Meu Preço - Capítulo Vinte e Um

Um conto erótico de M.J. Grey
Categoria: Gay
Contém 3403 palavras
Data: 03/12/2022 10:18:06

***CAPÍTULO VINTE E UM***

— O que acha de bebermos alguma coisa? — Isabel sugere enquanto voltamos para casa.

— Acho uma ótima ideia.

Não era uma boa ideia na verdade, só de pensar nisso me embrulha o estômago; porém, não quero voltar para minha prisão.

Isabel contorna e volta para o centro da cidade. Paramos em um barzinho, onde toca música ao vivo.

Fizemos várias rodadas de tequila. Como Isabel vai dirigir, aproveito e bebo mais. É a única hora que me sinto feliz, e livre. A minha vida parece que ficou do lado de fora do bar.

— Oi. — Um homem bonito e simpático se senta ao meu lado, fazendo um cumprimento.

Dou um sorriso.

— Oi.

— Posso te pagar uma bebida?

— Claro que sim — afirmo, ao mesmo tempo em que Isabel diz não.

— Temos que ir, Samuel, está tarde. — Ela segura no meu braço.

— Vamos ficar mais um pouco, não quero voltar. — Choramingo, fazendo biquinho. Coisa que aprendi com ela.

— Meu irmão está ligando igual louco. Se ficar ignorando, ele vai vir nos buscar.

Por que está sendo tão chata?

— Não estou nem aí para o seu irmão. Vou beber com esse gato aqui.

De onde saiu isso? O álcool realmente mexe com a mente das pessoas.

Rio novamente, e o cara se aproxima, encostando a mão na minha coxa.

Sinto seu toque pelo tecido do meu jeans.

Não é a mesma coisa que o toque dele, mas é bom.

Argh! Gabriel de novo em meus pensamentos.

— Como você se chama? — Ele se inclina para perguntar.

— Samuel, e você?

— Marcelo.

— Prazer. — Estendo a mão para ele, que pega e dá um beijo, da mesma forma que os cavalheiros de antigamente faziam com as mulheres.

— Prazer seria se pudéssemos ficar sozinhos.

Ele é bem direto.

— Creio que não será possível, moço. — Isabel se intromete.

— Espere, ele quer me pagar uma bebida, só isso.

Ela revira os olhos.

— Quem é você, querida? — Ele se dirige a Isabel, que bufa.

— Ele é meu cunhado. Agora temos que ir embora, antes que o

noivo dele chegue aqui. — Isabel tenta amedrontá-lo, mas ele sorri.

— Entendo.

— Não acredite nela, ele nem liga pra mim. — Ergo a mão, chamando o garçom.

Ele nos serve outra bebida enquanto o cara começa a me fazer elogios, me chamando para sair com ele, erguendo a outra mão e tocando meu rosto.

— Ah, merda! — Ouço Isabel resmungar.

Fico concentrado no homem a minha frente se aproximando de mim. Sinto que vai me beijar. Ah, meu Deus, eu quero ser beijado, por isso me pego inclinando para ele automaticamente, como se precisasse de um toque de carinho. Só percebo a grande merda que isso traz quando o homem é arrancado de perto de mim na mesma velocidade que pisco os olhos.

— Se encostar a mão nele, eu mato você. — A voz do Gabriel chega aos meus ouvidos antes de conseguir vê-lo.

Ele empurra o cara de novo e, quando Marcelo avança, dá um único soco, fazendo-o cambalear para trás e cair de costas.

Puta merda!

Levanto para impedir que ele mate o cara-legal, mas cambaleio e quase caio no chão. Gabriel me sustenta.

— Maldição! Você está bem, Samuel? — Sua voz é rude, mas com um tom preocupado.

— Tire suas mãos de mim! — Empurro. A minha atitude não vale de nada, pois seus braços continuam firmes a minha volta.

— Vamos pra casa.

— Não! Estou me divertindo, você que veio me atrapalhar.

Deveria ter ficado com medo do olhar que me lançou, mas ele não me amedronta mais.

— Se não for por bem, vou te carregar até lá.

— Até em casa? — zombo.

Ele franze o cenho, aperta a ponta do nariz e desce a mão pelo rosto, suspirando. Pega meu braço e começa a me arrastar para fora, e Isabel vem logo atrás de nós. Vejo quando o segurança agarra o Marcelo e carrega-o para o outro lado, onde ficam os banheiros.

Mais um ferrado por minha culpa.

