se liga aí.

— Qual o seu nome mesmo? — Hiroshi perguntou, tentando ganhar tempo com a voz na linha.

Após um silencio o outro respondeu: — Me chama de Axel, pai.

A ligação terminou. Hiroshi deixou o celular cair ao lado e encarou a foto de perfil mais uma vez. A adrenalina misturada ao desejo era demais para segurar. Ainda deitado, perdeu-se na imagem mental daquela voz e daquele corpo, chegando ao ápice pouco depois.

Em menos de uma hora Hiroshi já havia chego ao bar.

***

Depois de saírem do bar, Hiroshi e Léo seguiram para o apartamento, mas antes pararam para comprar um lanche em uma lanchonete 24h. O carro de Bianca, emprestado para Hiroshi, estava estacionado em um canto discreto, e os dois comiam enquanto conversavam sobre a noite.

— Sobre aquela pasta de desenhos... — começou Léo, apoiando o cotovelo no console do carro. — Melhor já separar algo pra Axel, né?

Hiroshi o olhou com uma sobrancelha arqueada, mastigando devagar antes de responder.

— E essa tattoo... é pra ele mesmo ou pra você? — perguntou, tentando disfarçar o tom curioso.

Léo riu, desviando o olhar para a janela.

— Tá na cara que é pro Axel. Mas, sei lá, eu queria uma também, mas o cara fica de zoação comigo.

Hiroshi inclinou-se no banco, cruzando os braços.

— E por que você falou que era ele no telefone? Tá ligado que me confundiu, né?

Léo deu de ombros, sem perder o sorriso.

— Mano, papo reto: tava zoando. Só isso.

Hiroshi balançou a cabeça, meio sem acreditar, e voltou a comer. O silêncio que se formou foi quebrado por Léo minutos depois.

— Cara você é gay mesmo, né? — perguntou, sem rodeios.

Hiroshi engasgou com o refrigerante, tossindo antes de responder.

— Como é? — ele perguntou, a voz entre surpresa e irritada.

Léo o olhou direto, com a expressão séria.

— Tô só perguntando, mano. Já saquei faz tempo. Tá suave, não precisa disfarçar.

Hiroshi desviou o olhar para o volante, os dedos apertando o copo de refrigerante.

— Não sei... talvez. Nunca... nunca tive certeza, tá ligado?

Léo manteve o tom casual, tentando aliviar a tensão.

— Relaxa, truta. Não tô te julgando, só trocando ideia. É que, sei lá, percebi umas coisas. Tipo... no telefone comigo, eu me liguei... esse homem tava lá dando aquele grau no “amiguinho”.

Hiroshi se virou para ele, a expressão horrorizada.

— Que papo é esse? Tá maluco? — Ele gesticulou, desconfortável, desviando o olhar.

Léo riu, levantando as mãos em rendição.

— Suave, esquece. Fica de boa, irmão. Só tô brincando. Vai na moral aí.

Hiroshi suspirou, mas o clima tenso permaneceu por um momento. Léo, percebendo, mudou de assunto.

— Enfim, deixa eu te mostrar um negócio. — Ele inclinou-se para pegar a pasta de desenhos no banco de trás.

Hiroshi tomou a pasta e abaixou a cabeça, folheando sua pasta de desenhos em silêncio, enquanto Léo, percebendo a tensão resolveu mudar de assunto.

— Ó, faz assim: pra você confiar em mim, vou te contar um bagulho meu. Mas depois você conta um seu também, firmeza? — sugeriu.

Hiroshi ergueu os olhos, desconfiado, mas acabou assentindo.

— Tá... beleza. Fala aí então. — murmurou, coçando a nuca.

Léo respirou fundo e adotou um tom mais sério.

— O Axel quer fazer uma tattoo, mas é num lugar que, sei lá, talvez cê se sinta meio desconfortável. Por isso perguntei isso.

Hiroshi franziu a testa, claramente confuso.

— Como assim, desconfortável? Onde seria isso? — perguntou, tentando entender.

Sem responder diretamente, Léo se inclinou para puxar a barra da camiseta, começando a levantá-la.

— Relaxa, mano. Só quero mostrar onde é... acende a luz aí.

Hiroshi hesitou antes de ligar a luz interna do carro, ainda sem entender onde Léo queria chegar. Quando Léo indicou a parte inferior do abdômen, perto da virilha, Hiroshi arqueou as sobrancelhas. Para reforçar, Léo puxou levemente a cueca para baixo, expondo a área de forma breve.

