Minha cunhada engravidara de sua segunda filha e os cuidados com o bebê nos estreitou um pouco mais e por incrível que pareça, nossos contatos físicos aumentaram: os mesmos se davam quando pegava o bebê de suas mãos, quando então eu deslizava discretamente minha mão sobre seu braço, já preparado para interromper a “ousadia” se ela se afastasse. Mas por incrível que pareça, ela não interrompia e as “ousadias” se tornaram constantes, diárias: adorava tocar com minha mão a sua, demorava um segundo a mais no braço e nas minhas fantasias, parecia notar algo “diferente” em seu olhar, no rosto. Houve vezes em que muito contidamente fiz mesmo carícias em seu braço, algo prontamente disfarçado a seguir.
Eu não poderia compreender naqueles momentos, jamais o poderia, pois era algo completamente “fora de meu pensamento”, mas a verdade é que pressentia que havia da parte dela um certo consentimento, mas isso era tratado entre nós com muita discrição, com muita reserva, de parte a parte. Concomitantemente, certamente ocultando outras intenções, fazia incessantes elogios a ela, em todos os aspectos que podia... era surgir oportunidade, e lá estava eu louvando sua inteligência, bom gosto, etc. Em suma, cobria-lhe de elogios. Ela sorria timidamente e orgulhosa, lembro de apenas uma vez ter comentado "são seus olhos", o que para mim soou como incentivo e me deu um pouquinho de esperança. Mas era muito vago e incerto.
Ela se encaminhava a essa altura, para mais de dez anos de casada e sua vida social era desinteressante e formal... eu constituía sua válvula de escape e era “natural” e cada vez mais perigosa nossa aproximação, que aliás, eu não percebia, então, essas peculiariedades (havia, de fato, uma explosão de tesão, de sensualidades, sexualidades, de desejos contidos, represados, que eu, como se sabe, amenizava masturbando-me, realizava poderosas orgias solitárias, tinha grandes orgasmos, mas a seguir vinha a frustração, mas não conseguia me conter, parar. E ela? Creio que amenizava nas nossas conversas, onde nunca se poderia falar do que efetivamente nos movia. Algumas vezes, durante algumas festinhas comemorativas, ela punha vestidos mais ou menos curtos e diante de mim, discretamente ficava um pouquinho mais “à vontade”, mostrando as coxas, pontinha da calcinha, o que me alucinava.
Uma vez, de posse de um estetoscópio, “brincávamos” de ouvir o coração do outro; malandramente e numa ousadia inédita, eu colocava o auscultador sobre seu seio com a “desculpa” de “ouvir”... e ela deixava, o que me deixava alucinado, porém, parava por ali... A energia sexual extrapolava, vazava. Hoje me admiro de que ninguém mais percebesse... talvez minha condição de cunhado caçula e com aura de inocente anulassem por essa mesma condição quaisquer outros questionamentos). Uma coisa era perceptível para mim: seu tesão estava jorrando, no auge. Ela ansiava extravasar.
Lembro-me de um olhar brilhante que ela lançou a um rapaz, pouco mais velho que eu, que veio certo dia nos visitar. Intimamente eu “pressenti” que ela tinha certas necessidades (ela era puro tesão) e que eu tinha de desesperadamente colocar-me como sua opção mais viável... porém, morria de medo. Jamais ousaria. (lembro claramente de um dia em que saindo de casa, olhei para sua porta e janela e imaginei sua figura doce e sorridente e pensei que poderia “me perder” por sua causa... eu me entregaria a seu amor e me perderia nele, nesse amor). Não poderia jamais me esquecer que ela não era uma mulher qualquer: ela era uma mulher casada e como se isso não bastasse, casada com meu irmão. Havia muito em jogo, havia confiança, havia amor, havia harmonia em família, havia honra e o que eu almejava era uma coisa imprópria, a respeito da qual não havia nenhum tipo de negociação.
Ela tinha então 32 anos, eu 22. Ela mergulhada na rotina de um casamento, mente fértil alimentada pelas novelas de tevê, ansiando vida, e sonhando gozos; eu, mente e hormônios fervilhando, igualmente sonhando. Ambos, reprimidos. Mas eu estava ali, pronto, me oferecendo, diariamente disponível: duas forças correndo paralelas, se mirando, se medindo, se atraindo, mas ao mesmo tempo, mantendo-se a distancia segura, assim deveria ser!
Até que num belo dia um fato inédito se revelaria, fato esse que mudaria nossas vidas para sempre. Um fato prosaico, que passaria despercebido em quaisquer outra situação, caso não estivesse completamente atento a tudo que se referisse a ela, minha secreta e proibida obsessão.