— Não pode fazer isso! — grito, me debatendo.

— Pare com isso, Samuel! — Sua voz de comando me faz parar.

Isabel tenta amenizar as coisas:

— Vá com calma, Gabriel.

— Isabel, vá pra casa, o segurança vai te escoltar até lá.

— Não preciso de babá.

— Mas ele vai do mesmo jeito. — cretino, arrogante, autoritário de merda. — Amanhã teremos uma conversa — resmunga, falando para Isabel, enquanto ela se afasta, visivelmente irritada.

Queria xingar, ou melhor já estou xingando, sei lá.

Ele me coloca no carro, aperta meu cinto e bate à porta com força.

Me encolho.

Assim que arranca com o carro, dois SUVs saem da escuridão, nos seguindo. Um deles sai na frente e vai atrás do carro da Isabel.

— Até quando vai continuar me afrontando? — Ele grita, dando um murro no volante.

— Vai pro inferno! — O álcool deixa a minha voz arrastada e um pouco mais mole.

— O que estava fazendo com aquele cara?

Ele está apertando o volante com tanta força que os nós dos dedos estão esbranquiçados.

— Ele era legal.

— Estava se arriscando, mas não vou discutir com você hoje, está bêbado.

— Não estou não. — Eu estou muito bêbado.

Ele ri com escárnio.

— Não acredito nisso. Aonde eu fui me meter? — Ele resmunga baixo, mas continuo escutando.

— Você é um babaca! Deveria me matar logo.

Não sei de onde saiu isso, mas acho que não quero mais viver essa vida.

Tateio a porta para abrir, e ela se escancara, fazendo Gabriel frear o carro de uma vez. Só não fui jogado para fora, porque estava preso ao cinto. — Enlouqueceu? — vocifera enquanto tento tranquilizar meu coração.

Aperto o botão que libera o cinto, me desprendendo.

Quero ir embora, quero sumir e nunca mais vê-lo. Quero morrer.

Corro por um gramado irregular; está escuro, apenas a luz da lua clareia o lugar. O percurso está cheio de destroços, parece mais um terreno abandonado.

— Samuel! — Escuto ele me chamar e correr atrás de mim. — Pare, Samuel, vai acabar se machucando.

Tento me distanciar, mas estou tão zonzo que acabo tropeçando nos próprios pés e caio de quatro no chão, exausto e chorando muito.

Gabriel segura a minha cintura e me coloca de pé.

— Droga, Samuel! — Ele arruma meus cabelos e segura meu rosto com as duas mãos. — Você se machucou?

— Saia de perto de mim, Gabriel! Me deixe ir embora, me deixa em paz. — Empurro-o e volto a andar, mas ele me segura.

— Não dificulte as coisas, anjo. — Me vira de frente para ele. — Volte pro carro.

— O que você quer... Quer continuar me atormentando, me fazendo enlouquecer dia após dia... Quer que eu implore? Por que eu não vou.

— Só quero que volte pro carro.

— Me obrigue. — Dou um passo à frente, sentindo sua respiração ofegante em meu rosto.

Não parece uma ideia inteligente, Samuel, meu subconsciente me alerta, mas não dou ouvido.

— Está me desafiando?

— Não é você que gosta de desafios? Então, sim, estou te desafiando. — Encaro-o com a mesma intensidade que olha pra mim. Ele abre aquele sorriso sombrio e agarra a minha cintura, me colando ao seu corpo.

Eu ofego.

— Ah, anjo, não sabe com quem está lidando. — Com um movimento, ele me joga nos ombros e, mesmo esperneando contra sua atitude, Gabriel me leva até o carro.

Xingo todos os nomes que posso enquanto ouço suas risadas.

Ele me coloca no banco e prende minhas pernas com a dele, segurando meus pulsos com as mãos.

— Está tudo bem, senhor? — Um dos seguranças aparece atrás dele.

— Tudo ótimo, pode voltar para o seu carro. — Todo o humor some da sua voz. — Samuel, se comporte, está parecendo um garotinho birrento.

Paro de me esforçar e o encaro.

— Me solta.

— Vai sair correndo?

— Não.

— Se correr, serei capaz de atirar nas suas pernas, Samuel. — Vejo que a ameaça é verdadeira, pois nem sequer vacila. — Acho bom não me subestimar.

Arregalo os olhos.

— Não faria isso.

— Sou capaz de qualquer coisa, o seu erro é achar que não.