— Aqui, tá ligado? — disse casualmente, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Hiroshi desviou o olhar, desconcertado.

— Ah, saquei. Quer dizer... acho que saquei. Mas, pô, será que precisava disso tudo? — tentou brincar, embora estivesse visivelmente desconfortável.

Léo riu, sem se abalar.

— Foi mal, irmão. Só queria mostrar certinho. Tá suave, relaxa.

Hiroshi tentou ignorar o calor subindo pelo rosto e mudou de assunto.

— Tá, mas... ele vai reagir assim na hora, de boa? — perguntou, com um sorriso tímido, tentando aliviar o clima.

Léo percebeu a hesitação do amigo e decidiu brincar para descontrair.

— Qual foi, tá com medo, mano? Tá na cara que cê curtiu. E, ó, vou te falar, hein... tenho moral, mas acho que cê bate de frente, viu.

Hiroshi corou ainda mais, abaixando a cabeça ao perceber que Léo havia notado a excitação de Hiroshi. Entre uma mordida e outra, suspirou.

— Foi mal, Léo..., mas, sabe, cê tem um corpo da hora, tipo... igual ao do Axel. E, cara, tua voz também é... sei lá, bonita. — admitiu, desviando o olhar rapidamente. — Mas, enfim, fala logo o teu segredo. Tá enrolando já.

Léo soltou uma risada antes de continuar.

— Então, ó... será que dá pra tu fazer uma tattoo pra mim também, antes de eu voltar pra minha cidade? Eu falei que vou embora no próximo mês, né?

Hiroshi inclinou a cabeça, estranhando.

— Ué, mas cê não falou que o Axel não deixa?

— Faz de henna, pô! Só pra ver como fica. — Léo deu de ombros, como se já tivesse planejado tudo.

Hiroshi apertou os lábios, pensativo.

— Tá, mas onde seria isso?

— No mesmo lugar que a do Axel, mas outra arte. — respondeu Léo, com um sorriso travesso.

— E o que seria?

Léo pegou um pedaço de papel na pasta de Hiroshi, rabiscou algo e entregou a ele. Assim que Hiroshi leu a frase, sentiu um frio percorrer o corpo: “Me chupa”.

— Cê tá zoando comigo, né? — Hiroshi perguntou, rindo nervosamente.

— Não, tio. É papo reto. — Léo disse, com a expressão séria.

— Tá... mas o que isso tem a ver com o teu segredo? — Hiroshi insistiu.

Léo suspirou, como se estivesse se preparando para uma confissão.

— Calma, mano. Tô chegando lá. Quero que cê tatue isso pra eu dar uma ideia pro Axel.

Hiroshi piscou, incrédulo.

— Ideia? Que ideia é essa, mano?

— Cara, eu fiz uma besteira. Não dou valor pra homem não, tá ligado? Mas eu tava meio alto da bebida e percebi que Axel... ele ficou bolado.

Hiroshi continuava confuso, mas não interrompeu.

— O Axel é afim de mim, tá ligado? Só que nunca teve coragem. Se eu fizer isso, ele vai tomar uma atitude, matar essa curiosidade e seguir a vida dele.

Hiroshi balançou a cabeça lentamente.

— Sei lá, Léo... isso parece meio errado.

Léo deu de ombros, sem parecer preocupado.

— É o jeito que eu pensei. Vai dar bom, confia.

Hiroshi hesitou por um instante, mas acabou concordando.

— Tá... mas quando seria isso? — perguntou, tentando parecer despreocupado.

Léo coçou a nuca e respondeu casualmente:

— A gente combina outro dia. Só nós dois, na moral. Melhor fazer escondido do Axel.

Hiroshi mordeu o lábio, nervoso.

— Mas... e se ele pegar a gente na hora? Ele vai pirar...

Léo deu um sorriso de canto, como se já tivesse tudo resolvido.

— Então a gente vai pra um motel, pô. Mais de boa, mais tranquilo.

Hiroshi arregalou os olhos, surpreso com a ideia, mas não conseguiu pensar em outra alternativa. Acabou concordando com um leve aceno de cabeça.

— Tá, mas... sei lá, Léo... parece meio estranho isso.

— Relaxa, tiozão. Se quiser, até dá uma moral pra mim antes, tá ligado? — disse Léo, com um sorriso intimo enquanto puxava de leve as mãos de Hiroshi. — Só pra eu não ficar boiando no rolê, sabe?

