JIMMY
*****
Três horas de mãos dadas com o Ethan. Ele dorme tranquilamente ao meu lado, sem fazer ideia do temporal que causa dentro de mim. Pela janela, consigo ver as montanhas rochosas. Isso é sinal de que estamos perto do Parque Nacional Glacier, um dos tesouros do Estado de Montana. A voz do professor, que sai do sistema de som do ônibus, acorda os dorminhocos. O Ethan se assusta, mas eu o tranquilizo.
— Senhoras e senhores, chegamos ao Parque Nacional Glacier. Pode não parecer, mas ele possui mais de um milhão de acres de terra, por isso, cuidado. — pede o professor Adams, que não está nada feliz em nos acompanhar. — O parque foi fundado em 1910 e é conhecido por suas espetaculares paisagens montanhosas, lagos cristalinos e, claro, as geleiras.
— São quantas geleiras professor? — pergunta Kate, que parece anotar todas as informações. Alguns alunos a chamam de nerd.
— São 26 geleiras ativas, daí seu nome. Essas geleiras são resquícios da última era glacial e oferecem uma bela vista. A maior geleira daqui é a Blackfoot Glacier, que se estende por mais de 12 milhas. — conta o professor, então percebo que o Ethan está impressionado com o cenário.
Eu sempre esqueço que o Ethan não é de Montana. Eu já vim algumas vezes para o parque, principalmente, em passeios da escola. É a única parte que eu gosto deste lugar. Se eu pudesse viver nas montanhas, sem qualquer contato com outros humanos. Só que eu lembro do filme 'Na Natureza Selvagem' e penso que não é uma boa ideia.
Não sabe que filme é esse? Cara, que vergonha. Vá assistir agora! Brincadeiras à parte, a produção mostra a aventura de Chris McCandless, que passou o verão de 1992 em um ônibus e morreu de fome após 114 dias. Louco, mas deve ter morrido feliz. Eu acho.
— Eu dormi, desculpa. — o Ethan cochicha no meu ouvido.
— Tudo bem. Eu também cochilei. — disse, apertando sua mão por debaixo da coberta.
— Esse lugar é lindo, né? — ele questiona, olhando pela janela.
— Espetacular. Eu vou te mostrar os meu pontos favoritos do parque. Eu posso ser o teu guia particular. — afirmo, fazendo o Ethan sorrir. E que sorriso.
— Enfim, pessoal. Eu estou tratando com alunos do terceiro ano, então, creio que não preciso falar das regras...
— Não, professor! — gritam os alunos em coro.
— Ótimo. Assim que a gente descer, cada um pega a sua mala e vou direcioná-los para as suas respectivas barracas. — avisa o professor, que deixa o microfone em um suporte e segue para o seu assento.
Eu amei a viagem ao lado do Ethan, mas é bom esticar as pernas. Descemos e pegamos nossas malas. O Trevor está todo animado, pois temos vários costumes no parque. Já fomos até instrutores de um acampamento de verão aqui. Rendeu uma grana e uma namorada para o meu amigo, porém, o seu relacionamento não sobreviveu à distância.
O professor nos chama e começa a dividir as duplas. Todos os alunos vão encontrando os seus 'colegas de barraca'. Por ironia do destino, a Betty pegou a mesma barraca que a Kate. Ela olhou na direção do Ethan e pediu socorro, mas, neste caso, não havia nada a ser feito.
— Ethan Ward vai ficar com o Sr. Robinson na barraca 22. — anuncia o professor, que olha para o Trevis. — E vou ficar com o Sr. Travis.
— Se lascou! — grita o Grant, um dos jogadores do time.
— Pro...professor, essa lista está errada. Olha, acho melhor o senhor ficar com o Ethan. O Jimmy e eu já temos uma rotina de acampamento e....
— Sem mais, Trevor. Vá arrumar as suas coisas e, por favor, sem bagunça. Eu vou falar com o pessoal do parque. — disse o professor Adams, antes de ir na direção do escritório do parque.
— O que aconteceu? — o Travis me pergunta, antes de colocar a mochila nas costas. — Ethan, por favor, dorme com o professor.
— Deus me livre. Esse homem me odeia, Brian. Desculpa, mas não rola. James? — ele me olha de maneira engraçada.
— Desculpa, Travor. Você está por sua conta. Deixa eu arrumar minhas coisas. Depois nos falamos, cara. — cumprimento o Trevor e chamo o Ethan para o nosso ninho de amor.
****
ETHAN
Desculpa, Trevor, mas o Jimmy é só meu. Tenho vontade de dizer isso, mas eu tenho pena dele. Fora que eu ainda estou abobalhado com a beleza deste lugar. Parece que estou em um set de filmagem, porém é tudo real e gelado. Ainda bem que trouxe roupas quentinhas para suportar o frio. Vamos caminhando por um terreno de pedras e, de longe, vejo as barracas que vamos dormir.
O Jimmy me explica que as barracas foram projetadas para aguentar baixas temperaturas e possuem um isolamento térmico robusto. Além disso, nós usaríamos sacos de dormir e cobertores especiais, que a gerência do parque disponibiliza para os hóspedes.
Com habilidade, o Jimmy abre a barraca e vejo que a área interna é bem confortável. Tem um colchão grosso no chão e lugares para pendurar as mochilas. Recebemos uma mensagem do professor que nos reuniremos em 15 minutos na área de convivência do parque.
— 15 minutos, hein. — solta o Jimmy, deitado no colchão. — Dá tempo de muita coisa.
— Você não existe, né? — questiono, antes de pular em cima dele e o beijar.