Verdade, ele tem toda razão, o meu erro foi ver nele alguém que não existe mais — está trancado num lugar bem profundo e raramente sai para a superfície.

— Está me machucando.

Ele me solta.

Ainda estou grogue por causa do álcool, então não vai adiantar lutar contra ele.

— Você se machuca sozinho, esperando algo que não posso te dar.

Com isso, bate a porta do carro. Outra verdade: ele não é capaz de amar.

Assim que Gabriel sai com o carro, me encolho, deixando o álcool e o cansaço me levar para um sono profundo.

***

Acordo na minha cama com a luz do sol clareando o cômodo e me cegando. Minha cabeça mais uma vez está martelando, trazendo lembranças.

O que aconteceu?

Me sento na cama e jogo as pernas para descer. Percebo que não estou com as roupas de ontem à noite, e não me lembro de ter me trocado, na verdade, não lembro nem de ter chegado até aqui.

Droga!

O maldito me trocou e, além de tudo, me deixou apenas de cueca.

Levanto, ainda me sentindo zonzo pelo álcool.

— Parece muito bem.

Viro assustado e, atrás de mim, no canto do quarto, está Gabriel, sentado no sofazinho parecendo o próprio diabo — claro que lindo de matar.

— O que faz aqui?

— Esperando você acordar. — Ele continua sentado, com a perna cruzada e um braço em cada lado da poltrona, aparentemente bem relaxado.

Fico em pé, encarando-o enquanto seus olhos percorrem,

descaradamente, o meu corpo. Não saio do lugar, na verdade, quero que ele me olhe e passe vontade, como faz comigo.

— Vá direto ao assunto ou saia do meu quarto. — Coloco a mão na cintura, mantendo a postura.

— Ainda estou pensando... Ultimamente você travou uma guerra contra mim e, além de me tirar do sério, você me provoca. Ontem quebrou as regras saindo do quarto. Eu te disse que não era para ser gentil com meus seguranças. Para me contrariar, deixou um deles tocar em você. Tentei ser maleável e, mesmo contra a minha vontade, te deixei sair — Ele admite, dando uma pausa em sua voz letal. — Sabe, pensei que você fosse mais inteligente que isso, Samuel. Arriscou mais uma vez a sua vida, saindo da rota. Deveria ter vindo embora e não se enfiado num bar cheio de homens malintencionados, quase beijando um deles. — A raiva brilha em seus olhos. — Fico pensando: se eu não tivesse chegado na hora certa, você teria beijado o rapaz?

— Vai se ferrar!

Tento não demonstrar como estou me sentindo sujo. Eu iria beijar outro homem mesmo? Sim.

Que merda!

— Responda, Samuel. — Ele se ajeita na poltrona, descruzando as pernas e se inclinando para frente; apoiando os cotovelos nos joelhos, juntando as mãos e colocando-as abaixo do queixo, com uma barba rala e bem cuidada em sua expressão.

Será que está macia para minha pele?

Que droga! Por que não posso controlar a minha própria mente?

— O que quer, Gabriel?

— Não posso fazer o que quero, então melhor não saber. — Seus olhos percorrem mais uma vez o meu corpo. — Estou cansado de te avisar sobre as consequências dos seus erros.

Como pode sua voz provocar essas sensações? É loucura!

— Você me queria, e eu estou aqui, então não pode machucar o meu pai. Sei muito bem que, se ele realmente quiser, pode fazer qualquer coisa.

— Tem razão, não vou machucar o seu pai. Mas posso ser ruim quando preciso — diz, em uma ameaça evidente.

— Saia do meu quarto! — exclamo, colocando toda a raiva que estou sentindo em cada palavra proferida.

— Não! — Sua voz autoritária me faz estremecer. — Preciso te avisar que terá que ficar no quarto hoje. Não saia por nada, entendeu? O almoço será servido aqui.

— Por quê?

— Não acho que seja da sua conta. — Ele fica em pé.

Filho da puta!

— É só isso?

Quero que ele saia da minha frente, quero nunca mais poder vê-lo.

— Não. — Ele se aproxima. — Hoje jantará comigo.

— Não quero jantar com você. — Ergo o queixo, petulante.

Gabriel toca meu rosto levemente, erguendo meu queixo. Não me movo.

— Você vai — ordena.

— Tudo isso é por causa de ontem? Você quer me punir? — pergunto, ganhando força nas palavras.