Hiroshi riu nervoso, entendendo o tom de brincadeira, mas sentindo o rosto queimar e puxou suas mãos pra si e ficando em silencio.

Mudando de assunto, Léo observou quase como se estivesse lendo Hiroshi.

— Agora solta a real, Hiroshi. Qual que é o teu segredo?

Hiroshi respirou fundo, reunindo coragem para falar. Depois de alguns segundos de silêncio, ele finalmente respondeu:

— É que... eu tenho uns bagulhos com contato humano, tá ligado? Tipo... não curto muito, mas... — Ele soltou uma risada nervosa, sem jeito. — Sou meio viciado em... bom, me aliviar. Na hora que cê ligou... eu tava mesmo batendo uma só porque vi a foto, tipo, a tua ou de Axel... nem sei.

Léo arregalou os olhos por um segundo, mas logo riu para descontrair.

— Caramba, mano! Mas quem hoje em dia não curte um punhetão, né? Isso é normal, parça. — Ele riu novamente antes de provocar: — Mas, peraí... cê é virgem, né?

Hiroshi abaixou o olhar e confirmou com um aceno de cabeça.

— Sou sim... Mas, tipo... eu sou diferente, sabe? — disse quase num sussurro. — E, bom... eu nem tenho amigo também.

— Como assim, mano? Tu não tem parça? Ó, já tem eu agora, fechou? — Léo garantiu com um sorriso. — E o Davi também curtiu tua energia lá no bar, não dá mole.

Hiroshi sorriu de canto, mas desviou o olhar, pensativo.

— Teu primo nunca vai querer chegar perto de mim, ainda mais depois de saber que eu tava... sei lá, me tocando... olhando a foto dele.

— Relaxa, tiozão. Isso aí é papo nosso. Mas, e aí, cê quer ser brother do meu primo, é isso? — Léo perguntou, tentando entender melhor.

Hiroshi suspirou, refletindo por um momento antes de responder:

— Cara, achei muito daora o jeito que ele defendeu o Davi lá no bar. Eu nunca teria coragem de fazer isso, sabe?

— Eu também não, pivete. Mas isso aí não quer dizer nada. — Léo riu, tentando aliviar a tensão.

— Ei, Léo, sou mais velho que você, cara. — Hiroshi lembrou, tentando parecer descontraído. — Mas, tipo... é sobre se impor, tá ligado? — confessou, mexendo nervosamente os dedos. — Eu não sei fazer isso nem no meu trampo.

Léo ficou curioso.

— E onde cê trampa, mano?

Hiroshi hesitou por um momento, mas acabou respondendo:

— Num cabaré... tipo... que só atende cliente gay. Minha mãe tá nessa ideia de eu, sei lá, assumir o lugar à força. Só que... acho que não é pra mim, sabe? Parece que é mais vontade dela.

Léo arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— Caramba, mano! Mas como cê tem esse lance de não curtir contato e trampa num lugar desse?

— Porque... sei lá, eu só cuido da grana lá. Tipo... não falo com os clientes nem nada. — Hiroshi explicou, com um encolher de ombros.

— Beleza... mas nunca pensou em virar GP? — Léo provocou com uma risada. — Esse home aí tem mó rolê grande, hein.

Hiroshi soltou uma risada curta, já se acostumando com o humor de Léo.

— Não, mano. Quer dizer... acho que um dia pode acabar rolando, sei lá.

Léo franziu a testa, confuso.

— Mas qual que é o segredo, então? É sobre sua coroa?

Hiroshi abaixou a cabeça, parecendo perdido em pensamentos.

— É que eu amo minha mãe, tá ligado? Mas tenho medo dela me largar depois que eu der tudo que ela quer.

Léo piscou, surpreso.

— E por que cê pensa isso, cara?

Hiroshi suspirou, mordendo o lábio antes de responder:

— Porque ela nunca... sei lá, nunca me deu carinho, sabe? Acho que é por isso que eu sou todo esquisito assim.

Léo ficou em silêncio por um instante, refletindo sobre o que havia ouvido.

— Mano... isso é complicado demais.

Hiroshi desviou o olhar novamente, desconfortável com o momento de vulnerabilidade.

— Tem mais coisa, mas... sei lá. Posso te contar outro dia... só nós dois, talvez.