Os beijos são quentes e demorados. Só que eu paro e vou na direção de seu pênis. Eu abro o zíper e com dificuldade coloco o pau dele para fora. Eu já estou acostumado a ver esse pedaço de carne suculento, mas é sempre um prazer mamar o meu namorado. No início, eu não fazia ideia de como fazer caber tudo dentro da minha boca, entretanto, o tempo leva a perfeição.
Os gemidos do Jimmy me deixam com mais tesão e tento engolir o máximo possível. Sinto a glande dele chegar na minha garganta e faço de tudo para não sentir ânsia. Delirando, o meu namorado começa a foder minha boca em um ritmo gostoso, o que me ajuda a respirar melhor. Sério, com o Jimmy eu estou aprendendo cada coisa bacana e respeitamos o tempo um do outro.
*******
JIMMY
Meu Deus. O que eu fiz? Nos limpamos e levamos um susto com o Trevor tentando abrir a barraca. Em um pulo, Ethan levanta e destranca a trava de segurança. Um chateado Trevor entra e começa a falar sobre ter que dividir a barraca com o professor, que, de acordo com ele, cheira a menta.
Depois de um discurso intenso e desnecessário, a gente sai para encontrar a turma no Centro de Visitantes do Parque Nacional Glacier. Algumas alunas aproveitaram para mudar o look, incluindo a Betty, que está usando um casaco de pele de Búfalo, ou seja, toda a atenção se volta para ela.
— Bettany, você não é vegana? — questiona Trevor tentando chamar a atenção para si.
— Já ouviu falar de pele sintética, imbecil? — retruca Betty, mostrando o dedo do meio. Alguns estudantes começam a zoar Trevor, que se retrai.
— Essa doeu. — Ethan cochicha perto de mim e preciso segurar o riso.
A equipe da escola nos orienta sobre o que pode ou não. Eu tenho certeza que nós já quebramos todas elas, principalmente, o Jimmy e eu. Nosso momento adolescente com tesão à flor da pele me rendeu uma dor de garganta, mas eu faria tudo de novo ou vou fazer mais tarde (riso diabólico).
Segundo o meu namorado, o fim de semana no Parque é uma maneira de conectar os alunos. Eu não vejo vantagem nenhuma pegar um bando de adolescente com os hormônios em alta e colocá-los em barracas. Porém, não quero reclamar, uma vez que eu tirei a sorte grande.
Seguimos juntos para o letreiro do Parque Nacional Glacier, os professores querem registrar todos os momentos. Nos posicionamos na frente do letreiro e um funcionário do Parque faz o clique. O Jimmy coloca a mão em volta de mim, quase que em um abraço. Tenho certeza que fiquei corado na foto. Somos finalmente liberados para explorar a região.
Ao ver o Travor no seguindo, a Betty chama a sua atenção e pede que ele faça algumas fotos. É o tempo necessário para escapar. O Jimmy conhece o Parque e me leva para uma área cheia de flores. Com todo o cuidado, ele senta no chão e fica olhando para frente. Eu faço a mesma coisa. Ficamos em silêncio. É tão bonito aqui. É tão bom estar ao lado dele. Sem julgamento. Sem medo.
Estou tão relaxado que descanso a minha cabeça em seu ombro. O céu azul e o vento são as nossas únicas testemunhas. Se eu pudesse ficar assim para sempre, eu ficaria. Só que a realidade é diferente, mas eu quero aproveitar cada minuto dessa experiência.
— A minha mãe sempre me trazia aqui. — o Jimmy quebra o silêncio, mas não olha para mim. — Ela gostava de fugir. Todo mês, ela encontrava uma maneira de vir para o parque. Por isso, eu amo esse lugar. Esse era o nosso cantinho especial. Você é a primeira pessoa que eu trago aqui. — ele revela. Ainda com a cabeça encostado no ombro de Jimmy, eu seguro em sua mão, que estão geladas.
— É um lugar lindo, Jimmy. — concordo.
— Era a maneira dela de fugir da realidade. Afinal, a coitada era feita de saco de pancadas pelo meu pai. — ele revela e sinto a sua mão tremer.
— Isso é horrível. Vocês dois não mereciam passar por isso. Sinto muito. — digo, apertando a sua mão com a intenção de passar segurança e força. — Jimmy, porque você não reage? Eu sei que é o teu pai, mas...
— Eu dei um soco nele uma vez. Ele quebrou uma costela e torceu o meu braço. Acho que acabei me acomodando. Tenho medo que ela possa fazer algum mal para a Senhora Watanabe ao Trevor. Ele já ameaçou eles se eu contasse para alguém. — a voz de Jimmy sai trêmula. — Por esse motivo que eu vou embora, Ethan. Eu não posso ficar vivendo esse inferno. — o Jimmy começa a chorar.
— Ei, tudo bem. Você vai se formar e vai pra longe dessa cidade maldita. Eu vou te ajudar no que eu puder. — eu digo, virando o rosto dele e o beijando.
Um relacionamento é isso, né? Ajudar o outro, mesmo que isso signifique se machucar no processo. A cada dia, eu me apaixono mais pelo Jimmy, mas o destino dele não está em Montana. Eu vou ajudá-lo. Eu vou ceder. O beijo dele me aquece e lembra que vai ser passageiro. Nada mais vai afetar o Jimmy. Nada.
— Puta que pariu, Robinson. Tú é viado! — exclama, o Trevor. No susto, o Jimmy e eu levantamos. Viramos para trás e vemos um transtornado Trevor, que aponta em nossa direção.
— Trevor, porra! — a Betty sai de dentro da mata e vê que fomos descobertos. — Puta, merda.