— Um pouco. Você arriscou sua vida, Samuel, e teve sorte. Não ia te dizer, mas acho que para abaixar a sua bola, você precisa saber: — Do que ele está falando? — Aquele homem é um dos caras que estão atrás de mim, e se estivessem sozinhos ele teria levado vocês facilmente. Agora você estaria preso em algum galpão sujo, e minha irmã estaria morta.

Perco o fôlego. Será que é verdade?

— Eu não sabia, eu...

Ele me interrompe.

— Claro que não sabia, estava disposto a beijá-lo. — Ele joga a verdade mais uma vez na minha cara.

— Não ia beijar ninguém.

— Nem você acredita nisso.

— Eu estava bêbado e com raiva, nem sabia direito o que estava fazendo. — Tento me convencer de que a culpa não é minha.

— Acredito que sim, mas se me ouvisse não correria esse risco — argumenta, todo cheio de si. — Já imaginou o que ele poderia ter feito com você? — nego, em aflição. — Vou te dizer: ele te amarraria em uma cadeira ou em uma cama talvez, e bateria em você até que dissesse algo comprometedor sobre mim.

— Mas não sei nada sobre você. — Engulo em seco, sentindo o medo apertar meu estômago.

— Eu sei, mas eles não sabem disso. Te forçariam a dizer qualquer coisa, e você diria só para não sentir mais dor. Eles te matariam por mentir, isso se tivesse muita sorte. O pior seria se ele te estuprasse sem qualquer receio de te machucar, apenas para me atingir e, ainda tem o fato de que não seria só ele...

— Pare, Gabriel! — Meu estômago revira, me dando enjoo.

Seus olhos mudam e vejo uma angústia ali.

— Está vendo por que me preocupo, por que quero te proteger? Eles não pouparão a sua vida. — A sombra volta a cobrir seus olhos, com uma profundidade obscura e cheia de dor. — Agora, não saia desse quarto por nada, mais tarde voltarei para te buscar e jantaremos juntos. — Alisa meu braço, suspirando.

— Não vou a lugar nenhum com você. — Me afasto do seu toque.

Seu olhar se torna uma pedra de gelo.

— Não é um pedido. Fez da minha noite um inferno, principalmente tentando se jogar do carro em movimento, então me deve isso. Na realidade, quero conversar com você, recomeçar.

— Em primeiro lugar, não te devo nada e, em segundo, não acho que temos mais alguma coisa para conversar.

— Não se esqueça de que vamos nos casar, Samuel. Não quero que nossa vida seja esse inferno todos os dias. Quero saber os seus limites e quero falar sobre os meus, até onde estou disposto a ir, assim não poderá esperar nada além.

Ele diz como se estivesse fazendo um negócio, só falta um contrato, como nos livros que já li.

— Você quer sexo sem compromisso, é isso?

— Vou me casar com você, terei o dever de cuidar de tudo o que precisa. Darei a você o que me pedir, em troca será meu marido.

— Por que quer... Dormir comigo, se dorme fora? Como vou saber se não está com outros homens?

Vinícius vem à minha mente, mas o afasto no mesmo instante. Ele disse que não estava mais saindo com ela.

Como se eu realmente acreditasse...

— Vamos conversar no jantar, mas garanto a você que não vou sair com ninguém, serei apenas seu, desde que você também seja apenas meu. — Como se eu fosse sair por aí transando com qualquer um que aparecer... — Precisamos sair desse pé de guerra, vamos acabar nos matando. E você precisa me obedecer, só isso.

— Não tenho escolha — digo, ainda me recusando a aceitar qualquer coisa que ele ofereça.

— Não, você não tem escolha, mas pode escolher viver bem ou viver brigando e se estressando, sabendo que posso dar o prazer que você precisa.

Meu corpo concorda, agitando o sangue em minhas veias.

— Vou poder ver meus pais? — Mudo o assunto para conseguir me recompor.

— Isso será uma conversa para outra hora, por enquanto vamos tentar ajustar nosso relacionamento.

— Não temos um relacionamento. — Jogo suas próprias palavras contra ele.

— Ainda não, mas respeito você como se tivesse. Espero que faça o mesmo por mim. — Ele não diz em palavras, mas sei que está falando sobre o segurança e o Marcelo do bar.

— Entendi.

Ele se inclina e beija a minha testa.

— Te espero às 19h. Esteja pronto.

Com isso, ele sai do quarto e me deixa com mais raiva ainda.

***

Depois do almoço, fico sentado na cama, batendo a perna. Estou bastante nervoso e curioso.