Léo assentiu, percebendo que Hiroshi já havia se exposto o suficiente por uma noite.

— Fechou, irmão. Na moral, tamo junto.

Hiroshi ainda hesitava em aceitar completamente a proposta de Léo, mas a ideia de ir a um motel para fazer as tatuagens escondidos de Axel parecia menos arriscada. A sugestão, embora inusitada, deixava claro que Léo sabia como contornar situações potencialmente complicadas.

Enquanto conversavam, o assunto mudou para ideias de tatuagens. Léo tinha uma confiança descontraída, afirmando que já sabia o que Axel gostaria, mesmo brincando que deveria ser algo pervertido. Hiroshi, por sua vez, sugeriu a sua e mostrou pra Léo a arte de uma serpente. Confidenciou que fez uma parecida só que com duas cabeças para um garoto de programa que aparecia ocasionalmente no cabaré onde ele trabalhava.

Léo, curioso, quis saber mais sobre o lugar e sobre o tal garoto de programa, mas Hiroshi parecia desconfortável ao falar sobre seu trabalho.

Enquanto falavam, Hiroshi acabou mencionando Marcus, o único garoto de programa em quem confiava no cabaré, mas que parecia não confiar nele. Esse detalhe deixou Léo intrigado, e ele incentivou Hiroshi a tentar ganhar a confiança de Marcus. Porém, Hiroshi se mostrava relutante. Não sabia por onde começar e tinha suas próprias preocupações para resolver.

A conversa tomou outro rumo quando Hiroshi falou sobre Diego, um novato no cabaré. Apesar de ser antipático e não ir com a cara de Hiroshi, Diego havia conquistado a atenção de Marcus, que o ajudou a se tornar barman depois de perceber que ele não tinha sucesso como garoto de programa. Léo, sempre prático, sugeriu que Hiroshi ajudasse Diego a se adaptar, mas Hiroshi rejeitou a ideia, argumentando que Diego não queria nem precisava de sua ajuda.

Léo, no entanto, insistiu. Ele apontou que ajudar Diego poderia ser uma forma de mudar a dinâmica entre eles e, quem sabe, até de melhorar sua relação com Marcus. Hiroshi não parecia convencido, mas ficou em silêncio, ponderando as palavras do amigo.

Ainda assim, Hiroshi sugeriu chamar Davi, o primo de Léo, para trabalhar como garçom no cabaré. Ele gostava da ideia de ter alguém de confiança por perto, que pudesse também observar discretamente o que acontecia por lá. Léo, no entanto, descartou rapidamente a ideia. Davi não se encaixaria naquele ambiente, e Hiroshi, mesmo reconhecendo isso, lamentou não ter jeito nem para formar amizades.

Ao fim da conversa, Léo voltou ao assunto da tatuagem, tentando tirar o foco dos dilemas pessoais de Hiroshi. Ele incentivou o amigo a sugerir o desenho da serpente para Axel, mas deixou claro que a vida era curta demais para que Hiroshi ficasse sempre na defensiva. Hiroshi, ainda perdido em pensamentos, murmurou que ia pensar no assunto, enquanto Léo, satisfeito, abriu um sorriso largo, confiante de que, aos poucos, estava ajudando o amigo a sair de sua zona de conforto.

Com um sorriso tímido, Hiroshi concordou com a ideia de Léo sugerir a tatuagem para Axel. Internamente, ele se sentia animado com a possibilidade de construir laços de amizade com Axel e Davi, enquanto começava a enxergar em Léo uma conexão mais próxima, quem sabe até colorida.

***

Quando chegaram ao apartamento, as coisas tomaram um rumo inesperado. A tatuagem que inicialmente seria para Axel acabou sendo destinada a Davi. Durante aquela noite, Hiroshi compartilhou fragmentos de sua vida, mas manteve sua compulsão por masturbação como um segredo que apenas Léo conhecia. Apesar disso, revelou seu desejo de assumir o cabaré, um sonho ainda cheio de incertezas. Axel impressionou Hiroshi ao detalhar suas ideias para revitalizar o bar, aumentando ainda mais a admiração que Hiroshi já sentia por ele.