Por que não posso descer? Hoje é sábado, não aguento mais ficar preso aqui. Entendo que esteja me punindo, mas é um tédio.

Só escute uma vez, Samuel, meu subconsciente me alerta.

Por causa de um dia terrível e da minha histeria, acabei colocando Isabel em perigo de novo, e ferrei uma pessoa: Douglas. Será que ele está bem? Não ouvi falar sobre ele e não acho que seria inteligente perguntar ao Gabriel.

Fico deitado, sentado, andando pelo quarto, arrumando as roupas, desarrumando só para arrumar de novo, quando mando tudo que existe na minha frente para o inferno.

Não consigo, é terrível demais, preciso fazer alguma coisa.

Abro a porta do quarto devagar para ver se tem alguém no corredor. Estou parecendo um fugitivo, mas irei ser rápido até chegar à academia e tudo vai ficar bem.

Passarei o resto da tarde lá fazendo exercícios, ele nem vai perceber.

Desço as escadas olhando tudo e, a qualquer sinal do Gabriel, eu corro de volta. Não que tenha medo dele, talvez um pouco, vá saber qual seria a sua reação? Melhor não arriscar, não depois de ontem.

Ainda não acredito que ele ameaçou atirar em mim...

A casa está silenciosa, não vejo nenhum dos empregados, o ambiente parece mais escuro que o normal e percebo isso porque as cortinas estão fechadas, dando um ar de casa assombrada.

Ando cautelosamente até passar pelo corredor proibido, então paro, mordo os lábios com uma sensação de curiosidade.

Queria saber o que tanto ele esconde...

A curiosidade me vence e logo entro no corredor, olhando e ouvindo o silêncio, até dar de cara com Osvaldo. Fico assustado, mas logo solto o ar.

— Nossa, você me matou de susto.

— O que faz aqui, senhor? Sabe que o senhor Miller não gosta que venha aqui. Deveria estar no quarto.

Até ele mandando? Não dá.

— Não quero ficar no quarto, e essa casa é assustadora demais, deveriam abrir as cortinas.

— Eu penso a mesma coisa, mas o senhor disse que é perigoso por esses dias, então ficará assim. — Ele ergue o queixo, deixando claro que não quebraria as regras.

Quem são essas pessoas e por que estão atrás dele? Acho que nunca saberei a respostas para isso.

— Onde ele está?

— No escritório. Sabe que não pode ir lá, certo?

Acho que ele percebeu a minha curiosidade.

— Você levou essas coisas lá? — Noto que ele carrega uma bandeja com duas taças de vinho.

Outro homem.

Meu sangue ferve na hora. Ele está mentindo para mim, sei que tem outros homens envolvidos. Com certeza deve estar me enganando de novo.

— Sim.

— Quem está lá dentro com ele?

Osvaldo fica pálido.

Desgraçado, ele quer que eu fique no quarto só para não ver que ele está com outro homem. E o pior de tudo: os empregados sabem, e estão rindo pelas minhas costas.

— Não posso responder. — Osvaldo parece desconfortável com isso.

— Então entrarei lá e verei com meus próprios olhos. — Passo por ele e começo a seguir pelo corredor, parando na frente de duas portas enormes de madeira trabalhada.

A porta está fechada.

— Não! Por favor, não se atreva — Ele sussurra. — Eu falo, eu falo, mas só se me prometer que não vai entrar.

— Prometo. — Bem, é óbvio que estou mentindo.

Deveria abrir a porta de uma vez, porém, estou com medo do que poderia ver, quero ter certeza.

— Tem dois seguranças e um ruivo. — Assim que fala, fecha os olhos.

— Ruivo? Vinícius está aqui? Então é isso que ele fica fazendo enquanto espero no quarto? Maldito, filho da puta!

Nunca gostei de palavrões, mas eles andam escapando com frequência.

Sei que as coisas não estão bem entre nós, mas ele disse que não estava saindo com outros homens, principalmente com o Vinícius. Isso não vai ficar assim, vou provar que ele não pode me fazer de trouxa.

— Senhor, não... Não pode entrar aí, ele vai... — Osvaldo tenta me parar, mas coloco as mãos na maçaneta e empurro as portas.


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Comentários

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PQP!!!!! Isso é jeito de terminar o capítulo???? Quer me matar de curiosidade????? Assim vou ter um enfarto????? Rsrsrsrsrsrsrsrs

Maravilhoso episódio!!!!!!

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Passando da hora do Gabriel colocar o menino no seu devido lugar kkkk

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