Davi, menos aberto do que em conversas anteriores com Axel, mencionou brevemente seu relacionamento com Ulisses, evitando se aprofundar sobre seu passado. Durante a sessão de tatuagem, ele fingiu sentir dor para que Hiroshi tivesse mais tempo para trabalhar, percebendo que o tatuador parecia apreciar sua companhia. Hiroshi, nervoso e sem pressa, demonstrava uma certa falta de destreza, prolongando as sessões, que aconteciam apenas duas vezes por semana. Ambos pareciam entender, ainda que em silêncio, que aquele tempo compartilhado significava mais do que o simples ato de tatuar.

Enquanto Davi buscava oferecer companhia para amenizar a solidão evidente de Hiroshi, o tatuador temia perder o vínculo que estava construindo com seus novos amigos. Paralelamente, Léo começava a se sentir deslocado no grupo, lutando contra o sentimento de não pertencimento que surgia ao perceber como sua sexualidade heteronormativa contrastava com as dinâmicas dos outros.

***

Na semana seguinte, enquanto Axel e Davi se dedicavam à revitalização do bar, Hiroshi e Léo foram a um motel. Lá, fizeram um ensaio para uma tatuagem que, embora apenas temporária, acabaria simbolizando algo muito mais profundo entre eles anos depois. Hiroshi confiou um segredo a Léo, mas sem conseguir se expressar verbalmente, entregou uma cópia impressa de algo que havia escrito, pedindo a Léo que lesse apenas a última página.

Nela, eles mantiveram uma promessa, mas, na madrugada daquela noite, após ler, Léo decidiu jogar os papéis no lixo. Axel encontrou os documentos e os guardou, começando a entender por que Matheus havia dito que Hiroshi precisava de ajuda.

***

Após Léo voltar para sua cidade, Hiroshi encontrou-se certo dia com Matheus. Sabendo que Matheus era irmão de Marcus, Hiroshi expressou sua vontade de ajudar Diego, visando que essa intenção chegasse aos ouvidos de Marcus. Matheus pediu para rever as artes de Hiroshi e, ao observar a tatuagem de Léo, sugeriu que Hiroshi a usasse para Diego, acreditando que isso poderia despertar curiosidade nos clientes sobre ele. No entanto, Hiroshi decidiu não seguir esse conselho e aproveitou a ideia para se promover como garoto de programa.

A arte chamou a atenção de Diego no dia em que Hiroshi conseguiu promovê-lo, sendo absorvida na mente de Diego como uma forma de sedução. O que Hiroshi nunca soube era que Léo havia comentado com Axel sobre as dificuldades de Hiroshi em relação à amizade, destacando o quanto ele era problemático.

Axel pretendia promover Diego a garoto de programa para que ele pudesse atuar como traficante na casa. No entanto, esse plano não se concretizou, pois Hiroshi não só rejeitou a proposta, mas também sugeriu Diego como fornecedor. Com isso, Hiroshi conseguiu que Felipe se tornasse um fiscal auxiliar de Diego, o que fez Diego se sentir monitorado. Sentindo-se pressionado, Diego acabou “entregando” Hiroshi a Sirena, intensificando assim a desconfiança de Hiroshi em relação a ele e, infelizmente, a Marcus.

Quando Axel soube de todos os detalhes, elaborou um plano astuto para explorar a insegurança de Diego: confrontá-lo e humilhá-lo no vestiário para criar um clima de competição que pudesse motivar Diego a conquistá-lo. Axel sabia que essa estratégia faria com que Diego se esforçasse ao máximo por ele. Para que o plano funcionasse, Axel inicialmente ignorou Diego, apenas mais tarde dando-lhe alguma atenção e convidando-o para sair.

Sozinho em seu apartamento, Axel leu pela última vez os papéis que Léo recebeu de Hiroshi. Ele os queimou na janela, observando as páginas se reduzirem a cinzas enquanto lia o título em meio às chamas: “O guia definitivo de um garoto de programa”.

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Por R. Rômulo (Novatinho)

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Foto de perfil de NovatinhoNovatinhoContos: 18Seguidores: 29Seguindo: 7Mensagem Olá, sou um jovem apaixonado por leitura e escrita! Meu coração pertence à literatura clássica, e não sou muito fã da literatura pós-moderna. Minhas preferências literárias se inclinam para obras da era romântica e realista. Gosto de opiniões: Me fortaleça e deixe seu comentário ou voto. Sou um cara do bem!

Comentários

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Opa, as peças estão começando a se encaixar! E fiquei super curioso com o Léo, o papel dele é bem maior que parecia. Fora que esse jeito dele falar é gostoso pra caramba...hehehe

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